Mortuum

4163 Words
Capítulo 4 – Morto. O silêncio dentro do Impala era sepulcral. Sam ao meu lado, Erick no banco de trás, não havia nada que fosse dito que não virasse um tipo de arma na hora. Iriamos visitar um dos amigos da descendente de Erick. Um garoto chamado Bill Payne, morava nos arredores de Roeland então não custava nada dar uma olhada. – Ainda não entendi porque estamos seguindo sua intuição. – Sam reclamou ao meu lado. Para ele, aquela era uma intuição minha e não um pedido de Erick. Eu não podia contar que era um pedido do vampiro, Samuel podia ficar ofendido. – Porque estou projetando meus sentimentos com a morte do meu pai com um caso vampiresco. – Revirei os olhos dando aquela resposta. Era algo que Erick com seu jeito irônico e arrogante falaria. – Já faz um tempo que seu pai morreu, você deveria se abrir. Olhei pelo retrovisor para Erick que assim como eu estava rindo ironicamente pela frase de Sam. – Eu juro que a próxima pessoa que tocar nesse assunto, ou se perguntar se eu estou bem vai levar um soco na cara. – Bati ambas as mãos contra o volante – Ele morreu para vocês, mas continua vivo para mim, e desculpa se quando alguém da família de vocês, se vai, vocês precisam chorar, eu apenas preciso cortar cabeças de vampiros. O assunto parecia ter se acabado ali. Finalmente, minhas palavras serviram pelo menos para calar a boca dos dois. Sim, dos dois, daqui a pouco Erick começaria a falar e eu não teria paciência para suas ironias. – Então... – Erick não sabia o que era silêncio ele tinha que puxar assunto tinha que conversar, tinha que falar ou iria parecer que ia engolir as próprias presas – Vamos falar de assuntos do coração? Sam olhou para trás e eu olhei pelo retrovisor. Nós dois fizemos a mesma careta indignada e Erick soltou um suspiro, talvez pensando que falou merda. – Claro, até porque o seu nem bate. – Eu pensei que Sam não fosse falar nada, mas no fim ele até falou algo que deu para rir. Olhei para o lado sorrindo e fiz um toquinho de mãos com Sam enquanto riamos e Erick reclamava no banco de trás. Essa viagem ia dar o que falar, e eu estou prevendo isso não era de agora. [...] Eu já estava ficando com vontade de dormir com todo aquele ar de tédio me rodeando, alguém por favor me lembra de comprar algum CD novo com músicas legais porque as antigas não estavam mais sendo o suficiente. – Ele mora ali. – Erick sussurrou perto do meu ouvindo me fazendo encolher o pescoço com a presença do seu ar. Existia uma casinha então suspeitei que ele estivesse indicando ela – Arrepiou foi caçadora? – Desencosta. – Respondi com um sorriso falso abrindo a porta do carro e pulando para fora o mais rápido possível. Alguém me explica como que eu fui parar na estrada com um vampiro que pode sair no sol, e que eu já beijei na época que estava vivendo em cárcere privado por um outro vampiro maluco que eu estou perseguindo, e meu namorado de infância caiu de paraquedas aqui também? Sério, quando eu nasci os astros devem ter pensado em alguma maneira de me ferrar a minha vida inteira, não tem outra explicação. – Vai bater na porta do garoto e falar o que? – Samuel perguntou enquanto caminhávamos para a varanda do rapaz. – Que somos terapeutas da faculdade. –Erick respondeu por mim – Ele faz faculdade a distância. Apontei para Erick com um sorriso, e olhei para Sam: – Milagres da internet. Sorri e então Erick tocou a campainha. Era uma varanda bonita a da casa, tinha algumas plantas e uma lâmpada quebrada na entrada, mas não haviam cacos no chão. Que tipo de pessoa quebra uma lâmpada, mas não tira ela de lá, porém, limpa o chão? Antes que eu pudesse chama a atenção dos meninos para aquele detalhe a tranca da porta fez um barulho e eu tratei de colocar meu melhor sorriso no rosto. – Hm. Olá? – Um rapaz menor