Revelando o Santo Graal

2681 Words
Naquela manhã, acordei mais cedo que de costume. Pude ver pela janela que o sol não tinha nascido ainda, considerando as horas que acordara. E mesmo, tendo acordado cedo, fiquei contente que não me sentia cansada. Eu estava totalmente descansada. Percebi que estava deitada cara a cara com Dante. Seu braço repousado na minha cintura, me envolvendo e prendendo a cama. Dante estava sereno e o engraçado era o sorriso que estampava em seu rosto. Ele se mexeu e deixou escapar "Diva" então seu sorriso se alargou. Eu engasguei envergonhada. Ele estava sonhando comigo. Que tipo se sonho será que ele está tendo? Eu o sacudi para poder desperta-lo. — Dante. Acorde! — Shh, doçura! — ele me puxou para perto, ainda de olhos fechados — Volte a dormir. — Não, Dante! Precisamos levantar — continuei sacudindo, mas não parecia afeta-lo — Levante esse traseiro preguiçoso! — Hm, um traseiro preguiçoso e sexy. — Levante logo! — Que tal um beijo para animar e me motivar a levantar? — ele ronronou — Um homem precisa de motivação para acordar, principalmente se for de uma bela garota... — Há, há meu querido! Esse tipo de motivação te manterá na cama! — Melhor ainda! Dante afundou a cabeça na curva do meu pescoço e inspirou profundamente, esfregando a barba na pele sensível. — Dante! — murmurei — Se você não levantar agora, eu irei sozinha. — Não vai, mesmo se quisesse. — Ah, por favor... — revirei os olhos — Pode levantar por si ou eu te acordo! Fiz uma corrente elétrica passar pelo meu corpo, e a descarga despertou Dante. — p**a merda — ele resmungou, esfregando os olhos — Acho que não precisava disso, doçura. — Quem mandou não acordar de uma vez! Espreguicei-me indo até o banheiro. Ignorei a insistência de Dante — que usava o argumento de poupar água e salvar o planeta — para tomarmos banho juntos. Consegui roupas novas; uma calça jeans, uma camiseta branca simples, jaqueta preta e botas. Sentia-me novinha em folha. Totalmente pronta para sair para uma aventura. Tomamos café da manhã com Eryna e Maya, que de tão sonolenta dormia na mesa. — Ouvi bastante barulho no quarto de vocês... — Eryna comentou. Meu rosto pegou fogo e engasguei com o leite. — É que estávamos numa sessão de sexo selvagem — Dante respondeu, descontraído. Cuspi o leite chocada. — Dante! — reclamei, entre tosses. — O que? Dei uma cotovelada no abdômen dele, mas o máximo que tirei foi risos. — Ele estava brincando, Eryna! — expliquei. — Não fizemos nada! — Não precisam me explicar o que fazem ou deixam de fazer. — Realmente não fizemos nada, é serio! — Esta negando agora, mas na hora você bem que gostou! — deu uma piscadela para mim. — Até pediu mais Fulminei Dante com os olhos. Como queria socar a cara dele e tirar aquele sorriso debochado do seu rosto, eu poderia fazer isso mesmo, mas não valia o esforço já que para Dante não fazia muita diferença. A raiva e o constrangimento fervilhavam no meu corpo. Como ele pode dizer isso sem pudor nenhum? — Pare de dizer essas coisas! — Calem a boca! — Maya reclamou. — Eu quero dormir! — Desculpe, Maya. O café da manhã seguiu-se silencioso. Claro, principalmente com Maya praticamente babando em cima da mesa de sono e Dante reclamando de não ter pizza para ele comer, que estaria com abstinência se não comesse pelo mesmo uma fatia. Pois é, nem tido foi perfeito. Quando terminamos, pegamos tudo que precisávamos nos despedimos de Eryna e Maya e finalmente partimos. Decidimos que a melhor e mais rápida forma de entrar na ilha é pelo teletransporte — uma das minhas habilidades, a única que não estava familiarizada. Peguei nas mãos de Dante e me concentrei, usando como apoio o que Alexander sempre me dizia "Controle e foco". Uma luz nos envolveu e nos engoliu. E num passe de mágica, estávamos no meio do oceano... espera? Oceano? Começamos a cair em queda