Destino Torcido

2931 Words
Só porque as coisas se "normalizaram", não queria dizer que estava tudo na completa paz. Porque nada podia se fácil e saudável para mim? Porque as coisas tem que ser tão complicadas? Porque esse mundo esta conspirando contra mim? Pô, eu sou uma controladora de dimensões, dá um tempo! A primeira semana, seguiu-se com o mais intensivo treinamento na manipulação de meus poderes, uso de armas e aprendizado novas técnicas de combate entre outras inúmeras coisas. Alexander em meus sonhos me ajudava no quesito do complexo — e extremamente difícil e exaustivo — controle dos meus poderes e as possibilidades de coisas que podia fazer com ele, muitas das minhas habilidades latentes foram trazidas a tona. Consegui projetar escudos, curar, mover pequenos objetos com a mente e outras coisas que me faziam parecer uma X-men — tipo a Fênix. Com todo esse tempo percebi que Alexander era muito rígido em relação a meu treinamento, às vezes ele dizia que foco e preparo faz muita diferença na liberação e controle de qualquer poder. Agora podia usar boa parte dos meus poderes sem muito esforço. Ainda tinha muitas coisas que eu precisava controlar e era a mais difícil: minha aura. Alexander me explicou que minha energia expandia irrefreadamente e se não aprendesse a manter e canaliza-la, ela traria muitos problemas. Na primeira tentativa, minha forte aura conseguia repelir qualquer objeto sólido. Nas tentativas seguintes, ela começou a atrapalhar meus esforços físicos (A questão de repelir tudo) e meus poderes ficaram descontrolados. Demorou muito, mas pude ao menos conter minha aura antes que chegasse a atrair demônios. Enquanto a Dante, me ensinou luta corpo-a-corpo e o manuseio de armas de todos os tipos, portes e formatos. Foi duro e cansativo, mas valeu a pena. Depois daquele dia, não tive mais pesadelos ou contato com entidades malignas. Pelo menos que eu me lembre, ultimamente minha cabeça estava o caos. E nem mais sinal de Ace, o que era bom e não teria que me preocupar com algum ataque dele. Mas acho que depois de tanto treinar, já me sentia capaz de me defender sozinha. Meu relacionamento com Dante não mudara muita coisa — ou seja, estávamos de volta à estaca zero —, era evidente a maneira estranha e distante que ele me tratava. Apesar da minha tentativa de reaproximação, ele ainda se mantinha o menos próximo possível de mim. Tanto é que evitava dormir comigo. Apenas por isso já considerava seriíssimo. Dante nunca me disse a razão disso, mas eu já tinha uma mera ideia do que seria. O acidente do primeiro dia de treino. Era ridículo que fosse por uma coisa tão fútil, a não ser que tivesse outra boa razão. Dante não era do tipo que se deixava abater por coisas simples. [Flashback] Era quase meia noite — ou passava da meia noite. Eu não conseguia dormir. Fiquei tacitamente olhando para Dante dormindo no sofá. Seus braços cruzado sob a cabeça, totalmente relaxado. Ficava pensando quando Dante deixaria de dormir no sofá da pequena sala e dormiria abraçado a mim na cama enorme do quarto. Que sem ele, parecia terrivelmente vazia. Nunca pensei que sentiria tanta falta em dormir com Dante. — Porque esta me evitando, seu e******o? — sussurrei, ainda olhando para o rosto pacifico dele. — Ai! Ai! Você é o i****a mais sexy do mundo! — Sei que sou o i****a mais sexy do mundo! — Dante respondeu, ainda de olhos fechados. Assustei-me e cai para trás. Ele abriu um olho — O que faz acordada há essa hora? — Eh... hora...? Bem... eu...meio que não sei... — tentei manter a calma, mas não pude. — Quanto tempo esta acordado? — Mais tempo que você, doçura! E você não me respondeu a minha pergunta — Ah, sim! Eu estava passando o tempo! — conclui, sem jeito. — Passando o tempo me vendo dormir? Agora ele me pegou. — Vai dizer que não gosta? — Não quando estou tentando dormir — Ok! — Vá dormir, doçura! Acreditava que Dante fosse me dizer alguma coisa significativa ou me fizesse alguma coisa, tipo me beijasse. Fiquei um pouco desapontada. Juntando toda minha coragem, fechei os olhos e encolhi levemente os lábios. Eu queria um beijo. Fazia muito tempo que ele não me beijava ou até mesmo