Capítulo 3. Reunião

500 Words
Beaumont Holdings- NY 16/06/2022 O eco das vozes já o aguardava antes mesmo de ele abrir as portas da sala de reuniões principal. Theodore respirou fundo, ajeitou o paletó e empurrou as portas duplas com força suficiente para calar os murmúrios. Doze pessoas o observavam — os maiores acionistas da Beaumont Holdings, homens e mulheres de terno, rostos severos e olhos cheios de cálculo. Nenhum deles olhou para ele com respeito. Apenas desconfiança. — Senhores — começou Theodore, caminhando até a cabeceira da mesa —, eu recebi o relatório financeiro completo. Sei o que aconteceu. Meu pai agiu sem o conhecimento de ninguém, e eu pretendo corrigir tudo. Um homem grisalho à esquerda, o senhor Whitmore, cruzou os braços. — Corrigir? — ele riu, sem humor. — O nome Beaumont está estampado em todos os jornais, Theodore. “Golpe milionário dentro da Beaumont Holdings”. Os investidores estão fugindo. E você acha que vai corrigir isso com palavras? — O conselho não quer explicações, Sr. Beaumont — interrompeu uma mulher de olhar cortante, a senhora Grayson. — Queremos resultados. E queremos nosso dinheiro de volta. Theodore manteve o queixo erguido, a voz firme: — O capital pode ser restituído se encerrarmos algumas operações não lucrativas. Posso vender ações menores, fechar algumas filiais temporariamente e reestruturar a empresa. Não é o fim. O murmúrio aumentou, e alguém sussurrou algo como “negação” e “ilusão”. Até que um dos mais antigos acionistas, o senhor Clewford, se inclinou à frente. — Seu pai fugiu com o que restava das nossas reservas internacionais, Theodore. E a empresa está afogada em dívidas. A falência é inevitável. O silêncio que se seguiu parecia um soco. Theodore apoiou as mãos na mesa de mogno, os nós dos dedos ficando brancos. — Vocês acham que eu vou assistir à ruína do nome Beaumont sem lutar? Eu não sou Arthur. — Mas é o filho dele — retrucou Clewford, ácido. — E, para o mercado, isso é o suficiente. Os olhares voltaram-se contra ele como lâminas. A cada palavra, Theodore sentia o peso da herança envenenada que o pai deixou. Ele tentou controlar o impulso de gritar, de derrubar tudo. Se conteve. — Então me deem uma semana — pediu, a voz mais baixa, mas firme. — Uma semana para apresentar uma alternativa. Eu não vou permitir que vocês matem a empresa que carrego desde criança. — Uma semana? — A senhora Grayson soltou uma risada seca. — Em sete dias, Theodore, o nome da Beaumont Holdings estará nos tribunais. Não existe alternativa. O som dos papéis sendo empurrados pela mesa ecoou como um veredito. Os acionistas começaram a se levantar, um a um, enquanto Theodore permanecia imóvel, observando-os deixarem a sala. Quando a porta se fechou, ele afrouxou o nó da gravata e deixou o corpo cair na cadeira. Por um instante, a máscara de frieza caiu, revelando o homem por trás do terno. O relógio marcava o fim do império Beaumont.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD