Festival das Estrelas, a Eterna Noite Sombria

4009 Words
Não preciso dizer que Dante detestou a ideia. Isso não é por ele não gostar de festa, até porque quando se pensa em uma verdadeira festa logo pensamos em Dante. Era mais por desconfiança mesmo. Precisou muita paciência e persuasão da minha parte para convencê-lo do contrario. Assim que saímos do templo, fomos recebidos por uma verdadeira procissão. Passeamos por toda cidade e conhecemos mais e fundo a historia da ilha. Cada rua que passávamos estava enfeitada com fitas coloridas com desenhos de estrelas e pequenos balões de papel, havia também pequenas e brilhantes pedrinhas emoldurando arvores e as altas paredes. Pelo que podia ver, o festival será um grande evento. Passamos a tarde toda nos familiarizando com a área. As mulheres monopolizavam meu tempo me mostrando tudo que o lugar tinha para oferecer. A ultima vez que virá Dante, ele estava sendo "voluntariamente" arrastado pelos homens. Dava para perceber seu aborrecimento, mesmo que não o mostrasse claramente com sua atitude despreocupada, eu sabia. O festival seria a noite, então teria bastante tempo para me organizar e me preparar. Uma das mulheres que se identificou como Saary, levou-me para um grande e luxuoso casarão. Algumas mulheres nos acompanharam sendo; Miira, Kahl e Valkyrie. No momento, em que entramos em uma enorme sala com aroma de rosa e canela e com uma banheira no centro, elas me ajudaram a despir o restante de minhas roupas — que foi bastante constrangedor, principalmente a ideia ficar nua e exposta dessa forma para desconhecidas —, o cheiro eram tão agradável e tranquilizante e deixe-me ser guiada para água quente. Instintivamente me arrepiei com a troca de temperatura. Miira pegou meus cabelos e molhou com uma delicada bacia de flores lavando-o com sabão de lavanda, aproveitou para fazer massagem em círculos suaves. Alias, nem tinha reparado que meu cabelo cresceu bastante, batiam em meus ombros agora. Kahl e Valkyrie me ajudavam a lavar, esfregando a esponja em minhas pernas e costas. Era tão refrescante e relaxante. Assim que terminamos, me sequei em uma toalha felpuda. Saary mostrou-me um lindo vestido; roxo com delicados enfeites arroxeados e prateados. Ela deixou-o pendurado para quando estivesse completamente pronta pudesse vesti-lo. As mãos de Saary começaram a tocar e traçar detalhadamente meu cabelo, Miira a ajudou. Tentei cochilar enquanto as mulheres davam um trato na minha aparência de zumbi. Senti varias mãos passando em meu cabelo era relaxante. Todas se empolgaram, podia ouvir cochichos e risadinhas, enquanto me arrumavam. Após terminarem, elas me entregaram o lindo vestido de tecido leve que se aderiu perfeitamente às curvas do meu corpo. Chegou a hora! Respirei fundo, dando passos vacilantes até o espelho de corpo inteiro. Foquei meus olhos no reflexo e paralisei. A mulher que via era completamente diferente do que imaginara. Os olhos grandes e castanhos a pele clara e cremosa, levemente rosada. Meus lábios estavam em um tom de rosa claro e de aspecto saudável. Meu cabelo estava solto e algumas mechas prendiam atrás da cabeça em pequenas tranças. Girei devagar diante do espelho, admirando a visão do espelho. — Esta parecendo uma verdadeira princesa — disse Kahl solenemente. — Sim, uma princesa diva — concordou Miira, fazendo um trocadilho com meu apelido. — Uma deusa, isso sim! — Saary pronunciou, todas assentiram em concordância. A escuridão da noite tomara o céu, quando — segundo as mulheres estava apresentável —, finalmente sai. As varias luzes cintilantes e coloridas iluminavam as ruas. Se somente no dia a decoração estava lindíssima, agora a noite ficara ainda mais bonito. Enquanto caminhava, muitas pessoas me saudavam e alguns apenas me encaravam abismados — já mencionei que odiava ser o centro das atenções? — Doçura? — ouvi a voz familiar de Dante me chamar. Automaticamente, virei-me