Capítulo 5

1834 Words
Depois que a onda de impacto lançou os alunos ao chão, eles ficaram por alguns segundos deitados e ofegantes até decidirem em unanimidade se levantar. — Eita, c****e! — exclamou Andrei já de pé e a ajeitar os óculos no rosto. Todos ficaram em volta da mesa e aparentemente, nada havia acontecido ao redor. Os livros que pegaram para estudar ainda estavam ali, principalmente, o Livro Mágico, no centro. — Que m***a foi essa? — espantou-se Fernanda. Demétrio se pôs a rir de tão nervoso que estava. — Oh, oh! Não posso acreditar. Gente, o que foi que acabou de acontecer? — O livro jogou a gente no chão — falou Andrei como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Não fala idiotices, garoto — repreendeu Fernanda. — Então o quê? Explique-se. Ficaram em silêncio, um olhando para o outro esperando alguma resposta que fizesse sentido, mas ninguém queria afirmar que foram vítimas da magia de um livro. — Isso n******e ser possível — insistia Fernanda. — Gente, eu não quero mais ficar aqui — lamentou Renata incomodada com a situação. — Vamos logo para a sala. — Certíssima — falou Fernanda após ficarem por mais alguns segundos em silêncio. — Vamos sair daqui, depois falamos sobre isso. Todos concordaram, apesar de estarem aflitos, mas esperaram que tudo fosse esclarecido. Pegaram os livros, os seus pertences e foram para a recepção onde se encontrava o bibliotecário. Ele lia uma revista em quadrinhos e parecia que não percebera o terremoto. Os cinco integrantes do g***o colocaram os livros em cima do balcão a chamar a atenção do rapaz que tomava conta da biblioteca e estranhou a presença deles. — Quando entraram aqui? — perguntou o bibliotecário. Ele analisou os livros devolvidos. — Você sabe — respondeu Fernanda. — A minutos atrás chegamos aqui perguntando sobre livros de geografia. — Minutos? — Sim, palhaço, estamos aqui há um tempão. — Tudo bem! Devo ter-me esquecido. Há quanto tempo que estão aqui? — Sei lá, quarenta minutos. — Certo. Estão liberados — o bibliotecário percebeu ter mais um livro na mão de Octávio. — Para levar um livro vai precisar preencher um formulário. Os outros integrantes arregalaram os olhos para o colega. Não puderam acreditar que Octávio trouxe o livro consigo, nem perceberam quando ele tinha pegado. — Esse é meu, não faz parte dos da biblioteca — disse Octávio. O bibliotecário pediu para examinar o exemplar, viu que não tinha o carimbo do colégio e por fim deixou-os irem embora. — Por que está trazendo isso com a gente? — perguntou Fernanda a caminho da sala. — Não se faça de i****a — respondeu Octávio com grosseria. — Nenhum de vocês pode ignorar o que aconteceu, não podem fingir que está tudo normal. Se eu estiver errado eu mesmo me interno no manicômio. — Faça logo isso, você está pagando de louco. — Fernanda, você é a pessoa mais louca que eu conheço. — Octávio, agora não — pediu Demétrio com paciência. — Gente, estou ficando assustada — disse Renata quase a choramingar. — Pelo amor de Deus, Renata, fica quieta — reclamou Fernanda. — Se concentra na apresentação, não vá chorar senão as pessoas vão achar que a gente está passando por algum problema que não existe — a última palavra ela disse olhando para o Octávio. — Bem que a menina Eva avisou — disse Andrei. — Eu tenho certeza que não há nada que possamos nos preocupar, nem sei por que ainda estamos tocando no assunto. Ficaram loucos? Aquela menina do cabelo falso provavelmente fez alguma coisa, ela tem cara de rica, deve ser algum tecnologia avançada... — Fernanda abriu a porta da sala e todos entraram. A professora qual dava a sua aula tranquilamente, ficou surpresa quando os cinco entraram. Os alunos ficaram silenciosos, mas inquietos e os cinco integrantes não entenderam o motivo de demonstrarem todo aquele desconforto. Octávio balançou a cabeça em sinal de negação, ele não deixou de acreditar um minuto no que acontecia com eles e agora as coisas começaram a se realizarem. — Algum problema, meus jovens? — perguntou a professora. — Não, professora — respondeu Fernanda. — Estamos prontos para apresentar o nosso trabalho. — Turma errada, meu amor — a professora falou com dó, mas fez a turma inteira rir com aquele comentário, pois, os alunos, adolescentes, pensaram que aquele g***o passava vergonha. — O quê? — Fernanda era uma jovem sem paciência, e por ser orgulhosa, não cederia tão fácil, os demais já entenderam que o que acontecia com eles era verdade. — Você mandou que a gente estudasse o tema e apresentasse depois do intervalo, até mesmo pediu para o Marcos ir nos buscar na biblioteca — ela apontou para o garoto que parecia confuso. Puderam ouvir alguém murmurar ouvido de Marcos se ele a conhecia, o garoto negou. — Olha! Eu fui à biblioteca pegar um livro, não vi ninguém lá — disse o menino chamado Marcos.