O grande dia

1965 Words
Dora parecia estar tão desesperada quanto eu, ela demorou para trançar meu cabelos, desfazendo os penteados e refazendo-os diversas vezes, o couro cabeludo ardia e pinicava de tanto ser repuxado. Ela me fez trocar de vestidos sete vezes, sempre achando algum defeito minúsculo na peça, manga bufante demais, muito claro, tecido pesado... as desculpas vêm aos montes. O último que trouxera fora um vermelho sangue, sim, essa coisa de vermelho me deixou irritada, uma emoção para focar e esquecer do lugar e para a pessoa que eu estava me tornando apresentável. Esse vestido precisa ser apertado atrás, ele tem um corpete literalmente de matar, Dora teve que subir em cima da cama para puxar os cordões, respirar? O que é isso? É de comer? A gota é ela usar os pés nas minhas costas para puxar o espartilho do vestido. os ossos no meu tronco choram sua angústia em nome da beleza. Nunca usara esse tipo de peça antes, as florais vestiam roupas confortáveis e pequenas, precisamos estar em contato constante com a natureza. Cerrei a mandíbula, Dora apertou além da conta minha cintura. "Chega! Queres me matar antes da hora?" Praticamente corro para o outro lado do quanto, a pilha com os demais devidos coloridos jaz por todo o quarto, dentre todos, esse é o pior, jamais gostei de vestimentas me apertando, qual o sentido? sei que minha cintura é chamosa, os outros não precisam sa ber disso também "Isso faz parte da tortura?" gesticulo para o corpete, meus s***s faltam pular para fora, amassados, as mangas longas com pontas que ultrapassam as mãos é o único detalhe que eu realmente gosto. "Decida, podes voltar a vestir aqueles sacos de pano com a qual estavas" Dora limpa o suor de sua testa, pelo esforço, ou melhor, pela tentativa de assassinato, com a ponta do avental, uns fiapos de cabelo castanho grudam na pele "Ou pode apreciar meu trabalho e deixar-me vesti-la, já disse, o rei tem um fraco por coisas frágeis e bonitas" Tenho vontade de quebrar o dedo indicador que aponta para o meu corpo em circulo. Ser a única Isador de baixa estatura e sem os característicos cabelos brancos foi motivo de chacota por um período muito longo de tempo, claramente puxei as madeixas de papai, os descendentes de Izis tinham esbanjaram as cores da terra no cabelo, desde o dourado até o vermelho, é claro que havia exceções como eu, fruto de casamentos arranjados entre as casas. As crianças costumam ser cruéis com o novo, por não entender, ignorância ou preconceito mesmo. Após dominar minha mana, nunca mais aconteceu, eu cuidei para que nenhuma floral ousasse mencionar minha altura ou zombar dos meus cabelos. Até agora. "Se é um elogio eu dispenso, ser frágil e bonita é semelhante a ter um alvo nas costas" reclamo dando dois passos para o lado com a aproximação de Dora. Ela tem o dispararem de rir de mim, nossas culturas são distintas, os humanos em Luisía também não entendem como as bruxas funcionam, principalmente que as mulheres são as matriarcas da família, e não os homens. "Sim, imploro seu perdão por fazer um elogio, venha, deixe-me deixá-la deslumbrante, bruxa" A jovem criada ponha as mãos na cintura e bate os pés, impaciente. É a primeira vez que alguém me chama de bruxa dentro dessas paredes e em Ailídia e não tem uma conotação negativa. Alguns minutos depois eu sou uma tábua ambulante, não posso respirar e nem me sentar sem sentir pressão no tronco. Dora admira seu trabalho pedindo para que eu dê uma voltinha, ela acaricia o maxilar com o indicador e o polegar em uma expressão de satisfação. Suas mãos coloridas pela maquiagem que usava usara no meu rosto, nunca dei lugar à vaidade, perca de tempo, os treinos eram mais importantes. Dora retira um pequeno espelho do meio de suas coisas e me dá, o que vejo no reflexo é agradavelmente satisfatório. "Pareço uma…" nem sei o que dizer, Dora reivindica o