2 - Genus

4258 Words
Capítulo 2 – Família. The Wild One saía estourando pelo som do meu Impala enquanto eu apenas gritava e cantava junto. Sabia aonde ir para conseguir informações de Nicolau, e que eles me dariam casos de vampiros para matar e descarregar a minha raiva, o que era essencial no meu estado. Papai sempre foi amigo de alguns caçadores de um bar da estrada, eu me lembro do caminho mesmo que o tempo tenha passado, Kansas sempre foi um lugar tão merda que as estradas de barro do interior não mudavam. A música acabou e então Lips Like Sugar começou a tocar, aquela era uma canção maravilhosa, e eu adorava que meu pai tenha me passado seu bom gosto para a música. No retrovisor do carro havia uma foto de mamãe e papai juntos, eu tinha que me manter focada mesmo passando da idade, meu foco era a vingança dos meus pais. Vinte e cinco anos e eu estava na estrada. Nessa idade algumas mulheres estão pensando em casar e ter filhos, não é? Se bem que depois de tanta reviravolta na sociedade eu duvido muito que tenha gente que ainda pense assim, então eu não tinha com o que me importar. Estacionei o carro na frente do bar de estrada que parecia fechado, mas eu não duvidaria que tinha gente ali. Os donos costumavam morar ali, e eu espero que ainda façam isso. Desliguei a música e saí do carro sentindo o sol contra a minha pele, acabei sorrindo, algumas criaturas não podiam sentir aquele mesmo calor. Eu precisava parar de fazer piadas sobre vampiros, não era a coisa mais legal do mundo com os coitadinhos. Só que não. Andei até a entrada do bar, uma porta de madeira bem gasta, lembro muito de passar por ela correndo quando eu tinha meus quinze anos de idade e vivia ali com papai. Empurrei a mesma me certificando de que não havia ninguém do lado de dentro e caminhei até a mesa de bilhar sorrateiramente, tinha um i****a dormindo nela. – Eu acho que você não é o Sam. – comentei baixinho apenas para mim. Sam era uma das pessoas que eu esperava que ainda morasse ali. Dei um passo para trás pronta para me virar e descer o degrau normalmente, mas minhas costas bateram contra o cano de alguma coisa e eu tive que respirar fundo. – Que seja um rifle por favor. – Sussurrei mais para mim mesma do que para a pessoa que estivesse atrás de mim. Não esperava ser recebida com um bolo e uma faixa escrita "seja bem-vinda" o povo dali nem devia se lembrar do meu rosto mais. – Pro seu azar é sim. – Era a voz de uma menina. Eu tinha que dar um jeito de me virar, era apenas uma criança, ela não puxaria o gatilho, não é? Respirei fundo e dei um sorriso de canto. – Você deveria prestar atenção. Quando se coloca um rifle nas costas de alguém fica fácil, – me virei de uma vez retirando a arma de suas mãos e a jogando longe logo depois – fazer isso. Era uma menina loira em torno dos quinze anos, eu não me lembrava dela, não lembrava de nenhuma menina loira morando por essas bandas. – Fique longe dela. – Olhei para trás novamente vendo um senhor bem mais velho que eu com uma pistola apontada na minha direção. A menina correu para ele sem pensar duas vezes, e eu fiquei ali olhando para ele. Era o tio Charlie, mas ele não me daria a oportunidade de dizer quem eu era. Quem eu queria enganar, já faziam mais de dez anos que eu não andava ali, eles nunca viram nem a minha sombra mais. Me viram como adolescente e agora não me surpreende não se lembrarem de mim quando já sou uma mulher. – Olhe eu... – levantei as mãos soltando o rifle tentando achar uma maneira de dizer que eu era uma antiga amiga que ele não estava conseguindo lembrar. – Samuel! – Ele gritou de repente me interrompendo. A voz do tio Charlie sempre fora assustadora, principalmente quando ele estava nervoso, e ele estava bem nervoso naquele momento. A porta dos fundos se abriu e então um rapaz alguns anos