Grego:
Tô no quinto sono quando escuto a voz irritante da Bibi, minha fiel. A verdade é que eu só tô com ela por um motivo: ela não me cobra nada. Eu tenho meus deslizes, ela não faz questão de saber. Sendo bancada, pra ela tá servindo e pra mim também. A verdade é que nunca consegui amar alguém. O máximo foi uma paixonite, claro, sacando a minha morena. Eu era louco de amores por ela, ela nem sabia quem eu era e talvez esse foi meu erro. Ela sumiu, mas bem, eu tive que sumir.
Lembrança:
Pai, por que agora eu tenho que ir nessa viagem?
- Pai: Grego, não enche! Tu já tem 19 anos, c*****o! Tu tem que me ajudar com as merdas do morro, não ficar atrás de saia no morro.
Falo, me empurrando pra fora de casa. Olhei pra trás e minha mãe chorava. Talvez era porque ela ia sentir saudade ou talvez porque eu não estaria pra defender ela das surras que meu pai dava quando estava de m*l humor. A verdade era que meu pai tinha as famosas 01, 02, 03 putão assumido.
Minha mãe foi a 02, porém ela engravidou de mim, o que a fez virar fiel.
Porém, entre aturar o meu pai e as prostitutas, ela passou pelo inferno. A viagem que ia ser de 1 mês durou 4 anos; ele revezava entre o Paraguai e a Bolívia, fazendo negócios e fechando tratos. Estava tarde, eu esperava um voo comercial quando o subdele me chamou, informando que ele tinha sido preso. Suspirei e segui meu rumo. Dois dias depois, apareceu morto na cela; para todos os efeitos, foi suicídio. Não fui atrás Pesadão um filho que fala, mas ele era tão ruin com a minha mãe que eu até fiquei aliviado.
Minha coroa padeceu sem mim por perto; o Thaz falava que ela chegava no postinho desmaiada das torturas que meu pai fazia com ela, e eu aguentava aquilo no peito sem poder fazer nada, porque estava vigiado 24/7. Claro que ele não confiava nem em mim.
Nesse mesmo dia, tomei o primeiro voo sem escala para o RJ. Chegando lá, só avisei o Thaz, que me fortaleceu com armas e munições. O primeiro a ser limpado foi o sub do meu pai, farinha do mesmo saco. A mulher terminou me agradecendo, segundas que rodaram morro abaixo, as putas dele.
Foram três dias intensos de reorganizar todo o morro. m*l vi a minha coroa, saí à luta. Paguei, mas aumentando não só o dinheiro, mas também os benefícios aos soldados que iam ficar na minha escolta e da minha mãe.
Inverti no postinho, botei recurso para a creche, fiz doações de materiais de construção, reformei a praça, abri negócios, gerando novos empregos. Botei pra rodar a mercadoria, dando bons incentivos pra mulecada. Incentivei o estudo em primeiro lugar; quem estudava dos meus vapores e aviãozinhos tinha regalias.
Eu fiz tudo pensando em que eles não fossem leais a mim por medo, e sim por saber que corria pelo certo.
Um ano depois, o morro dava lucros bons que até hoje sustento.
Nesse tempo, procurei a morena, mas descobri que pouco depois ela saiu do morro. Os pais dela morreram anos depois, num incêndio. E nem a amiga dela, que passavam grudadas, eu achei. Por fim, foi o destino, isso dizem, né?
Fim da lembrança.
Tento nem respirar pra ver se a Bibi me erra, mas não dá certo.
- Bibi: Vai logo, grego! Acorda, c*****o! Ela fala, mexendo no meu braço sem parar.
Que merda! Em que foi? Me levanto puto, já ontem bebi todas e a ressaca tá legal. Não vou indo pro banho, ignorando a cara de b***a da Bibi. Faço minha higiene e saio, por fim, dando toda atenção pra ela. Agora sim, minha deusa, pode falar, falo em tom debochado.
- Bibi: Tua mãe quer que tu vá almoçar lá e eu não vou no shopping, fala com um sorriso sonso.
Eu respirei fundo e assenti. Beleza.
Fui andando pro closet, peguei uma bermuda, uma regata, meu cordão de ouro, chinelinho no pé e tô pronto, boné na cabeça.
Tô indo, grito da porta.
Escuto a Bibi falar: "Vai com Deus."
Subo na minha moto e subo duas vielas, parando na frente da minha rainha.
Sorrio ao ver ela sentada no sofá fazendo crochê.
minha vida, digo, agarrando ela e dando um abraço de urso.
- Vera: Que susto! Fala com a mão no peito, depois de se afastar um pouco.
- Do risada: Ai, que tem de bom?
- Bife, feijão, arroz e salada, ela fala, já indo pra mesa.
- Vera: Demorou porque a Bibi não passou o recado, não?
- Não, mãe, ela passou, eu que não acordava mesmo, falo, me servindo um prato de comida.
O almoço flui legal, fofocas, risadas e chamego de mãe.
O que eu não pude ter na infância, estamos tendo agora e não troco por nada.
Meu radinho apita e eu sou obrigado a atender.
- Vishão?
- Didi: Chefe, tá atrasado, o caminhão tem como ligar pros manos?
- Tô indo.
Olho pra minha mãe, sorrio e falo: "O trabalho me chama." A careta dela é a melhor parte, kkk.
- Vera: Vai com cuidado, ela fala, me dando um abração e um beijo na testa.
Saio de lá a mil, paro na boca, cumprimento os moleques e vou pra minha sala. Pra minha boa surpresa, o Thaz já tá resolvendo o b.o.