Capítulo 12 – A Primeira Vez da Rainha do Morro

986 Words
O sol se pôs tingindo o céu de vermelho. E pela primeira vez, eu andava no morro sem me esconder. Os olhares vinham de todos os lados. Mas ninguém ousava tocar. Porque agora eu não era só a garota nova. Era a mulher do Gabriel. A rainha do morro. E mesmo com o medo queimando por dentro, eu mantive a cabeça erguida. Porque ele estava ao meu lado. Com o braço enfaixado, a arma na cintura e o olhar protetor de quem mata se alguém me encostar. --- Voltamos pra casa sem dizer uma palavra. O silêncio era cheio de coisa não dita. Assim que entramos, ele trancou a porta. Me encostou na parede. E me olhou como se eu fosse o único ponto seguro no meio do caos. — Você tá diferente. — sussurrei. — E você tá mais linda do que nunca. — Andando de cabeça erguida como se o morro fosse teu. — E é. — Ainda tô com medo, Gabriel. — Mas tá ficando. — Porque te amo. Ele aproximou o rosto, respirando perto da minha boca. — Eu queria te dar o mundo… — Mas só tenho esse morro fodido pra te oferecer. — Eu quero você. Só isso. E a partir dali, a gente parou de fugir. --- O beijo veio urgente. Pesado. Cheio de dor e desejo. Ele me pressionou contra a parede, as mãos grandes deslizando pela minha cintura, subindo pela minha blusa. — Me diz que é isso que você quer. — É. Sempre foi. Ele me pegou no colo e me levou pro quarto. A respiração dele batia no meu pescoço, quente e acelerada. Me deitou na cama devagar, como se eu fosse algo precioso. Mas os olhos dele diziam o contrário: eu era dele. E ele não ia pegar leve. Tirou minha blusa devagar. Me olhou como se estivesse decorando cada parte de mim. — Você tem certeza? — Tenho. — Então agora você é minha. De verdade. --- Ele foi cuidadoso. Mas também foi intenso. Como se quisesse marcar minha pele com cada toque. As mãos dele exploraram meu corpo com vontade. O beijo desceu pelo meu pescoço, meus s***s, minha barriga. Quando nossos corpos se uniram, não tinha mais medo. Só tinha a certeza: eu pertencia àquele homem. E ele pertencia a mim. A dor da primeira vez veio rápida, mas passou. Porque ele estava ali. Cuidando de mim. Murmurando no meu ouvido: — Qualquer coisa que te machucar, eu mato. Até se for eu. E eu sabia… que mesmo sendo perigoso, intenso e destrutivo… aquele amor era meu lar. --- Depois, deitamos em silêncio. Ele com o rosto colado no meu pescoço. Eu com o coração em paz. — Você é minha mulher. — ele disse. — E você é meu caos. — E agora que eu provei o gosto do paraíso… — vou matar quem tentar me tirar dele. --- Na manhã seguinte, o morro estava mais calmo. Mas a guerra não tinha acabado. Só tinha começado. E Gabriel já estava de pé. — Vão tentar atingir quem eu amo. — Mas agora eles vão entender que eu não tô mais sozinho. — O que você quer dizer? — Que você vai ficar do meu lado. — Não mais só como a minha mulher. — Mas como alguém que vai ver tudo. Que vai saber de tudo. — Você confia em mim? — Com a minha vida. --- Mais tarde, ele me levou até a laje onde os meninos faziam vigia. — Esse aqui é o Nando. — Esse é o Binho. — Eles vão andar com você quando eu não estiver por perto. — Mas eu não quero segurança. — Não é questão de querer. — É questão de continuar viva. — E se eu quiser lutar também? Gabriel parou. Me olhou com aquele jeito dele. — Lutar? — Sim. Não quero ser só protegida. — Quero ser útil. Ele sorriu de lado. — Então me ajuda a manter minha cabeça no lugar. — Porque toda vez que encostam em você… eu esqueço de tudo. --- Naquela tarde, vi Gabriel lidar com o tráfico, com as contas, com o controle do morro. Ele me explicou como tudo funcionava. Como o dinheiro girava. Como a confiança era a moeda mais valiosa ali. E eu entendi. Que o que ele fazia não era só sobre droga. Era sobre poder. Lealdade. Sobrevivência. — Você nasceu pra comandar, Gabriel. — E você nasceu pra ser minha parceira. Ele segurou minha mão. E pela primeira vez, não era só paixão. Era parceria. --- À noite, voltamos pra casa. E no caminho, uma garotinha nos parou. — Moça… você é a Amanda? — Sou. — Você é a mulher do chefe? — Sou, sim. — Você é bonita… parece uma rainha. Gabriel sorriu. — Ela é a rainha. — E ninguém toca nela enquanto eu estiver vivo. A garotinha sorriu e correu. E meu coração ficou quente. Pela primeira vez… eu me senti pertencente àquele lugar. --- Mais tarde, deitada com ele, perguntei: — Você já amou alguém antes? — Já achei que amava. — Mas só entendi o que era de verdade… quando tive medo de te perder. — E agora? — Agora, se você for embora, eu destruo o mundo. — E se eu ficar? Ele se virou pra mim. Olhou bem nos meus olhos. — Se você ficar… — Eu vou transformar essa favela num castelo. — Mesmo que com sangue, fogo e guerra. --- E eu fiquei. Mesmo com medo. Mesmo sabendo que minha vida nunca mais seria normal. Porque quando ele me olha daquele jeito… nem o céu nem o inferno me assustam. --- E naquela noite, adormeci nos braços dele. Com a certeza de que estava no lugar certo. Mesmo que tudo ao redor estivesse errado. Porque Gabriel não era só o dono do morro. Era o dono de mim.
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