Asqueva

Vou contar-lhes uma história muito interessante, ou não, uma história num mundo onde todas as pessoas são feiticeiras, algumas são das trevas, outras são das luzes: Era uma vez um rei — num mundo mágico — chamado Ic, filho do falecido Imperador Icobax da Ilha de Umnari. Ic era muito alto, muito forte, muito bonito e tinha cabelos platinados e olhos azuis. Certo dia, ele, que era um homem honrado, decidiu invocar uma entidade espiritual que tinha o poder de lhe conceder a imortalidade, e obtendo sucesso, a entidade benevolente decidiu abençoá-lo. Daí em diante ele passou a carregar o título de Rei Immortalis, entretanto, ele sabia qual seria a consequência, nenhum Immortalis jamais poderia ter filhos outra vez, então, por ajuda da magia, antes de receber a bênção ele congelou as suas células reprodutoras e as guardou em potes por quase mil anos. Durante todo esse tempo, Ic foi conhecendo várias esposas com quem se casou, no entanto, elas iam envelhecendo e morrendo e ao longo do tempo ele foi percebendo o quanto a imortalidade, acompanhada pela infertilidade, era deprimente. Além do mais, as mulheres quais ele se casou não lhes davam o amor necessário para ele sentir v*****e de fecundá-las. Mas ele tinha uma maneira de partir sem precisar ser morto, fazendo um ritual para se tornar uma estrela no Cosmos, entretanto, teria que completar mil anos de vida em terra. Após muitos anos sozinho, a espera de fechar o ciclo de mil anos, o Rei Immortalis Ic foi visitar um dos Sete Reinos da Ilha de Umnari e conheceu uma princesa, era a mais velha de três irmãs, porém, para ele, a mais bela, e esta princesa trouxe-lhe novamente a v*****e de viver, trouxe-lhe alegria, amor e paz. Então, ele decidiu se casar mais uma vez antes de partir, e conhecendo uma rainha tão diferente e amável, decidiu continuar a sua prole. O nome desta rainha era Datrila do Reino de Barboa. O Rei Ic usou os seus três potes de células reprodutoras na rainha que lhe concebeu três filhas, a mais velha foi chamada de Rammahdic, a do meio chamada Kanahlic e a mais nova de Zadahtric. E viveram em paz por muitos anos. O tempo passou-se e nenhuma das filhas de Ic, por mais belas que fossem, não eram pedidas em casamento, mas isso não preocupava a família, mais tarde o rei se tornaria uma estrela a filha mais velha seria a nova rainha do Reino de Ic. Mas os planos não deram muito certo. No mundo mágico, chamado Noldá pelos conservadores, e de Dorbis pelos contemporâneos, existem várias criaturas mágicas, umas falam e outras não, e cada uma possui a sua própria magia. No entanto, nenhuma delas pode fazer a mesma magia que um ser humano faz, não é impossível, mas é tão raro que não se vê. Uma dessas criaturas mágicas, chamada de Sai Onarah, uma tigresa-dente-de-sabre, tentou praticar magia humana e acabou conseguindo, quando isso acontecia havia consequências drásticas, a tigresa acabou se tornando uma entidade muito poderosa com aspecto de fogo, tomada pelo ódio e pela ira, com sede de vingança dos humanos mágicos, por motivos pessoais, correu para o reino de Ic. Neste dia, o reino estava em festa, pois a filha mais velha estava a fazer mais um aniversário quando o ambiente foi atacado pela tigresa dominada pela magia das trevas que agora era como se fosse uma entidade do fogo, era uma Animacae. Ninguém conseguia dominar aquela fera mágica e na tentativa de proteger as suas filhas, a rainha Datrila acabou sendo morta. Finalmente o rei conseguiu dominar a fera e aprisioná-la um objeto por meio de um encantamento muito poderoso o que lhe custou muita energia e muito poder. Mais uma vez desgostoso da vida, o rei e Immortalis decidiu de uma vez por todas partir fechou o reino de Ic sob o comando das suas três filhas, levou o seu Mago Real para Montanha do Ritual e lá ele se transformou numa estrela e subiu para os céus. Mas as surpresas não pararam por aí. Ele é mais velha, Rammahdic, deveria ser a nova rainha do Reino de Ic, porém, ela fugiu rejeitando o trono e escondeu-se do resto do mundo, deixando o reinado para próxima filha mais velha que seria a do meio, a Kanahlic. Contudo, Kanahlic decidiu converter a sua magia das luzes para a magia das trevas, se tornando assim uma Tenecae, e o Conselho do Castelo de Ic não aceitou a decisão da princesa, assim coroando a mais nova no seu lugar, a princesa Zadahtric. O Reino dividiu-se, parte queria que Kanahlic, mesmo sendo das trevas, reinasse por direito, outra parte não aceitou que uma feiticeira das trevas se sentasse num trono de um dos Sete Reinos de Umnari, pois, jamais alguém das trevas reinou, ainda mais sendo mulher. Ela seria a pioneira do seu tempo. Houve guerra no reino, mas assim que o Mago Real, chamado Escálius, com o seu poder e autoridade, conseguiu desfazer a guerra e banir a princesa Kanahlic e os seus aliados para fora do reino, para viverem como errantes nas terras encantadas