TE AMO SIM, PARA TODO SEMPRE

“Me sinto uma otária” pensou Andreia olhando para o penhasco à sua frente, o vento tocava sua pele agressivamente, seu coração estava apertado, paralisado com o medo e o gelo, que fazia seu rosto ficar corado, enquanto os óculos redondos insistiam em descer dos olhos. Ela tinha medo, o corpo estava tremulo e a mente arrependida de ter topado o desafio das amigas de descer com um snowboard quebrado, o grande penhasco. “Vai, vai, vai” ela ouvia a maioria das vozes tentando-a convencer. Andreia não gostava da ideia de se aventurar, ela nunca havia usado um snowboard, estava desesperada por ter que usar um que estava quebrado, ela não era mais uma criança para fazer a loucura, e muito mesmo uma adolescente imatura e inconsequente. Andreia era uma mulher e achava a ideia i****a, estava na cidade a passeio com suas amigas, e haviam conhecido uma turma de homens bonitos e extravagantes, a maioria já havia descido, ninguém havia se ferido, mas Andreia não conseguia. Em sua mente ela se arrependia por topar a ideia de passar o Natal longe de casa, mas foi convencida pelas amigas a se aventurar longe de sua família, seu lugar de refúgio, visto que se separariam em pouco tempo, seguindo carreiras e caminhos diferentes. “Seja ousada” sugeriu uma de suas amigas a empurrando com os olhos. Andreia olhou para frente mais uma vez, ela nunca foi ousada, mas também queria impressionar um cara, pois detestava o natal, para ela tudo era falso nessa época do ano, achando que as coisas poderiam ficar piores se estivesse de vela para as amigas, sozinha em uma cidade desconhecida, ela precisava conquistar o olhar de um daqueles homens. Andreia sentou-se no meio do snowboard e quando pensou em pegar impulso sentiu mãos fortes a empurrando, ela não teve a oportunidade de olhar para trás e descobrir quem antecipou sua descida, imediatamente o snowboard pegou impulso, ela tentava se segurar no brinquedo, mas não encontrava nada, o vento parecia ainda mais forte e uma nevasca começava, fazendo com que flocos de neve viessem ao encontro de seu rosto de uma forma assustadora, fazendo com que a descida dela fosse diferente das outras, deixando a todos preocupados. “Tenta parar Andreia” gritavam suas amigas, preocupadas, com a mudança repentina do tempo. "Se joga". Andreia estava desesperada, fazendo o que podia para tentar parar o snowboard que trepidava sem parar, passando em alta velocidade sob as pedras, ela colocou as duas mãos para fora do brinquedo, mas foi bruscamente ferida, as puxando rapidamente. Sua visão estava ofuscada pelo gelo, mas ela tinha que parar, sentia tanto medo que acreditava que morria disso, Andreia estava desesperada, colocando os pés para fora, na intenção de frear, mas não conseguindo, virando o brinquedo, mudando sua rota, indo ao encontro de um pinheiro e batendo nele. Ela olhou para trás, as amigas corriam do jeito que conseguiam em sua direção, enquanto os homens haviam dispersado. Andreia sentiu o impacto do bico do brinquedo, com a árvore, que a jogou longe, ela não conseguia parar, seu corpo rolava sobre a neve em alta velocidade, e uma nevasca a afastava de suas amigas, ela não sabia o que fazer, batendo a cabeça em uma pedra e desmaiando.