O Jogo da Máscara

1562 Words
Giulia estava deitada na cama, os olhos fixos na televisão. A tela vomitava imagens coloridas de uma série que ela não fazia a menor ideia de qual era, nem se importava. Os personagens falavam, riam, choravam, mas as vozes eram apenas um zumbido distante, um ruído branco que preenchia o vazio ensurdecedor dentro dela. Por fora, ela era uma estátua de calma, o peito subindo e descendo em um ritmo quase imperceptível. Por dentro, um campo de batalha. Se havia uma coisa que ela aprendeu desde criança, era que conhecimento era poder. E Vicenzo não teria o poder de vê-la desmoronar. Não mais. Mesmo que cada fibra do seu ser gritasse para que ela se enrolasse em posição fetal, para que as lágrimas que ardiam por trás de seus olhos finalmente rolassem, ela se obrigava a ficar ali, reta, imóvel. A ponta dos dedos tamborilava levemente na colcha de seda, o único sinal visível da tempestade que se agitava em seu interior. A boca estava seca, o gosto amargo da humilhação ainda fresco, mas ela não daria a ele a satisfação de saber o quanto a tinha atingido. O clique da maçaneta da porta a fez sobressaltar, um arrepio elétrico percorrendo sua espinha. Ela não virou a cabeça. Não daria a ele essa vitória. A porta se abriu com um rangido suave, e o segurança, um homem corpulento de rosto impassível, parou no batente. "Senhorita Salvatore," a voz dele era monótona, sem emoção. "O senhor Vicenzo pediu para avisar que a senhorita irá com ele a um jantar importante esta noite. Ele pediu que se vestisse de forma recatada." Giulia sentiu um nó se formar em seu estômago. Um jantar. Com ele. Ela engoliu em seco, a garganta arranhando. Manteve os olhos na televisão, piscando lentamente, como se a notícia fosse tão trivial quanto a previsão do tempo. "Entendido," ela murmurou, a voz surpreendentemente firme, um fio de aço disfarçado em seda. O segurança assentiu e fechou a porta, o clique final ecoando no silêncio que se seguiu. Assim que o som dos passos dele se afastou, a máscara de calma de Giulia se quebrou. Um sorriso lento e perigoso curvou seus lábios, um brilho selvagem acendendo em seus olhos. "Recatada é o c*****o," ela murmurou para o quarto vazio, a voz rouca, quase um rosnado. Dessa vez, ela se arrumaria sozinha. Qualquer ofensa, qualquer deslize, Vicenzo descontaria nela. A ideia de ter uma empregada por perto, testemunhando sua escolha de roupas, era insuportável. Ao pensar nisso, um calafrio percorreu seu corpo, mas não era de raiva. Era de medo. Um medo frio e úmido que se agarrava aos seus ossos. Ela hesitou, o sorriso se desfazendo. Tinha medo que ele a punisse. Como fez no subsolo. A memória da dor, da humilhação, mas também daquela… sensação… a fez prender a respiração. Tinha medo de provocar algo semelhante. Pior. Tinha medo de gozar com ele novamente. O arrepeio que percorreu seu corpo traidor, um calor súbito e vergonhoso, deixou claro que sim. Se ele fizesse de novo, não importava o quanto o odiasse, não importava o quanto se odiasse depois, ela gozaria. Aquele pensamento era uma faca retorcendo em seu peito. Ela se levantou da cama, os músculos tensos, e caminhou até o espelho de corpo inteiro. A imagem refletida era a de uma mulher com os olhos fundos, mas com uma chama perigosa dançando neles. Ela se encarou, a respiração pesada, e a pergunta escapou de seus lábios, um sussurro amargo e desesperado: "Que tipo de doente pervertida você se tornou?" Giulia sentiu a adrenalina começando a borbulhar em suas veias outra vez. "Recatada é o caralho." A frase ainda ecoava em sua mente, um mantra de rebeldia. Ela não daria a Vicenzo a satisfação de vê-la submissa. Não hoje. Não depois do que ele fez. Ela caminhou até o closet, os dedos roçando os tecidos, buscando algo que gritasse desafio sem quebrar a fina linha da elegância. Se ele queria um jogo, ela jogaria. Seus olhos pararam em um vestido vermelho. Não um vermelho berrante, mas um tom profundo, quase vinho, que parecia absorver a luz. O tecido, uma seda fluida, abraçava as curvas do corpo de forma que o decote em V deixava pouco à imaginação, mas a cauda longa e o corte impecável transformavam a ousadia em uma obra de arte sexy, mas inegavelmente elegante. Era a antítese do recatado. Era ela. Ela se vestiu sozinha, cada movimento deliberado. A imagem refletida era a de uma mulher que, por fora, exalava confiança e um perigoso magnetismo. Por dentro, um vulcão adormecido. Pronta, ela se sentou na poltrona de veludo, as costas retas, as mãos cruzadas no colo. O tempo se arrastou, cada segundo uma eternidade de