que eu, abriu a porta, era um desses adolescentes que parecem bem nerd e não me assusta o fato de estar fazendo faculdade. Seus cabelos eram curtos e negros, e tinha uma expressão dolorosa, talvez pela morte da amiga. Olhei para o pescoço e os braços, não haviam marcas de mordidas, nem cordões que indicassem ser um desses vampiros que podem sair ao sol. – Olá Bill! – Respondi vendo que nenhum dos dois caras que estavam me acompanhando iriam fazer isso. Sam deveria estar analisando o rapaz e Erick tentando encontrar cheiros na casa com seu olfato vampiresco – Somos terapeutas da sua faculdade a distância, fiquemos sabendo do caso de sua amiga e decidimos fazer uma visita. Sou Catherine Will, e estes atrás de mim são Samuel Evans e Erick Harper. – Claro. – Ele sorriu sem humor – Chega a ser divertido, Angel também tinha o sobrenome Harper. – Ele realmente achou uma coincidência – Ela morava sozinha num vilarejo mais à frente, era uma ótima menina. Porém, eu estou bem não preciso de terapia.  Assenti com a cabeça como se ligasse para o que ele estava falando, e Sam fez o mesmo atrás de mim. Respirei fundo para me despedir do garoto, até que Erick se pronunciou. – Mora sozinho Bill? – O encarei sem entender o porquê de ele querer saber aquilo do garoto, até que me lembrei de sua super-audição e percebi que ele poderia ter escutado algo. – Sim. – O garoto mordeu o lábio inferior um pouco nervoso eu diria, queria poder ouvir seus batimentos cardíacos e decidir como ele se sentia realmente – Olha, já que vocês estão aqui, me ajudaria muito se pudessem ir até à casa da Angel e trazer as coisas dela para cá, apenas o que acharem importante, os pais dela sem dúvidas iram querer os pertences da filha.  Ele se afastou da porta apenas para pegar uma chave e logo voltou para frente novamente. – A casa é fácil de ser encontrada? Sam pegou a chave enquanto perguntava vendo que eu e Erick estávamos um pouco ocupados estudando o menino. – É uma casa de fachada rosa logo à frente, não tem como errar. – Ouvi o garoto responder e enquanto ele gesticulava com as mãos eu finalmente vi um curativo em seu braço. – Se cortou recentemente? – Claro que minha pergunta saiu mais acusativa do que eu planejava, tanto que Sam precisou cutucar mais costas para que eu não fosse tão grossa com o garoto. Acontece que a ideia do corte só me veio na cabeça que ele estivesse se submetendo a ser um escravo de sangue. Se vampiros são ruins, escravos de sangue são piores ainda. Por que diabos alguém se corta para encher o copo de um vampiro? Sério, isso nem ao menos chega a ser sexy como uma bela mordida no pescoço. – Acidente doméstico. – Bill não parecia muito confortável com minha pergunta. Eu iria persistir no assunto, se Erick não fosse tão estraga prazeres. – Nós iremos até à casa de Angel, espero que fique bem, nos vemos depois. Claro que depois daquela sentença de Erick nós três fomos obrigados a caminhar até o carro. Meu pé batia com força no chão e não era porque eu estava com raiva, era simplesmente algo natural do meu corpo. – Catherine. – Sam segurou meu braço me puxando para trás – Pensou que o menino fosse apenas um escravo de sangue? – Ele não me cheira bem se é que você me entende. – Balancei a cabeça – Esse garoto parece que faria de tudo para a proteção de Angel. Inclusive para que ela continuasse viva. – Eu ouvi o barulho de algo nos fundos. – Olhei Erick e depois pra Sam como quem dizia mentalmente "viu só?". Ele não parecia satisfeito – Como eu faço as coisas mais rápido vou até à casa da Angel, vocês dois parecem que precisam de um tempo, sozinhos. Eu ia protestar, ia sim, ia mandar Erick se f***r com o pensamento i****a e ficar ali, todos deveríamos cumprir aquela missão juntos. Mas não, o retardado foi na frente como se quisesse