Destinados a Serem Um

1319 Words
Quando Dante me disse que veríamos Eryna, ele não especificou que na verdade me deixaria — literalmente — para escanteio. A real questão de todo esse mistério era que a conversa não me envolvia diretamente — pelo menos era o que pensava —, por isso fui deixada de lado. Mas do que nunca me senti alheia ao que acontecia. Será que Dante não confia em mim? Fora uma longa e exaustiva caminhada até finalmente chegar ao lugar tão conhecido por mim, no qual já me acostumara. No momento em que chegamos ao museu, Maya com uma animação contagiante disparou para meus braços e me puxou para longe de Dante e Eryna. Pensei que ele fosse me ajudar a me livrar de Maya, só que não o fez. Agora, cá estamos. Estava caminhando por entre as obras de arte que enfeitavam cada canto do lugar. Desde pequenos objetos aos maiores e mais significativos. Agora a minha frente podia ver perfeitamente a estátua de Sparda. Alta, imponente e assustadora em todos seus detalhados contornos. Maya me mostrou cada peça daquele museu com empolgação. Apesar de ser tão nova, ela mostrava-se bastante apegada a antiguidades. — Olha que lindo esse enfeite de cabelo! — ela mostrou um pequeno grampo dourado com pequenas pedrinhas de esmeralda e a colocou no próprio cabelo. — Combina, né? — Ah, claro! — concordei. Espiei na direção onde Dante e Eryna deveria estar, porém não os encontrei. — Sabe, não havia notado antes, mas esta mais esbelta, Diva — Maya elogiou, fazendo com que voltasse a realidade. — Obrigada, Maya. Eu realmente adoraria saber o que Dante tanto conversava com Eryna — que ele não queria que eu soubesse. Dante Dante espiou por cima dos ombros Diva sair quase que arrastada por Maya, antes lhe lançando um olhar suplicante. Ele pensou em ajudar a jovem, mas queria conversar as sós com Eryna. Um assunto de grande importância que tinha que ser tratado com discrição. Ele não poderia falar para Diva, pelo menos não agora. E mesmo confiando nela, ele tinha que esclarecer todas as suas duvidas antes de falar abertamente. Dante esperou que ambas as garotas saíssem de cena para iniciar a conversa com mais tranquilidade. Agora podia apenas ouvir os protestos distantes de Diva, que não se mostrava tão participativa. — O que falar comigo, Dante? — Eryna perguntou, porem parecia ser quase uma pergunta retórica. Ela tinha uma breve ideia do que afligia o mestiço. Algo profundo. — É o seguinte; Eu me sinto estranho perto da Diva — despejou, sem pensar. — Estranho? — Eryna rebateu cética. — Seja mais especifico, por favor! — Não sei explicar... Algo realmente curioso esta acontecendo comigo... — ele pausou, tentando procurar palavras para expor o que sentia. Era um sentimento muito esquisito, que nunca sentira antes. Não era fácil dizer em simples palavras. — Primeiro; não tenho certeza mas eu acho que posso ouvir os pensamentos de Diva, lembro-me de uma vez ter sentido a mente dela se conectando a minha quando Ace a sequestrou, sei quase com exatidão o que ela sente quando estamos juntos... — E sente que não pode e não consegue ficar longe dela? — um sorriso tranquilizador se formou nos lábios de Eryna e Dante arqueou as sobrancelhas. — Sente uma forte conexão com ela? Mesmo com pouco tempo que se conhecem, parece que na verdade se conhecem há anos? — É isso aí! — É raro, mas também é normal que se sinta dessa forma — explicou, gentilmente — Já que compartilham uma forte ligação. Aparentemente, você e Diva são ligados pelo cordão prateado, radiante e potente. — Cordão prateado? — ele perguntou incrédulo. — Bem, é conhecido como "Amarra do destino" ou "Laço espiritual". É a ligação mais poderosa de duas pessoas, semelhante à alma gêmea para os humanos. Diva deve ter criado-o inconscientemente. Então, ela pode não estar ciente disso. Em