Ficando de exemplo

1307 Words
Farias O tapa ardeu mais no meu orgulho do que na cara. E o cuspe... p***a, o cuspe foi tipo tomar tiro na alma. Ela me desmoralizou. Na minha casa. Na frente da vagabund@ que eu acabei de comer. Ela não bateu só em mim. Ela bateu no bandido. No Farias. No cara que ninguém nunca ousou tal coisa. O ódio subiu igual uma fumaça preta. Não vi mais nada. Só escutei os demônios me gritando no ouvido: "DESCE A PORR@, MOSTRA QUEM TU É!" - TU TÁ PENSANDO QUE EU SOU O QUÊ, GABRIELA?! UM o****o?! UM BONECO, É?! p***a! TU CUSPIU NA MINHA CARA, BATEU NELA! _berrei, avançando nela. Ela ainda estava de cabeça erguida, tentando me encarar, com os olhos cheios de raiva, peito ofegante... mas não teve tempo de responder. PAH! O primeiro tapa. Seco. Na cara. A cabeça dela virou na hora. - SEU LIXO! TU É UM ANIMAL! _ ela gritou. - ANIMAL É O C@R@LH0! _gritei de volta, pegando ela pelo braço e jogando contra o sofá. Ela tentou levantar, cambaleando, mas já veio outro. Mais forte, dessa vez um soco no estômago. Ela caiu de joelhos, sem ar. - TU QUIS BANCAR A MACHONA COMIGO? QUIS ME TIRAR? ENTÃO AGORA AGUENTA, DESGRAÇAD@! Gabriela tentava se arrastar, mas eu tava cego. Dei um chute na costela. Outro na perna. Ela gemia, chorava, tremia... E eu só via vermelho. - TU NÃO É MULHER DE BANDIDO, NÃO, p***a! TU É UMA PUT@ METIDA A MADAME QUE ESQUECEU COM QUEM TÁ CASADA! Ela ficou ali, caída, com o vestido todo sujo, o rosto já com marca do tapa, as pernas trêmulas... A imagem dela assim deveria me parar. Mas não parou. Porque o Farias... O Farias já tinha ido embora. O que ficou no lugar era o demônio. Ela tava ali, caída, chorando baixinho, e eu ainda respirando igual um bicho... O peito subindo e descendo, as veias saltadas. O gosto do cuspe dela ainda queimava na minha cara. A cara ardia, o ego sangrava. E minha alma? Minha alma virou ódio puro. - TU MERECE CADA PORRADA QUE TÁ TOMANDO! MERECE MUITO MAIS! _ gritei, puxando ela pelos cabelos. Gabriela gritou alto, as mãos tentando proteger a cabeça, mas eu já tinha virado o capeta em forma de homem. - TU QUIS ME TIRAR COMO o****o, SUA v***a? ENTÃO VAI PAGAR! VAI PAGAR COM JUROS! PÁ! Outro soco. Dessa vez no rosto. O som foi seco. Um estalo forte, como madeira rachando. Ela caiu de novo, rolando no chão, tentando se arrastar. - Farias... para... por favor... p-pelo amor de Deus... _ela gemia, a voz falhando. - AGORA TU QUER DEUS?! TU LEMBROU DE DEUS AGORA, DESGRAÇAD@? NA HORA DE ME TIRAR NÃO TINHA DEUS NENHUM, NÉ?! Dei um chute nas costas. Outro nas costelas. Ela tossiu, chorando, se contorcendo, já sem força. - EU DEVERIA TE ENTERRAR VIVA, SUA PUT@! TU NUNCA MAIS VAI ME AFRONTAR! TU NUNCA MAIS VAI LEVANTAR A VOZ PRA MIM, OUVIU?! NUNCA MAIS! O sangue já escorria pelo nariz, pela boca, O corpo tremendo. Mas dentro da minha cabeça… Ainda tinha ódio. Ainda tinha fogo. Ainda tinha demônio. Jogada que nem bicho sarnento. Sangue no canto da boca, o nariz torto, o olho inchando. Mas mesmo assim… mesmo caída… só o fato dela tá ali respirando ainda me dava nojo. Eu queria apagar ela. - Tu não sabe com quem tu se meteu, p***a… tu esqueceu o homem que eu sou. TU ESQUECEU QUEM É O FARIAS, CARALH0! _ gritei, chutando o corpo dela com força de novo. O barulho que fez… parecia osso. Gabriela tentou encolher as pernas, gemendo. Mas pra mim, ela nem era gente mais. Virou inimiga. Ela ali, toda arregaçada no chão, cuspindo sangue, e eu? Com ódio borbulhando até nas veias da alma. - TU SE ACHA O QUÊ, DESGRAÇAD@? PENSA QUE PODE ME TIRAR NA FRENTE DE PUT@?! PENSA QUE EU VOU DEIXAR BARATO? Me agachei de novo e puxei ela pelos cabelos, arrastando até o meio da sala. Ela gritava fraco, tentando bater nas minhas mãos, mas tava sem força nenhuma. A cara dela já tava virando uma massa roxa. Nariz torto. Boca rasgada. Um dos olhos fechando. - Tu é minha mulher, caralh0. Tu foi feita pra me respeitar. PRA ME OBEDECER, p***a! PÁ! Outro soco. No meio da cara. Ela tentou se proteger, mas eu segurei os braços com o joelho e desci mais porrada. No rosto. No peito. No braço. - Toma! Toma, sua put@! Toma pra tu aprender! TU QUIS SE FAZER DE MACHONA COMIGO, AGORA TU VAI VER O PESO DO MACHO QUE TU TEM EM CASA! Ela gritava… gemia… e eu nem ouvia. A cabeça dela batia no chão a cada impacto. O sangue já escorria pelo pescoço, sujava o chão, grudava no meu braço. - Farias... chega... eu vou morrer... _ ela choramingou, com a voz mole, toda fudida. - MORRE ENTÃO, CARALH0! _ berrei, e dei uma sequência de tapas na cara dela, estalando igual chicote. Ela cuspia sangue. O corpo tremia. As pernas já não se mexiam mais. Peguei ela pelo pescoço, levantei o tronco dela no ar, e falei na cara dela, com a respiração quente, o rosto colado no dela: - Tu não é mais minha mulher. Tu é exemplo. EXEMPLO PRA TODA PUT@ QUE ACHAR QUE PODE ME DESMORALIZAR. E joguei ela com força contra a parede. Ela caiu mole. A cabeça bateu seco no rodapé. E dessa vez... nem gemeu. Respirava... Bem fraco. Quase nada. Ela apagou! E eu parado no meio da sala, com os punhos vermelhos, o peito inflado de raiva. Sem arrependimento. Sem pena. Sem alma. Eu ainda tava ali, com a respiração pesada, olhando o corpo da Gabriela largado no chão da sala como se fosse um boneco quebrado. O silêncio gritava. Só se ouvia o som da minha raiva ainda pulsando. Do outro canto da sala, encostada na parede, a Jasmim tava pálida, os olhos arregalados, o vestido torto, os braços cruzados no peito, tremendo feito vara verde. - E tu, v***a, ainda tá aí por quê? Ela arregalou mais ainda os olhos, gaguejou alguma coisa, mas a voz nem saiu. Dei um passo na direção dela. - DESAPARECE DAQUI, PORR@. VAZA! SOME! ANTES QUE EU DESÇA A MÃO EM TU TAMBÉM, SUA PUT@ INÚTIL! Ela saiu correndo pela porta como um rato fugindo de incêndio, tropeçando no salto, quase caindo. Permaneci ali por uma tempo olhando a Gabriela, toda fudida, o rosto inchado, o vestido sujo de sangue, os cabelos colados no rosto, parecendo um trapo jogado. Não falava nada. Nem se mexia. Só um leve subir e descer do peito. Abaixei. Peguei ela no colo como quem pega um saco de lixo. Sem dó. Sem peso na consciência. - Tu achou que ia me desmoralizar e sair ilesa, né, princesa? Pois toma. Toma pra tu aprender a nunca mais peitar bandido. Nunca mais. Saí da casa, joguei ela no banco de trás do carro sem cuidado nenhum. Bati a porta. Entrei na direção. Liguei o carro. O trajeto até o hospital do morro foi mudo. Frio. Cru. Encostei o carro na porta de emergência. Desci, abri o banco de trás, puxei ela pelo braço. A enfermeira lá dentro correu quando me viu com ela toda ensanguentada nos braços. - Se machucou. Tá viva. Se vira aí. — falei, seco, largando o corpo dela na maca. Nem olhei duas vezes. Nem esperei resposta. Nem quis saber se ia sobreviver. Voltei pro carro, bati a porta. E com o mesmo sangue nas mãos, voltei pro pagode. Como se nada tivesse acontecido. Como se eu não tivesse quase matado a Gabriela, a minha mulher, a mãe dos meus filhos. Porque no mundo onde eu vivo... Quem tira bandido como o****o, sangra.
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