mais velho que eu, saiu de lá. Os cabelos quase batendo nos ombros e o rosto cansado. Não tinha nem mesmo uma barba rala, e ele permanecia com a aparência jovem de adolescente. Do mesmo adolescente que eu conheci quando tinha meus quinze anos e vim aqui com meu pai. – Sério que vocês não vão me deixar falar? – Perguntei com as mãos na cabeça. Ainda tinha uma arma apontada para mim, droga, eu não tinha mudado tanto assim, não é? O nariz talvez, foi quebrado algumas vezes em brigas, e o cabelo que eu tinha desisto do cacheado e agora era liso e comprido, mas fala sério, fora isso e fora as lentes de contato verdes não tem nada demais, não é? – Não! – Os três responderam juntos e eu fiz uma careta. – Reviste ela. – Charlie disse e Sam se aproximou me encarando, por favor que ele esteja me achando conhecida. – Bom te ver Sam. – eu disse quando ele se aproximou sem entender o porquê de eu tê-lo chamado daquela maneira – O colar. O pingente está dentro da minha blusa, pode puxar, vai saber quem eu sou seu i****a. Ele continuava me encarando com a sobrancelha levantada, eu não acredito que vou ter que partir para a agressão para que alguém entenda quem eu sou nessa merda. Suspirei vendo que ele ia mesmo me revistar. Sam se abaixou começando pela minha bota, e retirou as facas que eu escondia ali, olhei Charlie que estava achando aquilo totalmente estranho, até que Sam pegou uma faca especifica e olhou a sigla que tinha desenhado nela com uma expressão atordoada. – O que foi? – Charlie perguntou enquanto a menina ainda se escondia perto dele. – R. J. W. – Sam se levantou me olhando nos olhos dessa vez, com a faca em mãos – Robert Jon Will? – Will. – Repeti com um sorriso e desviei meu olhar para Charlie – Já podemos partir para a parte que você me serve uma cerveja? – Os dois ainda estavam atordoados na minha frente, então com calma eu levei uma das mãos até o meio dos meus s***s puxando meu colar, e mostrando o pingente aos dois homens. Charlie e papai tinham feito o pingente de pentagrama, e Sam me deu quando eu fui embora, fala sério, eu ia bater neles dois depois daquilo. – Will. – Charlie abaixou a arma que tinha apontado para mim e eu puxei a faca da mão de Sam com um ar superior. – Era isso que eu estava tentando dizer, tio Charlie. – Me abaixei colocando a arma de volta na bota e umas outras duas que estavam no chão, aonde Sam havia deixado. Quando me levantei novamente olhei para os dois que não estavam acreditando ainda – Essa é a parte que vocês, me convidam para beber. [...] Dez da manhã e eu já estava tomando cerveja, a vida para caçadores era curta. Charlie não havia falado nada mais que um "como você cresceu, está irreconhecível" e Sam estava sentado em um canto emburrado eu diria, me encarando. A menina se chamava Lygia, e era tudo o que eu sabia dela até agora. – Então Cat, o que te traz aqui? – Charlie perguntou finalmente, estava querendo saber quando chegaríamos nessa parte. – Você ligou para o meu pai, dois meses atrás, disse que tinha notícias de Nicolau. – Revelei tirando o celular de Robert do meu bolso e mostrando para Charlie – Eu quero as notícias. – Ah! Claro. – Charlie sorriu enquanto eu tomava mais um gole da cerveja – E Robert como ele está? Lembro-me dele dizendo que você nunca tomaria uma gota de álcool e também que nunca viajaria sozinha e... – Ele parou quando percebeu que eu tinha ficado em silêncio tempo demais, sem risinhos, sem comentários, apenas olhando o balcão marcado porem limpo, do bar – Ele está bem não está? – Se matar vampiros te dá um lugar no céu, eu acho que ele está bem sim. – Respondi tomando outro gole da cerveja e percebi que Sam agora me olhava como se eu tivesse dito algo realmente doloroso. – Eu sinto muito. – Charlie disse quase pulando o balcão e me abraçando – Eu sei o quanto vocês eram ligados, droga, eu realmente sinto tanto, como foi? Merda, desculpe você está bem com isso quer... – Eu estou bem. – O cortei com uma expressão séria e suspirei – Eu só preciso de ajuda. Nicolau o pegou antes de ser pego eu acho. Eu não queria ficar ali num bar de estrada às dez da manhã chorando com uma garrafa de cerveja, fala sério, eu era melhor que aquilo. – Você vai precisar falar com outra pessoa então. – Sam se pronunciou e saiu do seu cantinho vindo se encostar perto de mim. – Quem? – Claro que eu ia perguntar. Charlie e Sam olharam para Lygia que estava quietinha limpando as mesas e ela deu um sorriso. – Gabe! – Ela gritou e o i****a em cima da mesa de bilhar quase caiu de lá. – Quem morreu? – Quando ele se virou eu pude reconhecer o antigo menininho que também passava por ali com os pais de vez em quando, ele era filho de caçadores igual a mim e a Sam – Ué! Não é a Cat? Encarei Charlie e Sam, por que Gabe tinha me reconhecido e eles dois não? – Qual o problema com vocês? – Perguntei inconformada com aquilo. – Eu nem mudei tanto assim. Charlie deu de ombros e ouviu o telefone principal do bar tocar então foi atendê-lo. Sam continuava ali, agora sentado mais perto de mim como se tentasse entender alguma coisa. Gabe desceu da mesa de bilhar e entrou na porta dos fundos enquanto a minha cerveja acabava. – Terminou? – A menina se aproximou perguntando sobre a garrafa vazia que eu tinha deixado em cima do balcão, eu apenas assenti e ela recolheu a mesma. – Ela é irmã de Gabe. – Sam se pronunciou e eu o encarei – Os pais foram pegos pelos lacaios de Nicolau então eles vieram para cá, perdidos, éramos a única família que eles conheciam. – Entendo. – Abaixei a cabeça ao ouvir a palavra família. Ouvimos um barulho na porta dos fundos novamente e Gabe saiu de lá com um notebook em mãos o colocando sobre a bancada do bar perto de mim e se sentando do meu lado. – Eu nem acredito que a Cat está de volta. – Ele sorriu e eu acabei sorrindo também – Brincamos algumas vezes não é verdade? – Assenti e ele começou a mexer no aparelho – Sam chorou tanto quando você foi embora... – Ela quer saber do Nicolau. – Samuel cortou Gabe antes dele terminar a frase, e eu tive que sorrir achando a cena divertida. Não que eu não tenha pensado naquilo, sobre Sam ter chorado um pouco quando eu fui embora, não era como se não tivéssemos tido um pequeno romance na adolescência. – Meu pai disse que adoraria que tivéssemos alguma coisa, o filho dele e a filha de seu melhor amigo, é o sonho dele praticamente. – Samuel dizia tudo tão animado que acabava me animando também. – Acha que devemos contar a eles sobre esse nosso namoro? Quero dizer, só tenho quinze anos eu quero ir pra NYC e terminar o ensino médio, mas mesmo assim quero continuar com você. – O abracei de lado enquanto observava o sol se pôr – Promete que não vai me esquecer se eu decidi ir estudar e sair da vida de caça? – Só se você prometer voltar aqui. – Ele me encarou, tão próximo, com os olhos tão apaixonados, não tinha como dizer não para ele. – Eu prometo. Um sorriso meio triste tomou conta dos meus lábios ao se lembrar daquilo. Um namoro de adolescência que quase me fez entrar em depressão, sério, quando você é adolescente tudo é demais, até o desespero. Você tem um copo de água, mas quer o oceano pacífico. Ainda bem que a minha adolescência passou, e pelo visto para todos ali presentes também, menos Lygia. E pensar que eu tinha a idade dela quando fui embora deixando Sam para trás. – Nada. – Gabe anunciou por fim. – Como assim nada? – Perguntei exaltada. – Nem sinal do Nicolau e da turma dele. – Nesse momento eu quis dar um tiro naquele computador – Porém, se ele levantar a cabeça eu vou saber. – Se eu te der meu número e você souber dele me liga? – Me levantei arrumando a jaqueta