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A freira do Mafioso

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intro-logo
Blurb

Helena é uma jovem noviça temente a Deus, criada dentro das barreiras de um mosteiro. Acreditava veemente que sua vida seria servir a Deus e ser sua noiva, até que em uma noite ela encontra um homem ferido, o que ela diria ser a personificação de um anjo, ela só não sabia que esse encontro mudaria todo o rumo de sua vida.

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O começo
O sol nem pintou no céu e eu já tenho que levantar, são 04:50. Me ajoelho ao lado da cama e enrolo nas mãos o meu terço. Faço minha prece a Deus, pedindo para abençoar o meu dia e ajudar os necessitados. Depois do meu momento, beijo o terço e caminho para o banheiro fazendo minhas higienes, hoje o dia seria extremamente cheio e gratificante, iria visitar as crianças na cidade. Assim que termino, pego meu hábito branco, não via a hora de fazer os meus votos finais e me tornar de fato uma freira, e ser a noiva de Jesus. Esperava completar apenas dezenove anos, a irmã Lucy acha que eu devo pensar melhor se eu realmente queria isto, não ter filhos, um casamento, uma vida lá fora. Mas não, eu não quero. Havia dedicado toda a minha vida as causas nobres, me sentia bem em servir, desde o meu nascimento Deus esteve comigo. Meus pais faleceram decorrente a um acidente de carro, as irmãs disseram que a noite estava chuvosa, eles provavelmente estavam perdidos ou estavam vindo para o mosteiro, o padre estava na estrada voltando para cá e viu quando o carro bateu em uma árvore. Meu pai já tinha partido e minha mãe estava chamando por mim baixinho na barriga, entre as ferragens. O padre Philipe, a ajudou e a trouxe para cá. As freiras tiveram que fazer seu parto às pressas e a última coisa que ela falou foi, Helena, meu nome. Percebo que havia ficado muito tempo pensando, penteio meu cabelos longos formando um coque, em pouco tempo terei que dizer adeus a eles, quando fizer meus votos finais meu cabelo será cortado, me conforta saber que irá para crianças com câncer. Ponho meu escapulário e por último meu véu. Pego o espelho na gaveta me olhando por breves segundo, ouço o gongo ser tocado e eu me apreso para a primeira oração do dia. A madre superiora me olha de soslaio ao me ver entrar na capela apresada, provavelmente seria punida por isso, atraso não significava obediência o que é um dos votos da consagração, os outros eram castidade e pobreza. Me desculpo com as irmãs e a oração começa, depois de alguns minutos fazemos nossas orações individuais, até a missa começar. Após o período de oração vamos para o salão tomar nosso café da manhã. A manhã corre rápido, fiz alguns bolos e trufas para as vendas que acontece no centro de Roma. Agora estava indo ver as crianças fora do mosteiro, era um orfanato humilde, de crianças necessitadas de um pouco de atenção e carinho. A irmã Laura estava indo comigo, ela era noviça assim como eu, somos as únicas com faixa etária "parecida", ela era um pouco mais velha tinha 27, as outras irmãs tinham mais de 50 anos. — Como era sua vida lá fora? — Pergunto quebrando o silêncio dentro do carro. — Era legal, mas nada se compara a fazer parte da igreja. Minha vida era vazia e sem um significado, consigo perceber que me encontrei aqui, tenho vontade de levantar todos os dias, porque tem pessoas que precisam da nossa ajuda e me sinto honrada por fazê-lo. — fala com ternura. — Você tinha um namorado? — pergunto sem conter minha curiosidade. — Tinha sim. — ruboriza — O nome dele era Ettore, mas nunca tivemos nada além de beijos. — fala em um sussurro e eu entendo o motivo de ter corado. — Claro, nem havia pensado nisso. Ela sorri e o restante do caminho é feito em silêncio, aproveitava esses momentos para ver a cidade, a escola não ficava muito