Episódio 9

1319 Words
Dezembro do ano passado Desamarrei o espartilho e puxei as alças finas para baixo, respirando fundo. De repente, a porta do meu camarim bateu. M*al tive tempo de vestir o meu vestido branco como a neve, olhei em choque para Arte Apostolov, que havia invadido o meu território sem cerimônia. Os cantos dos seus lábios se contraíram, formando um sorriso ameaçador. Os olhos castanhos do homem, vestido com um terno luxuoso, estavam cheios de um brilho dia*bólico de jogo. Depois de olhar para mim casualmente, Arte voltou para mim. O meu coração acelerou como um pássaro devido à adrenalina, que sustentou a minha compostura imaginária. Não nos falamos mais depois daquele beijo de aniversário na sala dos fundos. Embora o que aconteceu atrás da porta fechada do restaurante dificilmente pudesse ser chamado de conversa... — Você está ótima, Sarah. Arte disse de repente com voz rouca, aproximando-se. Sorri envergonhada, tentando descobrir como preencher a pausa que pairava entre nós. — Onde posso buscá-la? Vou mandar um motorista para você. Ele acrescentou, e eu congelei. — Você está me convidando para sair? — Para ser comida. Ele riu, me imitando. — Bem, você é uma garota esperta, Sarah? Você vai me dar um pouco do seu carinho? Vou agradecer generosamente. O homem manteve o olhar no meu peito seminu e arfante. Carinho em troca de benefícios materiais? Por que não adivinhei imediatamente? Talvez haja uma lista de preços especial. Como poderia a “garota esperta Sarah” estar tão fatalmente enganada sobre esse homem? — Se você decidir, ligue para mim. e ele me entregou um cartão de visita. — Este é o número da minha secretária para assuntos pessoais. Peça que enviem um carro para você. Amassei o retângulo laminado preto e olhei nos olhos de Arte com a cabeça erguida. — Não vou ligar... — Nós dois sabemos que você vai ligar. Arte estalou a língua e olhou para mim tão atentamente, como se tivesse lido há muito tempo os meus pensamentos patéticos, nos quais escreveu desde aquele primeiro beijo agridoce. Quando ele saiu do camarim sem dizer mais nada, alisei o papelão amassado, enfiando cuidadosamente o retângulo no compartimento secreto da bolsa. Nove meses se passaram desde aquela conversa, mas ainda aguentei bem. Embora várias vezes me tenha sentido tentada, para ser sincero, a ir ao Arte para ser comida... Levantando a cabeça, senti novamente o seu olhar masculino direto sobre mim. Perdi o momento em que os homens se dispersaram e apenas o dono do bar Dark Night permaneceu à mesa. Meu Escuro. Parei de respirar, mas comecei a me mover com muito mais ousadia. Mais francamente. Mais erótica. Para ele. Puxando descuidadamente as calças na região da virilha, Arte Apostolov, com os olhos semicerrados de um predador faminto, captou cada movimento meu, mordendo o canto do lábio inferior. Ah, como fiquei com vontade de estar com ele. Para encerrar o assunto que temos, para que Arte se deixasse levar por completo e acreditasse em horóscopos. De repente, o homem se levantou e veio direto na minha direção. Senti uma gota de suor escorrendo pelas minhas costas quando o olhar de Arte permaneceu no meu ombro nu. Porém, ao alcançar-me, o homem desviou de mim e entrou num corredor escuro. Ele passou e eu senti o seu aroma ácido, instintivamente inalando-o profundamente. Era assim que cheirava o vício mais desejado. Olhando rapidamente por cima do ombro, notei Arte na companhia de uma morena sensual. Ah, é isso... Ele se levantou para recebê-la e acompanhá-la até a mesa. Acorde Sarah. Depois de deixar a companheira seguir em frente, o dono do estabelecimento sinalizou novamente para a garçonete, e poucos momentos depois a bela morena, com uma maquiagem, já estava bebendo um Martini Bianco, acompanhado de morangos. Ela pressionou-se contra Arte como se quisesse fundir o seu corpo com o dele. No entanto, os seus olhos castanhos, por incrível que pareça, estavam novamente fixos em mim. O meu coração tremia sob aquele olhar atento e levemente zombeteiro. A companheira