Capítulo 43

1260 Words
Dimitri não havia deixado margem para dúvida. Antes que Flora pudesse contestar as suas palavras, ela já estava dentro do carro com ele e a sua filha, indo em direção ao shopping da cidade. Ela ainda usava os óculos escuros do dia do velório, tentando esconder os hematomas. Flora olhava para as roupas de Dimitri e para suas próprias roupas, puídas e com buracos, sem saber onde enfiar a cara de tanta vergonha. Assim que chegaram ao shopping, Dimitri pegou a sua filha no colo, e por mais que o coração de Flora ficasse aflito com aquilo, ela tentava ser paciente. Tinha medo do que poderia acontecer se o irritasse; ela não havia esquecido os boatos que o cercavam. Ele as levou a uma loja de grife primeiro, e os seus olhos se arregalaram ao ver o preço das coisas. — Senh... — começou ela, mas apenas um olhar de Dimitri a fez mudar de ideia. — Dimitri, este lugar é muito caro, podemos ir a uma loja mais barata. — Não, já disse que cuidarei de vocês e farei isso direito — respondeu ele antes de se virar para uma vendedora que vinha até eles. — Quero roupas e sapatos para elas. — Claro, senhor. Venha comigo, senhora — disse a vendedora. Sem outra escolha, Flora pegou a sua filha nos braços e acompanhou a vendedora. A mulher lhe mostrou várias roupas, e a cada peça que Flora olhava, os seus olhos se arregalavam mais por causa do preço. Quando encontrou um macacão com um tecido quentinho e não tão caro, decidiu pegá-lo e entregá-lo à vendedora. — Temos um modelo igual para crianças — disse a mulher, olhando para a pequena nos seus braços. — Eu vou querer, então — respondeu Flora. A vendedora trouxe as roupas, e Flora se trocou junto com sua filha. Quando saíram do provador, encontraram o olhar de aprovação de Dimitri. A vendedora entregou uma sandália a Flora, que a calçou, admirando-se com o conforto. Flora escolheu um tênis para sua filha e a encarou com um sorriso no rosto. — Ficou muito bom, senhora — disse a vendedora. — Ficou mesmo — disse Dimitri. — Joguem as roupas que elas estavam usando fora. Vou levar essas e todas as outras peças que elas olharam. Dimitri tinha um sorriso no rosto ao falar aquilo. Ele sabia que Flora havia escolhido a peça mais barata que encontrou e, por mais que tivesse gostado de vê-la vestindo aquela roupa, não queria privá-la de ter outras. — Vou providenciar, senhor — disse a vendedora com um largo sorriso. — Espere — disse Dimitri. — Sim? — Você tem desses casacos? — perguntou, apontando para o seu. — Temos vários desse modelo — respondeu a vendedora. — Ótimo, separe um para ela e outro para a criança. — Claro, senhor — disse a vendedora, correndo para atender ao pedido. — Não é necessário — disse Flora, aflita. Tudo o que passava em sua mente era o que Dimitri poderia exigir dela por aquelas coisas, e ela não sabia se teria como pagar. — Você tem casaco para o frio? — perguntou ele, arqueando a sobrancelha. — Não, mas... — Então não discuta. Se eu quiser levar a loja inteira, eu vou — as suas palavras não permitiam questionamentos. Minutos depois, Dimitri foi até o caixa, pagou pelas compras e pegou as sacolas. Ele retirou os casacos de dentro delas e vestiu um em Flora e o outro em Nina. — É quentinho — disse Nina, esfregando o rostinho nos pelinhos do casaco. Dimitri riu com aquilo; Nina parecia um gatinho manhoso. — Então vamos, temos outros lugares para ir — disse ele, estendendo a mão para Flora. — Oba! — disse Nina, animada. Ouvir a animação da pequena ao seu lado era o melhor presente que Dimitri poderia querer. Ele havia percebido que Flora não se sentia confortável com ele tão próximo da sua filha, mas ela teria que se acostumar com aquilo, pois em breve estariam todos morando juntos, e a pequena seria sua responsabilidade, sendo considerada como a sua filha legítima pela máfia. Eles foram até a loja de joias do shopping, um lugar onde a maioria das peças em exibição era exclusiva e custava uma pequena fortuna. Dimitri nunca ligou para o valor e queria que Flora escolhesse algo de que realmente gostasse, já que usaria o anel para sempre. Assim que entraram, ele explicou à vendedora o que queria, e ela trouxe vários anéis para que Flora escolhesse. — Não pense muito. Escolha algo que realmente chame a sua atenção e que você goste — disse Dimitri ao vê-la observando os anéis à sua frente. Para surpresa dele, Flora escolheu um anel com diamantes rosa. Seu aro era liso, com um diamante rosa no centro, cercado por diamantes menores ao redor. — Uma boa escolha, senhorita — disse a vendedora, enquanto retirava a medida de Flora para ajustar o anel. — Vou mandar ajustar e já trago. Dimitri sorriu; ele via nos olhos de Flora que ela realmente tinha gostado do anel. Um puxão na sua roupa chamou a sua atenção. Ele se inclinou e encontrou o olhar de Nina sobre ele. — E eu, tio? — perguntou ela com os seus grandes olhos castanhos. Dimitri tinha vontade de apertar aquelas bochechas redondas. — Você também quer uma joia? — perguntou ele, abaixando-se na altura dela. — Eu quero — respondeu ela, remexendo-se no lugar. — O que acha de um colar para combinar com o anel da sua mãe? — perguntou ele. A pequena apenas assentiu. Dimitri se levantou e encontrou o olhar curioso de Flora sobre ele. — Enquanto ajustam o anel, gostaria de ver as alianças? — perguntou a vendedora. — Claro. E gostaria de ver um colar para a pequena, se possível com a mesma pedra do anel da mãe dela. — Sim, temos alguns pingentes. Você pode escolher a corrente separadamente — respondeu a vendedora. — Para mim está bom. A vendedora espalhou várias alianças na mesa para que Flora escolhesse e, em seguida, trouxe diversos colares e os colocou sobre a mesa. Dimitri pegou a pequena no colo, erguendo-a para que ela escolhesse o colar. — Qual você quer, pequena? — perguntou ele. Os olhos de Nina percorreram os colares e se fixaram em um mais na ponta. — Aquele, tio — disse ela, apontando para uma corrente toda trabalhada em ouro. — Uma boa escolha — disse ele, pegando a corrente e separando-a. — Traga os pingentes, por favor. A vendedora correu para atender ao pedido e, rapidamente, voltou com uma bandeja nas mãos, contendo vários pingentes com o mesmo diamante rosa do anel de Flora. — Escolha, pequena. Nina escolheu um pingente em formato de flor com um diamante rosa no centro. — Ela tem bom gosto, senhor — comentou a vendedora. — Sim, tem mesmo — respondeu ele, colocando-a no chão e voltando-se para Flora. — Escolheu? Ela ergueu para ele uma aliança de ouro branco, toda trabalhada com diamantes. Dimitri sorriu ao ver aquilo. Ao que parecia, Flora gostava de coisas mais chamativas, mas ele havia gostado das alianças. — Vamos ficar com o par. Depois passo e pago — respondeu Dimitri. — Claro, senhor — respondeu a vendedora. Dimitri pagou e pegou o colar, entregando-o à pequena. — Tem que me prometer que vai cuidar bem dele — disse Dimitri. — Eu prometo, tio — respondeu Nina, estendendo o dedo mínimo. Dimitri encaixou o seu dedo ao dela e selou a promessa.
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