συντρόφους ψυχής - PARTE UM

4938 Words
- Naughty Girl — Beyoncé - Ouçam a música, por favor. Boa leitura. ____________________________________________________ A casa estava silenciosa e escura, e todos os seus habitantes estavam precisamente na grande sala de estar luxuosa, que era iluminada apenas pelo abajur sobre uma pequena mesa no canto, onde três homens e uma mulher se sentavam em um grande sofá de couro n***o, temerosos, e o chefe, nervoso e irritado, sentava-se na sua poltrona também de couro n***o, com as pernas cruzadas e seu cotovelo apoiado em seu joelho, com sua mão massageando suas têmporas lentamente. -Só me digam... Como? Silêncio. Os quatro olhavam-se entre si, apreensivos com a possível reação de seu líder. A mulher usando um vestido de cetim branco até a metade das coxas, ajustado em suas curvas, engoliu em seco enquanto passava as mãos nervosamente pelos seus fios castanhos e longos, bagunçando-os ainda mais. - Era o Julian, senhor. Nós sabíamos que algo parecido iria acontecer, ele era incapaz de matar à senhora Kollia. Julian era completamente louco por ela. - Então por que mandaram ele?! - Sua voz saia sussurrada por entre seus dentes pela raiva evidente que o dominava. – Agora, ao invés dele, poderíamos estar com uma das duas mortas! Ele levantou sua cabeça e os quatro puderam finalmente ver sua expressão. Seus olhos, antes azuis claros, agora estavam completamente negros e as veias escuras saltadas abaixo dos mesmos pulsavam fortemente, tamanha a sua raiva. O homem se ergueu, saindo de sua poltrona para andar lentamente em volta da sala, seus passos sendo abafados pelo enorme tapete indiano sobre o piso de madeira clara. Ajeitou sua gravata vermelha, passando as mãos pelo terno escuro e colocou as mãos nos bolsos da calça social. Ele não tentava se acalmar, deixando claramente a mostra sua feição monstruosa. - Julian foi um i****a que deixou-se levar pelos encantos de Katarina, agora ele sofreu as consequências que tanto procurou. - Ele murmurou, pensativo. Seu olhar perdido no teto, observando o lustre de cristal, agora com as luzes desligadas. - Iremos vinga-lo, obviamente, mas não podemos perder o foco no plano principal. Agora só precisamos saber do paradeiro das duas e dar continuidade. - Como iremos prosseguir com o plano sem o Julian, senhor? Ele era um dos mais fortes entre nós! – O rapaz que aparentava ter somente 18 anos pela sua aparência jovial, perguntou. Ele tinha pele clara e olhos escuros, contrastando com seus cabelos loiros; seu terno cinza claro lhe dava um ar mais sério. Daniel Dragomir virou seu rosto lentamente em direção ao rapaz, fixando seus olhos negros no rosto do mesmo. O desprezo e a raiva em seu olhar eram tão intensos que o jovem foi para trás, encostando suas costas no estofado de couro atrás de si. Ele arfou pelo brilho de ódio que continha nos olhos de Daniel. - Não ouse repetir isso, seu inútil. Iremos mata-las, custe o que custar! – Sua voz saiu sussurrada, deixando claro que não desistiria dos seus planos por um acidente de percurso. – Nós prometemos lealdade a ele até mesmo depois da morte e nós iremos cumprir com nosso dever, independentemente de qualquer coisa. Os quatro vampiros se olharam, e mesmo com o medo do que poderia acontecer, assentiram, concordando com as palavras de Daniel. Eles fizeram um juramento ao homem que lhes deu a imortalidade, prometendo que, mesmo depois de sua morte, iriam cumprir com suas palavras. E era exatamente isso que iriam fazer. - Agora, senhora e senhores, podemos prosseguir com o plano? – Dragomir perguntou, enquanto passava seus olhos por todos eles sentados sobre o sofá. Assistiu seus aliados assentirem com firmeza, e um sorriso largo e diabólico cresceu em seus lábios rosados, deixando-o ainda mais assustador junto com sua expressão assassina. – Perfeito! ______________________________________________ Khloe Angely Seu corpo quente roçava-se no meu a cada movimento involuntário dos mesmos, fazendo com que minha pele, já fervente, se arrepiasse ainda mais. O beijo, que antes era apressado e selvagem, agora estava lento e