Capítulo 9

2236 Words
Os cinco jovens passaram o resto da madrugada acordados, estavam com medo de dormir, com medo de aparecer outro monstro e tirar a paz deles, de passarem por aquilo de novo sem a certeza se vão permanecer vivos. O relógio na parede apontou para as sete horas da manhã e as meninas pediram que algum dos meninos, que já estavam vestidos, as acompanhasse até o outro quarto para que elas pudessem se vestir também, não queriam ficar sozinhas. Octávio foi o selecionado por alguns motivos, ele já tinha namorada, por ser rapaz respeitador e por também ser o mais responsável do g***o. Depois, as meninas levaram alguns lençóis para o quarto dos meninos, dormiram na cama porque não queriam mais o g***o separado e os meninos dormiram no chão, em cima dos seus lençóis. Renata guardou a pedra amarela, que não brilhava mais, na bolsa que usava para o ir ao colégio. Não tinham ideia do que fariam com a pedra, só sabiam que tinham que guardar. Depois de muito tempo que conseguiram pegar no sono, alguém tocou a campainha. Estavam com tanto sono que ninguém queira se levantar da cama e ir atender, porém, apenas o Octávio teve essa força de v*****e, pois, já sabia quem estava atrás da porta. — Oi! — saudou Talita, ela entrou na casa com sacolas plásticas nas mãos e foi direto para a cozinha, Octávio a seguiu. — Ainda estão dormindo? Já são mais de dez horas da manhã. Passaram a noite em claro? — Sim. Tivemos um probleminha pela madrugada — disse Octávio bocejando e esfregando os olhos. — Ou um problemão pelo tamanho da coisa. — O quê… — comentou Talita estática ao ver o estado da cozinha. — O que aconteceu aqui? — ela pôs as compras em cima da ilha. — Um terremoto? — pegou a vassoura e a pá e começou o serviço de limpeza. — Um rato gigante invadiu a cozinha, a gente foi checar sem saber, se deparou com a criatura e no final descobrimos que a criatura fazia parte do jogo do livro mágico. Meu Deus, nunca pensei que passaria por isso e falaria com tanta naturalidade. — Um rato? Por que não deu uma vassourada nele? Era muito grande? — Creio que o Demétrio fez isso, mas não deu muito certo, e o rato não era só grande, era do tamanho de um jogador de basquete e bastante peludo. Talita parou de varrer e encarou o namorado. — Como assim? Tipo, um lobisomem? — Exatamente como um lobisomem, um "ratosomem". — Meu Deus... Eu queria ter visto isso. — Às vezes você me assusta. Talita riu. Eles passaram um tempo conversando até os demais aparecerem na cozinha. Talita havia comprado alguns biscoitos, pães e suco para tomarem o café-da-manhã. Comeram e relataram sobre o que ocorreu na madrugada, cada um com a sua versão jocosa e de repente, outra pessoa bateu na porta, Andrei foi atender e em seguida, atônito, chamou o pessoal para a sala. Assim que se reuniram todos, depararam-se com a misteriosa garota do cabelo vermelho que levou o livro mágico até eles, ela carregava um bastão de madeira com uma pedra transparente e oval encaixada na parte superior. Ficou parada na entrada a encarar os seis jovens. Ela usava uma capa preta que a encobria do pescoço aos pés, adorava parecer misteriosa e dramática. — Você é a Eva, parente do diretor do Colégio — afirmou Fernanda. — Por que está fazendo isso com a gente com a sua macumba absurda? — Não seja tão ingênua, o meu nome não é Eva e nem sou parente de ninguém. Eu sou apenas uma "bruxa" que envolveu vocês nessa trama ordinária para me divertir — disse a indesejada. — E o meu verdadeiro nome é Asqueva. Descobri que numa língua da Terra significa "nojento", não gostei nada em saber disso, mas no meu mundo, significa "milagre". Sim, eu sou um milagre da magia. — Ninguém te perguntou, maldita. Por que está fazendo isso com a gente? — disse Fernanda novamente. — É só o que queremos saber. — Veja lá como fala comigo, criança — repreendeu Asqueva. — Criança? — ofendeu-se Fernanda. — De antemão, digo que não me aborreçam, nem tentem nada contra mim, posso matá-los de olhos fechados, eu sou muito poderosa para vocês, reles mortais terráqueos, Immunus nojentos. — Espera, o seu nome é igual ao do livro mágico? — perguntou