Chanyeol queria morrer.
Mas o pior de tudo não era ter que assumir uma falsa homossexualidade para seus amigos, o pior de toda aquela situação era ver Jongin extremamente animado junto com Lu Han, os dois pareciam duas comadres organizando um casamento de tão envolvidos que estavam. Vendo seu amigo dessa maneira, Chanyeol começava a acreditar que o verdadeiro gay da história era Jongin.
Pra deixar as coisas com um gostinho ainda mais aterrorizador, o Kim conhecia todos os seus amigos mais íntimos, o que com certeza seria um problemão, e antes que pudesse opinar qualquer coisa, Jongin já havia repassado a lista para Lu Han.
Estava fodido, era fato.
— Minha vida tá acabada. — o Park se debruçou sobre a mesa, se fundiria com ela se isso fosse possível — Onde eu estava com a cabeça quando eu aceitei esse plano ridículo do Jongin?
Baekhyun estava na sala, estava tentando ensinar Chanyeol a colocar senha em uma pasta, e por isso estava de pé ao seu lado, ainda de pé porque acreditava que seria simples mostrar como se faz, mas o Park estava tão nervoso devido ao jantar que nada entrava em sua cabeça. O baixinho já estava começando a ficar irritado com seu chefe, ele fazia muito tempestade em copo d’agua, poderia muito bem conversar com seus amigos depois e explicar a situação, aquilo já era muito drama.
— No dinheiro dos chineses, era aí onde estava a sua cabeça. — o Byun respondeu como quem não queria nada, mas sua vontade de dizer poucas e boas para seu chefe ainda estava entalada na garganta.
Chanyeol não curtiu muito essa liberdade toda de seu funcionário.
— Sabe que eu posso te demitir, não sabe?
— Sabe que eu posso contar toda a verdade pros chineses e fazer você perder esse contrato, não sabe?
É, alguém ali tinha uma carta branca para tudo, carta esta que poderia ser puxada a qualquer momento e esfregada na cara do Park, o lembrando que as coisas não estavam nenhum pouco sob seu controle. Era a vida gritando bem nas suas fuças “Segura o bonde que você não é isso tudo não”.
— É, você venceu. — ele sabia o momento levantar a bandeira branca.
O celular vibrou sobre a mesa, era Jongin avisando que já estava chegando para terminar de organizar o jantar que ocorreria naquela mesma noite, e que Lu Han estava subindo junto. m*l sinal, sempre que Lu Han aparecia as coisas ficavam ainda piores. Tinha momentos que Chanyeol tinha plena certeza de que era de propósito, e que a qualquer segundo Jongin fosse aparecer avisando que tudo não passava de uma pegadinha.
E depois morrer, porque jogaria uma mesa nele.
— Baekhyun, senta no meu colo.
Demorou uns dois segundos para o Byun assimilar o que seu chefe estava falando, e quando finalmente entendeu o encarou como se ele tivesse dito o maior absurdo do mundo. E se não existisse um contexto, seria sim o maior absurdo do mundo.
— Tá, mas pra quê? — em outras palavras, ele estava começando a achar que Chanyeol estava querendo soltar a bicha ativa que havia dentro de si e aproveitar de seu corpinho.
E não saberia dizer se isso era uma desconfiança ou uma esperança. E não vamos julga-lo, Park Chanyeol é um pedaço de mau caminho.
O barulho no trinco já dizia tudo, eles já estavam na porta e não daria tempo de explicar nada, e foi por isso, somente por isso, que Chanyeol rodeou seu braço na cintura do Byun e o puxou para seu colo o fazendo se sentar de lado. No puxão Baekhyun se assustou, e teria gritado de irritação se o Park não tivesse o abraçado forte junto ao seu corpo. Estranhou tanto esse ato que nem sequer conseguiu falar nada.
— Vocês são o casal mais fofo que eu já conheci na Coréia! — Lu Han soltava a franga sempre que via esse tipo de cena entre os dois.
Mas o pior não era ele, Jongin tinha tirado uma foto.
Baekhyun relaxou depois de ter entendido mais ou menos o que estava acontecendo e o motivo de estar sentado onde estava. Todavia, portanto, devido a isso, e por um motivo até então desconhecido, o Byun resolveu começar a se mexer.