intenso, causando suspiros baixos em nós duas. Katarina ainda estava agarrada em mim, parecendo imersa nas sensações e sentimentos que havia nesse beijo, com suas pernas morenas ainda enroladas em minha cintura, às vezes apertando-me ainda mais contra ela sem nem ao menos perceber o que fazia, e suas mãos emboladas em meus fios próximos à nuca, puxando-os e apertando entre seus dedos. Eu prensava seu corpo contra o vidro atrás de si, deixando minhas mãos livres para explorar seu corpo. Eu estava completamente entorpecida pelos beijos, toques ousados e carinhosos que ela distribuía por todo meu rosto e corpo, pelo seu cheiro doce e inebriante, a macies de sua pele quente e bronzeada. Tudo nela me deixava fora de orbita, em um nível surpreendente de excitação. Subi uma de minhas mãos em direção a seus fios castanhos, arranhando cada pedaço de pele que estava descoberto pelo caminho, até parar em suas mechas macias da nuca, acariciando com as pontas dos dedos. Senti-a ofegar com o leve carinho que fazia em seus cabelos e em sua coxa, onde minha mão direita permanecia. - Khloe... – Katarina gemeu manhosa, puxando meu lábio inferior entre os dentes até soltá-lo, para logo passar lentamente sua língua quente sobre o mesmo. Arfei. Apertei sua coxa pelo prazer que senti, tentando me controlar, e colei meus lábios nos seus, beijando-a quase que desesperadamente. Nossas línguas se entrelaçando, a dela movendo-se lentamente contra a minha, seu sabor entorpecendo-me, sua respiração ofegante se misturando com a minha, e seu quadril, involuntariamente, arrastando-se contra o meu, criando um atrito provocante e gostoso. Não podia ser assim a minha primeira vez, queria que fosse algo especial para ambas, mesmo tendo certeza que não importa quando e como, será especial somente por ser com ela. Mas meu corpo pegava fogo contra o dela, extasiando-me de um jeito quase enlouquecedor. - Deuses, Katarina! – Murmurei entre o beijo quando a senti rebolar vagarosamente contra minha barriga, roçando sua i********e coberta pela calcinha aparentemente fina, pois a senti extremamente molhada como se não tivesse nenhum pano lhe cobrindo, a procura de saciar o prazer que dominava seu corpo. Desci meus lábios para seu pescoço, beijando, mordendo e lambendo a pele, sugando veemente seu ponto de pulso, arrancando um gemido mais alto de sua boca entreaberta. Passei minha língua vagarosamente sobre a mordida que havia feito ali, sentindo quando sua pele se arrepiou. - Não pare, por favor. – Ela sussurrou suplicante, puxando meu rosto entre suas mãos para cima, tomando meus lábios em um novo beijo ardente, aprofundando-o em segundos. Gemi baixinho, sentindo sua língua passear por minha boca, buscando pela minha. Soltei lentamente seus fios que estavam presos entre meus dedos e desci minha mão, parando-a em sua b***a, apertando a carne macia e grande, descoberta pelos movimentos de seu corpo, fazendo com que sua camisola subisse até quase sua cintura. Katarina chupou minha língua enquanto puxava meus cabelos entre seus dedos, levando um pouco minha cabeça para trás Ela abriu os olhos e eu vi, pela primeira vez de perto, seus olhos completamente negros. Observei seu rosto, deixando meus olhos percorressem por todo lugar. Seus lábios estavam inchados e vermelhos pelos beijos seguidos, fazendo um contraste com suas bochechas rubras. Seus olhos estavam negros, igualmente quando ela se alimentava, deixando com que as pequenas veias pulsassem abaixo dos mesmos a mostras. Pude ver, mesmo que discretamente, seus caninos afiados aparecendo por seus lábios entreabertos, que deixavam escapar por eles uma respiração ofegante. Katarina desceu do meu colo, deixando suas pernas escorregarem lentamente pelo meu corpo, até tocar seus pés descalços no chão. Seus olhos ainda negros fitaram os meus verdes de um jeito intenso, deixando-me ver o amor e o desejo contido neles. Sua feição foi mudando, transformando para a de humana. Seus olhos ficaram castanhos, mas sem perder a intensidade. Nos fitávamos em silêncio enquanto entrelaçávamos nossas mãos ao lado de nossos corpos, apertando-as