Eu gostava muito dele, e mesmo que ele me provocasse e zombasse, eu ainda o queria.
Eu gostava da companhia dele, e meus pais também. Eles confiaram nele. Eles o amavam. Ele era como uma família para nós.
Um dia, eu estava me preparando para o jantar quando ouvi a porta de um carro se fechar. Eu sorri enquanto eu estava na frente do espelho do banheiro e ajeitei meu cabelo castanho alisado. Eu sabia que era ele. Ouvi outra porta se fechar, porém, e meu sorriso imediatamente desmoronou.
Com uma leve carranca, corri para minha janela, vendo Cane andando pela calçada que estava repleta de folhas laranja e marrons. Meu coração quase falhou quando vi uma mulher ao seu lado, o braço dela ligado ao dele.
Cabelo castanho liso. Lábios vermelhos rosados. Alta e magra, mas não tão magra que não tivesse curvas. Ela era deslumbrante, pelo que eu podia ver.
Afastei-me quando ouvi a campainha tocar, meu coração disparado. Eu era muito intrometida para ficar no meu quarto.
Desci as escadas o mais casualmente possível, a bainha do meu vestido rosa com babados fluindo ao redor das minhas coxas.
Mamãe e papai estavam se apresentando, e então ouvi risos e a voz estridente da mulher dizer: -Uau, eu amo seu vestido!
Eu finalmente virei o corredor enquanto todos eles conversavam e se cumprimentavam.
Cane olhou para mim primeiro.
E então mamãe.
E então ela.
Ela era ainda mais bonita de perto. Pele sedosa, bege, olhos verdes e se*ios empinados. Também não eram falsos. Eu a invejei instantaneamente.
-Você deve ser Erika. Ela disse, dando um passo em minha direção. Ela até tinha boas maneiras. Uau.
-Sou eu. Eu disse, inclinando meu queixo. Ela me puxou para um abraço, e meus olhos se arregalaram. Encontrei os olhos verde-acinzentados de Cane, e um sorriso se contraiu em seus lábios.
Eu evitei uma carranca.
-Tão bom finalmente conhecê-la!
Tony me contou tudo sobre você! Eu sou Kelly.
Tony? Ela usou o primeiro nome dele? Íntimo…
Ela se afastou, e eu sorri para ela. Foi forçado e apertado. -É um prazer conhecê-la também, Kelly.
-Então, o jantar está pronto! Que tal abrirmos aquela garrafa de vinho que você tem aí, Cane, e vamos comer! Declarou papai.
-Ah, isso soa incrível. Disse Kelly. -Eu tenho guardado meu apetite para o jantar de hoje à noite. Cane me contou tudo sobre como sua comida é maravilhosa, Miranda.
Mamãe sorriu e agradeceu graciosamente. Excelente. Ela sabia como beijar a bun*da da mamãe também.
Mamãe não era uma mulher fácil de agradar, mas ela adorava elogios sobre sua cozinha e roupas. Afinal, ela trabalhou duro tentando aperfeiçoar seu visual e seus deliciosos jantares. Ela percorria o Pinterest como uma louca, me perguntando constantemente se algo parecia bom o suficiente para vestir ou cozinhar.
Kelly caminhou com mamãe até a cozinha, papai os seguindo para provavelmente ajudar. Cane estava desabotoando o paletó, prestes a colocá-lo no cabide, quando olhou por cima do ombro para mim. -O que você acha de Kelly? Ele perguntou.
-Ela é bonita. Eu admiti.
Ele sorriu. -Eu sei. Ele pendurou o casaco no cabide. -Com ciumes?
Eu estreitei meus olhos para ele, meu coração batendo lentamente agora. Idi*ota.
Ele estava apenas brincando, mas ele não tinha ideia do quão ciumenta eu realmente estava.
Kelly era charmosa e espirituosa. Ela era simples e prática. Ela sabia quando rir e quando parecer preocupada, chocada e assim por diante. Ela era tudo o que eu não era, e eu queria odiá-la – eu realmente queria – mas não podia.
Ela não merecia meu ódio.
Ela não sabia sobre a paixão incondicional que eu tinha pelo melhor amigo do meu pai.
Ela só me conhecia como Erika Jennings, filha de dezoito anos de Derek e Miranda Jennings.
Então, em vez de direcionar meu ódio para ela, passei para o próprio Sr. Tony Richard Cane.
Sim, foi infantil da minha parte não aceitar mais os chocolates que ele trazia para os nossos jantares, e não dizer mais do que duas palavras para ele sempre que ele aparecia. Era mais do que infantil da minha parte me apressar e terminar minha comida e me retirar da mesa, só para não ver ele e Kelly de mãos dadas, ou se beijando, ou compartilhando uma piada interna. Foi burrice da minha parte pensar que ele se importava com o que eu sentia, quando ele não tinha a menor ideia.
Bem, eu achava que ele não se importava, até que um dia eu estava saindo da escola e o carro dele estava estacionado em frente ao prédio. Era abril, e o sol estava brilhando, sem nuvens à vista.