tocava. Tinha certeza que ele aproveitaria a chance. Esperei que Dante entendesse o recado. Eu apenas senti quando fui erguida e abri bruscamente os olhos. — Dante! — gemi, agoniada — Eu só quero um beijo! Um beijo de boa noite! — Você não sabe o que quer! — Sei muito bem o que quero e quero você! — rebati irritada. — Pare de me tratar como se fosse uma estranha. Poxa dá um desconto, não sou totalmente estúpida! Você nem ao menos quer dividir a cama comigo Dante em silencio me deitou delicadamente na cama. Eu me agarrei a ele, como uma criança impertinente. Se o soltasse, nunca mais teria uma chance como essa. Dante se libertou dos meus braços restritivos e me deixou sozinha e muito magoada. Adormeci, mas antes de apagar totalmente ouvi um baque de algo quebrando. Naquela manhã, havia um buraco na parede da sala. Achei melhor nem perguntar o que houve, não queria que sobrasse para mim. [Flashback Off] Isso aconteceu há uns dias atrás. Eu ainda pensava nisso. Mas agora tinha que me concentrar no que fazia. Frente a frente com Dante, me posicionei rápida e perspicaz. Segurei firme a espada de energia, a arma leve se adaptou facilmente aos meus movimentos. Joguei meu corpo para frente e me prontifiquei para atacar Dante. Teria sido um ataque certeiro se Dante não tivesse desviado, pulando por cima de mim. A lamina de Rebellion e — que carinhosamente chamo de — espada de luz se riscaram. Combate entre duas espadas se chocando foi desvantajosa para mim que não tinha tanta força quanto Dante. Eu cai pesadamente no chão. A espada de luz se desfez. — Tempo! — pedi, enxugando o suor da minha testa. Massageei meu traseiro. — Preciso urgentemente de uma longa pausa, Dante! — Achei que tivesse mais disposição — ele ralhou — Tudo bem, te dou duas horas. Dante caminhou para dentro da cabana, enquanto fiquei na campina. O calor estava forte apesar de o sol estar sem pondo, e aproveitei para ir a um lago que ficava bem próximo. Depois de uma curta viagem em meio a arvores e uma subida íngreme, finalmente cheguei ao lugar, assim poderia relaxar nem que fosse por pouco tempo. O lago tinha águas cristalinas encoberto por algumas pedras e plantas. Toquei a água com a ponta dos pés e constatei que estava fria. Rapidamente tirei minhas roupas — não totalmente, ficando apenas com peças intimas —, como ninguém conhecia o lugar não me preocupei em ver se havia alguém me espionando. Entrei na água cautelosa pelo contato da minha pele quente e suada com a água fria e fresca, e também para me manter numa zona de segurança. Tenho que ter total precaução, já que eu não sabia nadar, então somente ficaria na parte rasa. Relaxei todos os músculos doloridos, boiando sobre o rio. Fechei os olhos, sentindo o calor sob minha pele. No entanto, algo bloqueou a passagem da luz. Quando abri os olhos, vi Dante me encarando fixamente. Seus olhos azuis num misto de satisfação e... desejo? Engoli em seco, usando meus braços para me cobrir. — Dante, o que faz aqui? — indaguei, envergonhada. — Me senti um pouco sozinho — ele respondeu — Então, vai me dizer que não posso relaxar com minha garota favorita? — É engraçado você falar isso, já que passou a semana toda me evitando! — rebati, me afastando da beira do lago onde agora Dante esta. — Se quiser relaxar, fique a vontade! Dante começou a se despir, sem se importar de ser observado. Apesar da minha tentativa de ignorar a visão, não pude deixar de olha-lo. Dante deu um sorriso convencido. Irritada, virei e fiquei encarando uma fileira de pedras. A água se agitou assim que Dante entrou. Eu podia sentir a aproximação atrás de mim. — Podíamos aproveitar, não é? — Dante sussurrou perto do meu ouvido, me arrepiei. Ele nem parecia o mesmo Dante de dias atrás, que sempre me evitava. — A-ap-prove-itar? — gaguejei nervosa. — É, um pouco de diversão! — ele me puxou para perto, enlaçando minha cintura. Naquele momento, não sabia se tremia por causa da baixa temperatura ou pela sensação estranha que Dante me causava. Eu ainda não sabia muito bem lidar com aquelas novas experiências. Eu era uma novata e — estupidamente — inocente. — Eh... unh, não sei o que esta falando — fingi desinteresse. De