e ainda inexploradas. O que não esperavam era que Kanahlic pudesse se erguer com um exército de feiticeiros e feiticeiras das trevas para reivindicar o trono que era seu por direito. Eu descobri tudo sozinha e como sendo uma espiã da atual rainha, a Zadahtric, fui incumbida de contar tudo o que sabia. Mas a história não acaba por aí. *** Meu nome é Asqueva Magaurotto, filha de Adeina Magaurotto, filha de Stibélium Magaurotto, o famoso Lidarred, antigo e mundialmente famoso Mago Real do ascendido Grande Rei Ic do Reino de Ic. A história da minha vida não é tão bonita, pois, a minha mãe Adeina era uma mulher estéril e por isso tornou-se uma meretriz, foi a sua única saída que encontrou para sobreviver num lugar precário. Na verdade, foi a única que quis procurar. Antes de morrer, Lidarred teve um romance com uma das copeiras do Castelo e ela acabou engravidando, segundo relatos da minha própria avó. Quando eu era um bebê, a minha mãe entregou-me para o Clã dos Capas Vermelhas, fundado pelo meu avô, Lidarred, mas ninguém tinha conhecimento sobre isso. Praticamente todos os tarados do Reino conheciam a p********a Adeina, porém, ninguém sabia nada sobre os seus familiares, ela praticamente não tinha, para ser sincera. Antes de me entregar para os Seguidores de Lidarred, a minha mãe deixou-me um bracelete de couro com um gaplato, moeda de bronze, embutido que tinha a gravura de um Jaguar. Um bem de família, digamos. A moeda era de outro reino, sendo assim, era inútil naquela região, por isso ficou guardada para mim por tanto tempo, assim penso. Quando eu cresci e fiz quinze anos, havia me tornado uma ótima feiticeira, só que eu queria mais, o meu sonho era trabalhar no Castelo e servir a rainha, faria de tudo para conseguir. Bom para mim ter um dom muito raro, tudo o que eu queria das pessoas eu conseguia ter. Possuo o dom da Manipulação. O meu dom me permite manipular as pessoas e foi assim que consegui descobrir sobre a minha genealogia. Assim que Tereya, a líder dos Capas Vermelhas, contou-me que a minha mãe era a p********a Adeina, graças ao meu dom, senão jamais me contaria, eu saí em busca de mais informações. Procurei nos bordéis mais caros do Reino, não foi tão difícil encontrar o qual a minha mãe trabalhava, no entanto, apenas uma mulher, que era da sua época, soube dizer-me. A mulher contou-me que Adeina era a pior de todas, não por ser r**m no que fazia, mas por ser a mais baixa, rude e obscena, era conhecida como Salamandra, e tudo o que sabia sobre a sua família era apenas que a mãe dela ainda trabalhava no Castelo, queria sustentá-la de qualquer maneira, mas Adeina se recusava. Depois de algum tempo, Adeina engravidou de um homem bêbado e sem nome que apareceu morto no dia seguinte por não ter dinheiro para pagar o serviço. Após dar à luz, Adeina entregou-me. Tive esperanças de encontrar a minha avó viva e a procurei no Castelo. Para uma pessoa comum seria um grande protocolo ter acesso ao lugar, mas para mim não foi muito trabalhoso, principalmente porque o meu bracelete tinha uma moeda de outro reino e naquele Castelo existia apenas três pessoas de lá, uma delas era a minha avó, uma senhora aposentada que dormia tranquilamente no seu quarto. Assim que viram a minha pulseira, enviaram-me diretamente para ela que quando viu o meu rosto, com apenas um olho bom, a senhora pôs-se a chorar. O seu nome era Deiva, contou-me que o seu sonho era ter uma neta e os deuses foram gentis em concedê-la isso antes de morrer, também, me contou o seu maior segredo qual guardou durante anos. Lidarred já era velho quando se relacionou sexualmente com ela. Às escondidas, Lidarred fez muitos rituais para saber sobre o futuro da filha porque tinha muitos planos para ela e acabou descobrindo que ela seria uma mulher da vida. O Mago a repudiou e fez a Vó Deiva prometer que ela jamais saberia quem era o pai. Deiva acatou a decisão com muito pesar, mas não suportou ver a própria filha sucumbir à luxúria. Depois que Lidarred morreu, Deiva preparou uma poção que ajudaria na esterilidade de Adeina. Vó Deiva fez uma torta com a poção e a entregou para a filha, tinha esperanças de que um filho pudesse tirá-la daquela vida desonrada. O que ela não sabia era que a poção transferia o vigor da mãe para a criança. Eu nasci muito saudável, mas a minha mãe ficou moribunda e entregou-me às escondidas. Tudo o que contaram para a minha avó foi que morreram filha e mãe durante o parto. A minha avó tornou-se uma mulher amargurada, mesmo trabalhando bastante, não era mais como antes e aposentou-se rapidamente. Ao descobrirem sobre mim, levaram-me para a rainha Zadahtric depois foi me concedido um cargo generoso no Castelo. Assim, a minha avó pôde descansar em paz e dei início a um novo começo para a minha vida. Agora eu seria Asqueva, a Manipuladora, uma feiticeira das trevas que trabalha no majestoso Castelo do Reino de Ic.