distante do nosso mosteiro. A cerca de 20 minutos depois chegamos, a faxada que um dia foi amarela revela o quanto o lugar é humilde, ouço o burburinho das crianças e meu coração se alegra. Ao entrar, as crianças correm até nós, abraçando nossas pernas, passo a mão na cabeça de cada um fazendo um breve carinho. Vejo Dillan escanteado e caminho até ele. — Oi, não está feliz que vim hoje? — pergunto fazendo um carinho em seu rosto, Dillan tem apenas seis anos e estava sempre alegre, era estranho vê-lo assim. — Não é isso Hele, queria muito um bolo no meu aniversário e a diretora falou que não teria como me dar. — diz triste. — Quando será seu aniversário? — sinto meu coração doer, sabia que eles não tinham condições e que a situação era precária. Ele levanta os dedinhos formando um cinco. — Ela disse que é daqui uns meses. — Então farei um bolo maravilhoso para você, do que você quiser, tudo bem? E esse será meu presente. — Não acredito. — seus olhos se arregalam e ele pula em meu pescoço me abraçando. — Obrigado tia, você é a melhor. — toca em meu nariz com a ponta de seu dedo e sorrir. A tarde foi bem animada, não paramos um minuto se quer, já era noite e eu estava exausta porém feliz, agradecia a Deus por isso, por poder fazer algo de diferente na vida dessas crianças. Me despeço de todos e vejo que o motorista do mosteiro já está nos esperando. — Senhor Aloísio, poderia passar naquela pracinha? Para comermos hotdog? — Irmã Laura pede e ele assente com um sorriso nos lábios. Ele sempre foi muito calado, mas tinha uma alma linda. Passamos um bom tempo parados em um engarrafamento, um moço de bicicleta passa e Aloísio pergunta porque está tudo parado. — Parece que houve um atentado lá na frente, algumas pessoas que estavam por perto se machucaram, está uma bagunça. — o homem avisa. — Deus têm de misericórdia — Ouço irmã Laura dizer. — Não acho uma boa ideia ficarmos por aqui. — Ele fala. — Melhor irmos para o mosteiro. — digo, e Laura concorda, oro em pensamento para que ninguém tenha se machucado muito e para que Deus as proteja. Aloísio corta caminho por uma rua um pouco deserta e escura, ao se aproximar de uma caixa de entulhos vejo uma pessoa no chão que parecia estar sangrando, meu coração fica acelerado. — Ôh Deus. Será que ele está morto? — pergunto. — Vi o pé mexer, precisamos ajudar. — Ela fala e Aloísio para o carro. Não sei se seria o certo, mas tínhamos vocação, tínhamos prazer em ajudar quem precisava, éramos movidas a isso. Mesmo com medo forço-me a sair do carro, me aproximo do homem e meus olhos se arregalam, eu poderia dizer que ele era a personificação de um anjo, sua pele é dourada e cachos enfeitam sua cabeça, os traços de seu rosto são bem marcados, o maxilar é bem definido, a barba de pelugem dourada trazia charme a ele. Desperto quando o ouço gemer de dor e em seguida ele perde a consciência. Aloísio nos ajuda a por ele no carro, ele veste um casaco preto com luvas de couro na mão. O sangue faz com que sua blusa fique colada em seu corpo. — Vamos para o mosteiro, cuidamos dele na enfermaria. — Digo rápido. — Não seria melhor levá-lo para um hospital? — Aloísio contesta. — O hospital mais perto daqui é no centro da cidade, vai demorar quase uma hora e o mosteiro é só trinta minutos. Puxo um pouco sua blusa para cima vendo uma quantidade grande de sangue. Tiro meu véu colocando sobre a ferida pressionando-a, Deus me perdoaria por isso, mas era para salvar uma vida. Ele parecia ter algumas alucinações, peço baixo para que se acalme, e então começo a cantarolar: — Imagine todas as pessoas, vivendo a vida em paz. Você pode dizer que sou um sonhador, mas eu não sou o único. Torço pra que um dia você se junte a nós... e o mundo viverá como um só, imagine... que não existe propriedades. Será que você consegue? Sem ganância ou fome. Uma fraternidade do homem. Imagine