Kadu
O sol nascia pálido sobre o morro, tingindo os telhados de ferro com um brilho frio. O dia parecia silencioso demais, como se até os passarinhos soubessem que algo havia mudado. Eu estava de pé na laje da mansão, o cigarro apagado entre os dedos e o coração pesado com a notícia que agora pesava como chumbo no peito: eu ia ser pai.
A palavra soava estranha na minha boca. Não combinava com o cheiro de pólvora, nem com o barulho das motos rondando as vielas. Era algo puro demais pra um homem que carrega o morro nos ombros e o sangue nas mãos. Ainda assim, ali estava eu, olhando o horizonte e sentindo o peso de algo que nenhuma bala podia resolver.
Anna dormia no quarto de hóspedes. Eu não quis acordá-la. Depois da confissão dela, minha cabeça virou um campo de guerra. Parte de mim que
