Capítulo 11 – Sangue e Promessas

1279 Words

Kadu O som do motor vinha rasgando a madrugada como navalha m*l embainhada. Quando a notícia chegou pelo rádio, veio seca, sem possibilidade de tradução dócil: ataque ao posto da Ladeira Nova. Mortos. Nome cortado do mundo; sangue que não pede licença. O morro, que é tanto mapa quanto pele, estremeceu numa só onda. Havia cansaço no meu corpo—aquele fino, que não se cura com sono—mas não havia escolha: fui. Vesti o uniforme como quem aceita uma identidade que não devolve. O veículo subiu a ladeira em velocidade controlada; o rádio trazia fragmentos, vozes embargadas, ordens. No rosto dos meus homens a mesma pergunta: quem atravessou a linha? A resposta não demorou: dois carros, tática, fogo rápido, recuo calculado. Militaridade porca, porém eficiente. Quando vi o posto, a cena quebrou a

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD