Capítulo 03 : Atraída pelo Perigo

1496 Words
Bianca O calor daquela noite era sufocante, mas o que realmente me deixava inquieta era o olhar de Rafael. Ele tinha algo de selvagem, perigoso, e por mais que eu tentasse não demonstrar, meu corpo reagia de maneiras que me confundiam. A batida da música se misturava com a adrenalina que corria pelas minhas veias. Eu sentia um formigamento na pele, como se estivesse a ponto de fazer algo proibido. Ele era diferente de qualquer um que eu já tivesse conhecido. Quando me abordou, suas palavras eram suaves, quase um sussurro, mas havia uma tensão oculta nelas. Algo que dizia "cuidado" e, ao mesmo tempo, "venha mais perto". Não consegui resistir. Havia algo nele que me prendia. Algo que me fazia querer saber mais, mesmo sabendo que me aproximar dele poderia ser perigoso. Eu me perdi na intensidade dos olhos de Rafael. Eles me encaravam como se pudessem enxergar além do que eu deixava transparecer, como se ele soubesse que, por trás do meu comportamento confiante, havia uma incerteza crescente. Cada vez que ele se aproximava, minha respiração ficava mais curta, e meu corpo inteiro parecia tenso, como se esperasse por algo que eu não conseguia nomear. Quando ele disse: "Vamos ver até onde você quer ir", senti um arrepio percorrer minha espinha. O modo como ele se afastou, seguro de que eu o seguiria, me deixou ainda mais confusa. Eu sabia que deveria me afastar, que ele não era alguém com quem eu deveria me envolver, mas meu corpo parecia agir por conta própria. Minhas pernas começaram a se mover, como se tivessem vida própria, me levando na direção dele. Eu olhei ao redor, vendo as pessoas dançando, rindo, perdidas na atmosfera da festa, mas para mim, tudo parecia distante, como se eu estivesse em uma bolha onde só existíamos Rafael e eu. Minha amiga, que me trouxe até aqui, desaparecera no meio da multidão, e naquele momento, senti que estava sozinha nesse jogo perigoso. Ele caminhava na minha frente, o corpo alto e musculoso cortando o caminho pela multidão. Mesmo entre tantas pessoas, Rafael parecia ocupar mais espaço do que qualquer um. Cada movimento seu exalava controle e confiança. Eu sabia que ele estava me testando, esperando para ver se eu teria coragem de continuar. E, contra meu próprio julgamento, continuei. Acompanho-o até uma parte mais afastada da festa, onde a música era apenas um murmúrio distante, mas ainda era possível sentir a vibração no ar. Ali, a escuridão se fechava ao nosso redor, e eu comecei a perceber o quão longe eu havia ido. Meu coração batia forte no peito, não apenas pela proximidade de Rafael, mas pelo perigo que eu sentia ao estar ali, tão perto dele. "Você não pertence a esse lugar", ele disse mais cedo. E ele estava certo. Eu era uma estranha aqui. Mas a maneira como ele falava comigo, como me olhava, me fazia sentir que eu queria pertencer, queria entender esse mundo ao qual ele pertencia. — Está com medo? — ele perguntou, de repente, virando-se para me encarar. Eu parei, meu coração batendo ainda mais forte. Suas palavras me atingiram em cheio. Eu estava com medo, mas não podia admitir isso para ele. Havia algo na maneira como ele falava, como se estivesse provocando, esperando para ver minha reação. — Não — respondi, tentando soar firme, mas minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia. Ele deu um passo em minha direção, diminuindo a distância entre nós. Eu podia sentir o calor que emanava de seu corpo, sua presença tão próxima que me fazia quase perder o equilíbrio. Eu queria me afastar, mas ao mesmo tempo, estava atraída por ele, como uma mariposa pela luz. Ele era perigoso, e eu sabia disso, mas não conseguia recuar. — Você mente m*l — ele sussurrou, e o som de sua voz fez meu corpo inteiro se arrepiar. Eu tentei manter o controle, tentei esconder o efeito que ele estava tendo sobre mim, mas era inútil. Eu sabia que ele percebia cada detalhe. A maneira como meus lábios entreabertos traíam minha respiração acelerada. Como meu peito subia e descia mais rápido, denunciando o nervosismo que crescia dentro de mim. Ele ergueu a mão, e por um breve segundo, achei que ele iria tocar meu rosto. Meu corpo ficou tenso, antecipando o toque, mas ele parou antes de me alcançar, mantendo uma pequena distância. Senti o ar entre nós ficar