— Sinto muito. — Sinto muito uma "óva". Deixa de palhaçada — indignou-se Fernanda. — Não consigo compreender o que está falando, minha jovem — disse a professora, ela nunca pareceu ser tão franca quanto era agora. — Vocês não pertencem a esta turma, eu nem os conheço. — Que loucura! — comentou Andrei. — Não sei que tipo de brincadeira é esta, mas vou ter que pedir que se retirem, por gentileza. Estão atrapalhando a aula. — Fernanda, é melhor a gente sair — disse Demétrio. — Vamos conversar com o diretor. — Não vou sair. O que é isso aqui? Uma pegadinha do SBT? Silvio Santos? — Fernanda fez-se de louca. — Vocês estão mancomunados, é isso? — disse para o seu g***o. — Já podem parar com a palhaçada. Não tem graça. — Estamos na mesma situação que a sua, garota — falou Octávio. Renata pôs-se a chorar e Demétrio começou a ficar preocupado. — Meu Deus, vocês podem resolver os seus problemas lá fora? — disse a professora. — Eu preciso dar aula. — Já disse que não — gritou Fernanda. ••• Os cinco alunos estavam sentados diante do diretor do Colégio, ele mexia no seu computador. A professora havia chamado os seguranças da instituição que os obrigaram a saírem da sala. Foi a primeira vez que aconteceu isso no colégio, obrigar alunos a saírem da sala de aula ao invés de insistirem que fiquem e aprendam. — Meus jovens, não encontrei registro de nenhum de vocês no sistema, os nomes que deram não conferem — falou o Diretor Érico, um homem n***o, alto, cabelos grisalhos e mãos muito grandes, ele usava óculos de grau muito forte. — Não estão matriculados neste Colégio. Por um acaso, isso é algum tipo de trote? — Mas é claro que não, e estudamos sim neste Colégio, pelo amor de Deus — inquietou-se Fernanda. — Isso é um absurdo. Há anos que os meus pais pagam para que em tenha uma boa qualidade de ensino, vocês não podem fazer isso comigo. — Podem me mostrar as suas Identidades, por favor — Pediu o diretor. — Preciso ver o RG de vocês, talvez eu os encontre pelos números. Os meninos e as meninas procuraram os seus documentos nos seus pertences, mas nenhum deles encontrou nada, Renata desesperou-se e o diretor já perdia a complacência. — Gente, não está aqui — falou Renata ao remexer na sua bolsa. — Cadê a minha Identidade? — Não é possível que todos nós tenhamos perdido os nossos documentos? — Comentou Andrei. — Na verdade, nem sei por que procurei, eu nunca trago. — Parece que foi sim — rebateu Octávio. — Ou nenhum de nós trouxe documentos, ou eles sumiram. — Isso não tem graça — disse Fernanda. O diretor pigarreou. — Se vocês preferirem, venham aqui amanhã com os seus pais e documentos e resolveremos qualquer problema, certo!? — falou o Diretor Érico. — Vocês têm a farda da escola, tenho certeza que não roubaram. Se alguém mexeu no sistema e apagou os dados de vocês, vamos tomar as providências. Ok? Confirmaram. — Muito bem — continuou o diretor —, agora, já podem ir. — Para a aula ou para casa? — perguntou Demétrio. ••• Pensaram que iriam para a sala de aula, mas era para saírem do Colégio. Não tinham o que fazer naquele horário então ficaram por lá. — E agora, o que vamos fazer? — perguntou Renata, a mais aflita do g***o. Estavam reunidos na escada, em frente à instituição. — Esperem um segundo — protestou Fernanda. — Vocês não estão acreditando nesta história fraca de que as nossas vidas foram apagadas pelo livro mágico, não é!? — Sim! — respondeu Renata. — Com certeza — respondeu Andrei. — Mas é claro — respondeu Demétrio. Todas responderam de uma vez, exceto Octávio, que deu de ombro. Fernanda bufou. — Como vocês são idiotas. De repente, Demétrio, a mexer na sua mochila, achou a sua identidade em branco, sem foto, sem assinatura, os espaços quais eram para ficar as informações da pessoa, como data de nascimento, nome da mãe, RG, etc., não tinha nada. Parecia um documento falta. — Olha isso, gente — impressionou-se o rapaz. — Como você explica o que está acontecendo? — questionou Renata. — Estão brincando com a gente… Sem motivo algum — Fernanda percebeu que não se convenceram, então estendeu a mão para Octávio. — Vamos, me entregue o livro. — Por quê? — perguntou Octávio a abrir a sua mochila para pegar o Livro intitulado de Asqueva. — Apenas confie — assim que Fernanda tomou posse do livro, folheou algumas páginas e sem esperarem, ligeiramente rasgou-o em pedaços e o jogou numa lata de lixo mais próxima. Os outros gritaram o protestaram, mas não puderam deter a garota impulsiva que estava determinada a provar que nada daquilo tinha a ver com magia e menos ainda com o livro. — Viram só. Era apenas um caderno ridículo, com um nome ridículo que não tinha nada… de… mágico… O semblante da garota foi caindo e a sua voz foi morrendo até ficar muda e com a pressão abalada. Todos os que olharavam para ela se viraram, queriam saber o que roubou a atenção de Fernanda daquela maneira. O livro "Asqueva" flutuava bem diante deles como um fantasma, como se fosse suspenso por uma linha bem fina e transparente. — O quê… — Fernanda tentou dizer alguma coisa. — Me digam que só eu estou vendo isso. Octávio aproximou-se devagar e o pegou com cuidado, o examinou e por fim o pôs de volta na mochila. — n******e ser — Fernanda aproximou-se da lata de lixo, os outros correram para também verificarem, e o livro rasgado não estava mais lá. — d***a! A casa caiu, era tudo verdade, as vidas daqueles alunos foram apagadas e agora teriam que fazer alguma coisa para as recuperarem de volta. Teriam que entrar no jogo proporcionado pelo livro mágico.
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