todas as pessoas compartilhando o mundo inteiro... — canto suavemente, essa música me trazia paz quando era pequena e a irmã Zoelia cantava para mim. Ele havia se acalmado, e eu agradeço a Deus. Em alguns minutos o carro estaciona em frente a ala da enfermaria, o pegamos com certa dificuldade, ele é bem pesado, e o levamos para dentro, deitando-o sob a maca. A ala está vazia, então eu mesma terei que estancar o sangramento e fazer a sutura. Corro para um dos armários pegando o que preciso, tiro suas luvas e vejo as tatuagens em suas mãos, irmã Laura me olha mas eu a reprimo. Corto sua camisa e eu não consigo explicar a sensação ao ver seu abdômen, e não era pelo corte ou pelo sangue, era pelo seu físico combinado a algumas tatuagens, ele conseguia despertar a curiosidade dentro de mim. Laura passa a mão sobre suas tatuagens e eu a olho percebendo a luxúria. — Você precisa orar mais. — disparo. — Ôh senhor, me perdoe. Irei agora mesmo. — diz se afastando e indo embora. — Consegue dar conta sozinha? Preciso levar o padre para o convento! — Aloísio pergunta. — Claro, tudo bem. Passo algumas gazes no local e jogo um pouco de soro fisiológico, depois que consigo conter o sangramento começo a suturar, havia aprendido com algumas das freiras da ala de enfermaria, sempre que necessário eu estava aqui ajudando. Aplico um remédio para dor e faço um curativo, observo seus sinais vitais e dou graças a Deus por ele estar bem. Seus braços são tatuados e eu resolvo olhar com mais calma, em seu braço havia a imagem de uma mulher, mais abaixo um conjunto de desenhos que eu não conseguia decifrar, conseguia ver algumas rosas e penas. Em cima do peito esquerdo tem uma data em algarismo romano VI.IX.LXIX, deve ser muito importante já que decidiu tatuar em cima ao coração. Na costela direita está escrito famiglia, no outro braço vejo algumas caveiras e deuses da mitologia grega, como Hércules, Afrodite e Medusa. Vejo sua cabeça mexer e eu me endireito, seus olhos abrem preguiçosamente por breves segundo me fitando, os segundos pareciam minutos, seus olhos são de um verde tão claro que eu poderia ver sua alma através deles. E tão rápido como abriu, ele os fechou, voltando a dormir. Meu coração parecia que ia sair da boca, vejo que meu hábito estava sujo de sangue, se não o tira-se certeza que iria manchar, pego meu véu que estava jogado sobre o chão e decido ir ao quarto para trocar de roupas e por estas para lavar. Na metade do caminho dou de cara com a madre superiora. — Para onde vai com tanta pressa? E por que ainda está perambulando pelos corredores? — Acabei de chegar do colégio e tive um contratempo. — tento explicar mas ela me corta. — Não me esqueci sobre seu atraso de mais cedo. E ainda mais este? — Madre, cheguei no horário, não foi um atraso. — Por que está me respondendo? É assim que pretender virar uma freira? Sendo rebelde? — fala com rispidez chegando mais perto. — Não, senhora. — abaixo a cabeça. — Pois bem, já sabe para onde ir, passará a noite rezando e pedindo perdão a Deus por ofender e ser desobediente a sua superiora, até as quatro. — Mas madre... — tento argumentar. — Agora será até as cinco. Sem falar mais nada vou até o "quarto de oração" o que não passava de um cômodo vazio e escuro. Ela nem ao menos havia reparado que eu estava cheia de sangue, e eu não ousaria falar algo para que ela não aumentasse minha pena. Me ajoelho no meio do quarto e a porta é trancada, começo a orar o Ave Maria e assim que termina oro de novo, e de novo, e de novo, incontáveis vezes... Acordo assustada com o barulho da tranca se abrindo, me levanto rápido tentando não cair, era Laura. — Bom dia. Ela pediu para vir te liberar, já já começam as orações. — Diz. — E ele? — pergunto. — O que tem? — Como ele está? — digo já saindo do quarto me apressando pelos corredores até chegar na ala da enfermaria. — Não