levemente. Sorrimos em sincronia, sentindo a brisa fria da noite tocar nossos corpos excitados. Katarina passou seus braços envolta do meu pescoço e me puxou para um abraço, deixando seu rosto sobre meu ombro, enquanto eu apertava sua cintura, prendendo seu pequeno corpo entre meus braços. Senti sua respiração calma em minha pele e me arrepiei, ouvindo um riso baixo sair de seus lábios pela minha reação. Deixei um beijo em seu pescoço, sentindo-a suspirar e afundei meu rosto no mesmo, apreciando demasiadamente sua pele colada a minha. [...] - Uau! – Olhei para a mulher ao meu lado, assustada com sua aparição repentina, tirando minha atenção da enorme televisão presa na parede que passava um filme de romance. – Dessa vez você foi longe, Khloe. No que pensava? – Katarina soltou uma risadinha pelo pequeno pulo que dei ao me assustar e se jogou ao meu lado no sofá, acomodando-se contra meu corpo, abraçando minha cintura e deitando seu rosto em meu ombro. Virei meu rosto e a olhei, passando meus olhos pelas suas roupas casuais, um short jeans claro, deixando suas pernas expostas e uma blusa preta simples, igualmente a mim. Essas roupas a deixavam tão jovial, nem parecia que Katarina era aquela empresária séria, com suas roupas sociais de marca e seus carros luxuosos, ou a vampira sensual e assassina. Katarina parecia completamente confortável naquele momento, com seu corpo encolhido contra o meu, seu rosto em meu ombro e seus olhos focados na grande televisão a nossa frente. Havia se passado três dias desde o nosso beijo na área externa de sua casa, fazendo com que eu me sentisse ainda mais confortável ao lado de Katarina. Tentava arduamente entender meus sentimentos por ela, mesmo tendo uma noção de quais seriam eles. Estava aproveitando demasiadamente esses dias aqui em Santorini ao seu lado, desfrutando de sua presença marcante. No mesmo dia em que nos beijamos, dormimos agarradinhas em seu quarto, não havendo possibilidades de me afastar dela naquele momento. E assim seguiu os outros dias, com mergulhos no mar de sua praia ou em sua piscina, sessões de filmes, aventuras pela cozinha, beijos roubados ou amassos quentes em qualquer lugar da casa, principalmente nos quartos; sorrisos apaixonados e bobos sendo trocados a cada olhar admirados. Eu me sentia uma adolescente vivendo seu primeiro amor. Chegava a ser engraçado todas as sensações que eu sentia perto dela ou quando ela me tocava, seja esse toque inocente ou malicioso, o tão famoso frio na barriga, borboletas no estômago, todos meus pensamentos voltados à ela. Eu me sentia nas nuvens por essas novas descobertas ao lado de Katarina. - Eu estava me lembrando da madrugada de sexta-feira. – Sussurrei provocadoramente baixo contra seu ouvido, assistindo a pele de seus braços desnudos se arrepiarem. – Se lembra dela também, Katarina? Não tive tempo de reagir e de um segundo para o outro, Katarina estava sentada em meu colo, com ambas as pernas ao lado do meu corpo e as mãos entre meus fios negros, puxando-os entre os dedos. Seu movimento de se sentar sobre mim foi tão rápido e ágil que me fez ofegar, apertando-lhe suas coxas como reflexo. Esses dias realmente nos deram uma maior liberdade para agirmos de acordo com nossos desejos. - Não me provoque, Khloe. Você não sabe do que eu sou capaz. – Ela murmurou ameaçadoramente, puxando minha cabeça para trás, deixando livre o acesso ao meu pescoço. Katarina passou seu nariz lentamente por minha pele, inalando meu cheiro e deixou um beijo suave sobre meu ponto de pulso. Eu não poderia deixa-la virar o jogo tão facilmente assim. Apertei sua cintura com ambas as mãos, e surpreendendo-a, virei seu corpo e a joguei no sofá ao meu lado, subindo em cima dela rapidamente, travando ambas as suas mãos acima de sua cabeça com as minhas. - Eu realmente não sei do que você é capaz, ainda, mas com certeza você não tem noção do que eu sou capaz. Então, senhorita Kollia, não me provoque. – Eu falava baixinho em seu ouvido sentindo-a ofegar no mesmo tom, depois que pairei de quatro sobre ela e abaixei minha cabeça a ponto de sussurrar em sua orelha, mas não deixando