pesado, como se o espaço que nos separava fosse repleto de energia estática, prestes a explodir. — Eu vejo nos seus olhos — ele continuou, sua voz suave, mas cheia de intenção. — Você está curiosa. Quer saber o que há do outro lado, mas está com medo de atravessar a linha. Ele estava certo. Eu estava apavorada. Não pelo lugar em si, ou pelas pessoas ao redor, mas por ele. Rafael me assustava de uma maneira que eu nunca tinha experimentado antes. Era um medo que vinha misturado com desejo, e isso me fazia sentir ainda mais fora de controle. — Talvez eu não queira atravessar essa linha — murmurei, minha voz soando mais fraca do que eu gostaria. Ele deu um pequeno sorriso, um sorriso que não chegou aos olhos, mas que fez meu coração disparar ainda mais. — Talvez você já tenha atravessado — ele disse, e antes que eu pudesse processar suas palavras, ele deu mais um passo, dessa vez encurtando completamente a distância entre nós. Seu corpo estava tão perto do meu que eu podia sentir o calor que irradiava de sua pele. Minha respiração ficou presa na garganta, e meus pensamentos começaram a embaralhar. Tudo o que eu conseguia sentir era a presença dele, avassaladora, esmagadora, e completamente inebriante. Rafael era uma força da natureza, e eu era apenas uma garota que tinha sido pega no meio de sua tempestade. — Eu posso te mostrar coisas que você nunca viu — ele sussurrou, sua voz baixa, quase hipnótica. Eu sabia o que ele estava oferecendo. Sabia que ele estava me levando a um caminho do qual eu provavelmente não conseguiria sair ilesa. Mas, mesmo assim, meu corpo reagia a cada palavra sua, a cada movimento. Meu coração batia tão forte que eu tinha medo de que ele pudesse ouvir. Era como se ele soubesse exatamente o efeito que tinha sobre mim, e usasse isso a seu favor. — Por que eu confiaria em você? — perguntei, tentando desesperadamente manter um pouco de controle sobre a situação. Ele me olhou com um sorriso de canto, um sorriso que me deixou ainda mais nervosa. — Quem disse que você deve confiar? — ele respondeu, sua voz carregada de perigo. Aquilo me deixou sem palavras. Eu sabia que ele estava certo. Eu não deveria confiar nele. Tudo nele gritava perigo, desde o olhar penetrante até o jeito como ele se movia com uma confiança que só alguém que dominava o ambiente poderia ter. Mas, ao mesmo tempo, algo em mim queria me jogar nesse abismo desconhecido. Era uma sensação avassaladora, uma mistura de medo e atração, de perigo e desejo. Rafael ergueu a mão novamente, dessa vez deixando os dedos roçarem de leve minha pele, na altura do meu pescoço. O toque foi suave, quase imperceptível, mas o suficiente para fazer meu corpo inteiro reagir. Um arrepio percorreu minha espinha, e eu senti minhas pernas ficarem fracas. Ele percebeu o efeito, claro. Eu podia ver isso nos seus olhos. O sorriso satisfeito no canto de seus lábios. — Não confie em mim, Bianca. Só siga o que você sente. As palavras saíram de seus lábios como uma promessa e um aviso ao mesmo tempo. Eu devia ter me afastado, devia ter recuado e me afastado de tudo aquilo, mas, em vez disso, meu corpo inclinou-se involuntariamente para ele. Havia algo em Rafael que me fazia perder o senso de razão. Ele era como um imã, e eu não conseguia evitar ser atraída para ele, mesmo sabendo que isso provavelmente terminaria m*l. — Você é diferente das outras — ele disse, sua voz um pouco mais suave agora, mas ainda cheia de perigo. — Eu sabia disso desde o momento que te vi. Essas palavras me atingiram de uma maneira que eu não esperava. Fiquei em silêncio, meu olhar preso no dele. Eu sabia que estava entrando em um terreno perigoso, mas não conseguia mais me afastar. — Mostre-me, então — sussurrei, surpreendendo até a mim mesma. Minha voz saiu baixa, mas carregada de uma determinação que eu não sabia que tinha. Ele me olhou por mais alguns segundos, avaliando, talvez esperando que eu recuasse. Mas eu não recuei. Estava com medo, sim, mas também queria entender o que havia além dessa atração, além do perigo que ele representava. Sem dizer mais nada, Rafael deu mais um passo, e o toque leve de seus dedos em meu pescoço tornou-se mais firme, como se ele estivesse me testando, sentindo a minha resposta. Eu não me movi. Não podia.
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