vim mais aqui. Procuro pela sala não encontrando, vejo uma irmã. — Oi, viu um homem aqui? Ele é alto com tatuagens... — Homem ? — pergunta confusa. — Você está bem? — pergunta vendo minhas roupas sujas de sangue. — Ele se foi... — digo baixo. Era uma sensação estranha, pensei que ao amanhecer saberia mais sobre ele, agora nem seu nome eu sabia. — Está tudo bem, irmã Catarina. — Fala Laura me puxando para fora. — Você precisa se apressar ou ficará de castigo novamente. *** O sumiço daquele homem havia me deixado intrigada por dias, sonhava com ele todas as noites, com seus olhos verdes claros me fitando. Eu acordava no meio da madrugada, com um sentimento diferente no peito, mas não sabia explicar o que estava acontecendo, e eu sempre terminava rezando. Já havia se passado alguns meses desde aquele dia, é uma manhã de sábado, estava terminando de fazer o bolo de aniversário do Dillan quando a madre superiora me chama para ir ao seu escritório pois o padre estava me esperando. Não havia feito nada de errado, eu sabia disso, mas o rosto da madre estava muito alegre, ela parecia gostar do sofrimento das irmãs. Ao entrar na sala vejo o padre de mãos cruzados encarando uma estante de livros, ao me ver ele sorri e eu vou até ele, me curvando a sua frente e beijando sua mão. — Que Deus te abençoe, minha filha. — Amém, padre. Em que posso ajudar? — Preciso que vá para a Itália. — diz objetivamente. — Para a Itália? — pergunto assustada. — E o meu noviciado? — Poderá ser concluído quando voltar, preciso que vá para a Itália, passará três meses como babá de uma criança e eu sei que você ama crianças e é a que tem mais disposição entre as irmãs. — E por que precisam de uma pessoa da igreja para isso? — Minha querida não questione, nem sempre temos respostas para tudo, mas foram ordens superiores. — Tudo bem. — digo sem mais contestar. — Quando irei? — Amanhã pela manhã. Tento digerir a informação, o mais longe que eu já havia ido era no centro da cidade, fora isso não sabia sobre nada lá fora. Peço licença e me retiro da sala, meu coração parecia que iria explodir no peito e novamente eu não estava entendendo os meus sentimentos, estava tudo uma confusão. Passeio pelo jardim do mosteiro, o silêncio me acalmava aos poucos e a brisa gelada fazia minha pele se esfriar, sento em um dos bancos e tento analisar qual o propósito de Deus com tudo isso. Me levanto ido para a sala onde as irmãs se reuniam, algumas estavam tricotando e outras fazendo pintura em telas. A irmã Laura se apressar vindo até mim. — É verdade? Que irá para a Itália? — Como sabe disso? — Ouvi a madre comentar quando estava passando. — Sim, é verdade. Irei amanhã pela manhã. — Nossa, sentirei sua falta. É a única que me identifico aqui, não é justo. — fala triste. — Se não fosse eu seria você, o padre disse que eu era a única com disposição para cuidar de uma criança. — Isso é verdade, as outras irmãs já são bem mais velhas e entre eu e você, você é a que mais leva jeito com crianças. Mas pense pelo lado bom, você irá conhecer novas pessoas, novos lugares. — diz animada. — Não sei bem se será assim, só estou indo para ser a babá. — Ah vamos lá se anime, quando voltar ainda poderá se tornar freira e começar a sua faculdade de biomedicina, assim como você sempre quis. Não quer conhecer o mundo fora daqui? — É, tenho certa curiosidade, não deveria, mas tenho. — digo sorrindo. — Então, aproveite este momento, Deus está te dando essa oportunidade. — me abraça e eu retribuo. — Vai ver as crianças? Fiz um bolo para Dillan, hoje é o aniversário dele. — Claro! Mas agora vamos arrumar suas coisas. — Não tenho muita coisa, posso arrumar a noite. — agradeço. — mas aceito sua ajuda para terminar o bolo do Dillan, estou fazendo alguns docinhos também, vamos. A noite pendia e já era hora de partir, havia me divertido com as crianças, estava