Confusão?

2032 Words
Embora você possa não conhecer esta expressão, no Rio de Janeiro, a palavra resenha significa festinha, baladinha, baguncinha, esquenta, juntar os amigos pra se divertir. Não chega a ser algo muito grande, é uma festa um pouco maior para ser chamada de festa, mas controlada o suficiente para ser chamada de balada. Confuso? Com certeza! Mas caiu no gosto popular dos cariocas que algumas festas noturnas recebam o nome de resenha. Algumas como as de Castanhari, de fato, fogem um pouco do controle, mas qual é o acontecimento que ocorre no Rio de Janeiro que está de fato sob controle? Como não mencionei antes, preciso explicar agora. Renata possui um tombo por Valentim, desde o final do fundamental, quando é de fato que começamos a nos interessar romanticamente por alguém. Renata sempre foi coração de ferro e ardilosa para com todos, menos quando se trata de nosso protagonista. Valentim é quem lhe deixa sem ar e cria borboletas em sua barriga. — Além de bonito, de barba feita e cheiroso, como está? — sussurrou Renata bem próxima ao ouvido de Valentim. Nossa antagonista estava encostada no ombro dele, com os s***s encostando em seu ombro. "Essa fala macia, esse olhar chamativo e este cheiro de morango são inconfundíveis, por vezes quase me entrego à tentação". Era o que Valentim sempre pensava. Seu coração e o cérebro insistiam em brigar entre si quando o assunto era Laura & Renata. — Não como você, mas gostaria, viu? — brincou. — Não porque não quer, só digo isso! — respondeu. Brincadeiras à parte, a dupla até que ressoa bem, são malícia e carícia juntos. O que um tem de timidez o outro tem de ousadia. — Quer mudar o destino da noite? — ousou Renata. — Como assim? — questionou Valentim. — Quero saber se você prefere mudar o rumo de nossa noite e quer ir para outro lugar comigo. Com esta proposta indecente, até mesmo o motorista do Uber a encarava pelo espelhinho retrovisor do centro. — Para de brincadeira Renata, vai chegar um dia em que eu realmente aceitarei uma brincadeira dessas. — respondeu. Renata sorriu e levou na esportiva, mas virou-se para o outro lado do carro e cruzou os braços, ficando assim até o fim da viagem. Agora que você já sabe o que acontece no Uber, precisamos partir para o palco principal do capítulo, à festinha de despedida de Laura. Como ainda não deu tempo de me explicar preciso abrir o jogo logo. Castanhari tem uma queda por Laura desde quando se conheceram no fundamental, quando de fato que começamos a nos interessar pelo s**o oposto. Castanhari nunca prestou, sempre agiu friamente com todas, exceto quando o assunto é nossa protagonista. Laura é quem lhe deixa com a boca ressecada e quem cria juízo em seu cérebro. — Nossa? — assustou-se Castanhari encarando Laura. — O que foi? — encarou. — Pra mim, só a Garoto que fabricava a tentação, mas pelo visto sua mãe também, né? Laura caiu na gargalhada. Os membros da banda que iriam tocar e passavam pelos dois, se viraram apenas para rir da cantada. — Porque ri tanto? — Porque quem fabrica a tentação é a Nestle e não a Garoto. — respondeu. — Perdão pelo erro, é de bombom, eu só entende você. — rebateu Castanhari enquanto a puxava pela cintura. "Essa gargalhada gostosa, essa vibe boa e a alegria que sinto em suas palavras são o que mais me atraem". Era o que Laura realmente sentia. Seu coração e o cérebro travavam constantemente uma luta quando o assunto era Valentim & Castanhari. — Pare com suas brincadeiras, vai? Você ainda nem começou a beber e já está assim, como será o final da noite? — brincou Laura. Ela o empurrou colocando a mão sobre seu rosto. — Você não me dá mole, viu? — E eu dou mole pra quem? — Podia ser diferente, viu? — Como? — Quer sair daqui, abandonar tudo e entrar num tour que mudará a sua noite e a imagem que tem de mim? — O QUE? — É só dizer