trabalho para si. " Uma Deusa pecaminosa" ela finaliza a frase. Suas mãos são de fadas, os traços puxados nos meus olhos são como os de gatos, a ponta de uma flecha fora pintada com tinta preta no canto lacrimal, meus cílios alongados deixavam meu olhar maior. Nem me lembrava de que tinham lábios tão marcantes, o vermelho vibrante deles pintados com precisão. Toco meu rosto sem acreditar que sou eu. A boa e velha Catarina sempre preparada, atenta ao que está em sua volta reprovaria a tintura, ela nunca gostou de parecer mais bonita ao mais agradável, mamãe dizia que as florais já tinham uma beleza natural e que tentar mudar nossa fisionomia era uma blasfêmia contra nossa deusa: Ailim. Tenho certeza que Ailim não irá se importar com o que eu passo ou deixo de passar no meu rosto. ela tem coisas mais importantes com o que se preocupar. "Alguns usam espadas, outros machados, mas as mulheres vão além, elas tem uma arma mais sofisticada, capaz de matar com um olhar, seduzir com um semicerrar e hipnotizar com os lábios bem pintados" Dora coloca minha trança sobre meus ombros e acaricia minha bochecha espalhando o tom rosa, já estava bom, fazer o que? Dora é perfeccionista. " Esse é um jargão sábio" Digo tocando meus lábios, ela fez magia na minha face "Obrigada" é a única coisa que digo antes de envolvê-la em um abraço apertado, não ligo que Ela estava encharcada de suor e minhas costelas gritem com nosso carinho, eu precisava disso, desse momento com Dora. Na propriedade Isador eu nunca tive tempo, vivia com medo de ser repreendida por Safi. Ailim pensou em tudo, um momento de paz antes de descansar para sempre. "Não agradeça por isso, por sua causa meus irmãos tem o que comer e da melhor qualidade todos os dias, estão até ficando m*l acostumados" A jovem criada esfrega minhas costas adivinhando minha tensão. Tornando a entonação mais séria ela diz: "Eu a salvaria se pudesse, tu és uma boa pessoa Cat, não merece isso..." o tom vacia para o choroso e ela começa a derramar lágrimas na curva do meu pescoço. "Eu sei, não se preocupe com isso" acaricio-a, confortando Dora "Duvido que o rei irá matar um lanche tão agradável como eu, meu sangue é uma delícia, sabia? cadê a confiança no meu produto?" brinco tentando amenizar o clima pesado que rondava o quarto. ... Algum tempo depois os guardas batem na porta, Dora e eu conversamos sentadas no sofá, ela treme com as batidas e começa a ter dificuldades para respirar. "Tudo vai ficar bem" Sorrio traquilizadoramente forçando uma atitude despreocupada. A verdade era que eu estava apavorada, mas demonstrar isso não seria bom pra mim e nem para ela. Dora vai para a varanda, ela escolhe não se despedir de mim, não é grosseiro, é um voto de confiança de que ela não precisa se despedir, pois vamos nos ver novamente. Sua confiança em mim é superestimada. Procuro Xanks, ou até mesmo Norva dentre os guardas, Eles não estão aqui, os demônios que vieram me buscar evitam me tocam, não se dirigem a mim e nem reconhecem minha presença, dois na frente e dois atrás, silenciosos e alinhados. Meus pés contra as pedras lisas é reconfortante, neguei calçar os sapatos que Dora trouxera, quero estar bem equilibrada quando encarar o rei nos olhos, preciso que minha pele esteja em contato com o chão, mesmo que não possa usar minha Mana. Ela arranha dentro de mim, ansiosamente amedrontada, o zumbido de abelhas atormenta meus ouvidos e, aparentemente, minha barriga também. Comi pouco para não vomitar na coroa do rei, pode acontecer… se acontecesse seria engraçado, o grande e malvado rei coberto de vômito de bruxa... Desconheço o motivo dos meus lábios se alargarem num sorriso m*****o. Os irmãos de Dora teriam um banquete vasto essa noite, caso não retornasse como Dora sustentaria todas aquelas crianças sozinha? ela precisava se casar, nós conversamos sobre matrimônio, em vão, a