capitulo 58

1171 Words

📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O fim da tarde caiu pesado no Cruzeiro. O morro respirava aquele ar quente e lento de sexta-feira cheiro de churrasco barato misturado com óleo queimado, som de funk longe, moto subindo, rádio chiando notícia velha. Eu tava na laje, camisa jogada num canto, olhando o horizonte. De cima, dava pra ver a cidade acendendo uma constelação torta de luzes que fingia não ver o que acontecia aqui em cima. Passei a mão no rádio, conferi as frequências, troquei meia dúzia de mensagens com o pessoal do plantão. Negócio de morro é isso: quem manda, não descansa. Sempre tem alguém devendo, alguém rondando, alguém achando que pode subir sem pedir. — “Tá tudo limpo lá embaixo?” — perguntei pro Baiano, que cuidava da entrada. O som chiou, e a voz veio firme: — “Por

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