livre. O pior era que se eu chegar a cair, morreria afogada já que não sabia nadar — isso se a queda por si só não me matar. Deve ser isso que Eryna quis dizer com "A morte me rondava". Ser desastrada e distraída é mortal. Perfeito! Controle de merda! Dante riu e mudou de forma e pegou-me antes que caísse na água. A primeira parte do plano falhou, e pela minha total falta de pratica Dante teve que usar seu Devil Trigger. Não acho de todo r**m. Eu nunca me cansaria de vê-lo nessa forma. Seguimos o resto da viagem voando, até que sobrevoamos uma ilha. Pousamos numa parte deserta, para não ter riscos de servos vistos. Com todo cuidado, Dante me pos no chão e voltou ao normal. Então essa era a tal Isla De Lunier. A primeira vista, Isla de Lunier era ladeada por pinheiros e outros tipos de arvores. Havia vários aromas despertando meu olfato: terra, flores silvestres e maresia. Adentrando mais a fundo, a cidade em si parecia bastante pacifica e organizada com altas casas simples que pareciam ter vindo da era vitoriana. O chão era de pedras gastas e planas, as fendas nasciam pequenas plantinhas. As arvores de diferentes tipos marcavam e davam um ar de campo a pequena cidade, as que mais chamavam atenção eram as de cerejeira. Lembrava até vagamente Fortuna. Reparei que as ruas estavam enfeitadas, como se fosse ter algum festival. O sol estava alto no céu azul claro e limpo, envolvido por anel amarelo-alaranjado. Andamos pela praça com cautela tentando não chamar tanta atenção — principalmente com um homem com uma cor de cabelo tão peculiar e vestido com roupas vermelhas. Todas as pessoas nos olhavam de uma maneira estranha. Não era de um jeito pejorativo, mas era desagradável de qualquer forma. — Hm, que estranho — sussurrei, pensativa — Por que estão nos olhando dessa forma? — Eles devem estar impressionados... — Com o que? — Imagine encontrar uma garota linda acompanhada de um homem sexy como eu, que — ele soltou 'PUFF', como se explicasse um truque — apareceram do nada. Tinha que concordar com Dante. Apesar da nossa falha tentativa de se manter incógnitos, era óbvio que não nos enquadrávamos no meio daquelas pessoas. Até as roupas era estranha. Como se tivéssemos voltado no tempo. De discretos, eu e Dante não tínhamos nada. Fora uma longa caminhada; atravessando uma pequena rua apinhada de faixas coloridas, e passamos por outra rua maior com casas com paredes de granito, muito altas do que Dante. Demos a volta na praça, afastando-nos das construções, e entramos em um caminho estreita. Havia um numero considerável de pessoas pelas ruas, caminhando e desfrutando o lindo dia. Risadas e conversas sem importância enchiam o ar. No entanto, suas atenções voltaram-se diretamente para nós. Isso é realmente bizarro. Reduzimos o passo, nos aproximando de uma fonte. — Para onde nós devemos ir? — Deve ter algum lugar que seja o principal... — Como aquele? — o cortei, apontando para uma espécie de igreja ou templo. Algo entre essas duas coisas. O templo era branco e alto. As grossas colunas circundavam cada lado, dando sustentação e elegância à fachada. Uma pequena escadaria se estendia. — É pode ser. — Dante? — Fala doçura! — Por favor, não faça uma entrada dramática. Sem janelas quebradas, sem atirar em ninguém e sair metendo a espada em todo mundo. — enumerando com os dedos o que ele não deveria fazer. Dante gargalhou, tanto que se curvou com a respiração entrecortada. — Eu não faço essas coisas! — Oh, não! Uma garotinha nos chamou atenção. Os olhos grandes e esverdeados nos encaravam com alegria e expectativa. E naqueles olhos, era como se nós fôssemos algum ídolo. Para meu espanto, a menina se ajoelhou perante nós. Engoli em seco. — Não estou entendendo bulhufas do que esta acontecendo... — comentei com Dante. — Esse pessoal não batem muito bem, eu suponho — ele sussurrou. Pessoas estranhas