de couro marrom no meu corpo. – Te ligar porquê? Não vai ficar? – Gabe não tinha entendido ainda que eu não era muito de ficar nos lugares. Me preparei para responder, mas Charlie acabou voltando com um sorriso no rosto. – Porque ela vai caçar. – Ele respondeu por mim e eu sorri concordando – Um amigo ligou, disse que a cerca de 13 quilômetros em uma cidade próxima, acharam três corpos, os três com furos nos pescoços e sem sangue. – Meu tipo de trabalho. – Apontei os dedos para Charlie com um sorriso no rosto. – Você é caçadora? – Me virei ouvindo a voz de Lygia e logo assenti com a cabeça – Com quantos anos começou a caçar? Estranhei a pergunta da mocinha e respirei fundo antes de responder, mas nenhum dos homens ali presente parecia querer que eu respondesse. – Lygia. – Olhei para trás vendo Gabe totalmente sério, nem parecia o mesmo i****a que estava dormindo na mesa de bilhar. – Sete. – Respondi contrariando todos ali – E sabe o que mais? Meu pai me ensinou a atirar. Lygia se preparava para um discurso triunfal eu podia apostar, mas ela e Gabe trocavam olhares que pareciam farpas, a briga de irmãos ali era um pouco grande. – E então, vai pegar o caso? – Olhei Charlie que me estendia uma folha, sem dúvidas estavam anotados todos os detalhes que ele ouviu pelo telefone. Levantei a mão para pegar a folha, mas Sam foi mais rápido a analisando logo depois. Charlie olhava o filho com uma expressão de susto, realmente, Samuel nunca foi do tipo que quis caçar vampiros. – Vai a algum lugar Samuel? – Perguntou ele, a atitude do filho realmente tinha lhe impressionado. – Vou caçar com a Cat. – Ele anunciou se levantando – Só para garantir que ela volte aqui, pelo menos para me deixar. Sorri de lado pronta para responder, mas ele simplesmente saiu do bar como se sua resposta bastasse para tudo. Soltei uma risada não acreditando no que tinha acabado de acontecer, eu não ia aguentar isso durante uma caçada. – Coração partido por dez anos tende a ser o mais doloroso. – Olhei Gabe por alguns segundos – Todo mundo sabe que ele ficou arrasado. Respirando fundo me apoiando no balcão do bar de novo. Sem dúvidas, seria uma caçada e tanto. [...] Encostei no Impala acendendo um dos cigarros que eu peguei dentro do bar com Charlie. Ele não ficou assustado quando eu pedi, pelo contrário, disse que mamãe também fumou durante um tempo. Não entendia muito bem porque todo mundo sempre tinha apenas coisas boas para falar dos meus pais, principalmente quando estavam mortos. É como dizem, está morto, podemos elogiá-lo sem pudor agora. – Estou pronto. – Sam saiu de dentro do bar com as malas em mãos e eu apenas desci do capô do carro apagando o cigarro com o bico do sapato. – Ótimo. Vamos. – Abri a porta do motorista e me coloquei para dentro vendo Sam entrar na do passageiro e colocar a mala no banco de trás. – Você sabe atirar certo? – Claro que sei, cacei dos dezessete aos vinte anos, princesa. – Ele respondeu e eu dei a partida no carro vendo a poeira da estrada ficar para trás – Posso ligar o som? Sua mãozinha safada tentou tocar no rádio do carro, mas eu rapidamente dei um tapinha nela indicando que era para ele ficar longe daquele aparelho. – Só eu posso tocar no Edward. – O repreendi falando o nome do carro. – Seu carro tem um nome? – O encarei ofendida. Que tipo de pessoa não dava nome para o próprio bebê? – Qual é, é só um Impala antigo que você vive conservando. – Ele não sabe do que está falando bebê. – Acariciei o carro enquanto fazia uma voz manhosa. Eu tinha total noção do porquê Sam decidiu viajar comigo assim do nada. Ele queria conversar. Me entender. Principalmente, queria que eu voltasse dessa vez. Algumas coisas mudaram muito desde a nossa última conversa a dez anos atrás. Não que eu não sentisse mais nada por ele, mas não era como um