e o encontrei parado com uma roupa vermelha que lhe caia muito bem. Até assim Dante estaria de vermelho. Ele usava uma camisa de preta e um casaco vermelho, a calça era de linho também vermelha e os sapatos pretos. Se não o conhecesse, diria que Dante era um homem normal — claro que mais bonito e arrogante. Aproximei-me dele, fazendo mesura. — Como estou? — perguntei, sorrindo amplamente com a expressão deslumbrada de Dante. — Hm, divina? — Uh, outro trocadilho com diva! — resmunguei, rindo docemente. Ele riu. — Esta linda e gostosa! — Ah, Dante você não tem jeito! Dante me impressionou quando me deu o braço para que caminhássemos como um casal. Eu nunca esperaria que ele fizesse algo assim e em publico. Logo, Dante o homem mais inalcançável e mulherengo, cujo todas as mulheres que conhecia passavam por sua cama — tirando Trish, Lady, Lucia e eu é claro (Embora não posso me incluir por enquanto, sem contar que dormíamos na mesma cama) —, que nunca se prendia a ninguém e orgulhoso, com menosprezo com tudo que envolva amor. Realmente era arrebatador. Como era raro algo assim, aproveitei a oportunidade, mas antes queria esclarecer algumas coisas. — Dante, por que esta agindo desse jeito? — Que jeito? — ele arqueou a sobrancelha, colocando o braço por cima dos meus ombros, apertando-o fracamente. Percebi que muitos rapazes se intimidaram com a presença de Dante. — Gentil e um pouco possessivo. — É apenas para mostrar aos outros que a mercadoria tem dono. Dei um tapa no estômago dele. Eu odiava o modo que ele falava comigo. — Não sou um objeto! — rebati. — E não tenho dono! — f**a-se, não quero que ninguém toque em você. Revirei os olhos. Impressão minha ou o todo confiante Dante esta com ciúme? Agora posso me vingar daquela vez que ele me fez fica com ciúme. — Ora Dante, esta com ciúme? Não confia no seu taco? Sabia que seria insano da minha parte provocar Dante dessa forma, pois ele era do tipo de pessoa estável. Tinha que mexer profundamente em seu ego para ver algo acontecer. Faíscas, talvez? Afastei-me dele e cumprimentei um dos rapazes que vieram conversar comigo. Um grupo se formara em minha volta e todos os rapazes disputavam minha atenção. De repente, o ar ficara pesado e tenso e o grupo começou a se dissolver quando Dante apareceu entre eles com um sorriso de escárnio. Dante me arrastou para um local mais afastado e escuro. — Da-Dante — gemi, constrangida. — Shh, não vai querer que alguém ouça, vai? — sussurrou, sedutoramente. Neguei com a cabeça. — Tch, preste atenção, não tenho ciúmes de ninguém e confio no meu taco. Mais do que imagina. Agora, faça o favor de não me provocar se você não irá aguentar o que pode acontecer. A não ser, que prefira ser punida na frente de tanta gente? — ele sorriu sombriamente. Eu não sabia o que responder, era a primeira vez que confrontava Dante sombrio e selvagem. Voltamos para multidão como se nada tivesse acontecido. Eu ainda estava vermelha quando uma das garotas me puxou para fazer um ritual. Primeiro tive que escolher entre um balãozinho e um barquinho para realizar um pedido. O ritual era feito da seguinte forma; se preferir o balão para fazer o pedido significava que a pessoa que amavam estava longe — ou ainda não apareceu — e o barco era para se a pessoa que amasse estivesse perto. Então escreveria um desejo, o nome da pessoa e usaria uma flor. Bem simples, porém somente as jovens solteiras podiam fazer. Algo para conseguir encontrar sua alma gêmea. Estávamos na beira do lago. Eu segurava delicadamente meu barco, pousei na água que tremulou com o contato em seguida depositei o papel com o desejo e o nome do homem que amava juntamente com uma rosa vermelha que combinava com Dante. Algumas garotas estavam com os balões, embora a grande maioria fosse de barcos. Olhei Dante por cima dos ombros dando um sorriso. Soltamos simultaneamente os barcos e os balões. Fiquei olhando meu barquinho