antecipação. Não demorou. O som da maçaneta girando foi quase inaudível, mas Giulia sentiu. A porta se abriu, e Vicenzo entrou. Não foi a beleza dele – a perfeição esculpida de seu rosto, o terno impecável que acentuava sua figura poderosa – que fez Giulia sentir que algo estava errado. Foi o sorriso. Um sorriso lento, quase imperceptível, que curvou seus lábios. Não era um sorriso de admiração, mas um sorriso sarcástico, c***l, de pura satisfação. Como se ele tivesse previsto a roupa dela. Naquele instante, Giulia entendeu. Um choque frio percorreu seu corpo. Ela tinha feito exatamente o que ele queria. Vicenzo era um homem inteligente, um estrategista calculista. Ela já tinha usado a rebeldia contra ele uma vez, e ele, como um predador astuto, rapidamente aprendeu. Agora, ele virava o jogo contra ela, usando sua própria petulância como uma arma. A raiva borbulhou, quente e amarga, mas Giulia, com um esforço monumental, deixou sua expressão limpa, os olhos fixos nos dele, sem entregar um pingo da tempestade que se formava em seu interior. Vicenzo caminhou até ela, seus passos lentos e deliberados, como os de um caçador se aproximando da presa. Seus olhos azuis varreram o vestido, demorando-se no decote, e o sorriso c***l se aprofundou. "Interessante sua escolha de roupa," ele disse, a voz baixa, quase um ronronar. "Acho que vai combinar com meu presente de noivado." O estômago de Giulia se contraiu. Presente de noivado? Ela o viu tirar do bolso interno do paletó uma pequena caixa de veludo preto. O tecido macio parecia absorver a luz do quarto. Vicenzo se posicionou atrás dela, seu corpo colado às costas dela, a proximidade sufocante. A respiração quente dele arrepiou a pele da sua nuca, mas Giulia não se moveu. Não cederia. Não daria a ele a satisfação de vê-la tremer. Ela sentiu a joia fria ser colocada em seu pescoço, o metal gelado contrastando com o calor da sua pele. Um clique suave. Vicenzo se afastou, contornando-a para encará-la de frente. Seus olhos azuis brilhavam com uma satisfação doentia. "Magnífico," ele disse, a voz carregada de posse. "Vai usar isso sempre. Não deve tirar nem mesmo para o banho." Giulia ergueu o queixo, um brilho desafiador em seus olhos. "Sim, senhor. Como quiser, senhor," ela respondeu, a voz pingando sarcasmo, cada palavra um veneno cuidadosamente destilado. Vicenzo percebeu o sarcasmo. Um músculo em sua mandíbula se contraiu levemente, mas ele deixou passar, um sorriso de canto nos lábios. "Por que não admira a joia antes de irmos?" Giulia se virou lentamente para o espelho de corpo inteiro do outro lado do quarto. Precisou de todo o seu autocontrole para não arrancar a maldita coleira do seu pescoço. No reflexo, a joia brilhava. Era uma gargantilha de ouro branco, cravejada com pequenos diamantes que cintilavam como estrelas frias. No centro, em letras cursivas e elegantes, o nome VICENZO estava gravado, cada letra formada por diamantes maiores, reluzindo com uma ostentação brutal. Não era uma joia. Era uma coleira. Uma marca de posse. Vicenzo se aproximou, parando logo atrás dela, seus olhos fixos no reflexo. "Gostou?" ele perguntou, a voz suave, mas com uma pontada de desafio. Giulia deu de ombros, o movimento pequeno, quase imperceptível, controlando a vontade de mandar ele enfiar a coleira no r**o. "Fazer o que," ela disse, a voz neutra, mas com um desprezo cortante. "O bom gosto não é algo que se conquista com dinheiro. Alguns, mesmo nadando em grana, ainda têm o espírito de porco." Nota da Autora: E aí, meus amores! Que capítulo foi esse, hein? A máscara de Giulia está cada vez mais difícil de manter, e Vicenzo… bom, Vicenzo é Vicenzo. Aquele jogo de gato e rato entre eles me deixa arrepiada! E essa coleira? Um símbolo de posse que grita o nome dele. m*l posso esperar para ver a reação de vocês a esse presente de noivado nada convencional! Vocês sentiram a tensão? A raiva de Giulia? O controle de Vicenzo? Eu estou vibrando com cada palavra e sei que vocês também estão! Agora, para a parte que eu sei que vocês amam: a maratona! Este capítulo está fervendo, e eu quero ver essa seção de comentários explodir! Se a gente bater a meta de mais de 200 comentários neste capítulo, considerem isso o aquecimento oficial para a nossa maratona. E o que isso significa? Que eu começo a soltar capítulos logo de manhã! Isso mesmo, para vocês começarem o dia com muita adrenalina e Vicenzo! Vamos mostrar a força da nossa comunidade! Comentem, reajam, me digam tudo o que sentiram! Com muito carinho e ansiedade, Lêh Magalhães
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