que meu corpo encostasse no dela, somente para provoca-la mais ainda. Katarina pousou suas mãos em meus ombros e me afastou minimamente, me dando a oportunidade de observa-la mais uma vez nesse dia. Suspirei perante a sua beleza inigualável e única. Seus cabelos castanhos estavam espalhados pelo estofado branco do sofá, com algumas mechas caindo sobre seu rosto esculpido por Deuses. Desci meus olhos, passando-os pelo seu nariz arrebitado, suas bochechas coradas até sua boca rosada e bem desenhada, vendo sua língua molhar seus lábios em um ato costumeiro, mas o que me prendeu mesmo foram seus olhos. Eu simplesmente amava a tonalidade castanha que os mesmos possuíam, pois eles refletiam sua alma, como se fosse uma janela para seu interior. Não sabia descrever o turbilhão de sentimento que me atingiam sempre que fitava seus olhos, mas já me assumia apaixonada pelos castanhos misteriosos e sedutores. - Você é tão linda, Kat. – Minha voz ainda estava baixa enquanto eu perdia meu olhar por todo seu rosto de traços tão marcantes e delicados. Passei a ponta dos meus dedos suavemente sobre suas bochechas, agora vermelhas, observando um lindo sorriso crescer em seus lábios rosados, me fazendo sorrir junto. - Eísai kai ómorfi, agápi mou.* – Katarina sussurrou, deixando meu corpo todo mole por usar o idioma que tanto me enlouquece e o sotaque forte presente em sua voz manhosa. *Você é linda também, meu amor* Inclinei-me ainda mais sobre ela e selei nossos lábios, beijando-a com paixão. Sua boca entreaberta me deu a chance de buscar sua língua com a minha, explorando o interior quente e com gosto afrodisíaco. Senti suas mãos descendo pelas minhas costas, acariciando-a por cima da blusa larga que eu vestia, enquanto as minhas estavam sobre seus fios castanhos, passando os dedos entre eles calmamente. O toque de nossas bocas era simples e sereno, sem pressa alguma, apenas apreciando o prazer que contato nos proporcionava. Colei meu corpo ao dela lentamente, amando senti-lo contra o meu. Ao quebrarmos o beijo, nos fitamos e sorrimos, fazendo com que meu coração, já acelerado pelo beijo, quase quebrar as minhas costelas. Katarina me puxou contra si e me abraçou, enrolando seus braços em meu pescoço e suas pernas em minha cintura. Deitei meu rosto eu seu peito, podendo ouvir perfeitamente seu coração bater aceleradamente. - Kat. - Hm? – Ela sussurrou, acariciando minha nuca com as pontas dos dedos enquanto sua outra mão fazia um carinho calmo em minhas costas. - Há uma coisa que eu quero te perguntar, posso? – Murmurei fechando os olhos e suspirando pesadamente. - Claro, baby. – Ela falou após deixar um beijo no topo de minha cabeça. - Quantos anos você tem? Você já me contou que nos conhecemos aqui na Grécia há séculos atrás, mas nunca realmente especificou os anos. – Queria mesmo era perguntar outra coisa, mas antes precisava fazer essa pergunta para entrar no assunto. - Eu tenho 29, amor. – Katarina disse risonha. Levantei minha cabeça, apoiando-me sobre meus cotovelos no sofá ao lado de sua cintura, e a fitei seriamente, arqueando minhas sobrancelhas. - Anda logo, Kat, quero a verdade. – Ela soltou uma risadinha sapeca, sorrindo com a língua entre os dentes e franzindo o nariz. Linda. - Tudo bem, senhorita. Eu tenho 529 anos, uso o 29 socialmente. Satisfeita? – A olhei vitoriosa, abrindo um sorriso ao ver sua expressão de tédio. - Estou satisfeitíssima. – Ela bufou revirando os olhos, mas o sorriso não deixava seus lábios. – Mas confesso que não imaginava essa idade, achei que era mais nova. - Está me chamando de velha? – Katarina indagou incrédula, olhando-me indignada. - Para uma pessoa que tem 529 anos, você até que está bem conservada, Kat. – Disse dando de ombros, mirando sua expressão raivosa. - Khloe! – Recebi um tapa forte em meu ombro direito, rindo alto de sua reação. - Desculpa. – Ri ainda mais quando ela fez uma cara emburrada com um bico enorme em seus lábios. Beijei inúmeras vezes seu bico emburrado, até fazê-lo virar um sorriso tímido. – Eu estava apenas brincando, Kat. Você é perfeita. Mas não era isso que eu realmente quero