desaparecer na imensidão do mar, mas reparando melhor na rosa pude ver que estranhamente um lado estava azul, bem como a peguei tinha certeza que era totalmente vermelha. Porque ela estava com um lado azul? Balancei a cabeça, afastando qualquer pensamento negativo da minha mente. Hoje finalmente teria paz, mesmo que fosse curta. Dante me recebeu de braços abertos — figurativamente. O festival estava bastante animado. Tive todo cuidado para não ingerir bebidas alcoólicas. Não queria ficar bêbada — eu tenho pouca tolerância a álcool, o que me faz ficar facilmente bêbada. — O que pediu? — Dante sussurrou, próximo ao meu ouvido. Arrepiei-me. — Se contar não vai se realizar. — É, tem razão. Mas tenho certeza que era sobre mim! — E como pode ter tanta certeza? Agora o mundo gira em torno de Dante? — O mundo não sei, mas o seu mundo quem sabe? Ele piscou. — Bobo! Ouvi uma algazarra de crianças que estavam empolgados com a possibilidade de terem fogos. Elas corriam e gritavam com animação contagiante. O primeiro jato explodiu na escuridão, iluminando-o parcialmente. Apreciei a visão dos fogos de artifício explodindo gradativamente no céu, formando desenhos luminosos. Dante me pressionou contra si, firme e delicadamente. Eu nunca vira um Dante tão humano. Deixei escapar uma risada que tentei inutilmente fingir uma tosse. — O que foi? — Não é nada! — Esta rindo do nada então? — Esta pensando, que você esta bem diferente do seu antigo eu. Às vezes nem parece o mesmo Dante despreocupado, desleixado, arrogante e meio irresponsável um eterno adolescente. "Ah, qualé, não mudei tanto assim”. Arregalei os olhos em descrença. Aquilo não fora nenhuma miragem, eu definitivamente ouvi os pensamentos de Dante. "Só um pouco, ainda sou o mesmo Dante de sempre”. Ignorei a estranha situação. Fazia um bom tempo que não comia nada. Tinha umas iguarias estranhas, mas nem me importei muito. Para uma pessoa gulosa como eu, tudo que seja comestível independente de ser exótico é lucro — principalmente com a fome que estava. — Onde para tanta comida? — Dante debochou. Eu era do tipo que comia muito, muito mesmo e não engordava. — Acho que sei onde vai parar. Percebi que Dante olhava para um traseiro. Pervertido! Chegara a hora da dança tradicional, fomos envolvidos por vários casais. Eu nem sabia como seria a dança então entrei em pânico. Pacientemente, as mulheres deram algumas dicas e me ajudaram nos passos, não era muito complexo e pude aprender rapidamente. Nos primeiros passos, não era permitido tocar no parceiro apenas manter contato visual. Segundo eles, era uma forma de sedução e interpretação das emoções — algo como ver nos olhos a alma de seu consorte. Dante conduzia bem a dança, o que me fez pensar que ele deveria ter ensaiado ou algo assim. Ri internamente com a imagem de Dante ensaiando. Dante se irritou um pouco com minha falta de cumplicidade. Ah, isso é engraçado! Em uma determinada parte da dança, Dante me pegou pela cintura e me rodopiou no ar. “Eu não vejo graça nenhuma, não foi você que teve que aprender esses passos estúpidos a tarde toda”. Arquei a sobrancelha, encarando-o surpreendida. Pode parecer muito bizarro, Dante você está ouvindo meus pensamentos? “O que você acha?” A risada de Dante ecoou na minha cabeça, ele deveria estar rindo da minha reação e da minha expressão espantada e constrangida. — É serio? Por que não me falou antes? — indaguei nervosa. — Não teria graça se fizesse. Agora vai me dizer que esconde algo obscuro na sua mente? Sabe que sua linha de pensamentos é bastante engraçada, principalmente quando pensa sobre mim! — ele debochou, puxando-me para perto. — Cara, que vergonha! — murmurei. — Por quê? — Você deve ter ouvido todo tipo de pensamento que tive, incluindo... Vou me matar. — Doçura, você não é a primeira mulher a ter esses pensamentos comigo. Vai dar uma de convencido, agora? — É a realidade, baby! — Não deveria se gabar