EPISODIO CINCO

1876 Words
Ainda nada. Estou preocupado em ter que dar a esta mulher a pior notícia que pode ouvir. E então... Milagrosamente, o bebê tosse. A tosse se transforma em balbucio. O balbucio se transforma num gemido. E a partir daí, ele começa a chorar. A mulher chora de alívio. — Graças a Deus. Ela suspira novamente, encostando a cabeça na janela, exausta. Eu enrolo o bebê no meu paletó, muito focado em ter certeza que o pequenino está bem o suficiente para se preocupar com o frio, e eu dou a ele a sua mãe. Rapidamente toda a minha postura muda. Eu estava mole, exausto, prestes a cair dormindo. Os olhos da mulher, são o amor encarnado. Os seus olhos verdes brilham com lágrimas de felicidade, o suor no seu rosto a faz brilhar e ela sorri enquanto murmura coisas doces para o seu bebê chorando. Algo sobre ela me parece familiar, mas não consigo me lembrar, o que. Ela então, coloca o bebê no peito. E eu me viro. — Você pode nos levar para o hospital agora. Ela sussurra. Normalmente eu deixaria claro que não recebo ordens de ninguém, mas algo nessa mulher é diferente. Como se eu a conhecesse numa vida anterior ou algo assim Então... Há também aquela vozinha no meu peito. O santo enterrado dentro do pecador. Você não pode deixá-la aqui assim. Bem, tecnicamente, poderia. Mas anos atrás eu jurei que viveria por um código. Que eu nunca seria o tipo de be*sta que deixaria um caos desnecessário no meu passado. Eu só prejudico quando há um propósito e as pessoas prejudicadas eles precisam, merecer isso. Então eu dou a volta, deslizo para o banco da frente e lá vamos nós. Eu paro diante de emergências. Após sinalizar para um funcionário na porta, uma cadeira de rodas chega ao carro. As enfermeiras ficam boquiabertas ao ver a mulher seminua e seu bebê recém-nascido. Eles colocam um cobertor no seu colo e depois começam a me fazer perguntas, para obter mais detalhes. — Quanto tempo faz desde que nasceu? — A placenta saiu? — O bebê chorou? Eu levanto as minhas mãos. — Saiu um bebê, enrolei num paletó e dei para ela. Isso é tudo que eu sei. A enfermeira-chefe, uma mulher mais velha com um r**o de cavalo fino e lábios ainda mais finos, estreita os olhos para mim. — Você é alguma coisa da paciente? Se não, você terá que ir. Mais especificamente, eu deveria ir. Eu deveria voltar para o carro e ir para a estrada antes que outra coisa incrível aconteça comigo hoje. Mas odeio a ideia de não saber o que vai acontecer com essa mulher e o seu filho. No momento, a história está apenas pela metade. Quero saber se ambos vão ficar bem. Então eu não posso me acalmar. Que momento r**m para uma crise de consciência. — Eu sou, uh, namorado. Eu minto. — Esse é o meu bebê. Depois de uma lavagem completa, sou levado para a sala de recuperação, onde a mulher e o seu filho descansam. A enfermeira aponta para um assento rígido sob a janela. eu me deixei cair nele. — Eles deram a ela alguns analgésicos, A enfermeira diz. — Preciso que você preencha esses papeis. Apenas deixe-a descansar o máximo que puder. Eu olho para a papelada que ela me entrega e coloco de lado. Eu não estarei aqui tempo suficiente para preencher qualquer coisa, mesmo que eu soubesse detalhes como o nome dela ou endereço. Quando as enfermeiras vierem, eu já terei ido, e esta mulher, seja ela quem for, poderá informá-los que menti e que eu era apenas um estranho gentil que a ajudou. Não tão gentil, já que pretendo roubar o seu carro. Vou até o berço de plástico colocado ao lado da cama. O bebê não se parece em nada com a criatura ensanguentada que recebi nas minhas mãos não faz muito tempo. O seu rosto está limpo, suas bochechas coradas e seus lábios rosados relaxados. A mulher não parece tão angelical. As enfermeiras a limparam um pouco e eles deram para ela algum remédio, mas seu longo cabelo escuro está preso o seu pescoço e o rosto suado, e as lágrimas deixaram vestígios visíveis através da sua maquiagem. Ainda assim, há algo nela que me cativa. Algo nela faz cócegas na parte de trás do meu cérebro A memória de uma memória. Isso é ridículo, eu acho. As mulheres que conheço são esposas e seguidoras da Bratva. Repleta de joias oferecidas pelo último homem com quem fizeram se*xo, dirigindo carros alugados de luxo para ir para almoços bêbadas. Cheias de tanto álcool e drogas que nenhuma vida humano poderia crescer dentro delas. Essa mulher não faz parte do meu mundo. E quando ela acordar e descobrir que o seu carro não está aqui, ela ficará furiosa. Ela vai me odiar mesmo sem saber meu nome. Ainda bem que eu não dou a mínima. — Tudo bem por aqui? Eu me afasto da cama. A enfermeira que falou permanece na porta com impaciência. — Sim. Eu digo a ela. — Tudo está bem. Ela levanta o polegar por cima do ombro. — Excelente. Então nós podemos pedir para que você retire o seu carro? Está bloqueando a entrada da garagem. Essa é a minha deixa. Hora de partir. Um último olhar para a mulher e a criança, silenciosamente desejo para eles boa sorte e saio do hospital. Enquanto me afasto da entrada do pronto-socorro, eu olho e noto a bolsa da mulher no banco do passageiro. De um lado da bolsa pende um cordão cheio de chaves. Um deles é claramente marcado com um pequeno amuleto