CAPÍTULO 38 CARIOCA NARRANDO O despertador nem tinha tocado, mas já eram quase oito da noite e eu ainda tava rodando pelo quarto, escolhendo a porrä da roupa. Baile de sábado nunca era só baile — era vitrine, era território marcado, era todo mundo de olho em mim. Abri o closet, puxei a calça jeans preta justa, camiseta da Lacoste branca, corrente grossa de ouro e o relógio que brilhava mais que luz de poste. O boné preto eu joguei de lado na cama, ia decidir se usava ou não na última hora. A Glock já tava na cintura, porque sem ela eu nem respirava. No banheiro, a água quente bateu nas costas e deu aquela acordada. Lavei o rosto, deixei a barba por fazer, só aparada. Quando saí, joguei um perfume forte no peito e nos pulsos, aquele que deixava rastro até no vento. Enquanto vestia a ca