cansada, mas muito alegre, minhas bochechas doíam de tanto sorrir, ver os olhos brilhantes de Dillan aqueceu meu coração, minha missão havia sido cumprida. Antes de ir embora ele corre até mim abraçando minhas pernas. — Sentirei sua falta, Hele. — Também sentirei, mas logo logo estarei de volta, vai passar bem rapidinho esse tempo. — Promete? — Prometo! Palavra de uma futura freira. — sorrio e ele também. — Vou ficar te esperando. — Fique com isto, todas as vezes que sentir minha falta é só olhar, vai ser uma forma de estar ao seu lado, e quando eu voltar você me devolve, certo? — tiro uma correntinha do pescoço, era de minha mãe, mas sei que seria bem cuidado por ele. — Pode deixar. — seus olhos negros estavam cintilando de pura alegria. — Agora entra que já está frio. — beijo sua testa e ele sai correndo em direção a um dos funcionários. — Ele é bem apegado a você né? — Laura fala. — Sim, sou apaixonada nesse garotinho. Espero que ele encontre uma família logo! — digo ao entrar no carro. — Já sabe em que lugar da Itália vai? — Não, o padre não me disse nada, só falou que eu iria para lá e passaria três meses, por que esse período todo? Achei tão repentino. — Deve ser as férias de verão. Também achei. — Irmã Laura dá de ombros. — Hum, verdade. Vou sentir muita falta deles. — declaro referindo-me as crianças. — Você poderia visitar algum orfanato de lá, seria bom. — Verdade, será que eu poderia? — Claro, você será uma babá, não uma prisioneira. — sorri e eu faço o mesmo. — Talvez eles tenham restrições, assim como no mosteiro. — Verdade. — Pensa um pouco e eu viro a cabeça de lado e arqueio a sobrancelha como se eu dissesse "está vendo". Vamos o percurso todo até o mosteiro conversando, gostava da companhia de Laura, ela é inteligente e sensata. Assim que chego me despeço dela e vou para o quarto, pego dois hábitos colocando em uma bolsa de mão, meus produtos de higiene e a única foto que tinha da minha mãe abraçada com meu pai. Não tinha muita coisa, então não tive muito o que fazer. Já é manhã quando ouço alguém bater em minha porta, estava sentada na cama a alguns minutos pensando em nada, apenas apreciando o silêncio, abro a porta vendo a madre superiora me olhar de cima a baixo, eu nunca entenderia ela e o que ela tem contra mim. — Bom dia, madre. — faço reverência. — Venha, já estão te esperando lá embaixo. Pegue suas coisas! — fala seria. Pego minha bolsa e saio do quarto. — Por que não gosta de mim? — exprimo. — Por que eu perderia meu tempo não gostando de você? — me olha novamente dos pés a cabeça. — Não sei, a senhora que deveria me dizer. — Está me respondendo? — para no meio do corredor. — Não, só não consigo responder pela senhora algo que não sei. — sinto sua mão em meu rosto, que agora está quente e ardido. — Só porque está indo embora pensa que pode me responder do jeito que quiser? — fala grosseiro, seus olhos pareciam o próprio fogo do inferno. Resolvo não responder sua pergunta, em silêncio volto a andar, deixando-a para trás. Ela me segue a passos largos como se quisesse me alcançar, quase chegando na porta ela me segura pelos cotovelos. — Espero que isso não saia daqui. — fala apertando meu braço. — O padre saberá do seu comportamento. — digo sentindo minha boca amarga, puxo meu braço e volto a andar. Me retenho quando vejo homens vestidos de terno preto me encarar ao lado de um carro, todos eram mau encarados, olho para a madre e seu sorriso no rosto se estampa, nada que vinha dessa mulher era bom. Um deles vem até mim, arrancando minha bolsa da mão e jogando no fundo do carro. A porta é aberta e sou forçada a entrar no carro, o motorista assume o volante, um outro senta ao meu lado, ele também me olha dos pés a cabeça, que inconveniente. Aos poucos o carro pega velocidade fazendo-me estremecer. — Poderia andar um pouco mais devagar? — pergunto sentindo