Seu novo intuito de vida era descobrir até onde a paciência de seu chefe iria.
— Já está tudo pronto, Sr. Park, seus amigos já receberam o convite e confirmaram presença, hoje mesmo você conta para todos eles sobre o seu relacionamento com o pequeno Baekhyun, — Baekhyun ficava se achando quando Lu Han o chamava de pequeno Baekhyun, passava a impressão de ter i********e com alguém podre de rico, o mais alto que poderia chegar no nível social — Esse é o primeiro passo para a sua libertação, não se preocupe, meu querido, em breve você se aceitará da forma que é!
A única coisa que Chanyeol queria aceitar era os milhões em sua conta.
[...]
Chanyeol estava agarrado na porta de casa.
Não queria ir, só de imaginar a cara de seus amigos já estava entrando em pânico, e nem eram muitos amigos, na verdade, seriam apenas seis, mas mesmo assim, seriam seis pessoas para quem teria que mentir. Claro que seus amigos jamais acreditariam em um absurdo como aqueles. Logo ele, Park Chanyeol, o homem de mil mulheres? Não, nem em um milhão de anos!
— Vamos logo, Chanyeol! — era Jongin, puxava seu amigo com todas as suas forças, mas o Park estava tão agarrado naquela porta que aquela missão parecia impossível de ser completada — Todos já devem estar esperando, você sabe como eles são, vão acabar se cansando e indo embora!
— Essa é a minha intenção.
Baekhyun já estava impaciente, os primeiros cinco minutos haviam sido engraçados, e interessantes, já que não é todos os dias que se podia ver ao vivo dois homens adultos — com um porte físico maravilhoso — praticamente agarrados, Jongin estava agarrado na cintura de Chanyeol, e olhando da visão de Baekhyun, era algo meio explícito para ficar se olhando.
Ele não desgrudava os olhos.
Mas depois de um tempo cansou. Estava com fome, queria ir comer.
— Jongin, larga ele, se ele não quer, tudo bem, ninguém aqui vai obriga-lo. — o Byun estava muito sério quando disse isso, falou tão firme que o Kim acabou mesmo soltando Chanyeol, o Park ficou tão confiante naquele momento, crente que Baekhyun estava o apoiando que largou a porta.
Uns três segundos de silêncio.
— Sério? — Jongin se arriscou a perguntar.
— Claro que não, agarra ele!
Chanyeol se sentia injustiçado, traído e seu coração estava ferido, da forma mais dramática que poderia ser. Era tudo um plano de Baekhyun para o distrair, assim que soltou a porta Jongin conseguiu o capturar e arrastá-lo até o carro, sempre repetindo que era por uma causa maior e que aquele sacrifício seria recompenso, e muito bem recompensado, afinal, estamos falando de milhões.
Chanyeol não falou com mais ninguém durante o trajeto.
Lu Han fez questão de escolher um lugar que fosse afastado o suficiente de sua casa, onde poderiam se sentar em uma mesa mais reservada e ter uma conversa decente. Assim que chegaram, a pequenina coragem de Chanyeol foi morrendo e ficando estendida no chão a medida que se aproximava da mesa em que seus amigos estavam.
Era uma ótima hora para ter um derrame.
Podia ver o brilho desnecessário das roupas de Yifan de longe, e o sorriso de garoto propaganda de comercial de pasta de dente de Jongdae. Seu maior sonho no momento era ter um desmaio. Baekhyun vinha logo atrás, no começo não queriam dar pinta do que estavam para dizer, e Jongin bastante avulso na cena, segurando-se para não rir. E bem lá na pontinha da mesa, assim que deu a última curva e desviou do último garçom, o Park conseguiu a avistar o causador de seus pesadelos, Lu Han, sorrindo displicente ao lado do marido, que estava avulso na cena, para variar, com sua mesma expressão de quem não queria estar ali.
— Fico muito feliz que tenham vindo. — Chanyeol tentou transparecer um pouco de calma e felicidade, mas por dentro estava furioso e nervoso — Tenho algo muito importante a falar, e ao mesmo tempo muito difícil, então, peço a compreensão de vocês.
