ELE

1615 Words
— Ai está ele. — O homem vai até ele bagunçando seus cabelos. O menininho me vê e se aproxima. — Que roupa legal. — fala de um jeito meigo, pegando no hábito. — Gostou? — Sim, posso vestir uma também? — Acho que sim... — Sorrio. — Marco? Esta será sua babá. — Seu sorriso doce me encanta, me abaixo para ficar a sua altura. — Me chamo, Helena. — E eu Marco. — Fala fazendo-me rir. — É, eu sei. Que tal, você me mostrar seu quarto? Você precisa de um banho. — VAMOS. — fala empolgado. — Conversamos depois do almoço, minha conversa demorou mais que o previsto. — Certo. E a propósito, qual o nome do senhor? — Luigi, acabei esquecendo de falar. — me oferece um sorriso ameno. — Você não sabe onde está né? — Deveria? — Sim, deveria. — Então onde estou? — Logo mais descobrirá. — termina nossa conversa saindo do cômodo. Eu não estou na Itália? O que mais eu precisaria saber? Fico encabulada com sua pergunta. Subo segurando Marco pela mão, que tenta pular de dois em dóis degraus, ele parecia ser uma criança serena e muito doce. — Este é o meu. — aponta para uma porta ao lado do meu. O quarto também era parecido, não tinha muitos brinquedos, e nenhuma decoração para criança. — Você precisa ver meu outro quarto tia. — Você tem outro quarto? — Sim. — Balança a cabeça repetidamente. — Papà, comprou está casa, então viemos para cá passar uns dias. — Então vocês tem outra casa? — Sim, várias. — Ele fala mexendo as mãos, como se fosse uma pessoa adulta, era engraçado de ver. — Legal, eu acho... — É muito legal. — Ok mocinho, vamos tomar banho! — De banheira. — bate palmas empolgado e corre até o banheiro. Entro no banheiro me surpreendendo com o tamanho. — É... eu não sei ligar isso. — falo sem graça, observando os botões na borda da banheira. — Não tem plobema, eu sei. — É problema... — rio. — Isso!!! Obrigado tia, as vezes eu esqueço de algumas palavras. É só apertar esse botão e esse, o papà me ensinou. — ele faz com destreza o que me deixa b***a, ele é muito inteligente. — Onde está sua mamãe? — Ele olha para mim por alguns instantes e depois abaixa os olhos para sua mão. — No inferno. — O que? Não fale isso! — Ela morreu e o papà disse que ela está lá. — da de ombros triste. — Ele não deveria dizer isso, ela está no céu, é lá que os anjinhos ficam. — Sério? Que legal. — seu rosto se ilumina. — A noite podemos tentar ver a mama? — Claro, podemos tentar. — Eba! — comemora sorridente. Ao decorrer do banho vamos conversando e dando muitas risadas, ele é muito inteligente para uma criança de cinco anos. Havíamos escolhido uma roupa para ele e agora eu estava penteando seus cabelos. — Tia, não precisa arrumar muito, gosto deles bagunçados. — Tudo bem, já que está tomado banho vamos descer para almoçar. Descemos as escadas e assim como ele fez para subir, estava fazendo para descer, pulando de dois em dois degraus. — Tem que ter cuidado para não se machucar. — digo cautelosa. — Sou bem fortão. — me mostra seu braço, fazendo-me rir novamente. — Ok fortão. — Sou guiada por Marco para a sala de jantar, o senhor Luigi já está sentado a nossa espera, Marco escolhe seu lugar e eu fico sem saber ao certo o que fazer. — Sente-se Helena. — ouço Luigi dizer quando faço menção de sair. Acanhada sento ao lado de Marco. — Quero cereal com iogurte. — Marco pede. — Dana, traga cereal para Marco. — fala alto. — Senhor, desculpa. Mas não acha melhor que ele almoce? — Não é o que ele quer? — Mas senhor... — Ele vai comer o cereal. A moça trás a tigela com o que ele pediu, e eu fico em silêncio. Oro agradecendo pelo pão de cada dia, e quando termino aguardo ele terminar de se servir, o almoço foi rápido, já que Marco não havia feito uma refeição de verdade, e eu também havia colocado bem pouco. Passamos a tarde sentados no sofá assistindo a desenhos que eu não entendia nada já que estavam em italiano, o menino ria para a tv e cantava algumas músicas que passava nos desenhos. Depois fomos ao jardim, Marco corria por entre as plantas com sua espada de brinquedo, ele parecia se divertir muito, sua risada ecoava pelo jardim, trazendo-me um misto de bem estar e felicidade. No cair da noite estávamos sentados na grama olhando para o céu. — É agora que eu posso ver a mama? — Eu ouvi dizer que a estrela mais brilhante no céu é quem mais amamos