repente, Dante me virou para encara-lo de frente. É a minha deixa! Joguei-me nos braços dele e o beijei. Foi quase que instintivo. As mãos de Dante afagaram minhas costas e eu o puxei para ainda mais perto e toquei seu cabelo. Então, Dante parou o beijo e me encarou com a sobrancelha erguida. — Por que não abre a boca? — ele perguntou, pisquei confusa. — Como? É para abrir? — respondi inocentemente. Eu realmente não tinha ideia do que ele estava falando — estava boiando no assunto. Dante soltou uma risada e balançou a cabeça. — Nunca deu um beijo de língua, doçura? Arregalei os olhos em perplexidade e constrangimento. Eu queria enfiar a cara num buraco e nunca mais sair. — Pela sua reação, acho que não! — Dante lambeu os lábios. Aquela boca arrogante e sensual. — Não se preocupe, eu vou te ensinar! Dante me puxou para outro beijo. Esse era diferente do anterior. Toda força e sensualidade fundida ali. Não havia momento para arrependimentos ou até mesmo para pensar — que era um dos meus principais problemas, pensar demais. O que eu sentia naqueles maravilhosos minutos não era apenas paixão, mas um amor tão forte e arrasador que me tirava às forças e desabava as barreiras que protegiam meu coração. Aquela sensação me fazia tremer por dentro. Nunca me cansaria daqueles efeitos que Dante me causava. Até esqueci o fato de ele ter se afastado de mim e estar me evitado. A língua de Dante pediu passagem que prontamente dei. Ela explorou minha boca e mecanicamente nossas línguas lutaram pelo comando. As mãos de Dante me apertaram possessivamente, tateando cada parte do meu corpo. Tombei a cabeça em total entrega. Era tudo ou nada. Agora é a sua chance Dante, não me deixe pensar demais... Sem tempo para refletir. Dante começou a descer os beijos pelo meu pescoço. Soltei um longo gemido. Ele parou e me olhou, seus olhos azuis nublados em luxuria. A intensidade de seu olhar teria sido assustador, só que eu estava preparada para seguir em frente e sabia que enquanto estivesse com Dante, não podia ter medo de nada. Através daquele beijo, nosso prazer e desejo nos atraiam muito mais energia. O toque de Dante se tornou ríspido e agressivo, quase que animalesco. Minha pele começou a doer e arder no lugar onde ele tocava. — Dante... Dói! — gemi com a dor. Senti algo quente escorrer pelas minhas costas e o horrível e enjoativo cheiro de ferrugem encheu minhas narinas. Eu estava sangrando. Sangue saia livremente do corte proveniente das minhas costas. Dante recuou lentamente. — Merda! — resmungou se afastando rapidamente de mim. Consegui ver a raiva e a culpa enchendo-o. Finalmente entendi o porquê de Dante ter me evitado. As coisas estavam finalmente claras; Dante queria me proteger de si mesmo. Apesar da forte dor da minha ferida — nem me importei muito com ela, já que eu me curaria rápido — peguei a mão de Dante. Ele tentava se libertar de minhas mãos. — p***a, Diva! — ele vociferou, seus olhos me encaravam severamente. — Será que até numa situação como essa, você insisti em ser inconveniente. Eu te machuco e você ainda quer ficar perto de mim. — Cala boca, seu bastardo! — minhas lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto. Estou me tornando uma chorona. — Por que não me disse? — Dizer o que? Que não consigo me controlar mais como antes? Que o meu demônio interior se tornou um pé no saco? — Você é um i****a! i****a! i****a! Eu achando que tinha feito algo errado. Ou o que o incidente no inicio do treinamento... — eu quase acrescentei a minha visão do pai dele, mas não achei que seria uma boa ideia — O dia do treinamento foi apenas a gota d'água... — Ainda não entendo... porque!? — Quer que eu desenhe ou soletre? Droga, eu quero te f***r! Mas quanto mais me aproximo de você, mais meu demônio fica descontrolado e não quero te matar enquanto trepamos. Ou se simplesmente quando te tocar. Como aconteceu agora. Entendeu? Esta feliz agora? Eu nem conseguia mais controlar minhas emoções. Parte disso poderia ser minha culpa. — Isso é minha culpa! Se eu conseguisse dominar minha aura seu demônio interior não estaria assim... — refleti, triste. Alexander me alertou sobre o poder da minha