resolver o problema antes de todo mundo para que pudesse dar o fora dali o mais rápido possível. – Por que será que eu tenho a impressão de que ele está apaixonado por você? – Sam perguntou abrindo a porta do motorista para mim, eu apenas ignorei seu ato entrando sem agradecer, nem ao menos um aceno com a cabeça eu fiz. Quando ele entrou do outro lado, percebi que ainda queria uma resposta, e eu não queria responder que sim, Erick estava apaixonado por mim. Na verdade, eu não tinha tanta certeza assim disso, as vezes pode ser apenas uma obsessão vampírica louca, ele só estava entediado e descobriu que me perturbar é divertido porque eu sempre vou reagir, e sim talvez seja apenas isso. – Porque provavelmente você tem um medo imenso de me perder novamente. – Respondi algo que não atingisse Erick. Ele nem estava ali para se defender coitado. Acho que Samuel preferiu deixar o assunto morto depois da minha resposta, e finalmente pudemos voltar para o hotel em silêncio. Eu adorava o silêncio, eu gostava de paz. [...] Me encostei na cabeceira da cama enquanto ouvia o barulho do chuveiro ligado. Desde que voltamos para o hotel, Sam não tem falado muito. Nem mesmo comentado de como a noite passada lhe trouxe lembranças. Acho que de alguma maneira a presença de Erick o incomodava, ou melhor, eu tinha certeza de que a presença de Erick o incomodava, e muito. Abri Hamlet onde eu tinha deixado a folha marcada, não sabia nem quando tinha sido a última vez que eu consegui abrir o livro, ajeitei os óculos no meu nariz e continuei a leitura torcendo para não ser interrompida tão cedo. Mas Deus não quis cooperar com essa parte do meu plano. – Elementar minha cara, Cat. – Erick entrou pela porta do quarto como se fosse ele que estivesse hospedado ali, desnecessário. Olhei em suas mãos e havia alguns saquinhos de bruxas queimados. – Você recitou errado. – Fechei o livro mostrando a capa para ele – Shakespeare. Erick revirou os olhos como se pensasse "que burrice a minha" e jogou os saquinhos no lixinho que tinha perto da porta se voltando para mim com a mão no coração que não batia. – Ser ou não ser, eis a questão. – Parecia que ele tinha ensaiado para falar a frase a anos – Ficou melhor, querida senhorita Will? – Sem dúvidas. – Coloquei o livro no criado mudo e escutei o chuveiro desligar – Acha que a menina tinha ligação com bruxaria? – Se ela tinha ligação com bruxaria, sendo descendente de um vampiro, mesmo que não saiba disso, Nicolau a pegou e não podemos fazer nada – retirei meus óculos procurando pelas lentes de contato na mochila próxima da cama, que era a minha – Você fica melhor de óculos. – Vá caçar de óculos. Não dá certo. – Ri e quando finalmente coloquei as lentes me levantei da cama vendo Sam sair do banheiro. Houveram aqueles dois minutos inteiramente necessários na vida de um homem quando ele encara o outro assim, só para provar sua presença. – Eu já penso diferente. – Sam se pronunciou. – O garoto parecia assustado, e a friendzone parecia tão grande para ele que pode ter feito um feitiço. Existem feitiços que te tornam vampiro, mas claro, o feitiço não dura para sempre, a carne vai começar a deformar em pouco tempo, e o cheiro de morto vai se tornar insuportável. Duas ótimas razões para caçar a menina bruxa/zumbi/vampira. – Então, levávamos armamento para vampira, zumbi ou bruxa? – Bruxa. – Vampira. Enquanto Erick respondia bruxa, Sam respondia vampira, então eu não sabia muito bem como proceder no meio daquilo tudo. O melhor era uma saída sarcástica ou divertida e meu estoque de piadas nunca foi muito bom. – Eu gosto da teoria do zumbi que vai virar carne fedorenta então vamos levar tudo.  