de Arte colocou um morango na boca, e m*al me contive para não revirar os olhos. Suspirando, baixei as pálpebras, tentando me distrair dos beijos do casal. No final, não sobrou nada: pelo meu tormento, Natalia prometeu uma recompensa mais do que generosa, eu poderia abastecer a geladeira por uma semana. Balançando monotonamente, tentei parar o tremor em todo o meu corpo, sentindo intuitivamente como Apostolov estava fazendo um buraco na altura da minha testa. Minhas mãos tremiam como se eu estivesse tremendo. Bem, e o estado geral... Parecendo relaxado por fora, por dentro me encolhi como uma bola sob o seu olhar direto e hipnótico, apertando os meus dedos com tanta força que era bem possível que permanecessem hematomas neles. E a bela, entretanto, jogou eloquentemente a sua perna infinitamente longa em sapatos da moda na coxa de Arte, sussurrando algo em seu ouvido. Ele riu brevemente, como uma esponja, continuando a absorver minha mistura de irritação e decepção. Eles rapidamente terminaram de comer os seus morangos e agora vão sair daqui para fazer “morangos”. A senhora bem vestida parecia estar pegando fogo debaixo da saia... Mas o casal continuou sentado, atormentando-me com a sua presença dolorosa. Arte não tirou de mim o olhar zombeteiro, não prestando atenção na sua companheira. Os olhos negr*os do homem permaneceram nas alças finas que sustentavam meus sei*os pequenos. Naquele momento, até reclamei que a Mãe Natureza me privou de figuras curvilíneas. Porque, a julgar pela garota sentada ao lado do culpado da minha taquicardia, ele preferia mulheres que tivessem algo em que se agarrar... Eu imediatamente me repreendi por causa desses pensamentos traiçoeiros. Por que eu me importo com esse cara autoconfiante? Respirando fundo, fechei os olhos, tentando me abstrair do que estava acontecendo. Por alguns minutos miseráveis, consegui até libertar a minha cabeça de pensamentos rebeldes, deixando o meu corpo voar para o espaço. E então olhei para frente novamente... Sentado num esplêndido isolamento, Arte sorriu desafiadoramente, jogando a cabeça para trás no encosto do sofá de couro. Sem nenhuma dúvida… Ele está brincando comigo. Não entendi como reagir a isso? O que ele precisa? Ele enviou a sua linda companheira para fazer o que...? Dancei em completa prostração e Arte bebeu uma bebida de elite de sua garganta, olhando para mim com um olhar maligno assustadoramente vidrado. E, novamente, esta é uma comunicação estranha ao nível dos instintos. Ele é o homem de quem preciso fugir sem olhar para trás. Sim, isso é azar... O único pensamento que soa como uma campainha de alarme em minha cabeça dissoluta é encurtar a distância, subir em cima dele e, enrolando-se em torno do torso masculino nu, executar tal dança, depois da qual nunca mais poderei voltar à luz lado. Suje-se até a ponta dos pés com sua poderosa energia de bruxaria. Fique encharcado com isso. De repente, como se tivesse lido os meus pensamentos descarados, Arte levantou-se e, aproximando-se de mim, congelou, respirando pesadamente. Nós travamos os olhos. Ele olhou penetrantemente nos meus olhos, obviamente para ter certeza de que eu estava quase morta por causa dessa necessidade animal inconsciente de me esconder em seu abraço masculino quente. Bem, pelo menos tive coragem de admitir... Os cantos dos lábios carnudos e brilhantes do dono se ergueram em um sorriso satisfeito. Estendendo a mão, Arte enrolou uma mecha do meu cabelo em volta do punho, passando-a lentamente entre as falanges tatuadas de seus longos e lindos dedos. Sem dizer uma palavra, ele saiu do bar Dark Night. *** — Acorde... Sarah... Acorde. Abri um olho com relutância, tentando focar no rosto embaçado da minha professora. — Só um minuto...E enterrei o nariz nas palmas das mãos, o que não funcionou como o travesseiro mais confortável. Devido ao turno da noite, só consegui dormir algumas horas, por isso fiquei exausta com a voz suave da minha professora de literatura inglesa.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD