capítulo David .
DAVID
Minha vida tem sido extremamente difícil desde a morte da minha esposa e filha. Não consigo suportar a dor de viver sem elas; muitas vezes, sinto vontade de acabar com tudo. Cometi muitos erros, já passei por várias situações perigosas, mas parece que algo na p***a do além não quer me levar. Vivo uma vida solitária, sem amigos; os que tive, eu acabei afastando por não suportar a traição.
Toda noite, tenho pesadelos com minha esposa e minha pequena. Faz anos que vivo neste tormento. Quando me deito, espero conseguir dormir melhor, mas sempre o mesmo c*****o do pesadelo vem. Tudo que eu queria era ter salvado elas, queria ter impedido aquele desgraçado infeliz antes, mas tudo aconteceu tão rápido... Eu que era pra morrer no lugar delas.
(...)
Anos atrás...
Eu estava na boca, fazendo as contas do morro e pensando na minha esposa, Eloisa, que sempre insistia para que eu fosse à igreja com ela. Não entendia por que era tão importante para ela, mas eu sempre dizia que não. Não me sentia obrigado a entrar numa igreja, mas também não era contra ela ir; até achava bom que ela tivesse alguma ocupação. Saí desses pensamentos quando meu celular tocou, atendendo sem nem olhar quem estava ligando.
Ligação ativa:
— Se você deseja ver sua esposa e filha vivas novamente, dirija-se ao endereço que enviarei por mensagem e venha sozinho, pois, caso contrário, elas morrerão.
Meu coração disparou e o medo me dominou.
Desliguei o celular e saí rapidamente. Olhei a mensagem que estava no meu telefone; não podia ser verdade, era apenas uma brincadeira de mau gosto. Não queria acreditar, não conseguia aceitar essa p***a.
Corri até o endereço indicado e, ao chegar lá, o que inicialmente pensei ser uma brincadeira se tornou uma terrível realidade: encontrei minha esposa e minha filha amarradas. Dirigi-me até elas para desamarrá-las, mas quem eu considerava meu amigo me apontou uma arma à cabeça. Ele exigia que eu entregasse o controle do morro em troca da liberdade delas. Aceitei, pois não poderia arriscar a vida das minhas meninas; nada era mais importante do que a segurança delas.
No entanto, ele foi tão covarde que, assim que chegamos a um acordo, disparou contra elas na minha frente. Ele tirou a vida das minhas filhas diante de mim. Senti uma onda de fúria e saquei minha arma, com as mãos trêmulas, mas determinado a me vingar.
Entretanto, ele foi mais rápido e escapuliu pela janela. Corri até elas. primeiramente fui até a minha pequena e a dor que senti foi como se uma faca afiada penetrasse em meu coração. Ver minha filha sangrando e sem vida diante de mim foi a pior dor do mundo. Não consigo descrever a angústia de testemunhar a morte de quem se ama e não ter a chance de me despedir. Antes de morrer, Eloísa ainda pediu desculpas, e isso me fez questionar: desculpas por quê?
Fiquei com os corpos delas até a chegada da ambulância e da polícia; ninguém sabia que eu era traficante. Tive que dizer que havia sido sequestrado e, como não tinha recursos para pagar o resgate, elas acabaram sendo mortas.
Minha esposa sempre gostou de frequentar a igreja e dizia que Deus era a p***a da salvação. Se Deus é realmente a salvação, por que não as salvou quando mais precisavam?
Fim do flashback.
(...)
Acordo novamente, assustado.
Passam-se anos e esses sonhos se tornam cada vez mais perturbadores. Levanto-me para tomar um banho, tiro minha cueca e deixo a água escorrer pelo meu corpo, tentando relaxar.
Meu nome é David, vulgo Coringa. Mato e torturo sem piedade, pois quando se tratou da minha família, ninguém teve compaixão. Por que eu teria que ter compaixão pela família dos outros?
Para mim, as mulheres são apenas uma forma de diversão, nunca para me apaixonar. Acredito que a p***a do amor é a maior fraqueza de um homem e, por isso, decidi que nunca mais me deixaria levar por isso. Quanto a Deus, não creio nele; para mim, só existe o inferno e não um Deus que salva. Se alguém me disser o contrário, eu simplesmente mato.
Eu moro com minha tia, que me criou após a morte dos meus pais. Ela é a única que, às vezes, eu deixo dar palpite na minha vida, mas também o que ela diz, pouco me importa.
Após o banho, troco de roupa e desço direto para a boca. Não tava afim de conversar com minha tia, que sempre insiste que eu deveria parar de pensar no passado e arrumar uma mina pra casar .
casar o c*****o.
Sento na minha cadeira, já puxo uma verdinha da gaveta e, um dos vapores entra na minha sala, o Gian é o único que ainda não me decepcionou nessa p***a. Talvez por medo, mas estou ligado em cada passo que todos os meus vapores dão.
Se sair da linha tá fudido nas minhas mãos.
Gian: Patrão, tem um envelope que deixaram aí na entrada do morro para o senhor.
Coringa: Vocês pegam a p***a do envelope e não pegam quem mandou entregar essa carta, viado?
Gian: Foi m*l, patrão, mas foi tudo tão rápido.
Coringa: Vaza da minha sala, p***a.
Ele deixa o envelope em cima da mesa, apago meu cigarro de maconha e abro. O que vejo faz meu coração parar: fotos de minha ex-esposa na cama com o que se dizia ser meu melhor amigo.
coringa: Que p***a é essa?