que quer mudar o rumo de sua noite que eu faço acontecer. Laura engoliu a seco. Castanhari pode ser um antagonista, mas tem bons argumentos e a simpatia necessária para ser um herói. — Não Castanhari, perdão, realmente seria algo maravilhoso, mas não é justo fazer algo assim com Valentim. Mesmo hesitante, Laura se virou para ir embora. Contudo, Castanhari não era muito de perder, sabe? E tentou puxá-la pela mão, Laura continuou andando e parou de frente com Valentim que obviamente notou que Castanhari e Laura estavam de mãos dadas. Para seu infortúnio, Renata, momentos antes deles entrarem, havia dado a mão para Valentim, com a desculpa de que seria para ele cortar caminho para ela em sua frente. Mas nós sabemos que esta não era a real intenção. "De mãos dadas?" — pensaram juntos. Diferente dos sentimentos que sentiam e presavam por seus amores. Castanhari e Renata não se dão muito bem. E mesmo que não tivessem respeito, tinham medo do que um faria com o outro. Ela imediatamente largou a mão de Valentim enquanto Castanhari soltou a mão de Laura, que por atração da física, como estava andando, tropeçou e caiu nos braços de Valentim que serviu de apoio. Renata e Castanhari se encararam aborrecidos um com o outro. "Estragou tudo". — pensaram. A festinha de despedida acontece num casarão de três andares composta por inúmeros quartos que possui um enorme quintal com uma piscina no fundo e uma pequena cobertura para churrasco. Trata-se de um local comercial que o pai de Castanhari estava convertendo à residencial a fim de lucrar com as transformações nele feitas. O clima está um tanto frio, mas quente o suficiente para cair aquela garoa gostosa e fazer subir o cheiro de terra molhada do chão. Nossos quatro personagens principais, alguns inúmeros convidados de Castanhari, penetras e uma banda, mostram como é bom ser jovem nos anos 2000. Quem dá um sonoro alívio ao ambiente, é a banda de 'Pop & Rock' carioca, Catch Side¹, que é formada por uma dupla, um casal de namorados muito bem unidos e verdadeiramente apaixonados. Kaká é a vocalista e guitarrista. Wágner é o baterista e compõe a segunda voz. Ambos comporão músicas famosas como 'Eu E Você', 'Certos Detalhes', 'Daquilo Que Eu Chamo de Amor', 'O Sonho Não Acabou', 'De Volta Pra Casa' e 'Sorrir Chorando'. São da mesma escola que Valentim, Laura, Castanhari e Renata desde sempre e já perderam a conta de quantas vezes as duas duplas se meteram em confusões desenfreadas. A interação entre o 'quarteto fantástico' é como de bons amigos que se dão bem desde crianças. Obviamente que já brigaram e discutiram, caíram na p*****a e se abraçaram. Pararam de se falar e reataram a amizade, inúmeras vezes entre si. Exceto Valentim e Laura que nunca na vida trocaram olhares enfurecidos ou bateram boca. Eles realmente emanavam um ar especial e diferenciado quando estavam juntos. Bem diferente dos outros dois que mais parecem um casal de vilões vindos direto de 'Malhação'. — Eaí cara, esqueceu de me avisar? — cumprimentou Valentim sorrindo. — Fiquei sem bateria cara, mas pelo visto, Renata conseguiu te avisar e pegar à tempo, certo? — respondeu encarando ela. — Como vai amiga? — cumprimentou Renata beijando o rosto de Laura. — Tudo bem e você? Pelo que vejo, parece que sim né, pois veio com o Valentim. — respondeu encarando ele. — Meu anjo? — Seu i****a! Nosso casal favorito se abraça com direito a Valentim erguê-la durante o abraço e a um giro com ela de pernas pro ar. "Não dá pra competir". — pensaram Castanhari e Renata. Os dois saíram de macinho, bem discretamente. "Não aguento mais perder para ele". Era o que corroía os pensamentos de Castanhari. "Não acredito que aquela magricela vale mais do que eu". Era o que comumente martelava na cabeça de Renata. — Você é um amorzinho quando quer, viu? — brincou Valentim. — Você