11- DECO

1343 Words
CAPÍTULO 11 DECO NARRANDO Depois que eu subi pro camarote, a noite virou trabalho. Baile pra mim nunca foi lazer. Nunca foi curtição. É território, é radar ligado, é risco rodando o tempo todo. Enquanto o povo dança, bebe e se perde no som, eu observo. Sempre observei. E naquela noite, mais do que nunca, meus olhos não desgrudavam de três pontos específicos. A Diana. A amiga que ela trouxe — que eu não fazia a menor ideia de quem era. E o Frajola. Não era desconfiança gratuita. Era instinto. Era sobrevivência. Eu não confio em coincidência e não confio em ninguém que eu não conheça o histórico inteiro. Principalmente quando envolve minha irmã. Diana circulava pelo baile como se fosse só mais uma noite comum. Ria, falava alto, dançava do jeito dela, sem medo. Sempre foi assim. Sempre teve esse brilho que chama atenção sem pedir licença. E isso me dava orgulho… e ódio ao mesmo tempo. Orgulho porque ela é fo.da. Ódio porque esse brilho atrai coisa r**m. A tal amiga ficava mais na dela, observando tudo com olhos curiosos demais pro meu gosto. Não parecia assustada, mas também não parecia acostumada. Aquela curiosidade de quem tá vendo um mundo novo. Mundo esse que eu faço de tudo pra Diana não pertencer. O Frajola tava no padrão. Responsa. Colado nela, mas sem exagero. Respeitando espaço, respeitando limite. Eu já tinha trocado ideia com ele outras vezes. Moleque é firme. Não vacila. Por isso mesmo eu tava de olho, não por ele ser problema — mas porque qualquer um perto da minha irmã vira problema em potencial. Passei horas assim. Copo na mão, rádio chiando baixo no ouvido, homens circulando, música estralando, e eu… parado. Vigilante. Como sempre. Quando deu quase quatro da manhã, eu já tava com o corpo cansado, mas a mente ligada no duzentos. Foi aí que a Shirlei apareceu. Eu vi ela subindo pro camarote de longe. Aquele vestido colado, curto demais, desenhando cada curva do corpo dela. Dançava como se o mundo tivesse parado pra assistir. Shirlei sempre soube usar o corpo como arma. E não era burrice — era estratégia. Ela veio direto em mim. Sem pedir licença, passou os braços em volta do meu pescoço, colando o corpo no meu, e me beijou. Beijo quente, possessivo, de quem quer marcar território. Meu corpo reagiu na hora, porque sou homem, não sou santo. Mas minha cabeça continuava funcionando. Afastei a boca dela devagar. — Vamo sair daqui. Ela sorriu na mesma hora, satisfeita. Shirlei tava doida pra isso. Doida pra ser vista comigo, doida pra que eu assumisse algo que eu nunca prometi. Antes de sair, chamei o Boy pra perto. — Fica de olho na Diana, na amiga dela e no Frajola. — falei baixo, direto. — Não quero surpresa. — Pode deixar. — ele respondeu. — O Frajola tá mandando bem, patrão. O moleque tá se dedicando. E até ver com o tu sobre aquela parada da gerência porque, a gente tá precisando colocar alguém no cargo tá ligado e ele tem se destacado bastante correndo pelo certo. Balancei a cabeça, concordando. — Depois a gente troca essa ideia.- ele balançou a cabeça concordando e eu saí dali com a Shirley. Desci do camarote com ela grudada na minha cintura, os vapores abriram espaço para nós passarmos e Eu segui com ela até o lado de fora. — sobe aí.