QUATRO – REALIDADE DESEJADA

881 Words
Bernard para a moto na pista de pouso do aeroporto e eu desço retirando o capacete da minha cabeça, bem a nossa frente está o avião particular do irmão dele e então eu me lembro da existência de Gustav. Droga! Mesmo que ele seja o Capo em Seattle, não quer dizer que ele não mande aqui na Itália também se quiser. Será que ele vai me mandar de volta para casa? Pensar nisso me dá arrepios na nuca, afinal, ele é primo de Felippe e, com certeza, está do lado da família. Merda, agi por impulso uma vez na vida e ai está o resultado. – Você está fazendo aquela cara que faz quando presumo que está apavorada, o que está errado? – Bernard pega o capacete da minha mão e coloca em cima da moto junto com o seu, um dos seguranças se aproxima e pega a chave. Ele me encara esperando que eu responda. – Percebi que agi por impulso e não pensei nas consequências, e se o seu irmão me mandar embora? Pior ainda, se ele me levar para casa a força? Meu Deus, ele pode muito bem me punir por isso afinal ele é capo e… – Cazzo, está viajando na maionese. – Ele me interrompe e me empurra em direção ao avião. – Vamos, entre logo precisamos decolar. – Mas… – Prefere ficar aqui e ser pega pelos seus pais? Ótimo, te vejo quando já for da família. – Ele sai e começa a subir as escadas enquanto eu continuo parada olhando para os degraus como se eles fossem o próprio Darth Vader (eu tenho medo dele, me julgue se quiser). – Entre logo, você não me fez ir te buscar atoa não é? Ele tem razão, ele se arriscou para me ajudar e aqui estou eu pirando por causa de algo que nem sei. Bernard some dentro do avião e eu respiro fundo e começo a entrar no avião. – Ah, ótimo. Eu estava prestes a ir lá e te colocar nas costas como um saco de batatas e te carregar para dentro, obrigada por facilitar meu trabalho. – Bernard diz quando eu chego e me sento em uma poltrona que há em frente a sua. – Como vai, Kelyne? – Gustav me cumprimenta do outro lado do avião e eu dou um sorriso amarelo em resposta. – Vou bem, e você? – Pergunto por educação. – Feliz demais por sair daqui, não pretendo voltar e nem sei por que vim para falar a verdade. – Bom, você recebeu um convite do próprio Ricardo, por isso que veio. – Ricardo Luca é o pai de Felippe, então presumo que ele realmente veio para o meu noivado. – Eu vim por que pensei que seria bom rever a família, mas percebi que nada mudou. – Desculpe por todo o tumulto no dia do noivado, não queria que as coisas fossem daquele jeito mas eu realmente não consegui me segurar. Apenas … foi demais para suportar. – Che diavolo? Por que está pedindo desculpas quando não fez nada de errado? Você foi muito corajosa em acabar o noivado daquela forma. – Receber um elogio de Gustavé como um milagre, desde que mataram Melanie o homem é a própria personificação da frieza. Falando assim, ele parece mais com o Gustav que conheci quando era pequena e ele já era grande, ele sempre foi um bom garoto apesar do peso do seu nome e seu futuro reinado, mas se fechou para o mundo quando seu pai matou Melanie. – De nada adiantou minha coragem se minha mãe ainda quer que eu me case com Felippe. Segundo ela, ele já se desculpou. Como se houvesse desculpas para t*****r com a sua “amiga” no banheiro em plena festa de noivado. – A última frase é resmungada e eu faço aspas com os dedos ao falar sobre Dávila. – Por isso está fugindo? – Sim, espero que não tenha problema para você. – Nos conhecemos desde a infância, sei que tenho sido distante da Itália nestes últimos dez anos mas quero que saiba que pode contar comigo a partir de hoje. Pode se considerar como a minha protegida. Um grande peso é tirado das minhas costas ao ouvir as suas palavras e eu sorrio feliz. – Então não vai entregar a minha localização ao meu pai ou Leonardo? Muito obrigada. – Tudo bem, eu sei como é não ter opções. – Depois que ele diz isso, se levanta e sai se dirigindo a cabine do piloto. – Ótimo, agora quando vai me agradecer docinho? – Bernard pergunta. – Obrigada. Sem você nada disso teria acontecido. – Até que foi fácil, aqui é um tédio e eu só te ajudei por que estava sem nada para fazer. – Ele diz, mas eu não acredito nem um pouco nas palavras dele. – Bom saber, vou te dar alguns trabalhos quando pousarmos em Seattle. – Gustav diz passando por nós e sentando-se em seu lugar novamente. Bernard faz uma cara de desespero e eu escondo uma risada. Dez minutos depois, estamos sobrevoando a Itália e eu observo pela janela me despedindo de tudo aquilo que eu conheci a vida inteira e me preparando para o novo destino que há de vir.
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