também até que vale a pena quando quer. — rebateu Laura. — Porque demorou? — Porque veio com ela? — Porque estava com ele? — Porque estava com ela? Um cruzou os braços para o outro. Não há dúvidas de quem eram apaixonados, mas ainda assim, estavam um pouco irritados, pois o ciúmes não deixava de perturbar seus corações. — Deixe de graça, vai? Vim aqui por você. — Sério mesmo? Ram! Valentim sorriu. — Me dê um abraço, vai? Quero sentir esse teu perfume enjoativo novamente. — Mas você reclama de tudo, viu? Tudo voltava ao normal. — Mas que festão todo é este? Achei que fosse uma coisa só para os íntimos. — Foi o que planejei, mas o Castanhari se meteu e parece que as coisas fugiram um pouco do controle. — Um pouco? — questionou Laura apontando para a multidão no quinal e a banda se preparando para tocar. — Só um pouquinho, vai? — Quer ficar aqui? — Quero ficar onde você quiser ficar. Valentim e Laura se encararam. E enquanto isso acontecia, a banda finalmente soltava os primeiros acordes da noite com o seu maior clássico: Eu & Você². — De novo estou aqui não sei o que dizer. Parece que as palavras sempre fogem ao te ver. Mas sei que tudo pode acontecer, eu e você". Os dois estavam bem e decidiram ficar para curtir a noite juntos. A banda contribuiu na alteração do clima. Ao contrário de Valentim, o antagonista, Castanhari, era moreno, alto e um tanto forte. Longos cabelos negros brilhantes e bonitos que combinam com as sobrancelhas grossas, os olhos um pouco claros feito um âmbar e as minúsculas sardas que salpicam seu rosto e o torso. Castanhari prendeu seu cabelo com sua típica xuxinha preta. Usava uma roupa preta que combinava com sua personalidade sombria e negativa. Não é de dar valor à nada, pois tem tudo. É um dos playboys metidos e s*******o que existem aos montes no Rio de Janeiro. Tem uma relação meio complexa com Laura que é a única que não lhe dá bola e com Valentim que é seu rival desde o fundamental. Como já mencionei antes, Renata é o completo antônimo de Laura, pois era uma daquelas ruivas que tem o poder de terem tudo na vida, algo que vai desde um rostinho bonito, à um cabelo liso e arrumadinho combinando com sua maquiagem sempre em dia e atrelada à um corpo bem cuidado e escultural. Sequer preciso mencionar seu olhar penetrante e linda tatuagem chamativa da fênix em suas costas. Resumindo? Renata é ardilosa, cafajeste e beija bem, ou seja, possui todas as qualidades de alguém que certamente não presta. Veste um vestido branco, discreto, mas que realça seus traços femininos mais convidativos e chamativos, bem como a vermelhidão de seu cabelo e o tom rosado das bochechas e dos dedos. Não é de dar valor à nada, pois tem tudo. É um das patricinha metidas e nojentas que existem aos montes no Rio de Janeiro. Tem uma relação meio complexa com Valentim que é o único que não lhe dá bola e com Laura que é sua rival desde o fundamental. Estes são os antagonistas da obra para Valentim e Laura. Mas são como qualquer novo adolescente desta época, pois apenas querem a sua felicidade à qualquer custo. Mas é justamente por serem assim que não percebem que seus sentimentos negativos são ruins tanto para os emissores quanto para os receptores. "Não suporto vê-los juntos, o que ela tem que eu não tenho?" "Odeio a forma como se olham, o que ele tem que eu não tenho?" A inveja é um sentimento extremamente corrosivo para o usuário, pois a pessoa perde muita energia ao se centrar em ter o que é do outro e em querer viver a vida do outro. O invejoso sente extremo pesar pelo bem-estar e prosperidade de quem possui o que ele deseja, e é exatamente por isso que deseja o infortúnio daquele que desperta a ira da sua inveja. Valentim e Laura irão combater algo bem mais forte do que a timidez que os rodeia.
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