O silêncio reinou naquele lugar, tudo o que se ouvia era o som das pessoas mastigando ao redor. Não vamos enganar ninguém, esse foi o momento que o Park mais pensou em desistir daquela ideia maluca e voltar pra casa pra se esconder debaixo da cama. Aquilo já era demais! Estaria mentindo para seus amigos, e tudo por causa de um bendito contrato. O que o dinheiro não fazia?
E olha que nem era tão ganancioso assim, a culpa de tudo aquilo estar acontecendo era de Jongin.
— Cara, relaxa, somos seus amigos. — Zitao, o chinês de cabelo chamativo foi o primeiro a abrir a boca, sua curiosidade falava alto e ficar esperando Chanyeol criar coragem não estava sendo nada divertido.
O Park respirou fundo mais uma vez.
— Tudo bem. — encarou seus amigos, com direito a efeito dramático e tudo — Já faz um tempo que eu me envolvi com uma pessoa, uma pessoa que eu nunca esperava que eu fosse me envolver, mas eu me apaixonei, e essa pessoa é o Baekhyun, eu e ele estamos namorando.
Baekhyun viu que esse era o momento certo para pôr sua mão sobre a de Chanyeol, entrelaçando seus dedos sobre a mesa. Era uma forma de dizer “Eu sou esse tal de Baekhyun, olhem pra mim, eu sou o namorado dele”. E depois disso o silêncio reinou. Um silêncio que chegava a ser constrangedor. Chanyeol olhava apenas para seu colo enquanto Baekhyun olhava para suas mãos juntos.
Jongin segurava a risada.
— Eu não acredito nisso. — Jongdae foi o primeiro a quebrar aquele silêncio horroroso. E ouvir aquilo inflou o ego de Chanyeol, o fazendo acreditar ainda mais em toda a sua masculinidade, claro que uma notícia dessas chocaria seus amigos, afinal, era algo surreal, fora da realidade — Finalmente esse dia chegou!
Algo errado não estava certo.
De repente tudo o que se via eram sorrisos se abrindo, e isso não poderia ser um bom sinal. Mas o pior ainda estava por vir, e Chanyeol teria que ser forte para aguentar aquele tranco.
— Chanyeol, todos nós somos gays, você que sempre foi o metido a hétero da rodinha. — as palavras de Suho não faziam sentido nenhum na cabeça do Park, deu uma tela azul no seu cérebro naquele exato momento — Ninguém nunca te disse nada porque sempre achamos que você pararia de andar conosco por se sentir excluído.
Tela azul ainda.
— Na verdade. — Minseok estava querendo rir quando se pronunciou — Sempre achávamos que você e o Jongin iriam começar a namorar algum dia e então nosso grupo entraria em ordem.
— Numa ordem bem gay. — Yifan não ajudou em nada falando isso.
Chanyeol estava choque, e não saberia dizer quanto tempo passou calado apenas encarando seus amigos, e sua boca estaria aberta se Baekhyun não tivesse empurrado seu queixo de volta. Tela azul, tela azul e mais nada. E agora, o que faria? Aquilo nem fazia sentido, quer dizer, eles sempre postavam fotos juntos, mas nada que indicasse que...
Estava na cara o tempo todo!
— Acho que fiquei um pouco surpreso. — o Park se esforçou para sair de seu choque e parecer normal, Baekhyun queria ir, estava se esforçando muito para ficar quieto, a cara que Chanyeol estava fazendo era hilária — Mas isso é bom, acho que será bem mais fácil para mim, ainda estou me encontrando e tentando... me aceitar, Lu Han e Baekhyun estão me ajudando.
Não sabia de onde tinha tirado todo esse talento para atuar.
Mas estava derretendo por dentro, agora sim teria um derrame.
— Não se preocupe, Chanyeol, nós estamos muito felizes por ter nos contado, te daremos todo o apoio que precisar, somos seus amigos, agora não precisamos mais fingir nada na sua frente. — Suho despejou suas palavras mansas, claramente mostrando que era o mais maduro do grupo — E agora nós poderemos sair de casais, isso vai ser maravilhoso!
Aquilo não iria acabar bem.