aura e as coisas que podia acarretar. Principalmente em demônios — Isso é de quanto tempo? — Olha, isso não é sua... — Me responda! — interrompi, minha voz embargada. — Ok, senhorita nervosinha — ele jogou as mãos para o alto em sinal de rendição — Um tempo depois que te resgatei. Lembrei do dia em que voltei a estar com Dante, e quando ele tinha saído sem dizer aonde fora. Era desde daquele momento que ele não tinha mais controle de si. Claro que depois daquele dia, eu nunca cheguei a perguntar nada a ele relacionado à saída inesperada dele. Minha ferida já não doía mais, o que me deu liberdade para abraçar Dante com todas as forças que tinha. Aquilo era arriscado — tanto para mim quanto para ele —, mas não me importei com isso. Dante sempre me defenderia de qualquer m*l que me ameaçasse. Mesmo que o incluísse. Por isso eu o amava. — Dante... Se estar nos seus braços signifique me jogar no inferno e sentir as piores dores possíveis — fiz uma pausa, respirando fundo — Não hesitaria em nenhum momento em me entregar a você. Mas se com minha presença te machucar, do mesmo modo que não hesitaria em me arriscar para estar com você, não hesitaria em me afastar de você — as palavras começaram a fluir num ritmo natural — mesmo que com isso parta meu coração. Eu quero unir a minha vida a você! Quero te ajudar a enfrentar esses problemas! Fiquei respirando pausadamente. Dante tentava absorver minha declaração. Eu finalmente tinha conseguido me confessar, mesmo que a situação não tenha sido as das melhores. O silencio pairou pelos ares, os únicos sons audíveis eram do vento e dos pequenos animais que passavam. — Essa foi uma p**a declaração. Eu já sabia que você me amava, doçura! — os lábios dele se flexionaram ligeiramente, abrindo um sorriso arrogante. — Sempre soube que escondia um forte sentimento por mim, que não era apenas excitação. — Pare de debochar, i****a! Explodimos em gargalhadas. — Esta tudo, Ok? — ele apontou para minhas costas. Ele solenemente deu um suave sorriso. — Ok! — Ok, então! — Ora, Dante pare de flertar comigo — brinquei, rindo. Dante me olhou sem entender. — Vamos voltar, esta ficando tarde. — disse sem dar chance para Dante argumentar. Peguei minhas roupas e Dante as dele. O tempo passou rápido, quando chegamos à campina a lua estava no topo enfeitando o céu escuro. Atirei-me no gramado e fiz sinal para Dante deitar comigo. — Dante você ainda quer dormir comigo? — indaguei. — Depende! — Depende de que? — Depois de uma longa noite de... — Nem vem que não tem. — afaguei meus braços que estava arrepiado pelo vento frio. Aconcheguei-me nos braços de Dante tentando me aquecer. — Ah, baby, é uma boa maneira de se aquecer — Não vamos f********o. — disse eu, séria. Cruzei os braços sobre meu peito. — Você cortou o clima! — De qualquer forma, você não pode culpar um homem por tentar. — Se insistir, dessa vez será eu não te deixarei dormir na nossa cama. — Não está mais aqui quem falou! Fiquei olhando o céu estrelado. — Dante... eu — comecei, engolindo em seco. Estava disposta a confessar o que sentia, mas não era fácil. Por que nos filmes, series e livros é tão fácil dizer as três palavrinhas mágicas "Eu te amo"? — Eu... — Tá, entendi 'você'! — Deixa pra lá! — desisti desanimada. Acho que nunca vou conseguir dizer a ele o que sinto. A vida de uma jovem unchant apaixonada é difícil, muito mais que enfrentar demônios. Aí aí, coisas do coração... Uma brisa com cheiro suave de flores do campo passou por nós. Eu podia me acostumar a viver nesse mundo permanentemente, já que não achei uma forma de voltar ao meu mundo original. Sentia saudade da minha família, Lyana, meus amigos e até mesmo das pessoas que não iam muito com a minha cara (Na verdade queria esfregar na cara dessas pessoas o fato de ter um quase-namorado-protetor famoso, forte e quente. Sou má!). — Amanhã vamos ver Eryna — Para que? — Assunto de negócios Dante evasivo como sempre. Suspirei. Amanhã seria um longo dia. Mas até que esse dia termine... Só queria me afogar nos braços do Devil Hunter que eu amava. Quero acreditar que essa noite o mundo é apenas nosso.
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