Andrei. — Sim, eu mesma quem o intitulei, o livro me permitiu já que ele tem v*****e própria. — O que você quer, bruxa? — perguntou Octávio — Eu sou uma feiticeira Manipuladora e estava entediada, sem nada para fazer. Não me culpem por brincar com as vidas de vocês. — Não estou entendendo nada — falou Demétrio. — O que você quer, bruxa? — Neste momento? Saber se estão se saindo bem… Mentira, estou assistindo quase tudo. Está emocionante. É sério! — Asqueva começou a rir. — Por que a gente? — insistiu Fernanda aflita. — Foi azar, se não fosse vocês seriam outros, ou apenas um. Enfim, eu vim aqui para explicar-lhes algumas coisas. Imagino que já saibam o que está acontecendo com vocês. Estão em um jogo, para concluí-lo terão que passar por algumas etapas. — Quando concluirmos, o que nós ganharemos? — perguntou Demétrio. — Absolutamente nada — respondeu Asqueva. — Nunca assistiram Jumanji? — Eu sabia! — falou Andrei. — Entraram no jogo, agora terão que sair, fizeram isso por v*****e própria, na verdade, só precisou que uma pessoa desse início, e agora, precisará de todos para concluir. — Obrigado de novo, Fernanda — ironizou Demétrio. — Cala a boca, débil mental — falou a referida. — Eu serei uma espécie de Guia — continuou a bruxa — e só poderão me invocar três vezes, na verdade, duas. — Quem te invocou agora? — questionou Fernanda, muito boçal. — Não gosto como você fala. Me lembra um pouco Valéria, porém, você é mais f**a. — O quê? Quem é essa? — Valéria? — falou Octávio. — A minha amiga? A judia? — Exatamente ela — respondeu Asqueva. — Estudou com vocês. — E o que tem ela? — Ela é uma feiticeira — revelou Asqueva e os jovens ficaram irrequietos. — Não posso nem acreditar, ou já deveria ter desconfiado — Octávio quis dizer que não imaginou que uma das suas amigas pudesse ser uma "bruxa". — Octávio — Fernanda chamou a atenção do rapaz —, foco, depois falamos sobre quem é o quê — ela se voltou para Asqueva. — Por que veio até nós agora, não vai responder? — Apenas três portadores da pedra brilhante têm o direito de me invocar — ela olhou para Renata —, você quis que eu viesse e cá estou. E antes que perguntem, essa pedra é de suma importância para o jogo, ela e mais outras são mágicas, em cada tarefa terão que juntar todas e levá-las a um determinado lugar qual o livro mostrará e juntas vão acabar por encerrar este jogo que os mantém submissos. — Por favor, já chega de monstros — implorou Renata. — Não sou eu quem decide isso, é o livro. Ele vai sondá-los e depois criar as provas. Eu apenas estarei de longe assistindo a tudo e esperando vocês me invocarem. Ai, como adoro isso. — O que acontece se nós perdermos, vamos só sumir? — questionou Demétrio. — Simplesmente sumirão. Serão como fantasmas, ficarão presos no Mundo Etéreo até alguém descobri-los e tentar tirá-los de lá. Quando digo alguém, me refiro a um feiticeiro e isso pode nunca acontecer. — Não entendo, mas que lástima — disse Fernanda. — Muito bem, eu vou embora e lembrem-se, estou observando tudo — de repente, Asqueva começou a flutuar perante os jovens que ficaram muito impressionados, de certo não sabiam da existência das Capas da Levitação, a indumentária própria da ordem dos feiticeiros Luvas-de-Prata. — Boa sorte a vocês seis… Esperem um pouco — Asqueva pousou no chão. — Seis? Pensei que fossem somente cinco. O pessoal ficou inquieto, porém, nada disseram, não queriam entregar a Talita, ela era a única pessoa que se lembrava deles e estava a ser muito útil. Asqueva contou quantas pessoas estavam naquela sala e olhou para Talita nos olhos tentando a reconhecer. Ela tinha certeza que viu apenas cinco jovens na biblioteca no momento em que colocava o livro entre outros na prateleira. — Quem é você? Não! Eu me lembro de você. Estava escrevendo sentada nas escadas do Colégio quando eu cheguei lá, não me recordo da sua presença na biblioteca. Você chegou lá depois? — Não estava — confessou Talita, o que acabou entregando o contexto. Talita não fez questão de esconder que a magia do livro não a afetou, e que se lembrou dos jovens esquecidos pelo mundo. — E por que está