Não acho que a frase tenha saído engraçada, apenas irônica, então por via das dúvidas, a tensão entre nós três continuaria a mesma. Antes de sairmos do quarto percebi que Erick esperou que Sam saísse para se aproximar da minha mochila e pegar Hamlet de dentro da minha bolsa e analisar o livro. – Você não era para estar caçando, Cat. – Fiz uma expressão desentendida ao ouvir suas palavras – Você lê Shakespeare, fala latim quase fluente, tem o ensino fundamental completo mesmo que com muitas mudanças escolares, e a aparência de advogada grita quando você coloca os óculos. Acha mesmo que seja para você estar caçando vampiros? Dei de ombros meio sem querer. Eu sonhei com a vida de advogada há muito tempo, mas não deu muito certo. – Shakespeare é um passatempo. Meu latim quase fluente não muda nada, é uma língua praticamente morta. Ensino fundamental completo não me diferencia de ninguém. Quanto a aparência de advogada, talvez seja apenas coisa da sua cabeça. – Você torna as coisas tão difíceis para si mesma, que fica complicado tentar de ajudar. – Erick se aproximou de mim e eu apenas dei um passo para trás indo na direção da saída do quarto. – Eu não lembro de ter pedido sua ajuda. Não para isso. [...] Desci do carro já com uma arma em punho enquanto Sam fazia o mesmo. Erick parecia não precisar, suas presas seriam armas suficientes para que ele destroçasse alguém. Apesar de achar isso um pouco nojento, tenho que admitir que era útil. – O garoto deve estar dormindo, são quase dez da noite. – Samuel comentou quando paramos na porta da casa. – Por isso que eu tenho uma cópia. – Erick nos surpreendeu mostrando a chave da casa. – Quando foi que tirou essa cópia? Você sabe que isso é invasão? – Sam e sua vida politicamente correta. Eu e Erick nos encaramos como se não entendêssemos porque Sam como um caçador tinha todo esse ar de ser correto como um político corrupto, pois, no fundo, ele fazia muitas coisas erradas. – Desculpa, eu nasci a quase um século e perdi as aulas de boas maneiras, e sobre como não invadir a casa de alguém. Olhei para trás tentando disfarçar meu riso, realmente Erick o que tinha de bonito tinha de sarcástico. Eu tenho que admitir que ele era muito bonito. Quando Erick abriu a porta da casa, eu e Sam entramos na frente apontando as armas para os lados apenas para nos certificar de que não havia ninguém. – Consegue sentir o cheiro? – Perguntei ao nosso vampiro que analisava o local para ver se conseguia encontrar alguma coisa. – Consigo sentir o cheiro do garoto no andar de cima, porém, alguma coisa no porão está fedendo um pouco. Como se estivesse podre. – Erick parou ao lado de uma planta morta – Bruxaria tende a roubar a vitalidade de plantas e objetos da natureza. – Ótimo, temos um cão de caça. – Sam disse parando na frente da porta que daria para o porão enquanto eu ia até à escada analisar se não tinha ninguém nos olhando. Eu queria saber até quando ele e Erick trocariam farpas. Porque homens fazem essas coisas? Porque não fazem como algumas meninas que apenas publicam coisas na internet como "o terror das inimigas" e deixam a frase no ar? Caminhei até a porta do porão que tinha uma plaquinha escrito não ultrapasse. Tombei a cabeça para trás chamando a atenção de Sam e Erick com um olhar bem divertido. – Será que é aqui embaixo que ele guarda o pornô? – Se Angel estiver aí embaixo nós podemos perguntar se ela quer um abraço dos terapeutas. – Sam não sabia fazer piadas. Ele realmente não era bom nisso. Antes que eu pudesse abrir a porta do porão escutamos passos no andar de cima e então corremos para nos esconder, talvez o garoto maluco por uma f**a que dormia no andar de cima não fosse gostar de ver que entramos em sua casa. Sam correu para detrás de um sofá e Erick me puxou com ele para uma porta livre embaixo da escada, que sem dúvidas seria um armário qualquer. Nós dois dentro de um armário, realmente interessante. O