outros termos, vocês dois são destinados um ao outro. Isso faz com que sinta o que ela sente e ouça o que pensa. Uma conexão inquebrável. — Eryna soltou uma doce e melodiosa risada — Mas isso não é algo que mereça tanta preocupação, Dante. Até por que Diva parece se dar muito bem com essas emoções, em plena sintonia. Devia dizer a ela sobre isso, não é algo que possa ser escondido por muito tempo! A resposta para todas as perguntas de Dante ocorreram de forma tão simples. — É pode ser — Dante refletiu, coçando a barba por fazer — Mas ainda tenho minhas duvidas... Dante parou quando ouviu um grito engasgado e correu para ver o que acontecera, ele seguiu pelo cheiro de sangue até encontrar Diva encarando a própria mão que escorria uma grande quantidade de sangue. O liquido vermelho escarlate caia suave pela pele clara da garota. Ela parecia desnorteada demais para fazer algo enquanto encarava a mão ferida e a poça que se formara ali. Diva Sempre odiei o cheiro de sangue. Enjoativo e amargo, o leve aroma invadiu minhas narinas. O corte ardia e pulsava como um coração palpitante. Não foi uma ideia tão boa pegar num caco do chão sem cuidado. Eu tive meus motivos para fazer — culpa é uma delas —, já que eu que havia derrubado sem querer o pequeno vaso. O vaso era de cerâmica branca com desenhos que pareciam arte romana; pequenos espirais e formas humanas. Imagine que cômico fora o acidente, Maya havia visto uma barata voadora — e como eu odiava baratas voadoras, mas não podia admitir em voz alta — saímos correndo feito duas loucas até que Maya tropeçou em mim e nós caímos perto do vaso. Meu acidente foi quase inevitável. Agora o vaso jazia no chão em pedaços. Dante segurou delicadamente minha mão é limpou o sangue com um lenço. Ele parecia distante, com olhar preocupado, os olhos azuis focados na limpeza do corte. Dei um sorriso amarelo. — Sou muito desastrada — afirmei, constrangida — Muito mesmo! — É, mas preste mais atenção no que faz — Dante advertiu — Sorte que você não é humana comum, se não teria sérios problemas com perda de sangue. Assenti. Maya tentou me ajudar, mas Dante a fulminou com um olhar gélido e afiado. Capaz até de gelar a alma. Ela se afastou e permaneceu paralisada. Nossa, levei uma bronca do Dante e Maya quase morreu...Que estranho! Acabei rindo internamente com isso. Com uma facilidade impressionante, Dante me ergueu, puxando-me para perto. Ele estava agindo de uma forma bem estranha. Sendo super protetor, afetuoso e amoroso. Eu acho tinha descoberto uma parte de Dante que talvez que ninguém nunca vira. Acomodei-me numa cadeira e Eryna tocou minha mão ferida que já se curava. — Diva? — Eryna anunciou, calma — Esta tudo bem, Diva? — Sim, a dor do corte esta passando. — Que bom! — ela apertou minha mão — Sua aura esta mais forte do que na ultima vez que nos vimos. — Intensos treinamentos. — expliquei. — Compreendo — De repente, ela ficou seria e prosseguiu: — Agora que esta tudo bem e que estamos reunidos, tenho algo importante para falar... é sobre Ace A menção daquele nome fez meu coração falhar uma batida e meu sangue gelar. Tínhamos mesmo que falar dele? Estávamos reunidos na pequena sala. A tensão pairava no ar, tão densa e rarefeita que minha respiração exigia mais esforço que o normal. Uma bomba esta prestes a explodir, essa era impressão naquele momento. — Andei seguindo os rastros de Ace, ele anda muito inquieto e sinto que planeja algo grande — Eryna anunciou, sua voz carregada de preocupação. — O que Ace esta tramando então? — indaguei curiosa, mas ainda um tanto nervosa. — Não sei ao certo, mas pelas minhas fontes e visões — pela sua expressão, ela parecia procurar medir seriamente as palavras — Ele pode estar atrás do Santo Graal!
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