aqui… Oh! — exclamou Asqueva. — Você consegue se lembrar deles? — Sim, eu me lembro de todos eles e das suas vidas... — Olha, dona bruxa, foi muito importante ela ter se lembrado, estávamos ficando desesperados e ela está ajudando a gente — falou Octávio, imaginou que Asqueva pudesse tentar apagar a memória da sua namorada, no entanto, essa era a ideia dela. Asqueva não fazia ideia do porquê que Talita era a única garota que ainda se lembrava deles, talvez a magia do livro não a afetou, mas deveria ter uma explicação para isso, pois, o livro era tão poderoso que tinha vontades próprias. — Não! Não é assim que funciona. Ninguém pode se lembrar, senão, não vai ter graça no final. — Quem consegue achar graça nisso tudo? — comentou Fernanda. — Sinto muito, minha querida, mas se prepare para ser obliterada — Asqueva levantou o seu bastão mágico para Talita e o fez brilhar bem diante dos seus olhos. Talita pôs as mãos no rosto e titubeou até não ter forças para ficar de pé. Octávio quem a segurou, mesmo sabendo que ela poderia acordar assustada sem saber quem eram as pessoas à sua volta e onde estava. Contudo, Talita se levantou retirou as mãos da face e olhou para cada um, por último, para Asqueva. — O que você fez? — O quê? — indagou Asqueva indignada. — Ainda consegue se lembrar? — Claro que sim. — Como isso é possível? O que há de errado com esse bastão? — Asqueva fez o objeto brilhar novamente para Talita que, dessa vez, perdeu as forças e caiu. Octávio apressou-se para socorrê-la. — Para com isso — resmungou Talita. — Está me deixando enjoada. — Não é possível, será que sou eu? O livro também não funcionou — disse Asqueva sem acreditar, os outros assistiam atentamente ao momento. — Por que você não esquece? Será que é uma feiticeira? — falou consigo própria, depois se voltou para os outros. — Muito bem, outra hora resolvo isso. Agora eu tenho que ir embora para que vocês continuem com o jogo, até mais — Asqueva flutuou de novo e com um gesto do bastão, vagarosamente, ficou invisível no ar. O pessoal ficou perplexo pela garota flutuar e ainda ficar invisível diante dos seus olhos, exceto Talita que enxergava Asqueva em frente à porta, porém, estava em preto e branco, como nos antigos filmes. — Ela se foi, e agora, o que vamos fazer? — questionou Andrei. — Gente, ela não foi embora — contou Talita, em seguida, apontou para a porta. — Ela está bem ali, só que em preto e branco. Asqueva ressurgiu para os outros, pegando-os de surpresa. Desceu ao chão e aproximou-se de Talita. — Ah, não! Não é possível. Você me viu atrás do Véu do Abstrato? — Não sei o que é isso, mas te vi, sim — respondeu Talita. — Por quê? — foi uma pergunta para si própria. — Você é uma feiticeira, menina — afirmou. — Sei lá. — Tenho certeza, acho que vou mudar os planos. Asqueva ficou a encarar a Talita por alguns segundos, depois se retirou da casa e bateu a porta. Nitidamente não saiu nada contente. — Nossa, que clima! — falou Andrei. — Dessa vez ela foi embora mesmo, não foi? — Parece que sim — assegurou Talita. — Por que você não é afetada pela magia da bruxa? — perguntou Renata. — Você é mesmo uma feiticeira? — Eu não sei, quando eu souber a resposta, serão os primeiros a saber. — Primeiro descobrimos que Valéria é uma bruxa — disse Octávio — e agora você, Talita, é uma possível bruxa também. Quem mais pode ser uma bruxa e não sabemos? — A Fernanda — respondeu Andrei e os demais riram. — Ha ha! Quatro olhos, não achei graça — disse Fernanda. De repente, foram pegados de surpresa por Renata que se espantou com algo, depois enfiou a mão na sua bolsa e retirou a pedra que brilhava intensamente, ela ficou em transe por cinco segundo com os olhos revirados a preocupar os seus colegas, e quando voltou ao normal, implorou que todos saíssem da casa, obedeceram e saíram de lá às pressas. Assim que estavam todos do lado fora, do nada surgiu um terremoto que atingiu apenas a área qual estava a casa fundada e a fez desmoronar como se fosse feita de palitos. Os transeuntes ali perto nem sequer notaram o que acontecia. Pura magia.
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