03

2013 Words
|Mel| Eu preciso sair daqui, isso não podia estar acontecendo comigo, não conseguia parar de chorar, me fazia de durona, mas eu sabia que eu não era, e poderia me encrencar com esse meu jeito de ser. Fechava os olhos na intenção de ser apenas um pesadelo, um grande e terrível pesadelo . *** Não dormir a noite toda, essa cadeira i****a e desconfortável. Eu queria muito ir ao banheiro, não estava mais aguentando segurar . - Hey !.- Grito varias vezes, até que ouço alguém descer as escadas . - Oque é ?.- O tal Dom pergunta impaciente. Ele estava sem camisa e não pude deixar de notar que ele era bem malhado, e com algumas tatuagens no braço e no peito...e que peito ! - Eu preciso ir ao banheiro .- Digo o encarando . - Tem mesmo que ser agora ?.- Pergunta mexendo em um celular sem nem me olhar . - Se não quisesse ir agora, não teria te chamado .- Digo abusadamente e pelo olhar que ele mandou pra mim, me arrependi drasticamente de ter dito isso . Ele vem até a mim devagar, me encarando com um olhar nada bom, fiquei imóvel com o coração na mão. Mas graças a Deus ele só veio me soltar . - Vem, e não tenta nada .- Diz sério.- Até porque tentaria em vão, nem sairia daqui sem ser pega por um dos meus caras .- Diz me levando pra cima. Subi as escadas com ele no meu lado segurando o meu braço fortemente, observei a casa, e era bem grande, na sala tinha uma televisao enorme, com alguns CDs espalhados pela estante, com cozinha americana, um balcão preto de mármore, claro que não se comparava a minha casa né, mas era bem arrumadinha pra um homem, ainda mais um bandido . - Não demore .- Disse abrindo uma porta branca pra mim, que era o banheiro. Entrei e era bem limpinho, que bom, eu odiava usar outro banheiro fora de casa, me sentia h******l com isso, nunca sentei em vaso sanitário de casa de ninguém, nem das minha amigas. Acabei de usar o vaso mas não dei descarga, pra ele não saber que eu já havia acabado de usa-lo, abri o vasculhante que tinha no banheiro, pois eu precisava saber onde eu estava . Não dava pra abrir muito ela, pelo tamanho, mas pude ver um pouco lá fora, tinha casas uma encima da outra, de tijolos, outras pintadas, algumas até mesmo pareciam abandonadas, tudo tumultudas. Meu Deus onde eu to? - Hey, anda logo patricinha .- Ele grita batendo na porta . Saio da janela a fechando novamente, e enfim dou a descarga e lavo minhas mãos, não queria me olhar no espelho, eu com certeza estaria toda acabada, com maquiagem velha, cabelo sem pentear, e ainda por cima, estava com essa roupa de animadora. Eu preciso de um banho . Abro a porta, e ele me olha sem entender minha cara de pidona . - Eu preciso tomar um banho, não posso ficar assim .- Digo me olhando de cima pra baixo . - Não, nem pensar .- Diz impaciente . - Dom eu... - Não e chame de Dom .- Diz alto me interrompendo . Ue, mas esse não era o nome dele ? - E como devo chama-lo ?.- Pergunto sem entender nada . - Não me chame, simples assim .- Diz segurando meu braço e me levando pro porão novamente . - Espera ai .- Digo puxando meu braço e me soltando dele .- Eu vou ficar aqui três semanas, e você acha que vou ficar sem banho até lá ?.- Digo firme, e estava tremendo por dentro . Ele me encara f**o, e confesso que eu estava apavorada . - Você não parece ter medo de mim .- Diz me observando com um olhar penetrante . - E... não tenho .- Minto descaradamente . - Pois deveria ter, agora desce .- Diz rude, com a porta do porão já aberta pra mim .- Olha pelo lado bom, vai poder ficar solta agora .- Diz no meu ouvido, e confesso que queria dar um chute bem entre suas pernas . Entrei e ele a trancou novamente . Que lugar mais horrendo, nossa como estava com saudades das minhas coisas, meu quarto, minha cama, meu celular, de tudo ! Prendo meu cabelo com uma mexa, e me sento na tal cadeira, estava morrendo de fome, não comi aquele macarrão de ontem que ele trouxe, minha barriga estava roncando sem parar . ... Algumas horas depois, o menino moreno de ontem apareceu, acho que se chamava Miguel, sei lá . - Melany, não é ?.- Ele diz puxando conversa se sentando na cadeira a minha frente. Eu não queria papo com ele, nem com ninguém ali . - Uhum.- Digo fria sem o olhar. - Não precisa ter medo de mim .- Diz rindo .- Sou o Miguel .- Ele estende sua mão pra mim, olho a mão dele e não estendo a minha o ignorando .- Tudo bem, eu entendo . - Olha só " Miguel", eu não to afim de papo ok ?.- Digo fazendo ênfase no nome dele .- Eu só quero...sair daqui .- Digo baixando a cabeça com o olhar triste, mas não queria demonstrar isso, pois poderiam abusar disso. - Quando seus pais voltarem, você poderá sair .- Diz se levantando .- Você deve estar cansada né ? essa cadeira é h******l até pra sentar. Eu consegui convencer o Dom, pra deixar você dormir no outro quarto lá em cima, lá tem um banheiro no quarto e uma cama boa, tá ligada? .- Diz me fazendo olhar pra ele . Me levanto rapidamente, fazendo ele rir de mim . - Então vamos lá .- Diz subindo as escadas, e eu subo logo atrás dele . O Tal do Dom, estava sentado no sofá falando no celular . - É aqui .