Capítulo 2

1648 Words
O meu cabelo era castanho-claro de nascença, e decidi mudar para o vermelho-sangue desde que me entendi como feiticeira do Clã dos Capas Vermelhas. Dava-me mais destaque. Bem, os Capas Vermelhas se trata de um clã de feiticeiras e feiticeiros que seguiam a doutrina do meu avô, o mundialmente famoso Mago Real Lidarred. Nós estudamos e praticamos a arte da maldição, pois, o fundador, o próprio Lidarred, foi o maior amaldiçoador de todos os tempos, e por isso o nosso clã é formado apenas por humanos mágicos das trevas, ou Admunus das Trevas. Somos o clã mais temido de todo o Reino de Ic. Mas eu nunca quis viver ali para sempre, queria mais, queria crescer, queria o mundo. Eu sempre ouvi falar de Gorbis, ou Terra, o planeta qual tinha mais conexão com Dorbis e ninguém sabia o porquê, somente os Vinte e Quatro Anciões. Já o visitei duas vezes em toda a minha vida e quando descobri que algumas pessoas de lá mudavam a cor dos cabelos, até mesmo com cores mais exóticas, fiquei bem mais à v*****e. Enfim, foi informado à rainha que a Magia das Trevas oscilava por lá. A magia é uma energia viva, tanto das trevas quanto das luzes, e ambas saíram de uma mesma fonte, o Universo. Certo! A Magia é constante em Dorbis, onde eu vivo, e todas as pessoas daqui podem praticá-la, exceto os Immunus, pessoas sem o dom da magia, porém, na Terra não é comum como lá, ou já foi um dia, e eles chamam-na de Sobrenatural. A Ciência deles não o aceita muito bem o sobrenatural. A Magia sempre ressurge na Terra com força, como uma Aurora Boreal, a diferença é que ninguém vê, pelo menos, não dá para ver a olho nu e quando isso acontece, chamamos de Oscilação. Quando muitas pessoas com o dom estão reunidas numa mesma região, ela acaba sendo atraída e essa atração causa alguns efeitos colaterais. É muito comum pessoas mágicas acabarem morando num mesmo lugar, a própria Magia internalizada provoca o Universo para traçar Destinos. É muito complexo para eu explicar, eu li isso num Livro Mágico, depois eu conto. Mas vou explicar direito para que entenda melhor: existe a Magia Interna ao indivíduo e a Externa. A interna é aquela que chamamos de Dom, está no seu sangue, na sua alma, a que lhe dá capacidade de se conectar com a Externa para praticá-la, qual entendemos como Recurso de Poder, a Matéria Viva. Além da Oscilação, foi avisado à rainha que pessoas suspeitas de Dorbis, principalmente do seu próprio Reino, transitavam pela determinada região, eles precisavam de alguém para espionar e descobrir o que acontecia. Não havia ninguém melhor para esse serviço que eu mesma, devido aos meus dons e à minha familiaridade com o planeta, além de outras coisas. Fui escalada. Até então eu era uma simples aprendiza, fazia parte dos Prodígios do Castelo, um g***o de feiticeiros talentosos. É claro que eu era a mais talentosa que todos e todas. Assim que fui para a Terra, tive que me estabilizar, me enturmar, reconhecer o ambiente qual estava me arraigando. Estudei muito sobre os terrestres e eles são muito parecidos com os dorbianos. Para ser franca, julguei ser a mesma coisa, a diferença é que não praticam a Magia como nós. Eles até passaram por um período histórico que chamam de Idade Média. É praticamente o mesmo período qual eu vivo no meu planeta. Mas eu pude compreender o que ocorria. Todos os mundos passam por um processo que no meu mundo nomeamos como "Reinício". Dorbis "reiniciou" mais vezes que a Terra, qual chamamos de Gorbis, por isso este planeta é mais evoluído e moderno. Há algum tempo, aprendi que os dois planetas são duas faces de uma mesma moeda, que são ligados paralelamente de alguma forma, outrora aprendi que um mundo é reflexo do outro. Ninguém sabe ao certo. Por um longo tempo, eu me enquadrei nos padrões terrestres e ninguém desconfiou de nada, consegui mudar ou ocultar os meus costumes medievais para que ninguém me entendesse m*l. Foi num dia nublado que conheci um rapaz chamado Pietro. Ele considerava-se roqueiro — não sei o que é isso — e dizia ser amante das trevas. Quanta baboseira! Passei muito tempo ao lado daquele rapaz desagradável porque ele podia ajudar-me com o meu propósito. No meio dos seus amigos, qual fui apresentada, conheci outro jovem, muito introspectivo, chamado João Victor. Ele era o único do g***o que tinha magia das trevas. Eu senti a sua Emissão, eu sou uma exímia Perceptora. Ele poderia ser um feiticeiro das trevas em potencial, mas eu não sabia se o próprio tinha conhecimento disso. Digo assim porque eu usei o meu dom (sinônimo de talento mágico) sobre ele de todas as maneiras, mas ele resistiu. Era imune. Não consegui manipulá-lo de maneira sobrenatural, teria que ser de modo natural. Mesmo assim não consegui. Talvez ele fosse tímido demais e eu era muito extrovertida, ou