tanto. Eu nunca me gabo das minhas coisas. Deveria ser solidário comigo. Como se tivesse algo para me gabar. Eu não era tão bonita — claro, que também não vou dizer que sou feia, mas sendo sincera, sou bonita, não como uma Angelina Jolie ou Megan Fox da vida —, nem tinha as melhores roupas e muito menos era popular. Apesar de que nesse mundo as coisas são totalmente diferentes. Tinha uma personalidade estranha um misto gentil e fria ao mesmo tempo e tinha poucos amigos. Lyana me chamava de anti social — ela tinha razão nisso. Até para começar um assunto, eu era horrível, pois geralmente meus assuntos consistiam em; "O tempo esta bom, né?". Bem, por outro lado, tinha coisas para me orgulhar: meus livros — alguns eram de jogos —, meus video games, meus preciosos jogos e minha capacidade analítica. Traduzindo, sou uma nerd — não totalmente, mas estava no caminho. Ri, desolada. Dante me guiou para baixo, inclinando sob mim. Ele me deu um rápido beijo e continuou com os passos. — O que um homem não faz para agradar uma mulher. Eu me sentia feliz com a tranquilidade e o sentimento de proteção e acolhimento quando estava com Dante. Eu aproveitaria aquele momento para dizer o que sentia a ele. Passamos por tanta coisa, às vezes brigávamos, brincávamos e mostramos sentimentos profundos um com o outro. Com tantas situações de risco, sentia-me mais ligada a Dante. — Hey, Dante Era agora ou nunca. Me dê sua força Bon Jovi It's now or never É agora ou nunca. — Hm? — Eu te amo. — despejei, a dança parou e Dante me encarava, mas não com surpresa e desprezo que esperava. No entanto, também esperava que ele sorrisse e dissesse "Eu também". — Eu sei que você nunca vai me retribuir, mas estar ao seu lado é o suficiente. Dante coçou a nuca. — Diva, eu... — Olha, não precisa forçar nada, eu entendo. Dei um sorriso amarelo. Senti meu corpo entorpecer e a garganta se fechar em um enorme bolo. Não suportaria ficar ali com Dante me encarando com que supus ser pena nem mais um segundo sequer — era insuportável. Virei-me e andei rapidamente para poder sair da vista de Dante. Ele não foi atrás de mim, mas seria melhor assim. Na hora que alcancei uma parede fora das vistas curiosas das pessoas, o torpor já passará, porém o irritante bolo em minha garganta tentava se diluir em lágrimas. Sentei no chão sem me importar com o vestido. Não deveria chorar, Dante nunca me deu esperanças. Então porque a dor não some? Estava grata por ter encontrado um lugar que não fosse abarrotado de gente, seria difícil explicar o significado das minhas lágrimas. Falaria o que? Que fui rejeitada por alguém que deixou bem claro desde inicio que não queria nada relacionado com romance comigo ou o porquê sou tão estúpida? Devia ter colocado na minta cabeça que Dante nunca foi para mim. Odeio me sentir fraca e impotente. Agora vejo o quão sentimental eu sou. Seria essa minha primeira desilusão amorosa? Quem diria que seria logo com um “personagem de um jogo” Queria desesperadamente ficar sozinha, no entanto, não sabia ao certo o que fazer comigo mesma. A sensação era bem angustiante. Reprimi as lágrimas e respirei fundo. Não vou chorar! — E não deveria mesmo — uma sombra se juntou a mim. — Não deveria estar aqui — disse rapidamente, enxugando algumas lágrimas que escorriam livremente pelo meu rosto. — Deveria estar aproveitando o festival e não aqui se incomodando com uma chorona sentimental como eu. — Não me incomodo, até porque a chorona é importante para mim. — Pare com isso, Dante! Deixe-me sozinha! — Hm, não! Se quiser me obriguei, não sairei daqui... Pelo menos não sozinho. — Se eu for com você, depois me deixa sozinha? — Depende — De que? — Se for comigo e me der um beijo, quem sabe... Tinha que ser forte e não cair em tentação. Mas faria qualquer coisa para que ele não enchesse meu saco. Especialmente naquele momento, no qual estava mais sensível que quando estou de TPM. Voltamos