e perdemos. — Olha ela ali então. — Aponta empolgado para uma estrela. — Podemos fazer isso todas as noites? — Podemos sim. — Sorrio e ele deita a cabeça em meu colo, olhando o céu. Ficamos em silêncio, enquanto fazia carinho em seu cabelo percebo que ele havia caído no sono. Entro com ele no colo, lá fora já estava começando a fazer frio, subo as escadas com cuidado e o coloco em sua cama. Tomo um banho e coloco o vestido para dormir, tirando o véu, ainda era cedo, mas preferia dormir logo, o dia tinha sido longo e a viagem cansativa. Acordo no meio da noite com calor e sede, vou ao banheiro e me olho por breves segundos no espelho, não gostava de me encarar nele, mas meus olhos estavam pequenos e os cabelos emaranhado emoldura meu rosto, molho o pescoço e o rosto refrescando a pele. Saio do quarto checando rapidamente o de Marco, o cubro com sua manta e acaricio seus cabelos antes de sair. Desço as escadas observando a escuridão do lado de fora, a luz da piscina clareava parte da sala, não via ninguém por perto, então acelero os passos para chegar logo a cozinha, ouço um barulho vindo dela e eu fico em alerta, na ponta dos pés entro na cozinha vendo uma figura de casaco e calça preta de costas para mim. Não parecia ser nenhum segurança, suas vestimentas não eram iguais as deles, percebo logo depois que uma figura feminina estava sentada sobre o balcão da cozinha em sua frente. Ouço o barulho dos seus corpos batendo um ao outro, fazendo-me ficar ainda mais em alerta, o que estava acontecendo? Sua mão vai para o pescoço dela, apertando, ela o encara, seu rosto estava estranho, parecia a mistura de dor e mais algo que eu não conhecia. Penso no que fazer e a única coisa que vem a minha mente é acender a luz, pego uma panela que está pendurada e a agarro como se minha vida dependesse disso. — Você a está machucando — digo ao acender a luz. O que eu digo parecia não ter abalado nem um pouco ele, sua mão apertava ainda mais o seu pescoço e seu corpo ainda se movimentava contra o dela, o rosto da garota estava vermelho e eu não sabia o que fazer, estava travada no meio da cozinha com uma panela na mão. — Solte-a — exclamo novamente. Vejo seus ombros subirem e descerem, como se ele estivesse respirando fundo, solta o pescoço da moça e se afasta dela, arrumando sua calça. — Pode ir. — Ouço a voz rouca ordenar para a garota que levanta da bancada arrumando suas roupas e passa por mim me olhando com desprezo. — Quem você acha que é? — Olha para trás, fazendo meus olhos se arregalarem em surpresa. Não podia ser ELE. A panela cai da minha mão fazendo o barulho me assustar. Os olhos que eu tinha sonhado por dias me encarava, era ele, o homem que tínhamos levado para o mosteiro ferido. Seu rosto não parecia tão angelical agora como antes, ele me olhava com frieza e desprezo. — Responde p***a! Quem você é? — seu rosto estava fechado em uma carranca terrível, causando-me arrepios. Eu não fazia a menor ideia do que responder e o porque dele estar ali parado no meio da cozinha me encarando. — Sou Helena. — Parecia que a qualquer momento eu iria desmaiar. — Não foi isso que eu perguntei, Helena. — Meu nome parecia um palavrão saindo de sua boca. — Quem é você para me dizer o que fazer? — Você estava machucando a moça. — Digo e ele se aproxima de mim lentamente, fazendo com que eu recue. — Não gosta? Que te apertem o pescoço quando está trepando? — ele se aproxima e só então eu percebia do que ele estava falando. — Não deveria me dizer estas coisas. — Meu coração parecia querer saltar do peito, minhas mãos estavam trêmulas e eu retorcia os dedos para tentar me acalmar. — Já que me atrapalhou... você será a próxima. Venha, deixe-me tirar esse vestido horrível. — seu sorriso era presunçoso e isso me causava náuseas. — Vou para meu quarto. — digo apressada, saindo de perto dele. Ele parecia estar se divertindo comigo. — Está me devendo uma transa, Helena. — fala alto enquanto subo as escadas correndo. Ao entrar no quarto tranco a porta e me encosto nela, eu não tinha fôlego para respirar, vou até a sacada sentindo o vento frio bater em meu rosto quente. Tudo em mim estava uma confusão e a cada vez que eu piscava os olhos conseguia vê-lo. O que ele estava fazendo aqui e quem era ele?
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