de ouro. Verifico a carteira da mulher e encontro o seu endereço na carteira de motorista. Por pura sorte, a casa dela não fica longe de onde estou agora. Tudo que eu preciso é um lugar para me esconder por um tempo até Genady reunir algumas armas, alguns homens e bastante informação. Esse será um ótimo lugar. ARIA Sonho estranho! Penso confusa, esfregando os olhos. Pedaços de rímel cobrem as costas da minha mão. Eu gemo. Eu não posso continuar dormindo com a minha maquiagem. Eu não costumava me preocupar com isso, quando tinha vinte anos. Mas, agora eu tenho que ter um cuidado rigido com a pele. Em breve, vou precisar de um creme anti-rugas na minha rotina. Especialmente sendo mãe solteira. Ouvi dizer que nada envelhece como a maternidade. Maternidade. A palavra fica na minha cabeça. Algo sobre isso está muito, muito errado. Quando abro os olhos e olho para a lâmpada fluorescente acima de mim, o meu cérebro praticamente grita a palavra para mim. Maternidade... Está circulando nos meus pensamentos como um avião tentando pousar numa tempestade O que poderia significar...? A minha cabeça está confusa. Nublada. Então ouço choro. Me sento rápido que cambaleio. Eu estou com algum tipo de medicação circulando até o meu braço, mas ainda posso sentir a dor nas pernas. Eu dei à luz. Maternidade, pu*ta me*rda. Tudo volta para mim. Eu tive um bebê. No meio da rua. Eu me inclino para o lado da cama do hospital e olho para o berço. A criança no interior é como uma boneca. Bochechas gordinhas e um nariz minúsculo. Ele balança de um lado para o outro, preso pelo cobertor. Os lábios dele franzido como se estivesse chupando alguma coisa. Isso é real. Ele é real. Ele é meu. Como se estivesse num sonho vertiginoso, como se isso não pudesse estar acontecendo, eu levanto o meu filho e seguro ele contra o meu peito. Esta é a segunda vez que amamento ele desde o nascimento, a primeira vez foi a caminho do hospital. E é aí que de repente me lembro do homem que nos trouxe aqui. Ele era apenas uma grande massa sem rosto. Doeu demais para me preocupar com quem estava entre as minhas pernas. eu sabia que não poderia fazer isso sozinha, então quando ele apareceu fora do carro, eu não o questionei. Eu apenas agradeci ao céu por um anjo. Depois dos últimos acontecimentos, é hora do universo me mandar boa sorte. As roupas que eu usava estavam dobradas na mesa ao lado da cama numa pilha suja e suada. Inclusive o meu jeans, que tirei muito antes do estranho chegar para me ajudar. No bolso de trás, exatamente onde o deixei, está o meu telefone. Eu tiro e ligo para Brigitte. — Já era hora! A minha melhor amiga responde como forma de saudação. — Eu mandei mensagem para você o dia todo. Onde você esteve? — Dando a luz dentro do meu carro, no meio da rua. E você? Há uma pausa longa e atordoada, e então uma enxurrada de perguntas, e gritos. — Me conta tudo! Ela exige. Brigitte é minha melhor amiga há anos. Quando eu descobri que estava grávida, eu disse a ela antes de qualquer outra pessoa. Para minha eterna gratidão, ela não me crucificou. — O que vai fazer? Ela perguntou em vez disso. — Ter o bebê. A resposta foi imediata e inflexível, embora eu não tivesse parado para pensar nisso, nem por um segundo. Depois que tomei a minha decisão, Brigitte nunca mais perguntou. — Eu estava cronometrando as minhas contrações e pensei que tinha tempo o suficiente para chegar ao hospital, mas as coisas não foram como eu planejei. Eu explico. —Eca! — Eu estava com medo de que, se chegasse à rodovia, acabasse batendo, então parei numa rua para pedir ajuda. Mas as linhas telefônicas estavam paradas. — Houve uma explosão! Brigitte interrompe. — É por isso que eu estava enviando mensagem para você. Algo explodiu a alguns quarteirões da sua casa, passou na notícia. — Aposto que todos eles estavam usando os telefones para descobrir O que estava acontecendo. — Como é possível que você saiba mais do que eu sobre o que está acontecendo no cidade? Você está fora da cidade! Brigitte ri. — Sou como um daqueles homens de negócios que usa vários relógios, cada um ajustado para um fuso horário diferente. Sempre me certifico de estar atualizado com notícias importantes. Ela tem viajado muito ultimamente a trabalho. Ela sempre foi uma coelhinha da duracel. Nós rimos, então conto a ela sobre o homem que apareceu para ajudar. Mesmo enquanto conto a história, m*al acredito nas palavras que estou dizendo. — Um homem enorme e bonito abriu a porta do carro. Respiro fundo. — Ele recebeu o meu bebê e me deu embrulhado no seu paletó... — Quem era ele? Ela pergunta quando termino de contar a história. Que mais parece que foi tirada de um filme. — Nem idéia. Eu m*al olhei para ele. — Ele era atraente? — Não sei. Insisto. — De verdade. Eu estava tão focada em conseguir fazer um humano sair de mim, que nem prestei muita atenção. Ela geme. — Assim, você não está ajudando muito! É grande? Pequeno? — Não é tão grande. Deve ter uns 40 centímetros. — O cara, i****a. Não é o bebê. — Ah, claro! Ele era grande. Disso eu tenho certeza. Os ombros do homem eram tão largos que m*al passavam pela porta do carro. — Muito grande. Acrescento.
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