armário era grande o suficiente para que cada um ficasse encostado em uma parede, e Erick simplesmente colou em mim como se o armário fosse bem apertado. – Tem espaço suficiente para que você encoste do outro lado. – Sussurrei tentando não levantar a cabeça em direção ao seu rosto, pois, eu não tinha noção do quão perto ele estava. Não tinha luz no pequeno armário, mas eu sabia que Erick podia ver meu rosto facilmente com essa habilidade animal de morcegos que vampiros tem de ver no escuro. Eu queria ter os olhos de um vampiro de vez em quando. – Eu não quero me afastar, Cat. – Sua mão pegou em meu cabelo e eu encolhi os ombros como se o toque tivesse sido no meu pescoço. Na verdade, eu só queria que ele parasse – Sério que eu precisei te prender em um armário durante uma caça para poder ficar tão perto de ti novamente? – A vampira pode nos ouvir. – Tentei empurrá-lo, mas só serviu para que ele colasse o corpo do meu e acabei sentindo coisas demais nos países baixos – Você poderia conter seu amiguinho, não é? Estamos em uma caça. – Caçar me excita. – Ele baixou o nariz até meu pescoço – Caçar com você me excita. Merda, se ele continuasse eu não sabia como pararíamos. Erick era gostoso, seu corpo frio era gostoso. No fundo, eu queria f***r com um vampiro apenas para saber como é, dizem as más línguas que é forte e intenso, mas eu só acredito provando. Como eu parecia estar mais concentrada que Erick, escutei a porta do porão bater e o empurrei rapidamente colocando a arma entre nós dois e saindo do armário. Eu estava começando a ficar cansada de tudo e de todos. Sam estava do lado de fora se levantando de trás do sofá, e não pareceu raciocinar que eu e Erick estávamos presos, juntos dentro de um armário, então eu ia fingir que nada aconteceu, que era a melhor coisa no momento. Aquele caso estava começando a me irritar. Respirei fundo coloquei o rosto meu sorriso mais psicopata e caminhei fortemente até a porta do porão parando em frente a ela. Quem quer que esteja lá embaixo se cuide, porque eu agora estou de mau-humor. – Nós vamos descer? Ele está lá embaixo com ela, eu não quero ver um zumbi e um humano futricando. – Minhas sobrancelhas se juntaram ao ouvir isso de Sam. Essa realmente era a maior preocupação dele? Minha maior preocupação era o que Erick iria fazer comigo dentro do armário. E sim, e sou muito ingênua para pensar nessas coisas. – Eu não estou nem aí. – Demonstrei minha irritação chutando a porta com toda a minha força a vendo cair até as escadas – Estou com um puto mau-humor. Sam e Erick se entreolharam como se eu tivesse virado o Huck de uma hora para outra, e era assim mesmo que eu me sentia invencível. Desci as escadas com os dois atrás de mim e quando cheguei ao fim e pude sentir o cheiro podre que vinha daquele corpo animado a minha frente. A tal Angel e o menino Bill, estavam um do lado do outro totalmente assustados, não era para tanto eu só estava um pouco irritada. – Sabe Bill, – comecei apontando a arma para vampira meio zumbi seja lá o que ela for. No momento ela era apenas uma garotinha assustada e isso eu gostei – as pessoas que morrem, devem continuar mortas. – Você não ressuscitaria alguém que ama? – Engoli em seco com sua pergunta – Uma irmã? Um amor? Pai, ou mãe? A arma em minha mão tremeu ao ouvir ele falar do meu pai e da minha mãe. Eu nunca tinha parado para pensar se eu os ressuscitaria ou não. Eu nunca tinha parado para pensar nem neles, eu me negava a pensar. No meu momento mais catatônico Angel decidiu que seria uma boa escapar pela janela do porão, e quando ela pulou por aí eu vi Erick correr até a mesma, no entanto, ele não podia passar por lá, tinha que sair pela porta da frente. – Cat. – Sam parou a minha frente segurando meus ombros – Vamos, saia desse transe, essa