No dia seguinte, acordamos bem cedo, as duas últimas aulas foram canceladas então voltamos ainda antes do meio dia. Nesse tempo fizemos nosso ritual de “skin care”, e preparamos um almoço para fingirmos que estamos num hotel, depois passamos na academia (quando conseguimos ir uma vez por semana já é perfeito). Ao final da tarde alugamos um filme e assistimos com pipoca e brigadeiro.
Tudo isso porque hoje é quinta-feira. E na quinta nós sempre passamos o dia inteiro juntos. Aja o que houver. Estando intrigados ou não, tem que sobrar tempo para nossos programas.
— Mata ela, Sophie! — Eu torcia.
Nós dois amávamos qualquer coisa que fosse de terror ou suspense... Já comédias românticas... Não éramos os maiores fãs.
— Eu quero ver sangue! — Tyler completa, entusiasmado.
— Você é m*l — Disse, o olhando.
Tyler gargalhou e respondeu:
— Não tanto quanto você...
Eu abri a boca para retrucar, mas abrem a porta do meu quarto, me fazendo ficar assustada.
— Já sabem as regras, se tem menino no quarto, isso deve ficar aberto — Minha mãe diz, e eu viro os olhos. Ela não se importava com isso, de fato. Mas gostava de exercer autoridade sob mim. — Você tem uma visita, Amy. — Continuou.
—"Visita" — Falo mostrando aspas na mão — Como família, ou "visita"... — Repito e expresso uma feição maliciosa. Tyler sorri.
— Eu não entendo você e suas linguagens, mas não, não é ninguém da nossa família.
Então, eu desci até lá, mas Tyler preferiu ficar em cima terminando de assistir ao filme.
— Eu volto logo — Avisei antes de descer.
Chegando lá em baixo, vejo Jake, um jogador de beisebol da escola, ele era alto, tinha corpo de atleta, e até que era bem bonitinho.
— Oi, Amy, tudo beleza? — Ele diz.
— Tudo, mas quem deve estar m*l é você, né? — Ironizei o fato de que nós não éramos amigos, e até este momento nunca havíamos trocado nenhuma palavra.
— Eu? Por que? — Retrucou.
— Ah, porque você vindo aqui em casa, é meio... Impossível! O que você quer comigo?
— Eu queria te levar pra sair, sabe... Você tá sendo muito comentada desde o dia 13 de agosto. E eu senti uma “vibe” diferente em você.
Sim, 13 de agosto! Maldito dia em que eu peguei todos os garotos numa festa. Mamãe me mataria se soubesse disso tudo.
— Deixa eu ver se eu entendi... Você quer sair comigo? — Perguntei, buscando esclarecer minhas dúvidas.
— Quero, quero muito. — Confessou o garoto.
Eu estava esperando que ele gargalhasse a qualquer momento e dissesse que aquilo era somente uma brincadeira, mas isso nunca aconteceu.
— Então, a gente pode ver... Sábado talvez? — Sugeri, por fim.
— Às sete, ok?
Eu fiz sim com a cabeça, e ele vai embora, como se nada tivesse acontecido.
Eu subo as escadas para contar a novidade a Tyler.
— Nem precisa dizer nada, eu ouvi — Tyler fala, tedioso. — Esses caras não perdem tempo.
— E está feliz por mim? — Falo, sentando ao seu lado, e colocando o braço dele por cima do meu ombro. Tyler estava emburrado, como criança que não consegue o que quer.
— Ele está te usando, Amy.
Eu bufo, cansada, e saio de perto dele, me jogando na cama.
— Você está chato hoje, viu.
— Pode ficar aí — Concluiu, se levantando. — Mas eu estou indo embora — Ele continua — Depois a gente se fala.
— Mas hoje é quinta-feira, Tyler! A gente sempre passa o dia juntos na quinta-feira!
— Eu sei, mas é que eu realmente preciso ir. Compenso tudo com você amanhã.
Tyler coloca as mãos no bolso, e como o conheço bem, sei que algo o incomodava. Ele nunca era inquieto assim a menos que algo estivesse lhe perturbando muito.
— Se eu não te conhecesse tão bem, diria que você está com ciúme do Jake... — Provoco.
— Isso é ridículo, Amy. — Ele revira os olhos, e ri fracamente, saindo do quarto.
— Então você não n**a? — Um sorriso malicioso surge no meu rosto. Eu gostava de irrita-lo quando ele já estava irritado, só para vê-lo ficar mais.
Tyler não me responde. Antes, sai do quarto.
— Ty! — Chamo, e ele se vira pra mim — Cadê meu beijo? — Faço bico e espero ele vir até mim.
Ele respira fundo, caminha até onde estou, e me dá o nosso "selinho secreto" de sempre. Eu soube naquele momento, que tudo ficaria bem, independente do que fosse.
— Você pode ser meu amante se eu me casar com o Jake! — Brinco, gargalhando
— Vai a m***a, Amy — Ele diz, e começamos a rir.