se reconhecem Dante. — Garotinha? Ela me encarou. Agachei para poder conversar frente a frente com ela. — Por que esta fazendo isso? — Sabia que viria! Mamãe disse que viria! — ela exclamou contente. — Estou tão feliz, dea lucis*! As pessoas a nossa volta estavam alvoroçadas, numa roda de observadores interessados e ao mesmo tempo intrigados. Do que raios ela esta falando? Encarei Dante totalmente perplexa, ele apenas sinalizou para continuarmos. — Anh, sabe que lugar é aquele? — apontei para o templo, a garotinha olhou na mesma direção. — É o templo da Luz! O lugar onde aprendemos a viver pelo caminho da luz e da harmonia — explicou. — Hm, obrigada! — afaguei a cabeça dela, bagunçando os cabelos pretos da pobre menina. Levantei e prosseguimos seguimos para o templo. A brisa balançou sutilmente meus cabelos. Uma sombra caiu sobre mim e automaticamente olhei para cima. O céu ainda permanecia num azul sutil. Por um instante, tudo pareceu familiar e vagamente vivido, parecia um Dejá vu. Meu coração martelou uma vez, duro e se apertou em meu peito. — Doçura? — Dante me balançou. Dei um salto, meus devaneios espatifados. — Hein? Dante? O que foi? — Eu que pergunto; o que houve? — Não sei! Senti uma estranha sensação de Dejá vu! Deixa para lá, não é nada. Dante deu de ombros. Entramos no templo, sua enorme extensão era um pouco ameaçadora. O grande saguão do templo estava vazio e claramente iluminado pelos ofuscantes raios de sol que entravam pelas janelas, a temperatura quente — não em demasia, mas suportável. O piso era polido e dava para ver nosso reflexo — que bom que não estava de saia —, branco com detalhes em cinza. No centro, tinha uma estátua feminina; ela parecia orar. Então será essa a famosa Arya Lunier? A beleza dos detalhes no contorno da enorme estátua impressionava. Ela parecia viva. Percebi que Dante me encarava, estudando algo no meu rosto. — Algum problema, Dante? — perguntei, cruzando os braços. — Não, nada Senti uma silenciosa presença, aparecendo por detrás da estátua, um vulto tomou forma para dentro da luz e podemos ver um homem; a pele morena, cabelos castanhos longos, olhos negros por trás de óculos e usava uma túnica. — Bem vindos ao templo da Luz! — saudou. — Sou Orion, o paladino desse santuário — Olá, estamos querendo conversar com o líder ou guardião da ilha, viemos de muito longe para isso! — articulei, esclarecendo a situação. O homem ficou de costas para nós, olhando para estátua. Se reverenciou a ela. — Ouvi dizer que forasteiros chegaram à ilha... — ele se virou e ofegou em choque. Ele me olhou como se estivesse vendo um fantasma — São assombrosamente parecidas... Quando me disseram que era parecida com ela não pude acreditar, mas olhando para você... Os passos do homem ecoaram no salão do templo enquanto ele se aproximava. Dante se interpôs entre mim e o homem. — Fique longe, a não ser que queira ficar cheio de furos. — Oh, você é filho de Sparda? — o homem indagou, atônito. — Oh, que benção! Dante e eu nos entreolhamos. Podia até adivinhar no que Dante pensava algo do tipo "O cara deve estar bêbado". — O que? Do que esta falando? — perguntei, curiosa quando disse que eu parecia com alguém. Recebi um olhar desgostoso de Dante. Estávamos travando uma guerra com o olhar. Dante via tudo àquilo como um absurdo e eu por outro lado, fiquei intrigada. — Não, nada demais! O que desejam? — Queremos saber onde está o Santo Graal, pois uma pessoa com intenções malignas pretende pega-lo. Estamos aqui para impedi-lo. Alias, sou Diva e esse é Dante! Orion focou seus olhos em mim. — Diva? Um belo nome. — Obrigada, eu acho. — Bem, desculpe o inconveniente! Venham, mostrarei onde está o Santo Graal Achei muito estranho o fato de Orion não ter nos perguntado nada. Normalmente quando algum conhecido pede algo do nada sempre perguntamos o porquê, e principalmente