Capítulo 21. Forçados a se dar bem

440 Words
No mesmo dia, já à noite, o internato estava recolhido. O clima entre Adrian e Eleonora continuava pesado cada um preso em seus próprios pensamentos, ambos irritados demais para admitir qualquer coisa além do óbvio: queriam distância um do outro. Eleonora, no dormitório feminino, estava deitada na cama com o celular sobre o peito quando ele vibrou. Ela estranhou seus pais nunca ligavam naquele horário. Atendeu. — Mamãe? A mãe dela soou animada, quase ofegante. — Eleonora, querida! O diretor do internato acabou de entrar em contato conosco. Ele liberou você para sair no próximo final de semana. Vai poder participar do lançamento da nossa nova linha de carros. É um evento enorme, você precisa estar lá. Eleonora arregalou os olhos. — Eu… fui liberada? Assim? Mas é um internato… — Nós insistimos. Dissemos que era um compromisso da família Montreuil. Ele entendeu. Eleonora sorriu, mas era um sorriso estranho metade alívio, metade orgulho. — Ótimo. Eu vou me arrumar para arrasar. — Só não esqueça que é um evento de negócios, minha filha. Nada de provocação e nem de show com Adrian. Eleonora revirou os olhos. — Claro, mãe. Boa noite. Desligou. Ficou olhando para o teto, imaginando o vestido perfeito, a maquiagem impecável, a entrada triunfal. E nem por um segundo pensou que Adrian também seria liberado. No dormitório masculino, Adrian estava sentado à escrivaninha, revisando exercícios de física avançada, quando seu celular vibrou. Viu o nome do pai na tela. Atendeu. — Pai? Está tudo bem? A voz do pai veio firme, orgulhosa. — Filho, o diretor permitiu algo especial. Você está liberado para vir no próximo final de semana. Queremos você no lançamento da nova série da MonBourn Motors. Será o maior evento da empresa até hoje. Adrian se ajeitou na cadeira, surpreso. — Eu? Mas é… longe. E o internato não costuma permitir — Nosso advogado conversou com o diretor. Ele concordou. Você faz parte do futuro da empresa, Adrian. Queremos você conosco. O jovem respirou fundo, uma mistura de responsabilidade e empolgação passando por seus olhos. — Eu vou. Claro que vou. O pai riu do outro lado. — Sabia que diria isso. Prepare-se. Vai ser grandioso. Quando desligou, Adrian ficou alguns segundos parado, encarando o laptop sem realmente vê-lo. O peso do evento, da imagem, do nome da empresa… tudo isso ele entendia. Mas o que ele não esperava e só percebeu alguns segundos depois era a lembrança de uma pessoa: Eleonora. Se os pais dele conseguiram liberação… os pais dela com certeza também. Ele levou a mão ao rosto, fechando os olhos por um instante. — Ótimo… exatamente o que eu precisava.
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