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1837 Words
Levanto os braços para o segurança que me revistava e consigo perceber ele meio nervoso, talvez seja por ser uma noite daquelas imprevisíveis que você não sabe se volta pra casa intacto ou se sua família vai receber seus restos em uma sacola preta, mas também pode ser por conta do olhar perfurante de Lorenzo do meu lado, ele parecia querer arrancar os braços do pobre homem como se fosse uma barata. – tenha uma boa noite senhorita_ o segurança fala me deixando passar. – obrigada_ agradeço o homem e sigo do lado de Enzo_ acho difícil isso acontecer_ acrescento baixinho. – falou alguma coisa?_ Enzo olha confuso para mim. – não_ respondo calmamente, mesmo que no meu íntimo estivesse completamente agitada. Ele não responde mais nada e então coloco a máscara que me foi dada a entrada. No salão principal estavam varias pessoas com vestidos deslumbrantes, ternos caríssimos, as mais finas jóias e também o tipo de carácter mais duvidoso possível, para um evento supostamente secreto aquilo estava bem movimentado, tinham garçons bem trajados e com vários tipos de bebidas e aperitivos que vi poucos pegarem, provavelmente não confiavam muito uns nos outros ao ponto de comerem o que era servido sem questionar. – champanhe senhorita?_ um dos garçons me oferece. – ela não bebe_ Enzo responde por mim e então o garçom se retira. – sério?_ o encaro indignada. – você bebe em serviço?_ retruca. – wau e que trabalho incrível, eu nem sequer recebo pelo trabalho, será que sou escrava?_ arqueio a sobrancelha. – quem disse que eu não te vou pagar por isso? – ah vai?_ fico incrédula_ mas como vai pagar se não me perguntou quanto eu cobrava_ cruzo os braços. – e quanto você cobra? Sabe que eu posso pagar_ dá de ombros. – sempre muito humilde_ debocho. – fale o preço honey, i can pay_ pisca para mim. – e se eu dissesse sua fortuna toda, cê pagaria?_ retruco. – primeiro, falar minha fortuna toda não é um valor específico logo, como você cobra um valor que nem sabe especificamente qual é? E segundo, você só teria acesso a minha fortuna toda se casasse comigo e..._ ele finge estar pensando_ nós dois temos só um contrato de negócios nos unindo, nada de até que a morte nos separe_ sorriu de canto. – e você por um acaso daria a..._ sou interrompida pela chegada de 3 homens. – Lorenzo Sanders, faz tempo que não temos um Sanders em nossos encontros, bom vê-lo essa noite_ um dos homens fala cordialmente. – obrigado_ ele responde praticamente sem emoções. – o que o faz vir pessoalmente para cá? Achei que o evento não fosse importante o suficiente para fazer o jovem chefe da máfia se deslocar até Sicília_ o segundo homem fala com certo deboche. – não que isso lhe diga respeito Ferguson, mas eu acho que meu mensageiro não tem deixado claro perante alguns de vós o meu descontentamento com algumas práticas em meu território praticadas por membros das outras famílias, então eu vim para avisar que não me importo em matar os que não entendem meus recados civilizados_ esboça um mini sorriso sádico no rosto. – eu acho que esse não é um bom momento para falar de coisas assim, claramente a bela dama não se sente confortável com isso_ o primeiro homem argumenta. Nesse instante os outros dois homens também olham para mim. – vamos deixar os negócios para a sala de reuniões_ o terceiro homem propõe. – vamos sim_ Enzo assentiu. – e também pedir desculpas a dama, não a cumprimentamos devidamente e fomos rudes, mil desculpas_ o primeiro homem me encara. – não se preocupe, eu não me ofendi_ falo um pouco trémula mas tentando me conter. – não nos irá apresentar a ela Lorenzo? Tem que deixar claro se ela é sua mulher ou está em aberto para uma possível se..._ o tal Ferguson volta a atacar mas dessa vez Enzo nem o deixa terminar. – ela não está disponível para nada e nem a vou apresentar, espero que entenda que ela gosta de sua privacidade_ Enzo argumenta. – e se ela espetar uma faca em alguém, vai permanecer com sua privacidade?_ retruca. – se for em você eu nem me preocuparia em dar um detalhe sequer sobre ela, estaria fazendo um favor ao mundo_ Enzo pisca para o homem que o olha irritado. – sempre tão engraçado não? – e você sempre tão conveniente. O olhar que eles lançavam um para o outro era surreal, parecia que se matariam um ao outro naquele mesmo instante e de diversas formas possíveis. – eu acho que é melhor nos retirarmos_ o terceiro homem propõe. – concordo, nos encontramos em outro instante_ o primeiro fala e então os três saem juntos. – o que foi aquilo?_ pergunto confusa. – nada só um filho da mãe tentando me irritar_ declara calmamente. – pareceu que vocês iam tentar se matar no mesmo instante_ argumento. – ele não vale as balas de minha arma_ dá de ombros. – já que você o diz_ imito sua acção e logo vejo Desmond e Vilma se aproximando com dois copos cada um. Des dá um dos copos com algo que parecia ser uísque para Enzo e Vivi dá uma das taças para mim, que já agradeço e levo para a boca o vinho usando um canudinho pra não ter que tirar a máscara. – eu peguei uma garrafa inteira, acho que vamos precisar_ Desmond avisa mostrando a garrafa de whisky que só agora eu notava. – que merda é essa?