jovem criada era irredutível a fim de permanecer solteira. Seus olhos se voltavam apenas para os vampiros, Dora é linda, uma humana deslumbrante foi desnecessário perguntar suas intenções. Ela queria ser uma ama de sangue. De fato é o melhor caminho para subir de status social e ter acesso às riquezas. Se dispusesse de mais tempo poderia convencê-la a fugir para Luisía com seus irmão. Mas eu não tinha. Algum demônios passam por nós e eu os encaro, como podem ser tão lindos? Eles exalam aquela luxúria mórbida que eu desconhecia ser atraente. Dora não está errada em se atrair por eles, é impossível não notá-los. Alilim, o que está havendo comigo? Minha língua resolve se mover com uma dupla de demônios que cruza nosso caminho no corredor, um deles tem grandes cabelos compridos cacheados maravilhosos e o bastardo sabe disso. O outro tem olhos puxados, mas sem maquiagem, natural. A armadura é feita para ser usada por ambos, preenchem cada espaço com maestria. Nós analisamos mutuamente, um desses para Dora... ou os dois para ela, que explora o egoísmo. "Aproveitando a vista rapazes?" gracejo jogando minha trança delicadamente para as costas. "Desejo aproveitar mais do que somente a vista" o de olhos puxados murmura varrendo minha silhueta, parando no decote generoso do meu vestido vermelho. Ergo o meu vestido levemente, mostrando meus pés nús e balanço meus dedinhos me divertindo. Sou comprometida a levar meus prováveis últimos momentos divertindo-me " Uma pequena amostra gratís cavalheiros" eles riem da piada e olham para meu pé como se tivessem me vendo nua. Que calor agradável sinto no meio das pernas. De repente até o corredor ficou abafado. Os soldados da frente, que me escoltam, trocam uma palavra e cabelos maravilhosos e olhos sedutores voltam sua atenção para mim, ambos os rostos estupefatos. Os dois desaparecem com a velocidade ridícula que os vampiros tem, os novatos descobriram que falavam com uma bruxa? Uma pena, realmente uma pena. Como último recurso, eu deixaria que um deles, não, ambos, levassem minha virgindade. Estar rodeada por homens é um problema. Caso meu noivo tivesse ciência dos meus pensamentos devassos ele não se agradaria. Com o meu sumiço a família dele certamente rompeu nosso noivado. Ele seria meu, nós já estávamos ligados de qualquer forma, e eles descobriram isso da pior maneira possível. Vislumbrei o teto de um salão que ainda não tinha visto, candelabros cintilantes iluminava lá embaixo, o que destruí multiplicado por quatro ainda não se comparava em tamanho. Cortinas claras exímia a claridade do sol de entrar, ouvi dizer que vampiros velhos tinham sensibilidade à luz. Isso explica, já que o salão está lotado. Minha Mana pulsa, em alerta máximo, ela sabe que somos a presa nesse lugar e não gosta disso. Murmúrios e conversas eram ouvidas antes mesmo de descer o primeiro degrau da escada. Meu coração pulou, firmei minha mão no corrimão e desci vagarosamente. òtima desisão não usar aqueles sapados ridiculamente altos, Dora queria me matar? Olho para trás para ter um apoio, descer a escadaria sozinha me fez desenvolver sete tipos de medo diferentes. Deixem a pobre bruxa se lascar sozinha, penso irritada. Os guardas sumiram junto com qualquer ruído. Eles não precisavam mais se assegurar de que eu não fugiria, a multidão de vampiros lá embaixo cuidaria desse serviço para eles. Agarrei-me a meu medo e o apertei, impedindo-me de dar meia volta e correr para o aconchegante quarto que fora minha casa, viveria ali para o resto da minha vida tranquilamente. Tendo Dora como companhia seria uma dádiva a acrescentar. Não posso voltar, os guardas me interceptariam antes mesmo que eu pronunciasse a palavra viciados de uma figa. Levanto meu rosto e encaro a multidão no salão. É agora ou nunca. Obrigo meus pés a se mexerem e sigo.
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