Cobra narrando Eu tava em casa. Sozinho. Só o som do relógio pendurado na parede marcando o tempo cada tic-tac como uma martelada na minha paciência. O copo vazio na mesa da cozinha, a garrafa de whisky encostada, ainda lacrada. Do outro lado, a gaveta da estante entreaberta. E eu sabia o que tinha ali dentro. Os pino tudo guardado, intactos. Brancos. Perigosos. Chamando meu nome baixinho, igual uma tentação do capeta. Passei a mão na cabeça com força, sentando no sofá com os cotovelos apoiados nos joelhos. Respiração pesada. A raiva martelando na têmpora. O peito cheio, pesado, sufocado. Eu tava com ódio. Não só dela. De mim. p***a, de mim principalmente. Porque mesmo depois de tudo que a Luna ou a Maya, ou seja lá quem ela era, fez, mesmo depois de me meter numa mentira que podia ter