_ pergunto ao constatar que aquilo não era vinho. – olha a boca Gabriela_ Enzo me repreende mas estou nem aí para ele. – isso é suco de uva_ Vilma me avisa. – e por que nós estamos tomando suco de uva?_ pergunto confusa. – você está tomando suco de uva, eu estou tomando vinho_ me corrige. – tá de zoação_ olho incrédula para eles. – não podemos dar álcool para uma criança_ Des argumenta. – criança o caramba, eu sou adulta_ retruco. – tem 25 anos?_ Des arqueia a sobrancelha. – estou me controlando pra não mandar meu dedo do meio para você_ mesmo a contragosto tomo outro gole do suco. – não leva a peito mocinha_ fala rindo. – já está na hora, vamos lá_ Enzo fala com seu amigo_ Vilma eu confio em você, e Gabriela_ me analisa_ só não beba nada até eu voltar_ avisa e sai antes que eu respondesse. – não posso nem beber para aturar essa noite_ reclamo. – ele falou que você fica muito atiradinha quando bebê e proibiu de te dar um gole sequer de álcool_ Vilma argumenta. – eu não fico..._ eu ia argumentar mas o olhar dela me faz calar_ ok, entendi_ levo o suco de uva até minha boca_ onde você e o Des estavam?_ pergunto curiosa. – fazendo um estudo do perímetro, nada pode correr m*l_ dá de ombros. – e se correr? – aí eu vou ter que lutar usando esses saltos enormes_ levanta um pouco seu vestido para mostrar os salto_ e esse vestido que mais parece que foi feito pra me sufocar_ reclama. – então você não gosta de vestidos e saltos_ a analiso. – odeio, eu prefiro meus velhos e básicos tênis, um moletom e vida livre_ bebe um pouco de vinho_ sei que você não vai me julgar porque prefere exatamente o mesmo, a praticidade acima de tudo. – verdade_ ri_ já agora, o álcool não compromete vocês? Tipo, se algo correr m*l o álcool não pode atrapalhar? – na verdade não, acho que ajuda mais do que atrapalha_ se aproxima como se fosse contar um segredo_ se eu estiver bêbada não vou exitar por um segundo sequer em matar_ sussurra. – então chega de vinho pra você_ aviso e ela riu. – não se preocupe, sou muito consciente quando bebo_ argumenta voltando a se afastar e ficando atenta a sei lá o que enquanto eu só podia beber meu suco de uva e ver as pessoas fazendo sei lá o quê que fazem nesse tipo de lugares. ••• Quando Enzo e Des saíram daquela sala com vários homens, Vilma ficou automaticamente seria e o clima instantaneamente ficou tenso. – o que está acontecendo?_ pergunto para Vilma. – tem alguma coisa de errado_ ela avisa se levantando e largando sua quarta taça de vinho na mesa em que estávamos. – temos que sair daqui agora, nosso contato na polícia disse que fomos denunciados e tem um esquadrão vindo para cá_ Enzo avisa me fazendo levantar. – não acham estranho que no ano em que o Sanders veio as coisas tenham dado consideravelmente errado?_ novamente o tal do Ferguson se aproxima e provoca. – o que você quer dizer com isso?_ Enzo pergunta se virando para ele. – que você pode ter nos vendido a polícia_ responde acusatório. – ele tem muito a perder, nunca faria algo assim, todos nós o conhecemos e conhecemos seus amigos, Enzo não fez isso_ um dos homens mais velhos responde calmamente. – mas não conhecemos a sua amiga, você nem sequer a quis apresentar, o que ela tem a esconder? Nem seu rosto vimos_ Ferguson aponta para mim. – deixa ela fora disso_ Enzo avisa. – do que você tem medo?_ provoca enquanto os outros já começavam a ficar também curiosos e comentar. – quer que eu trate dele Enzo?_ Desmond pergunta com um sorriso de canto. – uma ordem sua e eu corto a língua dele_ Vilma fala para Enzo e noto seu olhar desejoso de fazer isso. – deixem ele para lá, temos que sair daqui mesmo_ Enzo se vira e faz sinal para que o sigamos. Quando eu vou sair o homem pega meu braço bruscamente e me vira tentando pegar a máscara de meu rosto, o que instintivamente me faz dar um chute no meio de suas pernas e um soco em seu rosto, que acaba me magoando a mão e me deixando boquiaberta por minha própria acção. – ah meu Deus_ falo ao ver que o nariz daquele cara no chão sangrava e alguns me olhavam assustados. – sua v***a_ ele fala segurando seu nariz. – oh, controla sua boca seu o****o_ Enzo se aproxima dele no chão e o encara_ se você voltar a tocar um dedo sequer nela Alan, eu juro que arranco de sua mão um dedo por um_ seu tom de voz foi tão ameaçador que até eu me arrepiei_ e isso serve para todos_ se levanta e vira para os outros. De repente o som de sirenes começou a soar e foi tipo um "cada um por si Deus pra todos", as pessoas corriam em direções opostas e Enzo segurou minha mão me puxando em sua direção para seguirmos juntos até uma das saídas, Vilma e Des estavam conosco e de tão agitado que estava não consegui ver muito do que ocorria, só tendo parado quando chegamos a um beco meio escuro.
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