saber. - Então o que quer saber, K? – Katarina perguntou depois de me puxar contra seu corpo novamente, deitando minha cabeça em seu peito mais uma vez. - Quero saber em que ano nós nos conhecemos e quantos anos nós tínhamos. – Disse baixo, senti-a suspirar calmamente. – Eu quero te conhecer completamente, Kat, por que sinto que você sabe tudo sobre mim e eu nada sobre você. - Tudo bem, meu amor, você está certa. Por onde quer que eu comece? - Hm, pode começar pelos seus pais e seu nascimento? - Claro. – Ela falou, enquanto suas mãos se mantinham acariciando meus cabelos. – Okay, vamos lá. – Katarina se ajeitou melhor no sofá, agarrando ainda mais meu corpo. - Meu pai era Alejandro Kollia Tepes, era um homem rico e famoso pela quantidade de terras que possuía aqui na Grécia no nosso tempo, mas suas posses e seu dinheiro não tirou sua humildade ou algo do tipo, e foi por isso que ele conheceu minha mãe. Andrea. – Eu a ouvia atentamente, amando saber um pouco mais de sua história. – Minha mãe veio para Atenas em uma viagem de negócios com seu pai e foi nesse momento em que meus pais se conheceram. Foi amor à primeira vista, de acordo com eles. – Ela soltou um riso gracioso e saudoso. – Então, depois de casados, minha mãe me deu a luz. – Eu iria questiona-la, por que, pelo que ela havia me contado, vampiros não engravidam ou podiam engravidar uma pessoa, quando ela colocou sua mão macia delicadamente sobre minha boca. – Não me pergunte como minha mãe engravidou, meus pais nunca me explicaram isso. Eu ainda acho que sou adotada ou filha de outro homem. – Assenti, entendendo sua lógica. – Enfim, continuando... Eu nasci no dia 3 de março de 1489, em Atenas. Eu era muito feliz, correndo por entre os corredores do templo em que morava com meus pais, brincando no vasto campo na frente da minha casa com outras crianças da redondeza. Até que minha mãe morreu “misteriosamente”, quando eu tinha apenas 5 anos. – Sua voz se tornou sombria e baixa, e seu corpo ficou tenso. Comecei a fazer um carinho suave em seu pescoço, dando alguns pequenos beijos em sua pele quente, tentando de algum jeito acalma-la. A senti relaxar sob mim, respirando fundo. – Então, depois da morte da minha mãe, eu vivi somente com meu pai durante anos. - Eu sinto muito, Kat. De verdade. – Eu sussurrei contra seu pescoço, aplicando um beijo casto ali. - Tudo bem, meu amor. - Senti seu pequeno sorriso sobre minha testa, depois que ela colou seus lábios em minha pele. – As coisas tinham melhorado um pouco com o passar dos anos, até um dia no qual eu voltava da Ágora* com algumas sacolas de compras nas mãos. – Ela sussurrou com a voz trêmula, apertando meu corpo contra o seu, tentando de algum jeito se sentir segura. Estranhei sua reação, mas retribui o abraço. – Eu estava indo para casa naquele dia, o sol ainda estava brilhando no céu, quando um desgraçado me pegou. - Oh meus deuses, Katarina. – Levantei meu corpo subitamente, entendendo aonde iria parar aquela história, podendo ver agora que algumas lágrimas escorriam de seus olhos e manchava seu rosto. Sem esperar muito, me sentei no sofá e a puxei para meu colo, deixando-a sentada de lado sobre mim. Ela se agarrou em minha blusa e colocou seu rosto em meu pescoço, molhando-o com suas lágrimas. – Não precisa continuar se não quiser, Kat. Eu te entendo. - Não, está tudo bem. Isso já vai passar. – Ela soltou um riso sem ânimo com sua voz baixa e embargada. – Depois que aconteceu aquilo comigo e ter saído quase sem vida dessa, fui para minha casa completamente machucada. Não tive forças o suficiente para entrar no meu templo e desmaiei na entrada. Eu sabia que estava à beira da morte, por que o cara que abusou de mim havia me machucado profundamente, tanto na alma quanto no corpo. – Katarina agora sussurrava, brincando distraidamente com a gola da minha blusa. Apertei seu corpo pequeno contra o meu, dando um beijo em seus cabelos. – Meu pai me achou alguns minutos depois e me levou para dentro, e foi nesse momento em que eu descobri quem ele realmente era. Ele me transformou, me dando o seu sangue e logo depois quebrou meu pescoço