Capítulo 5 – Até Onde Vai a Sua Coragem?

465 Words
Nos dias seguintes, eu tentei voltar ao normal. Acordava, ia pra escola, comia, voltava, fingia. Fingia que aquele beijo na laje não queimava na minha pele toda vez que eu encostava os dedos nos lábios. Fingia que a mensagem dele era só mais uma. Que o nome Gabriel não estava gravado no meu peito. Mas fingir com os outros era fácil. O difícil era mentir pra mim mesma. --- Na terça-feira, ele não apareceu. Nem mandou mensagem. Nada. O silêncio dele doía mais do que qualquer grito. Era como se ele estivesse testando minha resistência. E eu... estava prestes a quebrar. Na quarta, quando cheguei em casa, tinha um envelope debaixo da porta. Dentro, uma foto impressa: Eu. Na saída da escola. Falando com o mesmo garoto da camisa azul. E embaixo, escrito com uma caneta preta: > “Último aviso.” Meu coração disparou. Joguei a mochila no chão e saí correndo até a varanda. Ele não estava lá. Mas o vento parecia carregar o cheiro dele. A presença dele. Peguei o celular e liguei pro número que ele me deu. Chamou duas vezes. Ele atendeu. — Oi, princesa. — Que p***a é essa foto? — disparei, sem filtro. — Você sabe o que é. E sabe que eu não gosto de repetir. — Eu não fiz nada! — Você olhou. Você riu. Isso já é demais pra mim. — Você tá ficando paranoico! Silêncio. — Não, eu só tô protegendo o que é meu. Suspirei, sentando no sofá. A raiva em mim brigava com o medo, e os dois juntos brigavam com o que doía mais: a vontade de estar perto dele. — Você vai me sufocar assim, sabia? — Prefere morrer livre ou viver sob meu cuidado? A pergunta me cortou fundo. — E se eu quiser me afastar? — Tenta. Desliguei. Era isso. Eu ia me afastar. Ia cortar tudo. Apagar o número, sumir. Voltar a ser dona de mim mesma. Mas naquela mesma noite, ele apareceu. --- Eu estava deitada no sofá da sala quando ouvi o barulho da porta. Minha mãe tinha saído pra trabalhar no turno da noite. Ele entrou. Sem pedir. Sem bater. Sem explicar. — O que você quer aqui? — perguntei, sem levantar. — Você. — ele disse. Simples assim. Ele caminhou até mim, devagar. Aquele andar firme, cheio de domínio. E eu fiquei ali, parada, encarando ele como se fosse meu próprio perigo batendo na porta. — Eu pensei em sumir. — confessei. — Apagar tudo. Me livrar de você. Ele riu baixo. — E conseguiu? — Não. Ele se abaixou até ficar com o rosto na altura do meu. Me olhou por alguns segundos, sério. — Então para de tentar. Silêncio. — Por quê? — sussurrei. — Por que eu? Tem tantas outras
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