amor adolescente arrebatador, eu queria concretizar minha vingança, se ele não ia me ajudar, que pelo menos não estivesse no meu caminho. – Lygia tem porte para caçadora. – Comentei tentando quebrar aquele silêncio que gritava entre nós dois dentro do carro. – Ela não vai caçar. – Olhei Samuel por um instante levantando minhas sobrancelhas tentando entende por que ele, Charlie e Gabe simplesmente não deixavam a menina seguir o que ela queria? – Não estamos dispostos a perder a única mulher no nosso meio. É apenas uma princesinha que está sendo educada em casa, e que escuta Justin Bieber. Soltei um risinho quando ouvi ele comentar do gosto musical da garota. O que ele esperava que meninas da idade dela escutassem? Bon Jovi? – Não faz diferença se ela escuta Justin Bieber, Taylor Swift, ou The Pretty Reckless. – Citei as coisas mais atuais que eu lembrei antes que elas fugissem da minha cabeça – Um estilo musical não significa que ela não é qualificada para caçar monstros. – Ela só tem quinze anos. Bati ambas as mãos contra o volante como se aqui fosse obvio. – Sim! E você sabe muito bem aonde eu estava com quinze anos. – Na minha cama. Abri minha boca para falar mais alguma coisa, mas só então me toquei do que ele estava realmente falando. Ele ia achar uma brecha para falar de nós dois de qualquer maneira. – Sammy. – O chamei pelo apelido de infância – O que eu quero dizer é que se a menina quer arrancar as presas de alguns vampiros por aí, não é você, tio Charlie, ou até Gabe que vão impedir. Ela vai fazer isso com o consentimento de vocês ou não, e para que não fique tão perigoso é melhor que vocês aceitem. Ele suspirou. Cansado da pequena discussão sobre a menina, sem dúvidas. – Apenas não podemos deixar que ela nos deixe como você fez Catherine. Não queremos que Lygia se torne uma segunda você nesse mundo. Eu ia preferir ficar calada depois daquilo. A estrada parecia não acabar nunca, e a noite estava chegando com mais rapidez do que eu previa. Melhor ainda, não dava para caçar vampiros durante o dia. Samuel encostou a cabeça no vidro da janela e adormeceu logo depois da nossa conversa ser dada como terminada. Eu não ia mais puxar assunto sobre uma coisa que eu tinha certeza de que não ia adiantar de nada falar, já que não faria o tempo voltar para resolver. Tudo o que aconteceu foi deixado para trás. Às vezes você faz escolhas, e às vezes elas fazem você. As escolhas que eu fiz me fizeram assim. Roeland Park nem ficava tão longe quanto eu pensei. Juro que quando Charlie falou, cerca de treze quilômetros eu fiquei imaginando o quão chato viajar para lá seria, mas Kansas City e Roeland Park ficavam bem próximas para a minha felicidade. Quando finalmente entramos na cidade, eu me certifiquei de achar algum hotel para passar o dia já que a noite eu ficaria caçando. – Samuel. – Cutuquei o mesmo no banco do passageiro – Chegamos a Roeland. Ele despertou daquele jeito atordoado do tipo que fica olhando ao redor antes de falar qualquer coisa, e tudo o que eu consegui fazer foi rir. Não foi difícil manobrar o carro e colocar ele de algum jeito ali no estacionamento. – Olha você me trouxe para um hotel. – Ele fingiu que comemorou dentro do carro – Não sabia que esse era seu meio de matar a saudade Cat, seu carro em um acostamento já seria o suficiente. Fiz uma careta para o mesmo, achando aquela sua piada bem sem graça para ser sincera, e ele rapidamente tirou o nariz vermelho imaginário ficando sério novamente. Saímos do carro enquanto ele carregava a mala no ombro e eu uma mochila com apenas o necessário para quem ia ficar naquele hotel, por um, dois dias, três, no máximo nenhum trabalho meu durava mais que isso. – O que vai dizer a recepcionista? – Ele perguntou antes de entrarmos no hotel. O encarei por alguns segundos e pensei bem