Cane estava encostado na porta do passageiro de seu SUV vestindo calça cinza e uma camisa preta de botão com as mangas arregaçadas até os cotovelos, um par de óculos de sol Ray-Ban cobrindo os olhos. Eu não podia dizer por trás do tom escuro das lentes, mas eu tinha certeza que seus olhos estavam fixos em mim.
-Oh meu Deus. Fernanda engasgou enquanto saíamos do prédio. -Quem é ele?
Parei de andar, focando nele. -O amigo do meu pai. O que eu tenho falado para você. Eu murmurei. Eu não tinha ideia de por que ele estava aqui agora.
-Ah, o cara gostoso e rico! Ela disse, quase alto o suficiente para ele ouvir. Eu queria estrangulá-la. Meu rosto inundou com calor e vergonha passou por mim.
Parei e segurei os pulsos de Fernanda, olhando-a profundamente nos olhos. -Fique com calma. Ele ainda está olhando para mim?
-Uh, sim. Ela riu. -Ele tirou os óculos escuros. Parece que ele está te cobiçando até a morte.
Olhei para trás com as sobrancelhas franzidas, e Cane realmente havia tirado os óculos escuros. Sua cabeça estava inclinada agora, e ele estalou os dedos duas vezes, uma demanda silenciosa para que eu fosse até ele.
-Eu te ligo mais tarde. Eu disse a ela.
-Por favor! Eu quero saber tudo!
Ela girou, encontrando-se com seu namorado, Troy, no mastro da bandeira.
Desconforto tomou conta de mim, um feixe de nervos se acumulando na boca do meu estômago. Eu andei até ele, e meu coração estava batendo nas minhas costelas. Minha mente estava gritando um milhão de pensamentos diferentes.
Pensamentos como: Ele é tão gostoso. Por que ele tem que ser tão gostoso? Eu o odeio, e seu rosto e******o, arrogante e sexy.
-O que você está fazendo aqui? Eu perguntei, finalmente me encontrando com ele. Olhei em volta, colocando humildemente uma mecha de cabelo atrás da orelha. Todo mundo estava olhando para mim. Eu me senti exposta, como se todos soubessem como eu me sentia em relação a esse homem mais velho e gostoso.
-Seu pai me ligou e me disse que sua mãe tinha uma reunião de última hora e não poderia buscá-la hoje. Disse ele. -Ele está de plantão, como de costume, e já que eu não tenho nenhuma reunião pelo resto do dia, eu disse a ele que viria buscar você.
-Por que? Eu perguntei, apreensiva. -Eu poderia ter pegado o ônibus para a casa da minha amiga.
Ele se virou para o carro, agarrando a maçaneta da porta e abrindo a porta. -Porque eu quis.
Corri minha língua sobre meu lábio inferior seco, olhando ao redor. As pessoas ainda estavam assistindo nossa troca. Acho que se eu visse um homem bonito como Cane estacionado na frente da nossa escola com um carro caro, eu estaria olhando também.
Eu sabia que entrar em seu carro era a única coisa que me pouparia do olhar boquiaberto, então eu deslizei minha mochila, entreguei a ele quando ele estendeu a mão para ela, e entrei. Ele fechou a porta atrás de mim imediatamente.
O cheiro de couro e sândalo me cercava, assim como um pequeno vestígio de tabaco. O carro estava limpo e praticamente vazio, como se ele quase não passasse tempo nele. Não havia nada nos porta-copos além de um isqueiro prateado.
Cane deslizou atrás do volante depois de colocar minha mochila no porta-malas e ligou o motor. Ele saiu, suave e fácil, e ele dirigiu com a mão esquerda, verificando o relógio no pulso.
-Você tem um relógio em seu painel, você sabe. Eu disse.
Ele olhou para o lado. -Cala a boca, Fiona.
Revirei os olhos, mas meu coração dobrou de velocidade. Já estava começando. A brincadeira. Provocando. As piadas internas. Minha própria versão distorcida de paquera.
-Onde estamos indo? Eu perguntei.
-Já que tenho você, pensei em levá-la para um almoço antes de levá-la para casa. Tenho reservas. Você vai gostar.
Eu suspirei, torcendo no meu assento. Suas sobrancelhas baixaram quando ele olhou na minha direção novamente. -Coloque seu maldito cinto de segurança, Erika. Eu não vou ter minha bu*nda chutada por seus pais se algo acontecer.
Quando ele me xingou, eu me senti bem e m*al do mesmo jeito. Ele só xingou quando estávamos sozinhos, e isso me deu uma emoção. Como se fosse uma coisa secreta que só nós sabíamos. Como se ele me considerasse mais velha e em seu nível de maturidade.
Coloquei meu cinto de segurança no lugar e, em seguida, joguei minhas mãos no ar. -Pronto. Feliz agora?
Ele sorriu, mas não disse nada.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, uma música de Elton John saindo dos alto-falantes, quase imperceptível.
-Eu sei por que você está chateado comigo. Ele finalmente disse. -Por que você tem me tratado como merda nos últimos meses.
Eu olhei para ele. -Eu não estou chateada com ninguém. Eu só vejo você quando você vem na minha casa. Como eu posso estar bravo com você?
-É por causa da Kelly? Ele disse, simplesmente ignorando meu comentário.