CAPÍTULO 58
GRINGO NARRANDO
Era hora do almoço, mas parecia que meu dia já tinha sido inteiro arrastado no calçamento. O sol tava queimando o topo do morro, daqueles que deixa o ar tremendo, e eu já desci de casa puto, com o estômago embrulhado e a cabeça pegando fogo.
Eu fiquei a manhã inteira com a porrä daquela informação martelando na minha mente. Yasmin. Mulher de polícia. E a Rafaela… a Rafaela que eu mais confiei… tinha me deixado sem saber de nada.
Peguei a moto com raiva, chutei o pedal, e desci o morro no talo. O motor roncava alto, e eu acelerava como se conseguisse deixar a raiva pra trás, mas ela vinha colada comigo igual sombra.
O movimento do morro tava naquele ritmo de meio-dia: feirinha aberta, gente gritando preço, menor correndo pra lá e pra cá, carro de som passand
