2.Caio

1258 Words
- Foi m*l, foi m*l – Disse ele saindo do quarto tapando os olhos. Lívia entrou logo em seguida: - Acho que você já conheceu o caiu, tadinho ele também tomou um susto, ele não mora mais aqui, tem uma casa bacana lá pra cima. Mas sempre vem aqui comer a comida da mamãe, às vezes até dorme, ai dividimos o quarto. Eu deveria estar pálida porque ela parou de rir, e me encarou séria. - Lívia, ele é idêntico ao Leo, meu noivo. – Eu disse -Você ta de s*******m, o seu noivo rico e sofisticado..... Ela parou de falar, e olhou com surpresa para a foto que eu mostrava no celular. - Caraca, parece mesmo! mas o seu noivo é mais bonito – disse rindo- vou tomar um banho pra gente jantar e ir curtir a noite, não aguento ficar em casa nesse calor. E saiu saltitante. O caio era muito bonito, assim como o Leo. Cabelo preto, olhos verdes, alto. O fisco do caio era impecável, forte, pele bronzeada cheia de tatuagens... e o perfume ficou por todo o quarto... Lívia tinha razão, o calor estava sufocante, passei hidratante pelo corpo, e coloquei um vestido tubinho vermelho, contrastando com a minha pele pálida, e meu cabelo ruivo comprido. Não me maquiei, seria impossível, estava derretendo de calor. Passei somente um rimel e um gloss, finalizei com meu perfume adocicado que era minha marca registrada. Eu e a Lívia nos trocamos juntas, ouvindo música e falando bobagem, ela era tão divertida meu Deus! - Outro dia mamãe quase desmaiou, eu trouxe um carinha pra dormir em casa depois do baile, e ele levantou no meio da noite pra ir no banheiro, ela acordou sabe se lá porque, e achou que era um noia que tinha invadido a casa, até eu explicar, ela já tinha acordado a vizinhança toda! – Disse rindo enquanto se perfumava. Fiquei observando a minha prima, ela não tinha o dinheiro que eu e mamãe agora temos, mas ela era incrivelmente feliz, autêntica, resolvia os problemas com um sorriso no rosto, é tão bom ser de verdade. Eu não sentia isso no meu circulo de amizade, onde o que imperava era dinheiro, status e conversas fúteis, senti um pouco de inveja, mas logo afastei o pensamento. Eu tive o privilegio de sair do morro, o que mais eu poderia querer? Lívia estava lida! Vestiu um short jeans e uma blusinha decotada estampada, que caiu muito bem nela. Suas curvas eram perfeitas bem acentuadas, e o cabelo preto e bem liso, ia até o final das costas, ela era exuberante! - Que lindas, minhas meninas enfim juntas! – Disse a tia, cheia de alegria. Na mesa tinham pizzas para o jantar, pareciam ótimas! - Prazer em enfim te conhecer querida! Temos pizzas para todos os gostos, essa é a melhor da região! Era o Mauro, marido da tia Lucia, ele era muito simpático, e bonito para a idade. Jantamos juntos em meio a conversa, e risadas, com frequência os olhares entre eu e o caio se cruzavam, eu desviava rapidamente, mas sentia ele me olhando. Senti o meu rosto pegar fogo, eu deveria estar muito vermelha, qualquer coisa era culpa do calor! - Hoje eu me dou folga, vou sair com vocês, vai ter um pagode ali no bar do zeca, é tudo nosso! – Disse o Caio. - Deixa as meninas saírem, Caio, elas querem conversar... - Tio, deixa ele, vai ser divertido, e a gente fica até mais segura saindo junto com o Caio - JUIZO, JUIZO! Senti que o Mauro ficou incomodado, afinal o caio era o chefe do morro, algo poderia dar muito errado... Não vou dizer que não fiquei com medo, mas a sensação de segurança por estar onde eu nasci, era mais forte, e eu estava louca por adrenalina! Entramos no carro do caio, sob o olhar de receio da tia Lucia, e do Mauro, disfarçados em sorrisos afetuosos. Não era grande a distancia da casa ate o tal bar, mas fomos o caminho todo ouvindo funk, e vez ou outra o caio buzinava para pessoas no morro, todos olhavam para o carro passando. Alguns com receio, outros com admiração. Ele e a lívia fumaram um baseado. Mas não me ofereceram. O bar era melhor do que eu esperava, o espaço era fechado, mas a céu abeto, a Lívia foi à frente para falar com alguém, e eu e caio fomos caminhando juntos sob a vigia de milhares de olhos, as mulheres me olhavam e cochichavam, comecei a me sentir desconfortável, quando a Lívia voltou e sentamos. - Não liga pra elas, todas apaixonadas no chefão ai - e apontou para o caio, que mexia no celular. Rapidamente um senhor simpático e alegre veio falar com a gente - Olha que hoje vocês dois estão muito bem acompanhados! - Zeca, essa é minha prima Alice, ela cresceu aqui no morro, mas hoje mora em bairro de granfino, e é dentista. Eu sorri...pra que falar tanto? -Dentista, olha só...eu to precisando de um..o meu dente lá de trás... – ia dizendo o Sr. zeca -Zeca pega cerveja pra gente, to derretendo aqui, corta o papo furado! -Cortou caio com olha sério e impaciente O senhor falante foi correndo lá pra dentro e voltou com um balde cheio de cervejas, trincando de tão geladas, aquele primeiro gole quase me levou ao céu, comecei a relaxar. No palco, o grupo de pagode começou a tocar, e rapidamente o lugar encheu. Todos dançavam, riam e bebiam, os problemas não entravam junto naquele lugar! O mundo finalmente voltava a respirar, depois de quase dois anos de pandemia, me animei e pedi uma caipirinha para o Zeca. A Lívia não conseguia ficar parada, logo levantou e foi pra perto do grupo de pagode, dançar e pedir musica. Logo um rapaz se aproximou, parecia encantado por ela! O caio, não saia do celular, percebeu que eu estava encarando e devolveu o olhar, logo abriu um sorriso.... ah que sorriso! - Seu sorriso é lindo – Eu disse, quase que pensando alto. Ele riu alto. - Vindo de uma dentista isso deve ser uma coisa boa! – Ele disse. Acho que a bebida começou a fazer efeito, eu não falaria essas coisas em sã consciência. - Pega seu copo, vamos dançar! Disse o caio Fomos para a frente do palco improvisado, e nos juntamos a Lívia, cantamos, dançamos, éramos o centro das atenções, todo queriam saber quem era a ruiva com o chefe do morro. - Vou lá na rua tomar um ar e fumar – Disse o Caio - Vou junto! - Eu disse e segui o caio em meio aos olhares curiosos. Respirei fundo, que sensação boa de liberdade! O caio acendeu um baseado e deu um trago olhando fixo nos meus olhos. Então finalmente eu senti, não identifiquei no começo, mas parecia que realmente algo voava dentro do meu estômago, senti uma ansiedade boa, uma sensação nova e diferente! Ele me estendeu o cigarro, nem pensei, dei um trago, como fazia com cigarros na época da adolescência e tossi bastante. Rimos juntos. - Lívia sempre mostra suas fotos, mas você é muito mais linda pessoalmente... - E você é idêntico ao meu noivo, digo a aparência, mas você é mais...real...não sei se essa é a palavra certa... acho que já to alta! – Eu realmente não estava acostumada a beber daquele jeito. Fiquei ali tentando entender meus sentimentos, quando senti umas luzes fortes nos meus olhos, e os lábios do caio nos meus.
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