- falei para ela que concordou se empinando toda. Taquei marcha na moto e subi pro alto do morro, pra uma das gomas que eu mantenho justamente pra essas situações. Lugar neutro. Sem vínculo. Sem mistura. No caminho, ela começou. — Por que a gente não pode ir pra sua casa, Deco? — perguntou, com aquele tom que eu já conhecia. — Você me trata como se eu fosse qualquer uma… sendo que eu só fico com você. Será que você não enxerga o quanto eu te amo? Segurei o guidão com força. — Começa não, c.aralho. — falei seco. — Se tu for encher o saco, já me avisa que eu viro a moto agora. Ela se calou na hora. — Desculpa… prometo que não falo mais nisso. Parecia sincera. Mas eu já conhecia esse filme. Essa parada de amor, é só por conta do meu dinheiro e da vida de luxo que eu posso proporcionar para ela. Tenho certeza que se não fosse nada disso ela nem olharia para mim. Chegamos. Entrei, dei espaço para ela entrar e me virei trancando a porta, e m*l tive tempo de respirar. Ela me empurrou no sofá, rindo, jogando o cabelo pro lado. O som distante do funk do baile ainda batia lá fora, atravessando a casa como um eco. Ela começou a dançar, provocando, usando o ritmo a favor dela. Ela foi tirando a roupa e quando o vestido caiu, eu vi ela sem calcinha. Ela sorriu sentando no sofá de frente pra mim, lambeu dois dedos e começou a se tocar. Ela enfiava os dedos lá dentro dela gemendo e me olhando nos olhos. Levantei do sofa e me abaixei na frente dela tirando meu p.au pra fora, coloquei a capa que nao sou otario e meti o p*u pra dentro. Ela gemia alto segurando os próprios joelhos, enquanto eu socava firme na bucet.a dela. Coloquei ela de todas as posições possíveis, e depois que terminei, eu saí de dentro dela vendo ela fazer uma cara frustrada. — mas eu ainda não gozei Deco, será que podemos continuar? — ela fala com a voz manhosa — tô suave, agora vou nessa porque daqui a pouco tenho umas paradas pra resolver.- eu falo para ela pegando meu celular e vendo que já são quase 5:00 da manhã. O sexo foi intenso, do jeito que sempre era com ela. Corpo com corpo, descarga de tensão, suor, gemidos abafados pelo som distante do morro que nunca dorme. Eu não pensava. Só fazia. Ela ficou ali, respirando fundo, frustrada. Ela não discutiu. Só levantou, pegando o vestido do chão. Abri a carteira, puxei quatro notas de cem e entreguei. Ela abriu aquele sorriso torto, misto de satisfação e decepção. — Posso passar lá na boca mais tarde para te ver? — perguntou. Dei de ombros, já saindo. Não esperei resposta. Saí, liguei a moto e deixei ela ali, parada na porta, olhando sem acreditar. Não esperei. Não expliquei nada. Nunca expliquei. Cheguei em casa pouco depois. Cumprimentei os vapores com a cabeça e fui direto pra cozinha beber água. O silêncio ali dentro era pesado. Familiar. Por algum motivo, a Diana veio na minha cabeça. E eu sabia. Me conhecendo como conheço, enquanto aquela garota não aparecesse, eu não ia descansar. Entrei no banho tentando esfriar a mente. Tirei a camisa com cheiro do perfume da Shirlei e joguei direto no cesto. Aquilo não entrava comigo na cama. A água quente bateu no corpo, relaxando os músculos, mas não a cabeça. Passei o sabonete, lavei o cabelo, deixei a água escorrer pelo rosto tentando levar embora a tensão. Nada adiantou. Saí do banho, me enxuguei, vesti uma bermuda, uma camiseta de time, passei desodorante e ajeitei o cabelo com a mão mesmo. Já tava indo deitar quando ouvi o meu rádio tocar. Um dos meus vapores me passando a visão que o boy estava trazendo a Diana pra casa de moto. Naquele momento acendeu algo em mim. Estranhei. Desci rápido. Quando abri a porta, vi a cena: Boy e Diana parados, se encarando. O clima… errado. Tenso. Silencioso demais. Saí pra fora na hora. Tem uma regra que eu sempre deixei clara: ninguém chega perto da minha irmã. Nunca. Não é controle. É proteção. Eu conheço essa vida. Conheço o fim dela. Diana tem o gênio forte igual ao meu. Faz o que quer, quando quer. Mas enquanto eu respirar, eu vou manter ela longe disso tudo. Porque se tem uma coisa que eu aprendi cedo demais… É que o morro cobra caro de quem ama sem cuidado. E eu não vou pagar esse preço com ela. Continua.....
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