ele também tinha um dom e eu não tinha conhecimento. De qualquer modo, sou muito descolada, segundo o pessoal. Os dias passaram-se e tudo ocorria como o planejado, ou seja, nada suspeito. E chato demais. Em um dia qual estávamos reunidos na Praça Tubal Vilela, em Uberlândia, pela primeira vez eu ouvi o João Victor falar sobre uma coisa que o interessava muito, ele queria ir num evento social. Várias empresas juntaram-se para fazerem um tipo de evento misto, diversificado, onde se vendia várias coisas ou proporcionava vários serviços para toda a classe e categoria de pessoas e quase tudo estava na promoção, demorei muito para entender sobre o comércio terrestre. Enfim, esse evento ocorreria em Frutal. Nem sei onde fica. Não sei de nada, mas daria um jeito. Quase todos decidiram ir e claro, os rapazes pagariam tudo para mim. Nem insisti muito. Depois de um dia, nos reencontramos e fomos de carro para o evento. A todo momento eu não parava de encarar o João Victor. Eu precisava de respostas para levar à rainha. Assim que chagamos lá, subitamente o garoto desejou fazer uma tatuagem, eu perguntei se ele queria companhia, ele deu de ombro e eu segui-o. Entramos num dos estúdios projetados e eu senti a magia das trevas pesar. Com certeza havia alguém bem poderoso lá dentro, mas eu não sabia quem e nem podia arriscar em procurar. A parte em que tive que fingir estar perplexa foi quando o João Victor escolheu um desenho de uma tatuagem qual somente ele podia ver. Era magia, com certeza. Apenas feiticeiros das trevas da Terra conseguiam ver, como eu sou de Dorbis, não funcionou comigo. Um jogo bem esperto para quem organizava tudo. Eu precisava investigar mais. Precisava descobrir o que estava acontecendo. Eu precisava obter êxito na minha função para que fosse reconhecida e recompensada. Mesmo sendo feiticeira das trevas. Apesar de sofrer pouco preconceito por alguns fatores, eu não quis converter-me e tornar-me uma feiticeira das luzes, pois, eu poderia perder o meu dom e não seria muito útil. Logo após o João Victor fazer a tatuagem, ele saiu da sala reservada para quem conseguia ver o desenho, que a propósito, foi gratuito. O seu braço foi enfaixado com um plástico preto. d***a! Eu precisava ver. Nem me atrevi a pedir para ele remover o plástico. Descemos para o térreo, porque o lugar onde se fazia as tatuagens era no andar de cima e de repente, João Victor foi embora e avisou apenas a uma pessoa. Os meus planos foram "por água abaixo". Eu também queria ir embora, estava lá por um suposto feiticeiro, mas não queria parecer suspeita, então fiquei por lá e bebi um pouco de refrigerante batizado com vodca. Foi a minha melhor decisão. Nesse momento, os meninos começaram a comentar sobre uma garota que se aproximava. Era uma jovem muito bonita, os seus cabelos eram muito pretos, como as próprias trevas, os seus olhos eram azuis e os seus lábios estavam da cor do meu cabelo. A parte interessante era que senti a magia das trevas de maneira tão intensa que nem de longe se comparou ao ambiente qual fazia tatuagem. Ela, com certeza, era feiticeira. Eu não parei de a olhar. Tudo só melhorou para mim quando ela pediu para alguém ajudá-la a encontrar um estúdio de tatuagens, eu tive que não parecer tão desesperada, tive que fingir naturalidade quando lá, no fundo, estava um furacão de emoções. Me ofereci. Foi nesse dia que conheci a Valéria. A manipulei e foi muito fácil, pois, ela considerava-se lésbica, pelo que entendi, são mulheres que se relacionam s****l e afetivamente com outras mulheres, ou uma só, não sei. Que eu saiba, essa categoria de mulheres não existe no meu mundo, entendemos sobre rapazes que se relacionam com outros. Tudo o que precisava era de informações e ao longo do tempo ela deu-me todas. As filhas de Zyn, feiticeiras amaldiçoadas e banidas do Castelo de Ic, que os céus o tenha, e atualmente chamadas de Estriges de Escálius recrutavam feiticeiros e feiticeiras oprimidas, foi a informação que pude pegar. Também descobri que os feiticeiros da Terra tendem a serem bem mais poderosos que os nativos de Dorbis, dessa eu não fazia ideia. Algo estava acontecendo e a rainha Zadahtric precisava saber. O tempo passou e eu consegui contar tudo o que reuni para o reino. Ganhei muito crédito por isso e fui oficializada a espiã pessoal da rainha. Mas eu não estava livre das minhas tarefas e continuei a explorar o ambiente. Num dia desses, acordei inspirada e decidi usar um pouco da minha magia da Manipulação, fiz um jogo interessante com os Immunus terrestres com um dos livros mais poderosos do meu mundo. Um jogo com o meu próprio nome. Por um acaso, andando com a Valéria, eu descobri onde se perdeu o Livro Mágico mais poderoso do meu mundo.
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