📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O baile ia começar em menos de duas horas e, se tinha uma coisa que eu não admitia, era desorganização no meu território. Morro é caos, sim. Mas comigo no comando, o caos anda na linha. Desci a viela principal com o rádio preso na mão, olho atento em tudo. As caixas de som já estavam montadas, os fios passados, o DJ testando batida. O cheiro de churrasco subia dos becos, os vendedores ajeitavam as mesas, as luzes improvisadas começavam a acender. — “Gauchinho, confere a entrada de baixo. Ninguém passa sem revista. Nem morador.” — falei firme, sem levantar a voz. Ele assentiu e saiu correndo. Apontava com o queixo, delegava com a mão, cada gesto meu era ordem. — “Baiano, quero dois na laje da direita, dois na laje da esquerda. Hoje vai subir turista. N