- Miguel disse, abrindo a porta do quarto. Era um quarto todo branco, com janelas com grades, uma cama e uma porta que presumi ser o banheiro . - Obrigada .- Digo entrando no quarto . Ele sai sem falar uma só palavra, e tranca a porta por fora . Abri a porta que tinha, e vi o banheiro, não era grande, mas dava pra fazer minhas coisas. Tinha uma toalha pra minha sorte, mas e roupas ? Eu não botaria a mesma roupa, estava super suja . Me sento na cama olhando pro teto como uma retardada. Alguém abre a porta, olho pro mesmo vendo o tal Dom entrar. - Essas são algumas roupas da irmã do Miguel .- Ele diz as jogando pra mim na cama. - Ela não vai se importar ?.- Pergunto receosa olhando as peças de roupa. - Não .- Ele responde rápido .- Ela ta morta .- Diz me fazendo o encaro de boca aberta . - Quer que eu use roupa de defunto ? - Ou é isso, ou é nada .- Diz fechando a porta de novo . Droga, eu não queria usar essas roupas até porque estavam totalmente fora de moda, e porque a garota esta morta, eu usando roupa de gente morta ? Mais eu não tinha escolha, ou usava isso, ou ficaria sem banho. Fui pro banheiro, tranquei a porta, tirei minhas roupas, e fui pra debaixo do chuveiro, pulei ao sentir a água gelada bater em minhas costa . Sério que não tinha água quente ? Demorou um pouco pra eu me acostumar, me lavo sem molhar meu cabelo. Me enxugo, pisando no chão com os dedinhos encolhidos de nojo . Ponho a roupa do difunto, que era uma blusa preta de manga longa, e uma saia de rendinha branca, totalmente fora de moda. Passo a mão no meu cabelo na intenção de arruma-lo, e faço uma trança de lado. A porta se abre bem na hora, me fazendo olhar pra mesma . - Vai comer ?.- Ele pergunta breve . Sinto minha barriga rosnar, só em ouvir a palavra, "comer" . - Acho que sim .- Digo baixo . - Então vem .- Diz abrindo espaço na porta pra mim sair e saio meio sem graça. Ele caminhou até a porta da sala, já abrindo a mesma, me dando a visão da rua. Olhei pra ele que segurava a porta pra eu sair, e fiquei em dúvida se era mesmo pra sair. - Anda, é pra hoje .- Diz apressado . Saio rapidamente, e ele fecha a porta atrás de si, e que vontade de sair correndo por ai. Mas eu não conheço nada aqui, seria sacrifício de t**o. Algumas meninas me encaravam com cara de ruin, dava pra se ouvir uns funks lá no fundo de um bar na rua, outras meninas descendo com uns shortinhos minúsculos, que acho que cheguei ver o útero delas todinho . - Oi Dom.- Uma loirinha de shortinho toda, toda, diz sorrindo pra ele . - Fala ai .- Ele diz sem nem mesmo olhar pra ela. Nossa ! Chegamos em uma casa toda branca, ele saiu abrindo a porta, e me puxando pra dentro . - Oi Amorzinho.- Uma senhora diz, indo até ele e o beijando . Quem era essa ? A mãe dele ? - Cadê ela ?.- Miguel chega na sala mastigando algo. Cadê ela quem?...Eu ? Dom sai da minha frente, me deixando a mostra . - Quem é essa menina linda ?.- A senhora diz, vindo até a mim . - É minha prima .- Dom fala todo enrrolado . Prima ? Essa é ótima! - Sua prima ? .- Ela diz me abraçando, ela tinha cheiro de hortelã .- Sinta-se em casa meu amor .- Diz gentilmente. Bem difícil eu me sentir em casa . - Vamos comer então .- Miguel diz já sentado na mesa . Todos se sentam na mesa e eu fico em pé olhando pra eles, sério mesmo que vou almoçar com dois bandidos, e uma senhora ? - Senta minha filha .- Ela diz puxando a cadeira do seu lado . Me sento me sentindo h******l, com a enorme vontade de correr dali . - Não coma agora .- A senhora grita batendo na mão do Miguel, fazendo o Dom rir .- Vamos orar antes .- Diz me dando a mão. Logo todos dão as mãos, olho pra cara do Dom que estava do meu outro lado. Eu não queria dar a mão pra ele, e pela cara dele, ele também não queria me dar a mão . Mas tivemos que dar a bentita mão. Assim que ela acabou a oração, soltei a mão dele rapidamente, como se ele fosse um virus que eu não queria pegar . ... Só consegui comer, porque estava realmente morrendo de fome, porque não estava me sentindo bem naquela mesa. - Estava uma delicia tia .- Dom diz a abraçando forte . Ela sorrir o abraçando também . - já vou indo .- Ele grita pro Miguel, que não estava na sala. - Daqui a pouco to lá .- Miguel grita também, de algum lugar da casa . - Tchau meu amor, adorei sua visita .- Ela diz me abraçando. Apenas sorri pra ela gentilmente . ... Voltamos pra casa dele, e eu já estava indo pro quarto, quando ele me chamou . - Se quiser pode ver televisão .- Diz me olhando . Oque me fez, o encarar surpresa . - Esta sendo legal comigo .- Digo sorrindo e ele revira os olhos . - Não, não estou, só acho que deve ser chato ficar lá olhando pras paredes, mas se não quiser o problema é seu .- Diz trancando a porta da sala . Dou meia volta, indo pra sala. E ele entra num quarto que provavelmente era dele . Olho pra porta na intenção de sair daqui nessa grande chance, mas ela estava trancada, e eu não conhecia o lugar e provavelmente, como ele mesmo falou, os outros caras me pegariam novamente e isso só piorariam as coisas pra mim.
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