Capítulo 1
Grego Narrando
Grego na voz, meu fi, então presta atenção que o papo é reto. Dono do Complexo do Alemão, trinta anos na cara, respiro essa favela desde que me entendo por gente. Não me pergunta quem é minha mãe, quem é meu pai de verdade, porque eu não sei e nem faço questão. Só sei do que me contaram: fui largado ainda pivete, deixado na frente da barreira por uma dona metida, que desceu de um carrão chique pra c*****o, me jogou fora e sumiu. Desde então, fui criado pelo antigo dono do Alemão e pela mulher dele.
O chefe partiu faz cinco anos. E, no dia da morte dele, o bagulho foi f**a, parceiro. Foi um sofrimento do c*****o. A pior dor da minha vida foi levantar aquela bandeira de luto na comunidade, ver a coroa destruída e não poder fazer nada. Até hoje, ela finge que tá bem, mas eu sei que a dor nunca foi embora. Ela só aprendeu a engolir calada. Segura a onda da melhor forma possível, mas eu sei que, por dentro, tá moída.
Dentro de casa, eu tento manter a postura, porque sei que ela não merece ter um capeta morando debaixo do mesmo teto. Só não me mudei ainda porque ela não quer. Tem a Melissa lá, minha irmã mais nova, mas aquela dali só dá desgosto. Papo reto? Vontade que eu tenho é de baixar a mão na v***a, e não tá longe disso acontecer. No dia que eu pegar ela falando alto com a Priscila, o bagulho vai ficar doido pro lado dela.
O chefe e a Priscila sempre fizeram tudo por essa mina, mas quem disse que ela dá valor? Não dá p***a nenhuma. No dia da morte do pai, em vez de tá lá segurando a onda, a merma tava curtindo resenha, cagando pro luto. Quando soube que ele tinha morrido, fez um escarcéu do c*****o, se fez de coitada. Ficou uma semana de boa, achei até que ia mudar. Mas só achei mesmo, porque foi só passar sete dias que a v***a voltou a rodar nos bailes, se jogando de qualquer jeito.
E o pior? Vive na minha intenção. Louca pra me dar. Não vou mentir, a desgraçada é gostosinha, mas só de lembrar das merdas que ela faz, o t***o morre na hora. Quando vem de gracinha pro meu lado, corto logo, mando sumir. Não tenho paciência, não, fi. Papo reto.
Agora mermo estou aqui, no alto do morro, queimando um baseado e olhando minha comunidade. Sinto uma falta do c*****o do chefe, sem caô. Os papos que a gente trocava eram de pai pra filho, real. Não de sangue, mas de consideração, porque ele fez por mim o que os meus de verdade nunca fizeram. Me acolheu, me criou, me ensinou tudo. Foi um paizão f**a, não tem como negar.
Ele se foi, mas o legado ficou. No baile, a primeira música que toca é sempre a que ele gostava. Virou lei. No telão, o vídeo dele rodando, e geral se emociona. E eu vou garantir que ele seja lembrado até o último dia da minha vida.....Papo dez!
Kiko — E aí meu parceiro, tá marolando sozinho aí por que? Vai dizer que tá pensando em me pedir em casamento, só não tá sabendo como... ____ fala tirando onda com a minha cara e eu já mando logo o dedo do meio pro filho da putä que senta do meu lado — Ixi Coe maluco, tô mentindo?
— Vai se füder Kiko, achar o que fazer tu não quer não? ____ dou o papo serinho pro mermo que n**a
Kiko — Tirar onda contigo é melhor, mas agora falando sério, bora curtir um barzinho lá no asfalto hoje, vamos fechar negócio com um aliado, aproveitar e já bebe uma cerveja, po! O que me diz? ____ pergunta e eu fico em silêncio por alguns segundos, pensando.
— Pode crê, nois mete marcha pra lá a noite então que é mais suave ____ falo apagando o baseado e ele concorda.
Kiko — Tu viu que a Melissa tá saindo com um cara do asfalto ____ fala aparentemente incomodado e eu dou de ombros.
— Aquela lá não me interessa, pô, tanto faz pra mim, desde que ela não se envolva com alemão, isso já é o suficiente ___ dou o papo serinho pro mermo que dá de ombros — Vai dizer que tu ainda tá amarrado na mina? ___ pergunto desacreditado e ele fica em silêncio, no mermo momento eu já ganho a cena — porrä Kiko, eu já te passei a visão, tu vai acabar se fudendo com essa mina, sem caô..
Kiko — Eu sei mano, mas fazer o que, a gente não manda no coração, não escolhemos quem amar, eu tô ciente que ela é uma desgraçada, por isso que eu tô na minha, nem me envolvendo com ela eu tô, quero mermo que ela saia do meu pensamento e do meu peito, só isso...
— Papo de emocionado, sem maldade parceiro, mas eu te respeito, só não sei onde tu tava com a cabeça pra gostar daquela lá, só traz dor de cabeça e não faz uma pra ajudar... ____ dou o papo negando com a cabeça e ele faz sinal com a mão.
Kiko — É parceiro, pode crê que uma hora essa porrä de sentimento vai embora, tem que ir parceiro, já fiz de tudo por causa daquela desgraçada, e mermo assim ela quis tirar onda com a minha cara, me tratando como se eu fosse um Zé ninguém, mas como eu falei, o sentimento vai morrer, nem que seja na base da porrada, mais vai... ____ fala a última frase em um tom brincalhão e eu concordo.
— Tu tá certo pô! Melhor do que ficar se remoendo por p*****a___ falo levantando e o mano faz o mermo — eu vou meter o pé então, tomar uma ducha e nois segue pra lá Jae...
Kiko — Jae, pode crê... Se prepara que lá tem umas novinhas, coisas mais lindas do Rio de janeiro, papo só, umas pitelzinhas ___ fala com um sorrisão largo no rosto e eu n**o com a cabeça.
— Agora mermo chorando as pitangas por causa de uma mulher, e segundos depois, falando de outras, papo reto, entendo tu não maluco, sem caô ____ falo tirando onda e subindo em cima da minha moto.
Kiko — Tem caso, e casos meu amigo, vem pilhar na minha mente não... ____ fala e eu puxo um sorriso de canto, não falo mais nada, apenas ligo a moto e acelero, embico direto pra minha casa, vou chegar, tomar um café com a coroa, logo eu subo e meto marcha pro rolé...
Contínua...
A DATA OFICIAL DO LANÇAMENTO É DIA 13/03
( Perfil das Autoras dessa obra @Autora_Samara e @aut_jm_martins_ )