na desculpa e no nome que eu usaria no hotel. Respirei fundo e coloquei a mão dentro de uns dos bolsos da mochila sorteando uma das identidades falsas. – Sou Scarlet Turner. – Mostrei a identidade para ele – Vamos registrar nesse nome e fazer nosso trabalho. – Quantas mais dessas você tem aí? – Sam riu enquanto nos dirigíamos até a recepção do hotel. Coloquei uma das mãos para trás lhe dando o dedo do meio e pude ouvir seu sorrisinho de escarnio. – Boa noite! – A recepcionista tinha um belo par de s***s, sério, essa seria a primeira coisa a se notar em qualquer ocasião, eles realmente eram grandes – Boa noite. – Sam respondeu antes de mim e eu ergui meu rosto até ele tentando entender qual era a ideia dele sendo simpático com a recepcionista, olha eu ainda estava ali. Ele percebeu que o estava repreendendo apenas com o olhar e pigarreou – Um quarto por favor. – Cama de casal ou duas de solteiro? – Ela perguntou mexendo no computador. Olhei Sam que colocou as mãos dentro dos bolsos da calça sem querer responder dessa vez. Olha que legal. – Uma de casal por favor. – Respondi surpreendo mais a mim do que a ele, aposto – E se puder levar uma garrafa de vinho logo também, eu agradeceria. A recepcionista deu um meio sorriso como se estivesse realmente a fim de dar em cima do Sam se eu não tivesse cortado o barato dos dois ali, agora. Ela nos entregou a chave do quarto e eu enrolei meu braço no de Samuel subindo as escadas até o quarto. No meio do caminho, quando a recepcionista não tinha mais visão de nós dois eu comecei a rir um pouco animada com o que eu tinha acabado de provocar. Sam estava meio sem entender do meu lado, mas eu conseguia entender, ele não tinha visto a mesma graça que eu. – Então, eu vou derramar vinho no seu corpo e depois beber como se fosse sangue? – Ele perguntou enquanto entravamos no quarto. O quarto era normal, o hotel não era um dos mais luxuosos, então o quarto era revestido com um papel de parede barato, e a cama com lençóis finos. Nada fora do comum ali. – Você acha que essa é minha fantasia s****l? – O olhei por cima do ombro enquanto jogava minha mochila em uma cadeira, que havia do lado de uma mesinha simples – Quero dizer, se eu realmente tivesse uma. Ele se jogou na cama, como se estivesse exausto da viagem, mas, na verdade aquilo era porque ele também tinha dormido no carro. – Seria como um vampiro tomando seu sangue sem precisar te morder e mesmo assim te dando prazer. – Tombei a cabeça para o lado com uma expressão esquisita e ele pareceu entender que aquilo não fazia sentido – Toda caçadora deve ter fantasias com vampiros. Vocês se derretem vendo crepúsculo. – Ah! Claro, até porque vampiros brilham no sol. – Mexi os dedinhos como se fosse um tipo de feitiço e depois dei risada retirando da mochila a folha de detalhes que Charlie havia me dado – Falando sério, se você fosse um vampiro faminto que tipo de lugar frequentaria? – Algum lugar com um bando de adolescentes que bebem e usam roupas minúsculas louquinhas para se atracar com o primeiro que aparecer. – Ele se sentou na cama como se adivinhasse que eu provavelmente iria querer ir nesse lugar naquela mesma noite. – Se eu perguntar para recepcionista aonde tem um bar ou boate por aqui ela vai achar estranho. – Me levantei o encarando – Pegue o vinho, e a informação quando ela vier aqui. Eu vou tomar um banho. Retirei a jaqueta a jogando em cima da cama e passando os dedos pelo cabelo indo na direção do banheiro. – E o que te faz pensar que será ela a vir deixar as coisas? – Ouvi a voz de Samuel ante de fechar a porta. Tive que sorrir. Ele realmente tinha perdido jeito com mulheres, ou nunca teve e eu só estava percebendo isso agora? – Ela vai vir Sam, ela adorou seus olhos nos p****s dela.   
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