pergunta não pode ter tocado você dessa maneira. Bill continuava olhando a cena catatônico demais para falar alguma coisa enquanto eu apenas movimentava os olhos tentando respirar fundo e esquecer o que ele tinha falado. – Para onde essa janela dá? Se seguimos o caminho? – Erick perguntou quase jogando o garoto contra uma das paredes de tão próximo que ele ficou. – Para o cemitério onde Angel estava enterrada. O livro de bruxaria pedia para cuidar dos ossos, do corpo. – Ele se corrigiu, parecia com medo demais – Disse para manter longe do fogo. – Tem um maçarico caseiro no meu porta-malas. – Me pronunciei a primeira vez abaixando a cabeça. – Eu vou pegar. Sam correu para fora dali sem dúvidas indo até o carro pegar o tal maçarico, só precisaríamos de fogo, que fácil. – Vocês não são terapeutas, não é? – Algo na minha cabeça doía extremamente forte e eu tive que colocar a mão nela como se pudesse parar a dor. – Somos terapeutas diferentes. – Erick brincou e eu sorri, mas a dor aumentou. Fechei os olhos com força tentando amenizar o quão forte a dor tinha se tornado e acabei dando um passo para frente, já que até meus pés pareciam ter parado de funcionar. Soltei a arma da minha mão e coloquei as mãos na cabeça enquanto Erick tentava se aproximar para ver o que estava acontecendo. Eu abri os olhos de uma vez e todo o local tinha ficado em preto e branco, e quando direcionei meu olhar para Bill todo o meu corpo entrou em choque me levando ao chão, de joelhos. Erick me segurou assim que cai querendo saber o que estava acontecendo para que eu tenha tido aquele ataque repentino. Não era de agora, a sensação de matança vem desde quando eu chutei a porta com tamanha força que arrebentou as dobradiças. O que diabos estava acontecendo? – Catherine por favor. – Ele levantou meu rosto e quando olhei para ele novamente toda a sensação de querer matar alguém tinha passado. – Vocês ainda estão aqui? – Sam descia as escadas com o maçarico em mãos e me viu ajoelhada com Erick. – O que vocês fizeram? Quando olhei para onde Sam olhava, eu vi Bill no chão. Desacordado. Erick olhou para o garoto e depois para mim novamente, como se soubesse o que tinha acontecido. Ele foi até o menino tentando reanimá-lo, mas parecia que não tinha saída. – Vocês mataram o garoto? – Sam repetia incansavelmente ao meu lado enquanto eu me colocava em pé novamente. Eu estava um pouco atordoada, mas me sentia completamente forte, como se tivesse roubado a vitalidade de alguém. – Teve uma parada cardíaca com o susto, Catherine ficou um pouco sentimental e por isso estava ajoelhada. Você sabe como ela é. – Erick olhou para mim com aquele olhar acusativo – Vamos, Angel não está longe, vampiros escravos de bruxaria tendem a ser idiotas a ponto de não saber nem como correr. Erick saiu na frente pegando o maçarico da mão de Sam que logo correu até mim, querendo perguntar se era isso mesmo que tinha acontecido. Quando ele tentou pegar meu braço eu desviei com grosseria e fui atrás de Angel que parecia estar correndo no meio de um cemitério, lindo lugar para que fosse morta. Saí da casa vendo Erick com o maçarico em mãos pronto para me dizer aonde Angel estava. – Ela está encostada em alguma árvore um pouco ao norte, parece que machucou o pé, o cheiro de sangue podre é horrível e eu prefiro ficar esperando no carro. Além do mais, é sangue do meu sangue que estamos caçando. – Ele me entregou o maçarico – Conversamos mais tarde, caçadora. Assenti meio sem querer e vi Sam vindo até mim. – E então? Ele não vai? – Prefere ficar no carro, o cheiro é meio r**m. – Expliquei – Você vai pela esquerda e eu pela direita, ela está alguma árvore ao norte. – Entendido. – Sam segurou a arma com força – Vamos matar esse zumbi.
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