Capítulo 2

1259 Words
Ísis Sabe aqueles dias em que você sonha com algo totalmente aleatório e quando acorda, se pergunta: que p***a foi essa? Exatamente como eu me senti após aquele armário de homem sair da minha porta. E ele não é qualquer homem, é a p***a de um com quase 2 metros de altura, eu não duvido nada, tatuagens onde eu nem sei se deveriam ter e a p***a de um fuzil nas costas. Tudo bem, não vou perturbar a paz dele desde que ele não perturbe a minha, viveremos assim. Mas não vou sair daqui, nem se disserem que está em risco de desabamento como a outra. É noite, tá quente demais é insuportável ficar dentro de casa, então me sento na varanda para tomar um ar fresco, sozinha e em paz, um silêncio total, por essa rua não ter tantos moradores assim. Aliás, acho que as casas nem estão habitadas. Ele nunca acende as luzes durante a noite, nunca. Moro aqui em menos de 48 horas e já percebi isso, e eu sei que ele quase nunca sai de casa também. Mas sei que está do outro lado na varanda me encarando, por que apesar de não ver seu rosto, o cigarro aceso se faz presente. Cruzo as pernas lendo um livro que nem presto atenção, porque a sensação de ser observada me deixa inquieta, e, aqui é meu quarto também, então vou usar a varanda sempre que eu achar necessário. 3 clicks me fazem olhar para sua varanda, e no terceiro, o celular em suas pernas acende e revela o que está fazendo. Com uma arma apontada para a própria cabeça, ele aperta o gatilho mais uma vez. — Ei! — grito ele do outro lado, nem fodendo ele vai se matar na minha frente — tá ficando maluco? — Ah, p**a que me pariu. Vê se não fode, menina! — O que? — dou o dedo do meio para ele a distância mesmo, não vou abaixar a cabeça pra esse macho, se ele pensa que pode mandar em qualquer um — pode se matar, estourar seus miolos, eu tô pouco me fodendo. Mas não faça isso na minha frente, não quero ser testemunha de nada. — Você está olhando pra cá porque, então? Deveria estar dentro de casa, Ísis. Te avisei pra c*****o ontem! — Você não manda em mim, a menos que eu não queira virar um frango assado, até durmo aqui se eu quiser — encosto no batente da varanda pra gritar mais alto — quer se matar, p***a? Ele não me responde, mas sei que levantou com raiva pois a cadeira cai no chão junto com a arma. Ele atravessa a rua tão rápido, que só tenho tempo para raciocinar quando ele já está no meu portão e eu o olhando pela janela. Sem camisa e uma marra que só cabe nele, ele cruza os braços esperando que de alguma forma muito corajosa, eu saia daqui. Nem fodendo! — As vezes, eu acho engraçado como você tem a falsa impressão que de tem algum controle — ele sorri tombando a cabeça para o lado — tu não tem, sabe disso, né? Mas deixa eu te dizer algo sobre a roleta russa, é um jogo viciante e de uma forma bem curiosa, excitante também. Então a menos que tu não queria que eu brinque de roleta russa com a tua cabeça, para de olhar para dentro da p***a da minha casa. — Você é um i*****l! — E você enxerida demais, mina. — ele aumenta o tom de voz, alto e rouco — e tu não mora nessa rua sozinha, pare de trocar de roupas com tudo aberto. Tá ficando maluca? — Qual é o seu nome? — Lobo! — Então Lobo do Rio de Janeiro, ficou interessado na visão que sou eu pelada? Por que se eu não quero ver uma coisa e não me intrometer nela, eu simplesmente ignoro. Mas você — aponto para ele — parece ter gostado, e muito. — Eu sou homem, tá meu instinto. Mas eu respeito, não é qualquer um que tem o mesmo caráter que eu, então, se fosse outra pessoa ali te vendo na posição que você estava, sabendo que tu mora sozinha, acha que não teria acontecido nada? — penso e repenso, um ponto para ele. Mas acontece que eu mudei de roupa na maior inocência e sem pretensão de que ele poderia estar vendo — tá achando que a vida é um morango. — Obrigado! — Pelo o que? — Por ter aviso. Eu esqueci minha janela aberta, não foi por querer — ele só afirma com a cabeça — mas cassete, dá pra parar de jogar roleta russa bem de frente pra mim? Aliás, tem alguma munição dentro daquilo? — Apenas uma. — E tu faz o que? Gira e atira, e brinca com a sorte em não ser acertado uma hora? Isso é suicídio, sabia? Ele sorri, n**a com a cabeça e em seguida fica bem sério me encarando. — Tu não sabe o quão fodido fica a mente de uma pessoa que tem uma lista de quem já matou, e eu parei de contar quando o número alcançou 3 dígitos — arregalo os olhos sem saber se isso é mentira ou verdade, mas ele estava sério demais pra estar blefando — eu nunca disse que contava com a sorte, sabe por que? A morte caminha comigo, lado a lado. E sabe o que é mais divertido na roleta russa? Apertar o gatilho sem saber se vai morrer ou viver, apenas esperando para o próximo dia. — Não pode está falando sério. — Pareço estar brincando? — n**o com a cabeça observando sua seriedade — então pronto. — Você está tentando se matar! — afirmo. — Eu nunca disse que não estava. — Por que? — Porque se importa? — ele pergunta — tu não entenderia de qualquer forma. Eu vou pra casa, não faça mais essa merda que tu fez. Se me vê amanhã fazendo a mesma coisa e doer na sua consciência de me ver morrer qualquer parte do dia, entre e pare de se meter onde não é chamada. O aviso foi claro, claro até demais. Ele se vira, entra para dentro da casa e some. Não retorna mais para a varanda e eu fico sentada com a maior cara de tacho sem fazer nada. Ele quer morrer, e eu não sei o motivo. Também não sei se quero saber. Entro para o quarto atordoada com o que aquele homem disse, por que até o presente momento eu pensei que era birra, implicância ou algo do tipo, mas agora vejo que isso é algo bem mais sério. Pego o celular ligando pra eu deveria desde o começo quando cheguei aqui. Ísis: Não me diga que esse cara que mora aqui em frente, é a p***a de um fodido da cabeça? Corvo: Tá falando do Lobo? Ísis: Sim, o próprio. Corvo: Escuta, Ísis. Tu não tá trocando ideia com ele, tá? Lobo não gosta de ser perturbado, não é atoa que seu vulgo é lobo. Ísis: Lobo solitário? Corvo: Exatamente, ele é chamado assim desde que saiu da bope e assumiu a facção. Ísis: Peraí… ele era da bope e agora é um criminoso? A conta não bate. Corvo: Ele saiu já faz 6 anos, era um atirador de elite, o melhor que eles tinham. Então se tu não quiser que tua cabeça seja a próxima que ele brinque de roleta russa, não provoque esse homem. Acho que já provoquei…
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