📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA Depois que a risada se espalhou pela cozinha e o silêncio bom voltou a reinar, o velho chegou puxou uma cadeira e sentou do meu lado. Bateu de leve na mesa, o cigarro preso entre os dedos, e me olhou por cima da fumaça. — “Tá, e agora?” — perguntou, direto, sem rodeio. — “Duas semanas de licença… o que tu vai fazer com esse tempo todo aqui no morro, capitão?” Dei de ombros, mordendo mais um pedaço de bolo. — “Descansar, né? Ver vocês, botar a cabeça no lugar.” Ele bufou, um meio sorriso aparecendo. — “Descansar no Cruzeiro é igual querer dormir em pista de tiro. Aqui, se tu ficar muito quieto, o morro te cutuca.” — “Ah, eu sei me virar, pai.” — respondi, tranquilo. — “Não vim pra bagunça.” Rey arqueou a sobrancelha, aquele olhar que enxerga mais do que d