minha voz trêmula. — O que? Não gosta do perigo, freirinha? — O homem careca ao meu lado pergunta. — Não, senhor. — Então se acostume, porque é o que você mais vai vivenciar. — seu sorriso nos lábios mostra o quanto suas palavras foram maliciosas, encolho-me sob o acento e aperto meu crucifixo que está no pescoço, como se ele pudesse me salvar de tudo. Algum tempo se passa até chegarmos ao aeroporto, o carro é estacionado ao lado de um jatinho preto com detalhes em dourado, mais homens de preto estão ao lado de fora aguardando e eu só tentava entender porquê tantos homens. Será que eu estaria cuidando do filho de alguém famoso? Não conhecia muitos, mas talvez fosse a resposta mais plausível. A porta do carro é aberta grosseiramente, passo pelo homem que mais parecia uma parede e o cumprimento, mas minha gentileza não é retribuída. Todos pareciam um pouco apressados então subo as escadas do avião meio desorientada. O espaço parecia ser muito menor olhando de fora, me acomodo em uma das poltronas e o homem que estava sentado ao meu lado no carro, senta na poltrona a minha frente, me encarando. — Não sabia que em convento podia ter freiras tão bonitas. Talvez devesse frenquentar mais vezes. — O observo falar, ele tinha uma cicatriz perto do olho esquerdo, era careca e alto, bem robusto. — Para Deus nada disso importa. Lá todas nós estamos para servi-lo e sermos suas noivas. — Deus já tem várias uma a menos não faria falta. — profere cruzando as pernas, em seus lábios está um sorriso presunçoso que me causa embrulho no estômago. Quanta blasfêmia! Resolvo ficar em silêncio, essa seria minha melhor solução para o momento. Uma voz nos avisa sobre a decolagem, coloco meu cinto com os dedos trêmulos, eu nunca havia viajado de avião, ou de qualquer outra coisa, para qualquer lugar, para falar a verdade. Fecho os olhos e me agarro a poltrona, não estava ligando muito se tinham olhos curiosos sobre mim, estava realmente com medo para pensar nisso. Quando sinto o avião levantar pouso minha pressão cai, fico um pouco tonta, respiro fundo algumas vezes, tentando diminuir o desespero crescente em mim. Aos poucos meu corpo se acostuma e a gargalhada do homem a minha frente irrompem meus ouvidos. — Prevejo que iremos nos divertir muito gatinha. — ele se inclina e passa a mão em minha perna. — Por favor, pare. — digo com a voz trêmula, o homem não se move, sua mão parecia pesar mais sobre minha perna, a voz de um outro homem faz com que ele tire a mão da minha perna. O homem de preto senta na poltrona a frente, trocam algumas palavras em italiano e depois ficam em silêncio e eu agradecia a Deus por essa intervenção. A pequena viagem foi bem rápida, o jatinho para em uma pista no campo e logo eu estava do lado de fora, um carro está estacionado próximo, o homem careca segura em meu braço me puxando com indelicadeza. — Sei andar sozinha, não precisa me puxar. — a vontade de gritar com ele era enorme. — Possiamo già ucciderla?¹ — pergunta alto para o outro. — Igman!! — Seu tom era de reprovação, então esse era o nome dele? Não demora muito para chegarmos a entrada de uma propriedade, o caminho era feito de cipreste, mas conhecido como pinheiro alto, era realmente muito bonito. No topo da ladeira haviam mais árvores e pinheiros, ao olhar para trás podia ser visto a imensidão de verde, não havia casas por perto, não que eu conseguisse ver. O local me lembrava muito o mosteiro, lá tínhamos o contato com a natureza diferente dos conventos convencionais, mas aqui exalava luxo e poder, algo que eu repudiava sentir. Um homem bem vestido estava a nossa espera na entrada da casa, ele, assim como todo aquele lugar, exalava poder e luxúria. Suas mãos estavam dentro do bolso do terno azul, ao descer do carro seus olhos me acompanharam até estar próximo dele. — Buongiorno, signorina.