para a roda de pessoas dançando coladas com uma musica em ritmo lento. — Concede a honra dessa dança? — Dante estendeu a mão. Ri com a forma que ele pediu. — Fala serio, Dante — mesmo relutante a peguei. Dante me puxou bruscamente de encontro a ele. — As coisas são melhores assim, corpo a copo, não acha? Não respondi, contudo concordei com ele. Viver com Dante era como andar em cascas de ovos, tinha que ter todo cuidado com o terreno em que pisava. Eu m*l sabia o que ele sentia, mesmo que tivesse uma vaga ideia de que ele se importava comigo. Dante me rodopiou. Não dissemos nada enquanto a suave musica fluía entre nós, apenas seguíamos o balanço um do outro. De repente, senti uma pontada no peito, como se algo terrivelmente r**m estivesse prestes a acontecer. — Está tudo bem, Diva — Dante assegurou, afagando gentilmente minhas costas nuas. — Estarei aqui por você. As palavras dele me quebraram, as lágrimas que contive começaram a cair descontroladas e desenfreadas com águas de uma cachoeira. Um soluço se irrompeu pela minha garganta. Dante sem saber o que fazer, apenas me abraçou que fora o suficiente para me acalmar. — Odeio te ver chorar — confessou. — Dá uma sensação de impotência, nem sei como agir quando você chorar. — Tentarei não chorar mais. — Cante para nós, Diva! — uma criança interrompeu, puxando levemente meu vestido. — Sim, queremos ouvir — outra criança concordou. — Não acho que seja uma boa ideia. Lembro-me mesmo que vagamente, o que acontecia quando eu cantava. Não queria que a ilha fosse destruída por uma horda de demônios sanguinários. Se bem que Dante poderia cuidar facilmente deles. — É muito mais seguro se eu não cantar... As crianças saíram, mesmo depois da minha negação eles continuaram animados me puxando para brincar com eles. Templo da Luz A noite cobria a cidade com um véu n***o, que cintilavam com as luzes de neon que provinha do grande espetáculo. A escuridão é o momento perfeito para que toda centelha de vida sombria andasse por entre os humanos, trazendo consigo dor e morte. Poderia ser um ciclo que se repetia, mesmo que a ilha fosse encoberta por uma densa energia que impelia seres malignos. No entanto, a energia que protegia a ilha do mundo — da realidade — estava fraco, depois de 2000 mil anos ativos, perdia sua forte capacidade. Nem tudo podia durar para sempre. Principalmente com o surgimento de uma nova vida, mais poderosa que a anterior. Ainda havia coisas que permaneciam escondidas entre as fracas fendas de energia, as sombras. À noite, as sombras se fundiam com a escuridão e as criaturas que vivem nele, prontas para atacar. O homem de vestes negras camuflando com a escuridão da noite caminhou para dentro do templo, ninguém o tinha visto entrar. As pessoas estavam mais entretidas com o festival para pensar na possibilidade de alguém invadir o templo. Estava bastante iluminado, ele podia ver a estátua de Arya no centro do vasto saguão. O homem estudou por um breve segundo a estátua, ele reconheceria aquele rosto em qualquer lugar do mundo. Realmente são idênticas, ele pensou. Uma lágrima surgiu nos olhos imóveis e sem vida da estátua, escorrendo pelo rosto de porcelana até cair no chão. A vontade de Arya ainda estava viva, embora ela estivesse morta. Era como se soubesse que tipo de pessoa estava ali e o que pretendia. Num rápido e preciso movimento, o homem cortou a cabeça da estátua com a espada que trazia consigo. Não queria ver tamanha estupidez como aquela que acabara de presenciar. Ele continuou seguindo para o segundo saguão, encontrando o quadro que ocupava grande parte da parede a sua frente. Olhou para a moldura, vendo os nomes gravados numa caligrafia impecável; Arya e Sparda. Arya e Sparda. Naquele momento, enquanto tentava absorver as imagens, ele soube. A figura ao lado de Sparda, usando um longo vestido branco adornado com pequenas pedrinhas preciosas e suaves detalhes em ouro. Era um