A primeira luz cinzenta filtrava‑se pelas cortinas grossas da casa de campo quando o som de pneus na brita anunciou a chegada de alguém. Calíope ergueu‑se do colchão improvisado ao lado do sofá‑maca onde Ângelo dormia sob efeito de morfina. Eleni, exausta mas alerta, ajeitou o moletom e foi até a porta. Remo Salermo — cunhado de Alferes, tio de Ângelo e, portanto, parente por afinidade das duas irmãs Wessex — atravessou o limiar antes mesmo que Eleni pudesse saudá‑lo. Alto, barba por fazer e olheiras que denunciavam uma noite sem sono, ele trazia uma maleta de couro e o olhar clínico de quem vira mais sangue do que gostaria de lembrar. — Onde está o paciente? — perguntou, sem rodeios. — Sala de estar — Calíope respondeu, apontando o corredor. Remo caminhou até Ângelo, examinando‑o com

