Episódio 4

1056 Words
*Setembro* — O componente básico da estrutura fonética de qualquer língua é o som…A professora de fonética teórica da língua inglesa murmurou baixinho para o primeiro casal do segundo ano. Por mais que eu tentasse, não conseguia me concentrar no assunto, porque a palma da mão do Artur sob a minha saia retardava significativamente o meu processo de pensamento. Quando os dedos do meu namorado deslizaram do meu quadril e se moveram em direção à renda da minha calcinha, cruzei as pernas e, recuando um pouco, parei a tentativa de invasão tão descarada. — Qual é Sarah... Ele disse ofendido, ajustando os óculos numa elegante armação preta. Revirei os olhos. Agora está claro por que ele insistiu em sentar na galeria... Ele realmente assistia filmes adultos, demais. Porém, Artur parecia não desistir, sentando-se novamente no banco desconfortável para que não houvesse mais espaço entre os nossos corpos. Com uma piscadela, ele cobriu o meu joelho com a palma da mão quente e ligeiramente pegajosa. Estava terrivelmente quente na cidade todos esses dias. No meu quarto sem ar condicionado era impossível respirar. Por isso, me vesti para a escola com uma saia plissada branca como a neve, estilo ''a aluna exemplar'', e uma camiseta combinando, calçando meias até os joelhos com mocassins com sola de trator. Agora eu gostaria de e não ter colocado essa roupa. Na verdade, eu queria estar na praia, ao invés de estar nessa palestra tediosa. Embora neste verão eu nunca tenha ido à praia, tenho trabalhado sete dias por semana. Os dedos do Artur, entretanto, aproximavam-se novamente da minha coxa. Eu não diria que foi completamente desagradável... Eu não tinha nada para reclamar sobre Artur. Ele fazis tudo certo. O seu toque. o seu abraço. Ele até me beijou do jeito certo... Onde ele conseguiu ganhar experiência? Parecia que ele era um homem maduro. Virando a cabeça, olhei para o cara com um olhar atento. Artur tinha cabelos castanhos levemente encaracolados, e uma série de sardas ousadas eram claramente visíveis no seu nariz. Ele, como sempre, usava uma das suas camisetas favoritas com uma estampa boba. Desta vez, no seu peito, em letras grandes, estava escrito “Fofo, mas fofo”. A camiseta veio com jeans apertados demais na sua bu*nda magra. Artur e eu somos amigos desde a nona série. A partir do momento em que mudei para o liceu com estudo aprofundado de línguas estrangeiras. Claro, eu imediatamente senti a simpatia nada amigável vindo dele, mas não consegui retribuir os sentimentos do cara. Mas o tempo passou e ele continuou por perto, e de alguma forma aconteceu naturalmente que o meu amigo entrou na mesma faculdade que eu. Artur estava matriculado como bolsista, mas faltavam apenas alguns pontos para eu conseguir uma bolsa também. Porém, a princípio, essa circunstância não parecia uma tragédia, porque enquanto o meu pai estava vivo, a nossa família não tinha nenhuma restrição financeira. Eu mesmo não sei por que entrei na Faculdade de Línguas Estrangeiras... Principalmente porque o meu pai era da opinião de que as Línguas Estrangeiras na Universidade Estadual de Moscou são prestigiosas. E na escola nunca tive problemas com estrangeiros. Depois dos trágicos acontecimentos desta Primavera, Artur Kandinsky foi um dos poucos que me apoiou. Bom, no final do verão as coisas começaram a acontecer para nós... Só que, infelizmente, até agora as suas carícias foram sem nenhuma pretensão de dar frio na barriga, mas não perdi as esperanças. A minha amiga universitária Leila está convencida de que a paixão nem sempre surge desde a primeira partida. Às vezes leva tempo para acender uma faísca... Ou talvez esta seja a calmaria antes da tempestade? Então decidi dar uma chance a Artur e a mim. — Sarah, tenho novidades... Artur soltou uma risada impaciente. — Tem? Levantei uma sobrancelha interrogativamente, tentando tirar a palma suada do meu joelho. — Saí da casa dos meus pais... aluguei um apartamento! O meu namorado sorriu. — Quão rápido. Por que? Perguntei novamente com um pouco de distração. — Como assim por quê? Tudo é sério conosco agora. Achei que você ficaria comigo. Claro, não estou insinuando nada...Ele brincou com as sobrancelhas como um ator pornô de terceira categoria. — Bem, legal… Na verdade, é uma blasfêmia atormentar um cara por tanto tempo, mantendo-o com uma dieta seca de carinhos leves. Eu mesmo entendia isso. No entanto, eu não consegui sair do buraco emocional causado pela morte do meu pai. Havia tanta coisa acontecendo que era impossível entrar no clima de romance. Estremeci, tentando entender pelo menos alguma coisa da conversa de Valeria Igorevna sobre a vida após a morte. — Vamos ter uma noite romântica? O seu sorriso demonstrava desejo. — De uma forma adulta. Sem calcinha! Artur lambeu os lábios. Sem calcinha? Tossi em meu punho. — Artur... já tenho algumas coisas para fazer hoje... Eu disse casualmente em resposta. — Que diab*os? Ele estreitou os olhos. Felizmente naquele momento a aula chegou ao fim e, com sentimento de dever cumprido, joguei as minhas coisas na mochila e corri para a saída. — Sarah, temos uma janela! Vamos a um café? Sugeriu Artur, me alcançando na entrada. Ela apertou nossas mãos possessivamente. — OK então… Trocando frases rotineiras, corremos para o refeitório dos estudantes, localizado no térreo do prédio. Mas nunca estávamos destinados a chegar ao café... Abrindo a porta, Artur me empurrou para uma das salas vazias. — Artur, o que você está fazendo? Não foi isso que combinamos! Protestei, tentando me esquivar. — Sarah, cale a boca! E ele pressionou os seus lábios nos meus, abrindo os braços de cada lado do meu corpo. — Leia está esperando por nós... Eu estava falando da nossa colega que faltou a aula. Foi a única coisa que me veio na cabeça. — Sarah… Artur juntou as nossas testas. — Você sabe quanto tempo sonhei com isso... — Mas... Estamos estudando... E... — Sim, para o inferno com isso! Só um beijo... Não me afaste... Eu sou seu namorado... Ele começou a me beijar desenfreadamente, babando demais. Arg. Respirei fundo, fechando os olhos. Bem, por que beijar Artur parecia algo como uma obrigação? Participei do processo apenas tecnicamente, pois todas as vezes fui levada mentalmente para distâncias distantes. ‎ ‌​​​‌‌ ​‌‌​‌​‌​ ​​
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