Matt A noite caiu como um véu pesado sobre a casa. O silêncio era denso, quase palpável, e mesmo com João deitado à minha esquerda e Soraia à direita, eu me sentia sozinho. Não era a primeira vez que dormíamos juntos sem realmente estarmos juntos, mas naquela noite, o espaço entre nós parecia um abismo. Um abismo que eu ajudara a cavar com meu silêncio, mas que também era alimentado pela resistência deles. Ian tinha ido embora há algumas horas. A visita tinha sido leve, divertida até. Ele trouxe vinho, riu das piadas do João, elogiou a nova pintura da Soraia, e me olhou com aquele brilho nos olhos que me fazia esquecer por alguns instantes que tudo estava desmoronando por dentro. Quando ele perguntou se podia dormir aqui, não foi uma provocação. Foi um gesto de carinho, de desejo de pert