quando se trata de desconhecido. É isso que qualquer pessoa faria. Certo? — Acha que devemos seguir? Ele é bem estranho para meu gosto. — Não, mas não temos escolha. Além disso, todo mundo aqui nesse lugar parece não bater muito bem das ideias. Assenti em concordância. Seguimos o homem, passando por um longo corredor bem iluminado até outro salão. Este não era tão extenso quanto o anterior, mas ainda tinha muito espaço aproveitável. Na parede havia um enorme quadro, grande o suficiente para ocupar toda a parede. Estava pintados uma mulher e um homem ao seu lado. Com a pressa não reparei muito, mas com um rápido vislumbre, vi que o homem era ninguém menos que Sparda. Mesmo sem ver a diretamente mulher na pintura já sabia que era Arya. Ele tocou uma alavanca que se camuflava no contorno dos pés da pintura, um mecanismo abridor. Então, moveu lentamente para trás, uma porta deslizou para dentro das dobradiças, revelando um escuro corredor. Orion acendeu um candelabro e adentrou o corredor, sem perder tempo o seguimos. Fora uma longa caminhada até que finalmente encontramos uma luz — luz no fim do túnel? —, e a vimos. Era a coisa mais bonita que eu já virá antes. Fincada num altar, o Santo Graal envolvido por uma miraculosa luminosidade, a lâmina era um pouco mais fina comparada com Rebellion de Dante, não possuía nenhum arranhão — impressionante, especialmente sabendo que Arya lutou muito com ela —, a bainha era branca e com um desenho de... Um anjo? — Nossa que linda! Orion ficou parado ao meu lado. — Tinha que ser, é uma arma angelical. — Como? — Assim como existem armas demoníacas, existem também armas angelicais. Mas, são raras e não é qualquer um que pode obtê-las. — Ouvi dizer que essa espada é abençoada com o sangue de Arya, que a torna mortal. — Está correto, apenas um toque na lâmina que será o suficiente para ferir mortalmente demônios. Claro, que com filho de Sparda é necessário mais do que isso, mas ira ser bastante doloroso. — Orion explicou, olhando para Dante. Dante deu um sorriso zombador. Andei vagarosamente até o altar, meu pé tocou em um piso que se moveu com o peso, fazendo um som de trituração. No segundo seguinte, tinha caído num buraco. Não fora uma queda grande, então apesar machuquei meu traseiro. Olhei em volta, com a luz que surgia acima de mim podia ver claramente onde estava. As paredes estavam encobertas de pedras e musgo. E era bem apertado. — Você está bem? — olhei para cima, Dante estava agachado olhando para baixo, para mim, no caso. — Sim, suja e com o traseiro dolorido, mas ótima! Ajude-me a subir! Estendi as mãos, Dante fixou as dele em meu pulso e me puxou para cima com facilidade. — Era uma armadilha, não é? — indaguei diretamente para Orion, ele assentiu. — Desculpe, foi um erro não ter te alertado. Pensei que soubesse... Eu deveria saber? Dante agarrou Orion pela túnica, apontando Ebony abaixo do queixo dele. — Eu deveria cobrir sua cara de buracos — Dante rosnou. — Pare Dante! — afastei com muito custo Orion de Dante. — Não foi culpa dele, eu sou culpada. Deveria ter prestado mais atenção. Dante bufou e guardou a arma. — Vamos sair. Fizemos o caminho de volta, encontramos o salão com algumas mulheres. No mesmo ritmo, todas pousaram a mão direita acima do peito e se ajoelharam. — Senhor, queríamos falar sobre o festival! — uma delas disse. Eu me esqueci de perguntar a Orion o que estava acontecendo, a cidade parecia decorada demais para ser algo simples. Agora pensando sobre haver um festival, já explicou bastante coisa. — Festival? — perguntei. Timing Perfeito! — Ah, vocês chegaram ao melhor momento, hoje celebraremos — Orion sorriu. — Gostaria muito que fosse ao nosso festival das estrelas, Diva. Quem diria que proteger uma espada teria tantos benefícios. — Claro, porque não?
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