para me matar de vez. - O quê?! – Arregalei meus olhos, olhando-a e minha voz saiu alta e assustada. - Oh, não se preocupe, meu amor! É assim que transformamos humanos em vampiros. Primeiro damos nosso sangue, depois os matamos e eles voltam a vida, mas para completar a transição, precisam tomar sangue humano. – Ela falou quando viu que eu estava sem reação. - Okay, isso é muito estranho. Mas continue, por favor. - Depois que eu acordei algumas horas depois já na transição, meu pai aproveitou que era noite e me levou até o cara que me abusou. Foi questão de segundos para eu mata-lo a sangue frio, sugando toda sua vida num piscar de olhos. Me vinguei e a satisfação de o matar dominava meu corpo, então, naquele dia eu não parei mais, matando qualquer pessoa que cruzasse meu caminho. Demorei a me acostumar com a nova eu, até me adaptar completamente a tudo, e quando consegui, com meus 25 anos de idade, meu pai decidiu viajar para a Transilvânia em uma “viagem de negócios”. – Ela fez aspas com os dedos e se aconchegando melhor sobre meu corpo. – Descobri alguns dias depois que ele havia morrido lá por algum motivo desconhecido por mim naquele momento. Fiquei completamente sem rumo e desliguei minhas emoções, virando uma completa desconhecida para todos que eram próximos a minha família e até mesmo para mim. - Eu sinto muito por tudo, Kat, não imagino o quão difícil foi para você passar por tudo isso sozinha. – Murmurei acariciando sua bochecha com o polegar esquerdo, a olhando nos olhos. – Sua história é bem intensa e triste. Não sei se eu sobreviveria há isso tudo, e agora eu te admiro ainda mais. – Passei meu nariz levemente sobre o seu, dando-a um beijo de esquimó. Ela sorriu e agarrou meu rosto, selando nossos lábios suavemente. – Mas fiquei curiosa com uma coisa, Kat. - O que, meu amor? – Ela perguntou, fitando meus olhos ao acariciar minhas bochechas com os polegares. - Você disse que desligou seus sentimentos. Como fez isso? – Indaguei confusa, franzindo minhas sobrancelhas. - Não sei explicar muito bem, mas é como se trancássemos uma parte nossa, a humana, em algum lugar de nossas mentes e deixando o animal selvagem controlar nossos corpos. - E como conseguiu ligar seus sentimentos novamente? Não entendi muito bem quando Katarina sorriu e se ajeitou em meu colo, agora se sentando de frente para mim, rodeando meu corpo com suas pernas. Ela levou suas mãos a minha nuca e passou seus dedos por ali, arrepiando meus pelos. Seus olhos castanhos estavam intensos, emotivos e brilhantes, prendendo os meus em uma ligação impossível de ser desfeita. Mas eu não queria desfazer isso, pois me sentia afogar no mar castanho que me fitava com tanto amor. - Você queria saber quando foi que nos conhecemos, certo? – Katarina perguntou sorrindo lindamente e deixou um beijo suave em meus lábios. - Sim. – Assenti com a cabeça, ajeitando-a em meu colo e colocando minhas mãos em sua cintura, sem nunca deixar de olhar em seus olhos tão brilhantes. - Foi no ano de 1514, quando você tinha acabado de completar apenas 19 anos, e também foi você, meu amor. Você que me trouxe de volta a vida no dia em que nos conhecemos. - Eu? – Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava. Tão baixa que quase não saiu pelos meus lábios. - Sim, Khloe. Depois que eu recebi a carta informando a morte do meu pai, me desliguei, fazendo tudo que me dava vontade. Até no dia em que houve um festival no Templo de Dionísio. Bebi mais do que aguentava e sai andando sozinha pelas ruas, depois de matar um homem e******o que se meteu no meu caminho. Até que parei em uma fazenda no meio de uma grande campina. Avistei uma pequena casa uns metros de distância de onde eu estava, iria até lá e mataria a primeira pessoa que aparecesse na porta. Só que, como eu estava muito bêbada, acabei caindo e bati com a cabeça fortemente na porta. – Ela sorriu como se lembrasse de algo importante. – Então você abriu a porta, me deixando extasiada com sua beleza e inocência. Céus, Khloe! Você estava tão linda naquela noite que eu me apaixonei tão intensamente que meus sentimentos voltaram na