²— diz segurando em minha mão. — Bom dia, senhor. Infelizmente não sei italiano! — Tudo bem, sem problemas. Entre, como foi sua viagem? — Hum, boa, eu acho. — digo analisando-o, ele era alto e moreno, seus olhos tem um tom dourado bonito e seu sorriso é encantador. Me belisco ao perceber onde minha mente estava me levando. — Quero todos em seus postos. Victório, quero você em minha sala em 15 minutos. — Diz em tom firme e os homens seguem sua palavra na mesma hora. — Sim, chefe. — responde quem presumo ser Victório. — Marco está passeando a cavalo pela propriedade. — explica para mim. — Quem é Marco? —pergunto desorientada. — Você será a babá dele. — diz como se fosse óbvio. — Quantos anos ele tem? — Observo a entrada da casa, a ante-sala tinham paredes de vidro e o teto também, como se fosse uma estufa. Poltronas de couro e tapete de pele, o que me dava certa agonia, enfeitavam o lugar. A lareira em mármore dava um charme na ante-sala. — Cinco anos — Não é perigoso? — pergunto preocupada. — O que? Você tomar conta dele? — Não, andar a cavalo. — Ele está sendo supervisionado. Mais logo estará de volta, te mostrarei seu quarto! Passando pela sala consigo ver um piano bem posicionado em frente à janela e alguns sofás brancos em frente à tv, a cabeça de um cervo empalhado está pendurado na parede. E no chão mais outro tapete, este com a pele de um urso. Parece que ele gostava muito de matar animais e fazer de enfeite em sua casa. Ao subir as escadas ele me aponta uma porta próximo ao final do corredor. — Este é seu quarto. Entre e se acomode, vou pedir para que tragam sua bagagem. — Já está aqui. — levanto a mão mostrando minha bolsa, ele olha por alguns segundos para minha mão e concorda — Me encontre lá em baixo daqui a pouco, assim que terminar de conversar com Victório te apresentarei Marco e depois passarei a rotina dele. — Sim, senhor! — Concordo e ele vai embora deixando-me sozinha. Entro no quarto observando o quanto é grande, chegava a ser um exagero, a cama parecia ser bem convidativa. Parando para pensar não sabia o nome do homem e nem eu havia me apresentado, ele diferente de seus funcionários é gentil e educado. Tiro meus pertences da bolsa e coloco no closet, era uma imensidão de prateleiras vazia, com apenas uma ocupada com os dois hábitos. Já estava perto do horário do almoço então resolvo descer para aguardar o moço de terno azul. Sento-me em uma poltrona e aguardo, Igman passa por mim, ao me ver passa a língua pelos lábios e sorri. — Deveria ter mais respeito. — digo encarando-o não iria aceitar que ele me olhasse desse jeito e que me tratasse com falta de respeito. — Por que? O que você vai fazer freirinha? — Volta ficando próximo e eu me levanto. — Não sei, mas sei que não ficarei calada vendo você ser desrespeitoso comigo. — Ora, ora, achei que freiras deveriam ser mais solicitas e gentis. — E somos, mas não com pessoas iguais a você. — Isso é um pré-julgamento? Achei que fosse pecado. — Estou tirando minhas conclusões pelo que me mostrou, não vi nada de bom em você! — Falo e ele fecha a mão para acertar meu rosto, mas um barulho na sala ao lado faz ele se afastar. Sinto minhas mãos frias e meu coração acelerado, ele iria me bater mesmo? — Segnorita. — fala saindo em seguida. Logo depois chega Victório e o homem de terno azul, ele parecia furioso com algo. — Resolva logo isto, ou sabe o que irá acontecer. — Fala ríspido e Victório assente saindo. Um menininho entra na sala melando todo o chão de terra com suas galochas. Os cachinhos loiros emolduram seu rosto, os olhos claros faziam com que eu me lembrasse de alguém, mas não seria possível já que fui criada toda a vida no mosteiro e a pele dourada era uma graça. Já podemos matá-la? ¹ Bom dia, senhorita.² Espero que tenham curtido o primeiro capítulo ♥️ Me diz o que estão achando quero saber!!

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