reflexo do rosto de Diva. Não havia mais duvidas, tanto a jovem Diva e Arya eram idênticas. Talvez não fosse apenas coincidência e que Diva fosse na verdade a reencarnação de Arya, embora houvesse diferença significativas. Arya possuía longos cabelos ondulados e seus olhos mostravam confiança, independência e altivez. Enquanto Diva, que tinha passado muito tempo com os humanos mostrava-se mais humana que Unchant. Diva era inocente, ingênua e imatura. A personalidade em si era a principal diferença, mas ambas mostraram ter bastante poder. Ele puxou a alavanca do mecanismo. Finalmente poderia ter em suas mãos o poderoso Santo Graal. A arma de destruição definitiva. Ele sabia que a arma poderia repelir qualquer ser maligno — necessariamente demônios —, mas eles não poderiam contar quem estava atrás do Santo Graal não era um demônio. Ace não possuíam sangue da ralé demoníaca, ele era um nephilim. Filho de um anjo e uma humana. Diva As sensações ruins ainda assolavam minha mente, tentava me distrair com o evento, mas nada parecia adiantar. Dante estava ao meu lado, olhando as pessoas se divertindo e jogando conversa fora. Não deixei transparecer minha preocupação, ainda que uma parte minha dissesse que Dante sentia o mesmo. No canto iluminado pelo luar, Dante me cobriu com o casaco vermelho, já que a temperatura diminuirá bruscamente. Afastamo-nos da multidão indo para um ponto isolado. Deixei um suspiro de frustração escapar. — Algo errado, doçura? — Algo r**m, muito r**m está para acontecer... Estou temerosa. — Você é uma mulher problemática, sempre pensando no pior! Dei língua para ele. Ace Ace seguiu silenciosamente por entre as ruas desertas, ele pode vislumbrar a jovem Unchant e o mestiço saírem por entre a multidão para um local mais isolado possível. Ele sorri com a chance que tinha nas mãos, matar dois coelhos numa cajadada só. Pegaria Diva e mataria de uma vez por todas Dante. Diva parecia preocupada, ela tinha bastante sensibilidade. Talvez previsse que algo r**m esta para acontecer. Garota esperta, ele debochou. Olhando para os dois, Ace percebeu. Diva fora com toda certeza a maior fraqueza de Dante, Ace não conseguia entender o estranho laço do mestiço com a garota. Ele já tinha testemunhado em primeira mão o quão longe Dante iria pela jovem, ele poderia afirmar que finalmente encontrara a peça chave para pôr um fim nisso. Era patético. Amor? Um sentimento inútil e sem valor. Que Ace tinha orgulho de dizer que não possuía, algo que poderia fazê-lo fraco. Simplesmente poderia acabar com tudo apenas matando Diva, arrancando a alma dela e o seu poder. A morte dela machucaria Dante como nenhuma arma chegou a fazer, uma dor que o acompanharia até sua morte, que nunca se cicatrizaria. Seus pensamentos foram cortados quando a ouviu a risada suave de Diva. Ela estava com um casaco vermelho, mas conseguia ver o longo vestido lilás que usava. Ace sentiu raiva de si mesmo, desde o inicio a Unchant era seu principal alvo. Ele desejou o poder que ela possuía. Seu objetivo era mata-la, absorver sua alma para ter o poder completo e pleno. Assim poderia destruir e governar ambos os mundos e o inferno também. Então porque ele sentia o coração bater tão rápido e o sangue correr acelerado por entre suas veias? Tinha que se livrar daquele sentimento fraco e continuar com seus planos. Ele caminhou para decidir essa batalha de uma vez por todas. Diva Se não fosse por Dante, ainda estaria mergulhada na angustia e o mau pressentimento. — Obrigada, Dante! Não sei o que faria sem você. Ele sorriu, aproximando seu rosto do meu. Nossas respirações se mesclando. — Sinto muito atrapalhar o lindo casal! — a voz debochou. — Mas não pude resistir em poder reencontrá-los. Separamo-nos rapidamente para olhar quem interromperá aquele momento. Apertei-me a Dante, nervosa. Era Ace. A última pessoa que queria ver.
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