A noite estava fresca quando saí de casa, ajustando o vestido preto elegante que havia escolhido com tanto cuidado. Meu coração batia acelerado quando ouvi o ronco de um motor potente se aproximando.
Quando olhei, meu queixo caiu.
Zack estava encostado em um carro esportivo preto brilhante, de design impecável, que parecia saído de um comercial de luxo. Seu terno escuro era perfeitamente ajustado ao corpo alto e atlético, e os cabelos castanhos quase loiros estavam levemente bagunçados, como se ele tivesse acabado de passar as mãos por eles. Ele exalava uma confiança natural, mas o que mais me prendeu foi o olhar intenso que ele me lançou quando nossos olhos se encontraram.
Ele abriu a porta do passageiro para mim, e eu entrei no carro, sentindo o cheiro de couro novo e um leve aroma amadeirado de seu perfume caro.
— Você está linda — ele disse, a voz grave soando como um elogio genuíno.
— Obrigada — murmurei, ainda me perguntando quem era esse homem e por que ele mexia tanto comigo.
A viagem foi silenciosa, mas confortável. O carro deslizava suavemente pela estrada, e percebi que ele não precisava nem tocar tanto no volante — era um daqueles modelos com tecnologia avançada.
Quando chegamos ao restaurante, minha respiração falhou por um instante.
O lugar era um dos mais exclusivos da cidade. Uma fachada imponente de vidro refletia as luzes da noite, e do lado de dentro, lustres de cristal iluminavam um ambiente sofisticado. Os clientes eram visivelmente da alta sociedade, vestidos com roupas de grifes famosas.
— Uau... — soltei, incapaz de esconder minha surpresa.
— Espero que goste — Zack disse com um sorriso discreto, estendendo a mão para mim enquanto saíamos do carro.
O maître nos recebeu de imediato, chamando Zack pelo nome e nos levando a uma mesa especial, perto de uma enorme janela de vidro com vista panorâmica para a cidade iluminada. O garçom puxou minha cadeira, e percebi que Zack não precisava olhar o cardápio — ele parecia já saber exatamente o que queria.
— Você vem sempre aqui? — perguntei, observando o modo tranquilo com que ele lidava com o ambiente.
— Algumas vezes — ele disse, pegando a carta de vinhos. — Espero que goste de vinho francês.
Ele fez um sinal discreto para o sommelier, que trouxe uma garrafa com um rótulo que eu reconheci — um dos vinhos mais caros do mundo. Meu coração disparou.
— Zack... Esse vinho custa uma fortuna.
Ele sorriu, como se não se importasse.
— Só o melhor para uma noite especial.
Minha garganta secou. Quem era esse homem?
A comida chegou, pratos tão bem apresentados que pareciam obras de arte. Enquanto comíamos, tentei puxar assunto.
— Então, Zack... Me conta mais sobre você. Onde cresceu?
Ele desviou o olhar por um momento, girando a taça de vinho lentamente entre os dedos.
— Cresci em vários lugares — disse, evasivo. — Nunca fiquei muito tempo em um só país.
— Parece uma vida interessante. Mas e a sua família?
Ele ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder.
— Não tenho contato com eles há muito tempo.
Havia algo pesado em seu tom, e resolvi não insistir.
— E o que você faz?
Ele sorriu, como se já esperasse essa pergunta.
— Alguns investimentos aqui e ali. Nada muito emocionante.
Nada emocionante? Ele dirigia um carro que valia mais do que minha casa e bebia vinhos de cinco dígitos. Zack era um mistério.
Para quebrar o clima, ele mudou o foco para mim.
— Mas e você? O que faz da vida?
— Sou pintora — respondi, animada. — Sempre amei arte, então decidi seguir isso profissionalmente.
— Pintora? — Ele arqueou uma sobrancelha, genuinamente interessado. — Isso é fascinante.
Comecei a contar sobre minha paixão pela arte, e ele me ouviu com atenção, me incentivando com perguntas. A forma como ele me olhava, como se cada palavra minha fosse interessante, fez meu coração acelerar.
Depois de pagarmos a conta — e claro, Zack sequer olhou a fatura —, saímos para caminhar até o estacionamento, que ficava a alguns quarteirões.
Foi quando vimos a mulher.
Ela vestia um manto preto com capuz, segurando uma bola de cristal. Caminhava devagar, como se esperasse o momento certo para nos abordar. Quando passou por nós, murmurou algo quase inaudível, mas com um tom carregado de algo sombrio.
— Isso não vai terminar bem.
Um calafrio percorreu minha espinha.
Me virei para olhá-la, mas Zack rapidamente tocou meu ombro, virando-me para frente com delicadeza, mas firmeza.
— Não ligue — ele disse, sua voz mais séria do que antes. — As pessoas por aqui às vezes são assim mesmo.
Mas seu corpo estava tenso, e sua expressão havia mudado sutilmente.
Quando chegamos ao meu prédio, o silêncio entre nós era denso.
Zack ergueu a mão e acariciou meu rosto suavemente. Seus dedos eram frios, mas seu toque enviou um calor intenso por todo o meu corpo. Seu olhar tinha algo de tristeza e uma paixão tão profunda que me fez prender a respiração.
Ele se inclinou devagar, me dando tempo para recuar se quisesse. Mas eu não quis.
Quando nossos lábios finalmente se tocaram, um arrepio percorreu minha espinha. Seu beijo era intenso, cheio de emoção reprimida. Como se houvesse algo entre nós além do agora.
Mas quando nos afastamos, algo me chamou atenção.
Uma lágrima escorria pelo rosto de Zack.
— Você tá bem? — perguntei, confusa.
Ele piscou algumas vezes, passando a mão discretamente pelo rosto.
— Sim — disse, forçando um sorriso. — Só tenho um problema nos olhos... Às vezes acontece.
Algo me dizia que ele não estava sendo sincero, mas assenti lentamente.
— Ah... Entendi.
Ele segurou minha mão por um instante, como se quisesse dizer algo mais, mas então apenas sorriu e deu um passo para trás.
— Boa noite, Maya.
— Boa noite, Zack.
Entrei em casa pensativa sobre o dia, suspirei pensando que depois de conhecer o Zack minha vida parecia ter se tornado um filme de suspense eterno.