mesma hora em que meus olhos encontraram-se com os seus lindos verdes. Foi nesse dia em que descobri que almas gêmeas existem sim, e você é a minha, meu amor, assim como eu sou a sua. - Katarina... – Murmurei emocionada, puxando-a ainda mais contra meu corpo e a abracei apertado, tentando conter as emoções que me dominavam. - Eu sei que você ainda não sente o mesmo por mim, Khloe, mas saiba que eu te amo. Com todo meu coração e minha alma. Sempre te amei e sempre te amarei, independentemente de qualquer coisa. Você não tem noção de quantos anos eu esperei para estar assim com você novamente, meu corpo já não aguentava mais de saudades. Então, K, saiba que eu aguardarei pacientemente até que você possa retribuir esses sentimentos, para podermos enfim viver tudo o que merecemos. Eu só acenava com a cabeça, concordando com tudo, emocionada demais para falar algo. Nada poderia estar mais perfeito do que aquilo. A noite fria, fazendo com que os ventos entrassem pelas janelas abertas da sala, a casa parcialmente escura e Katarina sentada em meu colo, fazendo uma declaração de amor tão linda que jamais imaginei receber de alguém com tamanha intensidade em suas palavras. A puxei pela nuca, selando nossos lábios de um jeito sedento, apenas para sentir seu sabor e me entorpecer ainda mais. (...) Katarina Kollia Depois da nossa conversa na sala de estar, voltamos a assistir ao filme que ainda passava na televisão, tentando nos distrair das lembranças tensas de alguns minutos antes. Acabamos em uma sessão de beijos no sofá alguns minutos depois, devido algumas provocações da minha parte, esquecendo completamente a vida em nossa volta, entrando em uma bolha particular. Mas não passamos disso, não por falta de vontade, obviamente. Eu sabia do desejo de Khloe ter sua primeira vez de um jeito especial e eu faria isso, lhe daria tudo o que ela merecia, sem pressa ou de qualquer jeito. Sim, seria especial para nós duas. Puxei lentamente o lençol preto de seda mais para cima, cobrindo o completamente o corpo de Khloe, que estava deitada de bruços no colchão macio, com o rosto enterrado no travesseiro e os cabelos negros espalhados pelo lençol branco. Colei meus lábios em sua testa e lhe olhei mais uma última vez, observando-a em um sono tranquilo e relaxante. Khloe dormiu sobre meu corpo no sofá, após pararmos os beijos para não perdemos o controle, ou melhor, para eu não perder o controle. Desejara que isso acontecesse há anos, ansiando o momento em que ficaria assim com ela mais uma vez. Foi uma longa tortura vê-la crescer com o passar dos anos em que cuidava dela de longe, mas nunca poder toca-la. Agora eu estava radiante por poder fazer isso mais uma vez; poder ama-la corretamente e de poder nos entregar em um novo amor. Desliguei o abajur que ficava sobre a cômoda ao lado da minha cama, deixando o quarto sendo iluminado apenas pela luz da lua, que podia ser vista pela enorme parede de vidro onde a cabeceira da minha cama estava encostada, e me afastei em passos silenciosos, tentando não fazer barulho para não acorda-la. Iria caçar, eu já estava me sentindo fraca pelos longos dias em que não me alimentava, mas não sairia de Santorini como costumo a fazer, iria apenas no centro da ilha procurar por alguém que saciasse minha fome. Khloe estaria mais do que segura em minha casa, pois além de ninguém saber da localização, ela foi comprada no nome de Deimos, nenhum vampiro, híbrido ou humano poderia entrar aqui sem o convite dele, e isso me deixava tranquila para sair sem me preocupar muito. Antes de chegar a porta, olhei em direção a uma pequena mesa que ficava no canto do meu quarto e andei até ela, decidindo deixar um bilhete para Khloe, caso ela acordasse e não me visse ao seu lado. Capturei em minhas mãos um pequeno bloco de papeis brancos e uma caneta preta, sempre os deixava ali se necessário. "Amor... Caso tenha acordado e não me achado em casa, não se preocupe, okay? Fui me alimentar, pois já não o faço há alguns dias e me sinto fraca. Prometo não demorar. Te amo. Sempre sua, Kat." >>>>>>
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